1. Mensagem do dia 29 de Julho de 2010 de José Brás*, ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68:
Que belo texto o do camarada Pereira da Costa
Camarada Pereira da Costa
Bem, camarada... depois disto** o que poderei eu dizer sem correr o risco de me apoucar a mim, sem pedalada de entendimento e de expressão para te acompanhar na discorrência e na agilidade com que pensas e dizes, e de te apoucar a ti próprio por, banalizando-me no discurso, banalizar também o teu.
À fala episódica de António Barreto, confesso que nem liguei muito, no hábito que estou (estamos todos?) do paleio sem outro fim que o... paleio.
Sei que posso ser injusto nisso como injusto já fui em tantas coisas e nem por isso me suicidei nem de mim fugi, nem dos injustiçados ocasionais. Mas vou em frente e siga a dança, aguentando dores e prazeres.
É o teu texto que me preocupa. Quer dizer, preocupa porque me dá que pensar, que moer a castanhola e tomar parte por consciência ou apenas pelo instinto.
E que diabo, para que necessito eu de chatear-me a pensar e a tomar parte em coisas que marcam ainda (ou sempre marcarão), se daqui a um bocado dá o Sporting (são agora 18h45), logo à noite posso ver o "quem quer ser milionário", ou imaginar-me a ganhar o euromilhões (não jogo)?
Perguntar não ofende, dizemos todos quando perguntamos coisas que talvez não sejam de responder. E tu perguntas. Perguntas, primeiro, "o que se entende por ex-combatentes?".
Eu não sei responder a isso, tu não estarias à espera que o fosse e, provavelmente nem acreditas que haja alguém capaz de te dar uma resposta que não seja de circunstância, uma resposta de cimento, dura, angular e firme, justa e idealmente completa.
Posso dizer algumas coisas. Posso.
Por exemplo! Eu, José Brás, gajo nascido nas desgraças das vinhas da Estremadura, vítima desde cedo das trapaças de comerciantes de meia tigela, ladrões do suor e do sangue de outros, eu que toda a gente sabe ter já uma dessas ideologias que me venderam manhãs que cantam e homem novo, quando daqui parti para a Guiné, eu que nessa esperança admirava os que na África pegavam em armas para nos combater, alegadamente na senda de uma libertação qualquer, saí daqui já combatente porque nem me passava pela cabeça deixar de cumprir uma obrigação que os meus vizinhos de Alenquer, do Porto e de Faro tinham de gramar.
E tinha uma consciência de Nação que se sobrepunha à tal simpatia pelo inimigo. Nessa consciência, bem ou mal assumida, não cabia a fuga que me propunham antes do Niassa. Nessa consciência não cabia deixar de combater quem nos combatia, ainda que a ideia de matar me fosse um facto de horror. Nessa consciência não cabia abandonar um companheiro fosse onde fosse e custasse o que custasse.
Libertamo-nos todos os dias de alguma prisão e todos os dias construímos novas. Daí que a ideia de liberdade seja o que é no concreto, concretizado o sonho de a atingir.
De volta, vivo e inteiro mas com marcas, o facto de ser ex-combatente não me perturbou o re-engajamento no combate da "guerra de cá", nem ninguém no seio das organizações onde me alistei me questionaram uma vez fosse.
Por vezes, eu próprio me ponho em dúvida, indagando-me se o que aceitei do modo que digo, daqui partindo para um combate que rejeitava, obedecia a um desígnio qualquer, elevado pela ideia pátria e de nação, ou apenas porque sempre assim fui, também noutras coisas da vida, aceitando pegar os toiros mais difíceis, realizar o maior esforço e o maior quinhão de trabalho.
É que isto pode não ter em si qualquer virtude, antes ser uma manifestação qualquer de egoísmo ainda que posto de avesso, uma galhardia marialva, um defeito qualquer de personalidade.
Recusei a fuga cá e lá, embora me fosse prometido que melhor seria a minha vidinha na Suécia do que o caminhar nas picadas da Guiné.
Mas nunca tive em pouca conta aqueles que lutaram contra a guerra porque lutavam contra o regime que decidira a guerra em vez da conversa.
Em pouca conta sempre tive os que fugiram, pura e simplesmente, por vezes apesar de concordarem com regime.
