Guiné-Bissau > Região de Baftá > Bambadinca > Março de 2007 > O anterior da capela onde, entre outros, rezava missa o Alf Mil Capelão Puim (1970/71). Eu nunca lá entrava a não ser em caso de velório, quando funcionava como capela mortuária (LG).
Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > Março de 2007 > As antigas instalações para sargentos, que faziam parte do edifício (integrado) onde estava instalados o comando do Batalhão do Sector L1 (No meu tempo, BCAÇ 2852, 1968/70 e BART 2917, 1970/71). (LG)
Guiné-Bissau > Região de Baftá > Bambadinca > Março de 2007 > Ruínas do nosso antigo aquartelamento. Tenho dificuldade em identificar o(s) edifício(s), pelo que peço ajuda aos meus ex-camaradas de Bambadinca (LG) .
Foto: : © Carlos Silva (2007). Direitos reservados.
1. Mensagem de Carlos Silva, ex-Fur Mil At Armas Pesada, CCAÇ 2548 (Jumbembem, 1969/71)
Caro Camarada [ d’armas]:
O meu nome é Carlos Silva. Também fui combatente na Guiné em 1969/71. Sou da CCAÇ 2548 do BCAÇ 2879 que estava instalado no Sector 02, em Farim. A minha Companhia ficou no subsector de Jumbembem, próximo da fronteira com Senegal.
Fui Furriel e também com a especialidade de armas pesadas. Talvez estivéssemos estado juntos em Tavira. Pois foi lá que tirei a aspecialidade de Março/Junho de 1969, tendo pertencido à 2ª Companhia.
Depois de vir da Guiné, tal como o meu Amigo, embora noutra área, tirei o curso de Direito e também fui funcionário público na área da Segurança Social e Obras Públicas. Há 2 anos que estou aposentado com assessor principal de topo, com um corte radical de 19%, apesar da minha carreira contributiva ser de 39 anos.
Enfim, isto, só para dizer que praticamente termos um percurso da vida, não como dizemos, em direito, mutatis mutandis, mas de certa forma com muitos pontos comuns.
Posto isto, vamos ao objecto deste mail. Tenho visitado e lido o espectacular site sobre a guerra colonial, no que se refere à Guiné e, tal como o Amigo, ex-camarada, interesso-me por esta matéria, porque continuo apanhado do clima.
Tenho bastante bibliografia sobre o território e sobre a guerra colonial em particular sobre a Guiné, bem como tenho um escrito, não publicado, com cerca de 500 páginas. Tenho visitado a Guiné várias vezes e tenho percorrido todo o Território. Tenho os mapas do sector, que também foi necessário pedir autorização à embaixada da Guiné para os adquirir, tal como refere, apesar de serem nossos e de nós termos dado cabo do coiro por aquelas terras.
Tenho milhares de fotos da nossa época a preto e branco e a cores, porque, entretanto, passei os slides para fotografia, bem como tenho milhares de fotos contemporâneas e bastantes do vosso Sector. Ainda recentemente, em Março passado, fiz uma viagem de jipe até à Guiné. Portanto, já posso dizer que fui para lá barco, obrigado, de avião e de carro. Via marítima, aérea e terrestre.
Por este motivo, vendo as suas fotos, e comparando-as com as actuais, bem como, sentindo o seu entusiasmo e prazer que tem no trabalho que tem com a construção e manutenção do site, tal como eu sinto, aproveito para enviar-lhe agora algumas fotos, da terra que lhe roubou muitas horas de sono, para juntar à sua vasta colecção e no futuro enviarei mais.
Receba ou recebe um abraço do ex-camarada e amigo
Carlos Silva
2. Comentário do editor LG:
Carlos:
Recebe, fica melhor. Se em Tavira, e depois na Guiné, éramos camaradas, então vamos continuar a sê-lo para o resto da vida. Em boa hora chegas ao nosso blogue. E, pelo, que deduzo das tuas palavras, queres pura e simplesmente ficar entre nós. Pois então entra e acomoda-te.
Vi, com emoção, as fotos de Bambadinca, que eu não chamo minha por que não gosto dos adjectivos possessivos... A nossa Bambadinca! As nossas instalações (ali justamente onde dormi muitas noites, fora as que dormi no mato, em tabancas, em bolanhas, em muitos outros sítios do Sector L1 e de outros sectores da Zona leste...). A nossa capela (onde só entrava para velar os mortos)! E, ao lado, a nossa secretaria, a da CCAÇ 12 (anteriormente, CCAÇ 2590)!... Obrigado, Carlos!
Quanto a Tavira, não sei se não te terás enganado na data (1969 ou 1968?) : eu tenho ideia de ter passado por lá no 3º trimestre de 1968 (Mas eu não sou bom em datas). Fui mobilizado para a Guiné no 1º trimestre de 1969, quando já estava em Castelo Branco a dar instrução. Fiz o IAO em Santa Margarida, juntamente com os meus camaradas da CCAÇ 2590, uma companhia independente (mais nova que a tua, a CCAÇ 2548), constituída só por oficiais, sargentos, cabos e especialistas (mecânicos, condutores, operadores de transmissões, enfermeiros, etc.).
