quinta-feira, 17 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6607: (Ex)citações (81): Para SEXA Juvenal Amado, a(s) palavra(s) de duas admiradoras (Felismina Costa / Vanessa Amado)

1. Em dia de anos, o comentário de uma admiradora do nosso Juvenal, a Felismina Costa (a nossa madrinha de guerra, de quem ainda não temos uma foto!)(*):

Amigo Juvenal Amado, muito boa-noite!

O AMIGO Carlos Vinhal enviou-me há dias o link para o acesso às suas histórias, que tenho lido com regularidade, e pelas quais o felicito. Cheiram e sabem a autênticas, a vivências que os anos tornam mais reais e valorosas.

Muitas sabem a saudade, sobretudo, aquela sobre o seu pai [ foto à esquerda, o primeiro da esquerda,], que me emocionou, e me trouxe à memória o meu, de quem tenho as melhores recordações e indízíveis saudades: fica sempre em nós aquele sentimento de termos deixado alguma coisa por fazer, como... escrever-lhe uma carta.

Também as minhas, eram dirigidas à minha mãe, que as lia para o pai ouvir, muitas vezes chorando de saudade e emoção... contudo, como é bom recordá-los!

Como é bom falar deles!

Neste espaço de ciberliteratura, aberto e oferecido aos que se interessam, virei procurar as suas notas, bem assim a de quantos se dignarem escrevê-las.

É já um espaço enorme de recordações, história e estórias, que a vossa memória regista, muito embora pese o motivo que o origina.

Os meus parabéns pela vossa capacidade de recordar, pelo vosso altruísmo, pela vossa sensibilidade.

A minha amizade sincera, é minha forma de vos expressar a minha gratidão.

A amiga
Felismina Costa


2. Vanessa Amada > Blogue Não Digas que Sim > 21 de Junho de 2009 > Agradeço em segredo à Tabanca Grande


(Com a devida vénia...)


A palavra é uma arma poderosa, que nos trespassa deixando o corpo mudo, trémulo, mãos suadas de dor ou alegria, injustiça ou reconhecimento, mas raramente indiferença. Arma capaz deixar a nu as fragilidades ou desejos mais profundos de cada um.

Desde criança ouvi da minha mãe: “tens uma língua!”. Esta frase dita vezes sem conta, sempre com o mesmo tom de reprovação que só uma mãe sabe dar, queria dizer que, quando em conflito, as palavras disparadas por mim, eram destinadas a magoar e sabia bem como fazê-lo.

Com os anos, aprendi a ter “mais tento na língua”, (ainda tenho em longo caminho a percorrer), aprendi a moldar o barro das ideias e opiniões em palavras, em jarros e potes entre outros objectos que, sendo da mesma matéria-prima, produzem um efeito muito diferente, de simplesmente atirar o barro em bruto à parede do outro. Ofereço agora com delicadeza, os jarros, os potes com papel de embrulho festivo e deixo que o barro de que são feitos produza o seu efeito.

Tudo isto para dizer que tenho uma anastomose coração-boca, não sustentada pela anatomia, mas funcional até hoje. Abro aqui os esfíncteres e deixo o coração falar com as suas próprias palavras em barro bruto. Aperto os lábios com força, a mão contra o rato do PC, habituada a transpirar na madeira do lápis, um pestanejar mais rápido e frequente que faz as maçãs do rosto corar de calor produzido pelas vossas palavras. Inunda-se o peito de alegria, soltam-se os lábios num sorriso e coro mais um pouco, murmuro entre dentes: Obrigado, com a timidez que me é característica.


Agradeço aqui em segredo, (forma como gosto de expressar o que me vai na alma), por mim e pelo meu pai, as palavras de todos e de cada um em particular.

3. Comentário de L.G.:

Vanessa: A prenda para o ano, para o 61.º aniversário do Papá, tem que ser o já aqui falado livrinho das Estórias do Juvenal Amado... Ele tem um enorme talento para as "short stories", para contar histórias curtas e simples. Ele é um das muitas grandes surpresas desta caixinha mágica que tem sido o nosso blogue. Ele é da melhor-prima de que é feito este povo. Sei que os tempos não são os melhores, para ele, para a família, afinal para todos nós. Mas é nas dificuldades e tormentas que a gente tempera o aço da coragem, da resistência e da grandeza humanas. Ofereço-me para fazer o prefácio. Arranje-se o editor... Um chi-coração para os dois. Um excelente dia (afinal, não é todos os dias que um homem entra para o Clube dos SEXAS, o das Suas Excelências). Luís Graça.

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 2 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6096: Meu pai, meu velho, meu camarada (20): Nunca te esqueças de escrever à tua mãe (Juvenal Amado)

(...) “Nunca te esqueças de escrever à tua mãe”. Estas foram as suas últimas palavras quando me abraçou, naquela madrugada fria de Dezembro, à porta de armas do RI 2 em Abrantes.

Assim foi, nunca passei uma semana em que não escrevesse para a minha mãe, no fim mandava beijos e abraços para o meu pai e irmãos. Ele estava lá sempre em segundo plano, mas garantindo que tudo se passava como o previsto.

Era um homem afável com um elevado sentido de humor. Foi Soldado de Artilharia Antiaérea e Defesa de Costa na Trafaria onde prestou serviço à volta de 1946. (...)

(...) A sua morte no dia 13 de Janeiro de 1995 foi o acontecimento mais triste da minha vida e hoje lembrei-me de que nunca lhe escrevi uma carta. (...)


(**) Vd. postes de:

17 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4541: Os Nossos Seres, Saberes e Lazeres (10): Juvenal, como foste nessa de chamar Vanessa à tua menina ? (Luís Graça)

18 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4547: Blogoterapia (108): Pais & filhos (Juvenal Amado / Luís Graça)

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