Porém falar de mim, aqui, só vale na medida em que o eu que sou, não é mais do que o eu que sou nos outros e que os outros, cada um que teve que embarcar de má ou de boa vontade, são em mim.
Somos um povo, diz-se, e diz-se porque temos uma cultura, um conjunto de valores assumidos como bons e maus que divergem do colectivo para o individual com diferenças de um para outro, é certo, mas ligeiras diferenças.
Temos uma história. E temos histórias dentro dessa história, nem todas bem contadas, evidentemente, mas assumidas assim e por isso tornadas património.
Bem sei que muitos desses valores são universais, ou quase, e por isso nos aproximando de outros povos e de outros deuses, como o desejo de felicidade individual, dito assim sem esmiuçar caminhos.
E esses irmãos que daqui saíram para guerrear, navegaram e espingardaram justamente em nome desse património colectivo que é Portugal, concordando ou não com a partida e com o fogo das armas no lugar da paz da palavra.
Somos todos, portanto, ex-combatentes, sem termos que espremer muito o texto na busca de funduras maiores na alma de cada um.
Outra pergunta que colocas é o de saber "o que é que os ex-combatentes querem, devem querer ou será justo que o País lhes dê?", naturalmente porque ouves e lês, que é quase a mesma coisa, ouves e lês sobre protestos contra governantes e governos por falta de consideração por quem assumiu sacrifícios, correu o risco supremo da própria vida, passou por fomes e sedes, viu morrer amigos, e agora se vêm quase escondidos, como se o tal país que somos, o tal povo que somos porque éramos e não podemos ter deixado de ser, parece que se envergonha deles.
É justa a pergunta porque, verdadeiramente, ou descemos ao conhecimento de caso a caso, o que é difícil e inconclusivo, ou olhamos a floresta e nela nada vemos de diferente do que é dado a outros que não malharam com os costados em África naquela ocasião e naquele propósito.
Voltámos, na aldeia os vizinhos fizeram festa, integrámo-nos aos poucos na chamada normalidade, tivemos empregos, construímos famílias, fizemos filhos que cresceram e nem sabem do pai que foi à guerra, envelhecemos em pobreza ou abundância como acontece a todos os outros, queixamo-nos de reumático como os outros, temos manias que podem ser ou não trazidas da guerra.
Acredito que há muita gente que esteve na guerra e que sofre, uns por restos de memórias e de pancadas físicas, outros por coisas comezinhas do dia a dia.
Casos que conheço, faltas de braços, de pernas e de outras coisas, o País paga-lhes o que pode pagar, pouco, como sabemos mas não diferente dos que se inutilizaram na fábrica ou no campo.
Homenagens? Quem as quer fora do quadro das individuais ou quase, que são prestadas pelos mais próximos, a Câmara Municipal, a Junta de Freguesia, o clube do bairro.
Ou aquelas que nos prestamos nós entre iguais, entre nós, no convívio, na conversa, nas memórias, no amor que afirmamos por aquela gente sofredora, ainda que saibamos que nem todo o amor é puro.
Uma questão que perpassa quase apenas como sugestão mas sempre bem presente no teu belíssimo escrito é a da liberdade que se perdia e se ganhava.
O PAIGC lutava pela liberdade do seu povo.
Lutava?
Acho que sim, nos poemas que circulavam na cabeça de Amílcar Cabral.
E nós perguntamos legitimamente e sem o mínimo cheiro de colonialismo se a têm ou, sejamos ousados, se a teriam mesmo que com Amílcar vivo.
E a liberdade porque lutava eu e tu, provavelmente, e muitos portugueses, cada um à sua maneira, onde está?
E que liberdade esperamos nós como povo no caminho global das lutas pelo poder do capital financeiro?
Como diz o poeta "caminhante, não há caminho, andando se faz-se o caminho", ou então que "não interessa chegar, interessa é o caminhar".
Dizes tu que Álvaro Barreto é um brilhante estudioso da realidade social portuguesa e não serei eu a negar-te razão.
Contudo, também não deixarei de dizer-te que lhe conheço algumas... ia a dizer sacanices, mas talvez seja exagerado, preferindo dizer então, algumas parvoíces.
