domingo, 15 de fevereiro de 2015

Guiné 63/74 - P14261: Fotos à procura de... uma legenda (52): a boeira, de Candoz, também conhecida por alvéola ou lavandisca, noutros sítios (Luís Graça)




Marco de Canaveses > Paredes de Viadores > Candoz > Quinta de Candoz > 14 de fevereiro de 2015  >

Boeira é o nome desta ave, aqui na região. Estamos no limite da Região de Entre Douro e Minho, com o rio Douro (barragem do Carrapatelo) ao fundo e as serras da Aboboreira e Montemuro ao fundo...  As boeiras são assim chamadas por estarem aasociadas aos bois de trabalho... Quando se lavrava, com o arado puxado por uma junta de bois, a boeira aparecia imediatamente para apanhar, da terra revolvida, os insetos com que se alimenta... As boieiras tal como outras aves residem por aqui, fazem aqui os seus ninhos...  A fauna aqui é diversificada, e inclui javalis... Ainda não tempos a nossa pobre cadalela caiu numa armadilha de apo montada para o javali... Não inclui a boeira numa poema que há tempos escrevo sobre as aves da Tabanca de Candoz... Não sou onitólogo, mas reparo hoje essa injustiça, o meu pecado de omissão (*)...

Foto: © Luís Graça (2015). Todos os direitos reservados



You Tube > Nhabijões >  Vídeo  (1' 35'') de Luís Graça (2015)

O trator e as boeiras... Antigamente as boieiras seguiam os bois que puxavam o arado... Daí o seu nome... Hoje associam o trator ao seu alimento preferido: os insetos que vivem debaizo da terra... Basta revolver a terra e estrumá-la, para que a boieira venha logo tomar o seu lugar à mesa da mãe natureza... 


Alvéola >  Com a devida vénia, da Wikipédia em português

(...) Motacilla lugens


Classificação científica

Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Passeridae
Motacillidae
Subfamília: Motacillinae
Género: Motacilla
Espécies (...)

As alvéolas são aves passeriformes, classificadas no género Motacilla da sub-família Motacillinae. O grupo inclui onze espécies com distribuição no Velho Mundo.

Este pássaro também conhecido como Labandeira, Lavadeira, Lavandisca, Lavandeira, Alveliço, Avoeira, Boieira e Pastorinha. (**)

As alvéolas são aves de pequeno porte, com um comprimento que ronda os 19,5 centímetros. de constituição delgada. O bico é alongado e fino, próprio para uma alimentação à base de insectos. A cauda longa é agitada de um lado para o outro quando a alvéola está em repouso. As patas são relativamente longas e terminam em dedos com garras compridas. A plumagem é geralmente branca, negra e/ou cinzenta, mas algumas espécies podem ser mais coloridas, apresentando tons de amarelo. As cores do macho e da fêmea são muito parecidas entre si, sendo que no entanto a cor cinzenta do dorso da fêmea geralmente penetra pelo preto da coroa.

A época de acasalamento desta espécie ocorre no fim do Inverno. A fêmea constrói um ninho em qualquer concavidade, seja um buraco de um muro, as raízes de uma árvore, a cavidade de um tronco de árvore, um local abrigado de um telhado. A postura ronda geralmente cinco a seis ovos que são incubados pela fêmea por cerca de duas semanas. Os juvenis saem do ninho duas ou três semanas depois, geralmente já durante a Primavera.

As Labandeiras do Norte da Europa migram no Inverno para zonas do continente africano e para o sul do continente Europeu. A alvéola-branca-britânica é uma subespécie. O macho surge com o dorso preto. Parecidos com a alvéola-branca são a alvéola-cinzenta (Motacilla cinerea) de peito amarelo, cauda negra e dorso cinzento e a alvéola-amarela que tem as regiões inferiores de cor amarela e o dorso esverdeado.

Este pássaro encontra-se espalhado por quase todo o mundo com particular destaque para a Europa, Ásia e África. Surge em Portugal na Beira Baixa, Beira Litoral, Estremadura, Ribatejo, Alentejo e Algarve, no arquipélago da Madeira e em todas as ilhas dos Açores.

Pode ser avistada em campos abertos, prados, margens fluviais e lacustres e no caso das ilhas surge frequentemente à beira-mar, com mais frequência no Verão enquanto no Inverno tem tendência a se deslocar mais para as Serras. (...)


