sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Guiné 63/74 - P13575: Os nossos capelães (1): Conheci em Bedanda o ten mil Pinho... Ia visitar-nos uma vez por mês para dizer missa... E 'pirava-se' logo que podia (Rui Santos, ex-alf mil, 4.ª CCAÇ, Bedanda, 1963/65)

1. Texto de Rui Santos, com data de ontem, e em resposta a um pedido dos editores para se evocar aqui as nossas impressões e recordações dos nossos camaradas capelães:


Amigo Luís Graça:

Conheci um, em Bedanda, o padre Pinho, tenente capelão,  que cada vez que ía a Bedanda estava sempre pronto a "pirar-se" tal o receio que tinha dos sistemáticos ataques dos nossos vizinhos.

Excelente homem, amigo de todos os fiéis, ficou um pouco zangado comigo porque atrasou a Missa do dia 8 de Dezembro de 1963, por causa de mim, pois eu tinha vindo de uma patrulha donde vinha estafado, depois de percorrer duas dezenas de quilómetros e ter mergulhado num rio para salvar uns "marotos" de uns soldados do meu pelotão de se afogarem e ter recuperado diverso material de guerra que eles deixaram afundar-se.

É claro que, com este dia, a missa, prevista para as 21h00.  só foi começada ás 22h00... E mesmo assim penso que ainda adormeci,  agarrado a um pilar do varandim onde a celebração litúrgica  teve lugar.

Todos nós sem excepção gostávamos do padre Pinho, e até lhe achávamos piada, com a velocidade em ele agarrava a pequena mala dos seus pertences, quando se ouvia o avião...

Não me fez mal a guerra que levei na desportiva, por vezes arriscando mais a vida do que o necessário mas... Eram os meus 22 anos de vida, fui criado numa quinta, e aquilo para mim ... era campo.

O nosso padreco Pinho ía-nos visitar uma vez por mês, dava missa ... se possível não dormiria em Bedanda estando sempre de ouvido á escuta a tentar ouvir a chegada do avião.

Já em Bolama, não conheci senão o padre da igreja da cidade, e era um quartel que albergava entre guarnição normal, recrutas e grupos de passagem cerca de 600/700 homens.

Gostaria de o ver mas ... deve ser tarde, penso.

Se quiseres mais algo diz, quanto ás outras questões [da sondagem]  (*), abstenho-me de dar a minha opinião.

Abraço

1 comentário:

José Botelho Colaço disse...

Tendo em atenção o poste do camarigo ex-alferes mil. Rui Santos, toda a informação contida vem ao encontro da vaga memória que guardo passados 50 anos, este capelão ten. mil. Pacheco Pinho é de certeza o que ia dar a missa ao Cachil.

Um abraço
Colaço.