E depois há o dito popular "de boas intenções está o inferno cheio".
Envio este texto acabado de escrever e, por isso, provavelmente com erros e palavras erradas. Mas acho que deve marchar mesmo assim, porque fruto do verbo desencadeado no teu.
Abraços
José Brás
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 25 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6785: Lugares de Passagem, a minha próxima ficção (José Brás)
(**) Vd. poste de 29 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6805: Controvérsias (99): O que é que o País pode dar aos ex-combatentes? (António J. Pereira da Costa)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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15 comentários:
Obrigado eu!
Dá-me a honra de dizer:
Estas são as palavras lúcidas de um homem que sofreu e sofre, não só a si, mas na pessoa de todos os seus camaradas.
A verdade! Tem sempre valor.
Um abraço,
Mário Fitas
Zé faço minhas as tuas palavras aqui escritas.
Mas não posso deixar de acrescentar alguma coisa do que sinto.
O discurso de Alvaro Barreto não me atingiu pela simples razão, que não acredito nas suas intenções de hoje, com não acreditei nas de ontem.
Hoje é muito confortável ser-se dono da razão.
Não é só ele que depois de fazerem parte do espaço politico, tanto em governos como no posicionamento politico, vêm agora apontar o dedo e darem a entender serem portadores das resoluções que Portugal necessita.
Por outro lado eu não entendo a situação dos excombatentes dissociada do resto povo português.
Não fui para lá vontade, não percebo muito bem que as tomadas de posição mais agressivas, venham sempre de sectores, que pela cor das suas boinas se voluntariram para aquele combate.
Quantos fazem hoje apologias, que na altura teriam negado e dariam qualquer coisa, para se terem escapado?
Eu lembro-me dos pedidos a certos dignatários e nos pagamentos para outros fossem em troca dos que pagavam para não ir.
Repito os combatentes são o povo em armas, o seu bem estar deve ser reenvidicado no contexto de todo o povo Português, pois muitos foram combatentes nos campos, nas fábricas, no comercio e não têm direito a mais nada pelo seu sacrificio e dos seus famíliares quando deles foram privados.
«Em Portugal não se combatia o catano» como tu lembras no teu livro.
Um abraço todos
Juvenal Amado
Caro José Brás
Texto/comentário desassombrado este que aqui em boa hora o enviaste (e que oportunamente foi colocado).
Pegando pelo aspecto 'estético', chamemos-lhe assim, podemos verificar que o nosso Blogue não tem uma 'matriz' a partir da qual se possa dizer "o Blogue é isto!".
Não, pois tão depressa apresenta belos e profundos poemas, relatos comoventes de pessoas que se sentem gratas por, por isto ou por aquilo, encontrarem uma informação que procuravam para acalmar o coração, textos cheios de beleza, de graça ou até mesmo relatos mais simples do recordar como foi vivido o passado, enfim, tantas e tão diversas coisas que, tudo somado, isso sim, é que é o Blogue.
Aparecem, também, momentos de algum aparente descontrolo verbal, algumas situações deselegantes mas, em compensação, surgem estes 'momentos de reflexão' como sejam os artigos do Martins de Matos, do Pereira da Costa e este teu também.
Quanto ao conteúdo, pois o que queres que te diga?
O comentário acima deste, do Mário Fitas, diz muito quanto ao que se percebe da luta tremenda e constante que tem sido travada por ti (e não só...) ao longo dos tempos e das situações. Aliás, quem puder ler e souber ler as entrelinhas, já o encontra no "Vindimas no Capim" e agora também no "Lugares de Passagem" (a propósito, chegou a haver a entrega do tal exemplar ao Blogue, na pessoa do Luís Graça? é que não dei por qualquer referência disso!).
Mas, para além dos posicionamentos pessoais, o teu texto/comentário avança também, quanto a mim, por mais umas quantas interrogações que, não tendo que ter necessáriamente resposta, ou resposta breve, ajudam a enquadrar melhor o que e o como se pode (e deve) continuar a discutir.
Já agradeci ao Pereira da Costa o seu (dele) texto, reforçado pelos comentários que lá foram colocados, e agora agradeço-te também este bom momento de reflexão.
