sexta-feira, 12 de junho de 2015

Guiné 63/74 - P14738: Os nossos médicos (85): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (15): Africanização Portuguesa

1. O nosso camarada Mário Vasconcelos (ex-Alf Mil TRMS da CCS/BCAÇ 3872 - Galomaro, COT 9 e CCS/BCAÇ 4612/72 - Mansoa, e Cumeré, 1973/74) enviou-nos a mensagem que se publica, com mais um texto de Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho [foto à esquerda], (ex-Alf Mil Médico que esteve integrado nos BCAÇ 3872 e 4518, Galomaro, 1973/74).

Como se uma ordem fosse, encaminho, retransmitindo, o texto entregue pelo ilustre amigo e camarada Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Médico, dos BCAÇ 3872 e 4518, sediados em tempos idos, em Galomaro-Guiné.
O texto aborda a problemática da "Africanização do Exército Português no CTIG".
Adicionam-se algumas fotos em sintonia com o escrito recebido.

Abraço e saudações nossas para todos os camaradas.
Que a saúde, e a alegria de vida, sempre vos acompanhe.
Mário Vasconcelos




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Notas do editor:

- As fotos referidas chegaram ao blogue sem o mínimo de qualidade para serem publicadas. Aguarda-se o envio de outras em substituição.

Último poste da série de 22 de outubro de 2014 > Guiné 63/74 - P13782: Os nossos médicos (84): Memórias do Dr. Rui Vieira Coelho, ex-Alf Mil Médico dos BCAÇ 3872 e 4518 (14): Onde se fala de doenças sexualmente transmissíveis (con destaque para a blenorragia) mas também de perturbações psíquicas como a depressão e o stresse pós-traumático de guerra

11 comentários:

Anónimo disse...

E é verdade, não vale a pena comentar. Os portugueses de cor da Guiné, foram traídos, e os soldados portugueses da metrópole foram apelidados de colonialista. E assim ficou como dizia Camões "Querida Pátria amada" é mesmo verdade "SEM COMENTÀRIOS".

Do tamanho do Cumbijã um abraço para todos os Portugueses, Negros ou Brancos, que passaram pela Guiné.

Mário Fitas

Costa Abreu disse...

Felizmente ainda temos PORTUGUESES que teem a hombridade de dizerem as verdades, Parabens ao SENHOR DR. RUI VIEIRA COELHO
Julio Abreu
Grupo de Comandos Centurioes
Ex-Guine Portruguesa

Anónimo disse...




O texto do senhor Dr. Rui Vieira Coelho não me encanta, por um lado acho-o um pouco confuso e por outro lado acho que fala levianamente de assuntos politico-militares que não domina bem. Por não querer entrar numa discussão que está nos limites da boa convivência que se convencionou para este blogue, eu abstenho-me de desenvolver a minha opinião.
Cumprimentos a todos

Francisco Baptista

José Nascimento disse...

Ainda me recordo dos milícias do Biombo que se diziam tão portugueses quanto nós, apontavam para as veias dos braços e e afirmavam:"O nosso sangue é igual ao vosso".

Anónimo disse...

Caro Francisco Baptista, deixou-me curioso, poderia dar uma ajuda e explicar a leviandade de Rui Coelho quanto aos assuntos politico militares? Diga-nos lá o que é que não o encanta, e o que o deixa confuso. Talvez a leviandade e o não respeito da convivência deste Blogue, é quem critica e não mostra o caminho das suas verdades, lançando bolas de sabão para o ar. Não concorda? Critique homem! Este é um lugar que eu penso de liberdade.

Um abraço do tamanho do Cumbijã (apertado e comprido).

Mário Fitas

Antº Rosinha disse...

Fantástico, este post quase me chega aos meus "calcanhares" de Retornado consciente.

Penso que actualizando para os dias de hoje, este post devia acusar de traidores dos africanos, os ex-colonialistas ingleses, franceses belgas e alemães, e não apenas os nossos guerreiros tipo "Otelo".

A Europa toda de braços caídos, e nós gloriosamente sós, a tentar evitar que um continente se viesse a tornar humanamente inabitável na maioria dos países africanos.

Sendo que a Guiné-Bissau, ainda é dos países mais tranquilos.

Anónimo disse...

