domingo, 28 de dezembro de 2008

Guiné 63/74 - P3677: Trasladações dos nossos Camaradas, uns ossitos para as Famílias se entreterem...(José Martins)


Uns ossitos para as Famílias...



Mensagem do José Martins


Caros Camaradas

Acabo de ver, como milhões de Portugueses, a reportagem que foi transmitida no Jornal da TVI e que teve como pano de fundo a transladação dos nossos Camaradas, 2º Sargento Justino Teixeira da Mota e Soldado José Maria de Carvalho, tendo regressado de Angola o primeiro e o segunda da Guiné, para o cemitério de Travanca.

Até aqui tudo bem! Já foi objecto de tema nas páginas de Luis Graça & Camaradas da Guiné e Ultramar.

Que a Liga dá apoio, tambem já sabíamos! Que o Ministério da Defesa não dá apoio, tambem já calculávamos, para não dizer que é normal.

Agora, que funcionários da embaixada de Portugal digam que os familiares apenas trarão "uns ossitos" é de bradar aos Céus!

Será que ouvi bem? Que quereriam dizer que uma máquina arrastará tudo lá para o fundo?

A minha resposta neste momento, é transcrever os versos dum Camarada nosso que esteve na Guiné, ANTÓNIO NORONHA BRETÃO *, num livrinho intitulado "Três Tristes Tempos e o Regresso do Melro Preto":

Esperávamos em silêncio
mastigando a memória das coisas
e a Morte claramente apercebida
aguardava o seu quinhão

Pensávamos:

Cada coice de Mauser no ombro
é uma carícia da Pátria agradecida
Puta de Pátria que agradece aos coices.

Um abraço e que o próximo ano não seja tão funesto quanto este foi

José Martins

ex-Fur.Mil.Trams.Inf.
CCaç 5 / CTI Guiné
Junho/68 a Junho/70
__________

Nota de vb:

* António José Orlando Bretão
que, segundo a História do BCav 490, se apresentou em 19 de Dezembro de 1963 e foi destinado à CCav 488 (Jumbembem, 1964/65)/BCav 490, em substituição do alf mil António N. Coelho Brasil (ferido em combate em 08Out63).

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8 comentários:

Anónimo disse...

Camarada Martins

Eu também vi essa reportagem e claro fiquei como tu, de boca aberta sem querer acreditar no que a senhora dizia, acerca do funcionário da embaixada de Portugal, a quem nós pagamos o ordenado e que ainda se da luxo de insultar a memória dos nossos camaradas mortos em terras da Guiné.
Eu diria mais, infeliz Pátria que não merece os políticos que têm.

Poeta disse...

É vergonhoso, para o País e, principalmente, para o MNE, que tenhamos em cargos destes, bestas tão grandes que não respeitam quem sofreu o afastamento do seio familiar e tão penosamente deixou os seus entes queridos. São estes berjenjos, pagos por nós, que vivem do sangue de quem tudo deu e nada recebeu. Espero que o Ministro faça um inquérito à situação relatada e, caso se comprove a veracidade da actuação da cavalgadura, tome as medidas adequadas!!!

Hélder Valério disse...

Pois é, amigo e camarada José Martins, há fulanos que nem à chapada. Não têm o mínimo sentido de solidaridade, nem respeito pelas memórias, nem pelos valores.
Honra? O que é isso !? Atenção aos problemas e anseios dos outros? "Então e eu?".
Vivem só para o umbigo deles, não se pode esperar grande coisa. São vermes e pronto!
Um abraço solidário.
Hélder Sousa

Anónimo disse...

Obrigado Amigo.
O Soldado Português tem de ser respeitado e Honrado

Anónimo disse...

Obrigado Amigo.
O Soldado Português tem de ser respeitado e Honrado

Anónimo disse...

Caro Zé,

Continuamos a levar coices mas não de Mauser.

Obrigado pelas tuas palavras, que elas se tornem o eco de toda a Tabanca Grande.

Um abraço,

Mário Fitas

Anónimo disse...

Caro José Martins,
Permite-me que através do teu escrito me una aqueles que reclamam a dignindade dos que já não se podem defender. Aproveitemos enquanto cá andamos e deixemos a semente para que outros continuem esse trabalho.
Também não costumo ver a TVI, pelos vistos felizmente. Mas isso não quer dizer que fique indiferente e não tome posição. Deixa-me por isso solidarizar com a indignação que o texto expressa.
BSardinha

Anónimo disse...

Caros Camaradas,temos de tocar a reunir,estão a tratar-nos pior como se nós fossemos um bando de malfeitores,a guerra que nos inpuseram, bastemo-nos com galhardia coragem e abnegação,e não raras vezes com heroicidade,a memória dos Camaradas caídos,não
pode e não devemos consentir que seja maltratada,e certo que muitos dos restos mortais serão irrecupe-
ráveis mas ,é Dever do Estado trazer de volta e entrega-los aos Familiares,temos ajudado os Povos das ex-colónias, as Embaixadas de
Portugal devem ser incumbidas de
dar dignidade ás Campas dos nossos Camaradas sepultados longe da Pátria,e pela qual deram a vida.
Se necessário devemos manifestar a
nossa repúlsa junto ao Ministério dos Negócios Estranjeiros.
Profundamente indignado.
José Nunes
1ºCabo Mec Electri.Centrais
Beng 447
Brá-68/70