Abraço
Hélder S.
(Isto não é um comentário)
Estou totalmente de acordo com o q li.
Parabéns pela escrita.
Abraço
Jorge Félix
CARO ZÉ BRÁS,
SOBRE O ANTÓNIO BARRETO,TINHA UMA MÁ OPINIÃO QUE AGORA AUMENTOU DEPOIS DO QUE AFIRMAS A SEU RESPEITO,E SEI BEM QUE SABES DO QUE FALAS.
ABRAÇO
MANUELMAIA
Camaradas,
Uma comunidade onde não se pratica a justiça; onde a moral e o interesse público andam arredios; onde a escolaridade cede a facilidades e interesses, em vez de ter preocupações didáticas e de educação cívica; onde a riqueza ostentatória se torna paradigma, levando ao endividamento de uma maioria de pobres e remediados na vã esperança da imitação; onde os seus membros se acoitam sob apadrinhamentos e filiações partidárias para obter qualquer vantagem, por pequena que seja; onde se pratica a subserviência com medo de perder alguma pouca estabilidade; uma comunidade assim, é muito mais um lugar de desenrasca, do que uma sociedade de princípios.
Disso são vítimas os ex-combatentes de quem parece ter-se vergonha. Em relação a alguns é desmezurado o desprezo. Mas esse desprezo, relativamente à totalidade, retrata a falta de vinculos colectivos, do sentimento de solidariedade e de objectivos comuns.
Talvez por isso, vivemos sob crises permanentes.
Por isso, sem o esforço de identificarmos as pretensões (justas) dos ex-combatentes, sem a capacidade da auto-organização e mobilização, de norte a sul, sem a capacidade serena e organizada para afrontar as entidades e personalidades que nos remetem para o ostracismo e arquivos-mortos, sem a dignidade de não sobrelevar o individual sobre o colectivo, não vejo como nós, ex-combatentes, possamos alguma vez voltar a sentir o orgulho pátrio que nos acompanhava durante as campanhas.
Assim, desafio o António Martins de Matos, o Pereira da Costa, e o Luis Graça, a juntar esforços, com vista à elaboraçãode um programa actuante e de reconhecido mérito.
Abraços fraternos
JD
Tens razão JD.
Um programa elaborado por oficiais superiores e doutores, será se guramente um programa actuante e de reconhecido mérito.
JB
Meu Caro JB
O desfio lançado aos camaradas citados, não tem a ver com os títulos académico-profissionais. Mas reconheço no António Matos a iniciativa que desencadeou o debate, e as ideias esclarecidas com que o apresentou. O Costa Pereira deu-lhe desenvolvimento.
Ambos mostraram capacidade e, quiçá, voluntariedade para lidar com o assunto. Referi ainda o Luís pela razão óbvia da habitual entrega e interesse em matéria do blogue.
Estes, porque se houver algum desenvolvimento, tem que haver iniciativa, poderão socorrer-se da capacidade e disponobilidade de quem entenderem.
Finalmente, lancei-lhes o desafio, porque confio que serão capazes de um bom desempenho.
Como todos sabemos, a mera questão dos títulos não é garantia, nem de qualidade, nem de confiança.
Abraços fraternos
JD
O que disse não envolve os desafiados nem as suas reconhecidas capacidades.
É apenas uma das velhas "taras" deste povo da curvatura lombar perante o alto, coisa que eles próprios, estou certo, recusam
Abraços
José Brás
Repito uma questão que levantei ao Senhor Cor. Pereira da Costa. E, HOJE, a Instituição Militar orgulha-se dos ex-combatentes, revê-se neles? Falo em ex-combatentes englobando todos os que estiveram em campanha no antigo Ultramar português. Chama-os "para a sua beira" (como dizem as minhas netinhas de Gaia)?
Ou, pelo contrário, para as nossas Forças Armadas a história começou com o 25 de Abril de 74?
Abraço,
Carlos Cordeiro
Amigo Zé Brás
toma lá um abraço pelo dito "por exemplo" que havia de acabar a, "custasse o que custasse", dizer bem dito o que por vezes se afigura difícil de destrinçar.