Meus caros camaradas:
Nós não abandonámos as colónias para que elas se desenvolvessem mais. Não as abandonámos para que se construíssem mais e melhores estradas, escolas e caminhos de ferro. Não abandonámos aquelas terras para que nelas houvesse mais riqueza e esta fosse distribuída mais democraticamente. A questão não deve ser posta nestes termos. Na verdade, no desenvolvimento da história dos povos, em 1974, a etapa dos impérios coloniais estava ultrapassada, para dar lugar ao surgimento de novos países. Vendo ainda por outro ângulo, ou seja pela nossa capacidade ao nível de recursos humanos, de condições económicas e disponibilidade de material bélico, tínhamos atingido a exaustão. Esticando a corda, vejamos por outra perspectiva, a de se saber se, nós soldados, no terreno, aceitávamos continuar a lutar e a resposta é que, na grossa maioria, as pessoas o que queriam era o fim daquele martírio. De resto, bem se sabe que, nos últimos anos da guerra, a retaguarda civil mostrava-se cada vez mais resistente a aceitar aquele conflito sem fim.
Mesmo assim aceito perfeitamente que a Guiné, hoje, estaria bem melhor, a nível das suas infraestruturas, educação, saúde e economia, se tivesse preferido um processo faseado de autonomia que culminaria na independência, com um estatuto especial. Sucede que os tempos eram de independência rápida porque aquela gente queria chegar depressa à mesa do banquete e depois, os mais pequenos perceberam que a mesa era muito alta para eles. É a vida.
Um abração
Carvalho de Mampatá.

Luís Dias disse...

Caros Camaradas e Amigos Tabanqueiros

O Post do meu amigo Dr. Rui Coelho é o passar a escrito das observações que ele já nos tinha transmitido oralmente, nas conversas dos almoços de confraternização da minha companhia (CCAÇ3491-Dulombi e Galomaro 71-74), aos quais o Dr. Rui Coelho, tem dado a honra da sua presença sempre estimável presença. Dado que o nosso batalhão saíu da sua área operacional em 9 de Março de 1974 e de Bissau em 28 de Março do mesmo ano, não sabíamos o que aconteceu após o 25 de Abril de 1974. Na nossa zona operacional existiam muitas Tabancas defendidas por pelotões de milícias (algumas com mais do que um pelotão), outras em auto-defesa e outras mais pequenas, completamente indefesas. O IN apostava e atacava com mais frequência as Tabancas, do que os nossos aquartelamentos. Nesses ataques, dada a proximidade com que eram efectuados, a probabilidade de baixas em ambas as partes eram mais frequentes do que nos ataques contra nós. De facto, as nossas milícias eram uns autênticos heróis. Conseguiam, com menos material bélico, competir com o IN, provocando-lhe baixas confirmadas, capturando guerrilheiros, porque aguentavam os ataques, normalmente nocturnos, ao arame e rapidamente passavam à ofensiva, oberigando-os a fugir. Em outros casos, aquando de ataques a outras Tabancas da sua zona, iam em socorro das mesmas, percorrendo trilhos, mas também a corta-mato, sem temor, obrigando o IN a retirar rapidamente. Lembro-me do nome de muitos dos comandantes desses pelotões e da forma como se comportavam quando em operações conjuntas. Assim, ao saber pelo Dr. Rui Coelho, do que se passou após a nossa saída, em especial o desarmamento daqueles que combateram ao nosso lado, que eram no mato os nossos olhos e a forma como se afirmavam como portugueses, entristece-me pensar que, se calhar, muitos deles, ou fugiram ou possam ter sofrido a "sorte", dos elementos do comandos africanos.
Caro amigo, obrigado por nos trazeres o ponto de vista de quem lá ficou e assistiu, à pressa com que alguns quiseram sair da Guiné, sem acautelar devidamente a vida daqueles que acreditvam em nós e eram tão portugueses como eu.
Um abraço atodos
Luís Dias Ex-Alf. Milº At.Infª CCAÇ3491/BCAÇ3872

Anónimo disse...

Caros camaradas:
O que o Luís diz (e como eu aprecio o que ele diz!) é verdade e não é um pormenor é um dos aspectos mais relevantes da guerra da Guiné - a posição favorável à via spinolista, por parte de uma importante faixa da população guineense. E esta gente esteve do nosso lado, acreditou numa evolução da guerra que permitisse uma solução diferente. Acontece que o governo português e seus representantes acreditaram que o PAIGC cumpriria o acordado mas, logo que se viram livres da tropa portuguesa, adoptaram a vingança como caminho. Poderia ser de outra maneira ? Não sei.
Um abração
carvalho de Mampatá

Anónimo disse...