________________



(...) Não sei se as aves do paraíso
são felizes.
Mas em Candoz poderiam sê-lo.
Não há aves do paraíso em Candoz
porque Candoz fica no hemisfério norte,
longe dos trópicos e longe do paraíso
(se é que ele existe).
Dizem que as aves do paraíso
são as criaturas mais lindas do mundo.
Em Candoz, há outras aves, outros pássaros,
daqueles que rasgam os céus
e nidificam na terra:
não há perdizes,
ou, se existem, são poucas e loucas;
mas há verdes pombos bravos dos pinhais,
e rolas, de outras paragens,
alegres pintassilgos,
ruidosos pardais do telhado,
andorinhas, cada vez mais,
no vaivem das suas viagens,
mas também toutinegras, popas, verdilhões.
Há coros de rouxinóis,
outras aves canoras e canastrões,
melros de bico amarelo
que fazem seus ninhos nas ramagens
das videiras do vinho verde.
Não há guarda-rios, de azuis e rubras plumagens,
à cota trezentos,
com o rio Douro ao fundo do vale,
a serra de Montemuro em frente.
Eça de Queiroz,
meu vizinho, da Quinta de Tormes,
deveria ter gostado de conhecer Candoz
onde os pássaros são livres,
e, se são livres, logo serão felizes.
Pelo menos têm grandes espaços para voar,
os pássaros de Candoz.
Claro que há os predadores,
o gaio, o corvo, o búteo, o mocho, o milhafre…
A liberdade é a primeira condição da felicidade.
Triste é o melro na gaiola,
mesmo que esta seja forrada a ouro. (...)

(**) Último poste da série > 10 de fevereiro de 2015 > Guiné 63/74 - P14238: Fotos à procura de ... uma legenda (51): Manuel Joaquim dos Prazeres, empresário de cinema e caçador, Cabo Verde (1929/1943) e depois Guiné (1943/73)... Fotos da Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde, com amigos (Lucinda Aranha)

6 comentários:

Torcato Mendonca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Torcato Mendonca disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Luís Graça disse...

Quando um gajo se zanga com os deuses e com a humanidade, vira-se para os bichos...

Fico impressionado com o número crescente de seres humanos que preferem comunicar com os seus animais de estimação do que com os outros seres humanos...

Ontem deu-me para fotografar as boeiras...

Não sei o que está mal, se eu, se o mundo...

Torcato Mendonca disse...

Luís Graça, fui eu que eliminei os comentários. Quando enviei as condolências pela morte do Camarada Amadú o Post bloqueou.
Escrevi por engano, três ou quatro letras e noutro "comentário",agora eliminado pedia desculpas.

Parece que tenho o problema corrigido e eliminei os comentários.

Ab,T.

Anónimo disse...



Falta a toutinegra (em Brunhoso era chincho) o pombo torcaz, a rola, o cuco, a escrevedeira, o picanço, a carrriça etc. Não se podia pedir ao poeta que esgota-se o léxico da passarada, pois mesmo assim já é um poema que esvoaça, um poema alegre.
Um poema que depois das notícias tristes do blogue, a morte da esposa do José Belo e a morte do camarada Amadu Jaló, me fez sorrir e me transportou à minha juventude longinqua de Brunhoso, quando os campos e as florestas, pelo Março se animavam com ervas, folhas e rebentos verdes e com os cantos das aves tão diferentes mas que no final pareciam compor a sinfonia da primavera.
Muito obrigado Luís Graça!

Um grande abraço

Francisco Baptista

Hélder Valério disse...

Pois assim parece, Luís, deu-te para apanhar desprevenidas as 'boeiras' e vá de apanhá-las, provavelmente sem autorização para essas fotos....

Referes o aparente crescente número de pessoas que têm animais de estimação e que 'preferem' comunicar com eles «em detrimento de outros elementos humanos.
Aparentemente também isso é verdade.

Fica por determinar a razão dessa, digamos assim, escolha, dessa opção.

São eles próprios que se transformaram em 'bichos', que se isolaram, que são incapazes de comunicar e por isso arranjam substitutos ou, por outro lado, cansaram-se de 'tentar ser pessoas', por falta de correspondência das pessoas e voltaram-se para os animais para compensação de afectos?

Mas há outras possíveis motivações, mas agora importa apenas secundar o que escreve o Francisco Baptista de que esta tua incursão no 'mundo vivo' na terra, surge como uma compensação, ainda que ténue, para as 'partidas' de gente conhecida ou que se estima.

Abraço
Hélder S.