SNogueira
(Para achega mas fora da discussão vertente diria que
Combatente é aquele que combate com armas -de facto e não só de jure- o opositor munido de armas ou que por força da sua missão está directamente exposto à acção das armas -latu senso- e a ele reaje, no âmbito de acções de guerra.
Se perdeu a arma ou ficou com ela vazia, reaje à mão ou à pazada... (havia de ser c'o que calha), em área nem sempre claramente delimitada e onde o inimigo nem sempre aparece identificado. Ora, é aqui e assim que por inimigo
se pode entender todo aquele que executa ou favorece actos destinados a dificultar ou impedir aquela acção do ali referido combatente, pelo alargado prejuízo ou pela destruição de pessoas e meios destinados a contrariá-lo no seu planeamento e objectivo estratégico ou nas suas intenções e acções de natureza táctica.
Não havendo confrontação directa e repetida, os elementos militares empenhados seriam forças de apoio ou de serviços, não combatentes.)
Camarada Carlos Cordeiro
Acho a tua questão pertinente e, eu que sou homem do 25 de Abril, antes do e depois do, te direi que desconfio muito que tal "instituição militar" não se orgulha nem deixa de se orgulhar. É como se não tivesse existido, enredada numa trama de corredores e de carreiras, não muito diferente daquilo que se passa na Administração Pública civil.
Claro, as excepções!
Mas essas são individuais e à conta da maior ou menor virtude dos individuais que, eles também, não gostam da máquina.
É mau que assim seja, penso, por menos militarista que me confesse.
E disso não tem culpas o camarada Coronel a quem fazes a pergunta, nem os outros tidos como pessoas.
Abraço
José Brás
José Brás
Obrigado, caro camarada José Brás.
Conheço, de facto, exemplos positivos, alguns dos quais apontei. Existirão muitíssimos. É evidente que não me referia a pessoas concretas. E se essas unidades "cuidam" da sua memória isto fica a dever-se, naturalmente, à intervenção de pessoas concretas que se empenharam, talvez remando contra a maré.
Mas, meu caro José Brás, gostaria mesmo de compreender o fenómeno. Se é que existe.
É até possível que haja estudos sobre a questão. Se algum camarada tiver conhecimento, agradecia o favor de me fornecer as indicações bibliográficas.
Para os ex-combatentes já li um estudo sociológico. Que tem que se lhe diga...
Um abraço,
Carlos Cordeiro
Tudo isto tem muito que se lhe diga. Mas não é uma questão pacífica. O país ainda não se harmonizou.
Mas que o Ministério da Defesa não agiu, ainda, como deve ser em relação aos ex-combatentes, é um facto. E veja-se que há os do quadro e os outros. Chutar as coisas para a segurança social não é solução. E não estou a falar em dinheiro, em pensões. Estou a falar em condições.
Meu caro camarigo José Brás
Tiro-te o chapéu!
É disso que referes como causa para a tua ida para a Guiné que eu falo, ou pretendo falar muitas vezes, mas sem o teu talento.
Agora esclareçamos uma coisa que pode ter ficado menos esclarecida.
Fui talvez o primeiro a falar aqui do discurso do António Barreto e por isso mesmo quero afirmar o seguinte.
Não conheço o António Barreto, nem é pessoa que me seja particularmente perto seja no que for.
Quando elogiei o seu discurso fi-lo a quente, (tinha acabado de o ouvir), e por isso mesmo não li entre linhas e talvez nem linhas.
Mas repito e volto a repetir, que nestes anos todos desde o 25 de Abril, que eu tenha conhecimento, nunca nenhum actor político em cerimónias oficiais falou assim dos combatentes, ou lhes prestou de algum modo homenagem.
Se mistura combatentes a sério com outro tipo de combatentes? Com certeza, mas logo nesse meu pobre texto eu afirmo que não acredito que nada mude por causa de tal discurso.
A verdade é que estamos aqui a trocar impressões sobre este tema que tanto nos toca e afecta e que até já há propostas para fazermos mais alguma coisa.
Curiosamente o que despertou tudo isto foi o discurso do António Barreto.
Posto isto, ele, (António Barreto), que continue a sua vidinha que nós iremos tentar fazer algo pela nossa...de combatentes a sério!
Um grande abraço apar ti e para todos
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