Chegados a Bissau, no Niassa, partimos a 2 de Junho de 1969, Rio Geba acima, a caminho de Contuboel onde fomos dar a instrução de especialidade aos nossos futuros praças, todos eles de origem africana... Não sendo uma unidade de quadrícula, tendo sido afectada à zona leste como unidade de intervenção, e não possuindo por isso armas pesadas, deram-me uma G-3 e promoveram-me a atirador de infantaria...
De qualquer modo, és capaz de ser o primeiro Furriel Miliciano Atirador de Armas Pesadas que aparece aqui no nosso blogue. Fico feliz por isso (eu que nunca pus em prática os conhecimentos de armas pesadas que recebi em Tavira, nunca tendo disparado, felizmente, o morteiro e o canhão sem recuo no TO da Guiné!).
E agora que estás reformado (os meus parabéns por teres continuado a estudar e tirado o curso de direito, apesar das dificuldades que isso representava para muitos ex-combatentes da Guiné, muito afectados física e psicologicamente depois de passar à peluda!), espero que continues a ter um tempinho para dedicar ao nosso blogue. Já percebi que tens uma arreigado amor àquela terra e àquela gente. Peço-te, pois, para pores o teu conhecimento e experiência ao serviço ou ao alcance dos camaradas que, por uma razão ou outra, nunca mais lá voltaram ou voltarão.Tens, além disso, o nosso blogue para publicares, no todo ou em parte, os teus escritos.
Vou-te apresentar ao resto da malta, que já instalada na nossa Tabanca Grande! Um Alfa Bravo para ti.
Recebe, fica melhor. Se em Tavira, e depois na Guiné, éramos camaradas, então vamos continuar a sê-lo para o resto da vida. Em boa hora chegas ao nosso blogue. E, pelo, que deduzo das tuas palavras, queres pura e simplesmente ficar entre nós. Pois então entra e acomoda-te.
Vi, com emoção, as fotos de Bambadinca, que eu não chamo minha por que não gosto dos adjectivos possessivos... A nossa Bambadinca! As nossas instalações (ali justamente onde dormi muitas noites, fora as que dormi no mato, em tabancas, em bolanhas, em muitos outros sítios do Sector L1 e de outros sectores da Zona leste...). A nossa capela (onde só entrava para velar os mortos)! E, ao lado, a nossa secretaria, a da CCAÇ 12 (anteriormente, CCAÇ 2590)!... Obrigado, Carlos!
Quanto a Tavira, não sei se não te terás enganado na data (1969 ou 1968?) : eu tenho ideia de ter passado por lá no 3º trimestre de 1968 (Mas eu não sou bom em datas). Fui mobilizado para a Guiné no 1º trimestre de 1969, quando já estava em Castelo Branco a dar instrução. Fiz o IAO em Santa Margarida, juntamente com os meus camaradas da CCAÇ 2590, uma companhia independente (mais nova que a tua, a CCAÇ 2548), constituída só por oficiais, sargentos, cabos e especialistas (mecânicos, condutores, operadores de transmissões, enfermeiros, etc.).
Chegados a Bissau, no Niassa, partimos a 2 de Junho de 1969, Rio Geba acima, a caminho de Contuboel onde fomos dar a instrução de especialidade aos nossos futuros praças, todos eles de origem africana... Não sendo uma unidade de quadrícula, tendo sido afectada à zona leste como unidade de intervenção, e não possuindo por isso armas pesadas, deram-me uma G-3 e promoveram-me a atirador de infantaria...
De qualquer modo, és capaz de ser o primeiro Furriel Miliciano Atirador de Armas Pesadas que aparece aqui no nosso blogue. Fico feliz por isso (eu que nunca pus em prática os conhecimentos de armas pesadas que recebi em Tavira, nunca tendo disparado, felizmente, o morteiro e o canhão sem recuo no TO da Guiné!).
E agora que estás reformado (os meus parabéns por teres continuado a estudar e tirado o curso de direito, apesar das dificuldades que isso representava para muitos ex-combatentes da Guiné, muito afectados física e psicologicamente depois de passar à peluda!), espero que continues a ter um tempinho para dedicar ao nosso blogue. Já percebi que tens uma arreigado amor àquela terra e àquela gente. Peço-te, pois, para pores o teu conhecimento e experiência ao serviço ou ao alcance dos camaradas que, por uma razão ou outra, nunca mais lá voltaram ou voltarão.Tens, além disso, o nosso blogue para publicares, no todo ou em parte, os teus escritos.
Vou-te apresentar ao resto da malta, que já instalada na nossa Tabanca Grande! Um Alfa Bravo para ti.
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