Ao Mário Fitas e a outros camaradas que não terão gostado do meu comentário que discordando de outros que o antecederam, nomeadamente do Dr. Rui Vieira Coelho não explica os motivos. Não foi medo, nem cobardia, foi porque por vezes acho que no geral nós vivemos de acordo com um sistemas de ideias que fomos arrumando ao longo dos anos, que já fazem parte da nossa idade e do nosso ADN, e já não abdicamos delas.
Concordo com tudo o que o Dr. Rui Coelho diz sobre a proteção que o Estado Portugês devia ter dado a todos os guineenses que combateram ao nosso lado. O abandono a que foram votados foi um crime contra o povo da Guiné. Hoje fala-se muito sobre isso, sobretudo no nosso blogue, mas se não estou em erro, pouco se falou sobre esse assunto logo após a revolução. Pode ser uma lacuna da minha memória semelhante a outras tantas, mas não me lembro de grandes personalidades, de políticos quer de direita, quer da esquerda, de generais ou militares spinolistas ou dos doutras tendências que tenham alertado para esse possível quase genocídio.
A minha análise diverge da do nosso camarada médico quando se fala dos homens que fizeram ou influenciaram a revolução ou golpe, como alguns dizem, do 25 de Abril.
Spínola "esse homem grande" do monóculo e do pingalim era um homem vaidoso que gostava de cultivar junto dos soldados e dos povos nativos a imagem do homem bom, não por amor aos outros mas por amor-próprio pois ele era ambicioso. Sendo um militar de carreira conhecedor de todas as regras e toda a ética militar, comprazia-se em achincalhar qualquer comandante de companhia ou batalhão, à frente dos seus homens, umas vezes com razão, outras vezes sem ela. E assim ia conquistando a alma dos soldados, talvez a pensar em voos futuros. Andava sempre rodeado por um séquito de oficiais veneradores, como um rei com a sua corte.
A tentativa que ele procurou fazer e em parte conseguiu-o de se aproximar da população autótone,ao tempo, lia-se em qualquer manual de contra-guerrilha, que era a estratégia mais apropriada para ajudar a vencer essa guerra.
O Marechal Spinola foi sempre um homem ambicioso e autoritário que contribui muito para o 25 de Abril, através do seu livro "Portugal e o Futuro" mas que com uma personalidade demasiado autoritária e elitista era uma personalidade já anacronica a pretender comandar um povo que entretanto tinha mudado e já não era esse " meu bom povo".
A teoria da conspiração, dos comunistas, sempre esses fantasmas que já há mais de 60 anos o velho ditador usava para amedrontar o povo, que terão feito abortar o golpe das Caldas, efectuado pelos yes man do nosso General, é nova para mim.
Quanto ao Otelo considero que foi um grande General a movimentar e comandar as tropas no 25 de Abril e foi um Ótolo quando se quiz meter em assuntos da politica que não dominava e com elas acabou por sujar a sua caderneta militar.
A todos os militares de Abril spinolistas, otelistas e aos outros que afinal foram a facção vencedora, pessoalmente agradeço esse grande bem que é o podermos respirar, escrever e falar em clima de liberdade. Concordo com muitos quando se afirma que a descolonização foi apressada, mal feita e não teve em conta as vidas e os interesses dos portugueses militares ou civis de todas as raças. Uma análise mais lúcida teria que ser muito extensa para se poder falar do antigo regime que nunca criou pontes nem relações de diálogo com os movimentos de libertação. Teria que ter em conta além dos movimentos de libertação, os países que os apoiaram, tais como a Rússia, os Estados Unidos, a China, a Suécia, a Noruega e outros, que não iriam aceitar qualquer solução.
Por outro lado, depois da explosão de libertação que o povo portugês sentiu no 25 de Abril esse mesmo povo não iria aceitar que houvesse mais mortos no Ultramar Português.

Um abraço todos

Francisco Baptista

Hélder Valério disse...

Caros camaradas

Isto das opiniões, das 'visões', dos 'estados de alma', são como os chapéus do filme: "Há muitos"!

O texto que Rui Coelho nos oferece não é bem um "texto de memórias", é muito mais um "texto de opiniões". E isso, em si mesmo, não tem nada de mal.

Hoje, felizmente, podemos ter opinião, sem que disso resulte no imediato grande incómodo, nem sequer risco físico, profissional ou familiar, ao contrário dos 'bons velhos tempos', que parece ser do agrado de tanto saudosista.

E as opiniões de Rui Coelho têm mérito.

Em primeiro lugar porque, sendo as que expressa, são respeitáveis e merecem que, independentemente de se concordar ou não com elas, sejam acatadas com toda a cordialidade.

E depois, exactamente por ser "de opinião", construída Maio de 2015, tempos actuais, tem também o inegável mérito de, por junto, fazer o repositório, do que por vezes anda por aí disperso, de toda a teorização da visão dos saudosistas relativamente ao desenvolvimento dos acontecimentos históricos e das características dos protagonistas.

Quanto aos factos de não ter sido devidamente acautelado, com toda a prudência que as circunstâncias aconselhavam, a salvaguarda e integridade física daqueles que estiveram activa e operacionalmente ao lado das nossas tropas nas acções contra os que iriam exercer o novo poder, isso é inegável e imputável a irresponsabilidade, consciente ou não.

Hélder S.