domingo, 16 de fevereiro de 2020

Guiné 61/74 - P20658: Agenda cultural (741): "Bá D'al na Rádio: memórias da Rádio Barlavento", livro do nosso camarada Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74, membro da Tabanca Grande, nº 790, mindelense, jornalista e radialista, a viver na Praia, Santiago, Cabo Verde



Cartaz do evento. Cortesia de Carlos Filipe Gonçalves




1. Mensagem, de ontem,  do nosso camarada Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/FTIG,  Santa Luzia, Bissau, 1973/74, radialista, jornalista, escritor, estudioso da morna e de outras formas da música de Cabo Verde, membro da Tabanca Grande, nº 790 
(*):

Luís:

Desculpa, esta falha, pois tenho estado muito activo… foi o lançamento do livro sobre a Rádio Barlavento, em 31 de janeior, agora estou a braços com o próximo livro para abril ou maio, "Capitulos da Morna", este devia sair em dezembro por altura da consagração, mas atrasou-se… E claro, o livro sobre a Guiné está parado… mas brevemente te darei noticias deste outro trabalho…

Aqui vão o dados, que me pediste, sobre o livro que lancei recentemente na cidade da Praia. Se precisares de mais algum dado pede, se tiveres perguntas estou ao dispor. Segue também o cartaz, uma sinopse do livro e uma pequena nota biográfica sobre mim, bem como algumas opiniões sobre a obra.

Um forte abraço

Carlos Gonçalves

Jornalista aposentado

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Título: Bá D’al na Rádio – Memórias da Rádio Barlavento

Autor: Carlos Filipe Gonçalves

Editora : Livraria Pedro Cardoso – Bairro da Fazenda, Cidade da Praia, Cabo Verde.


O titulo é em crioulo, significa literalmente: Vai dar isso na rádio. Ou seja, vai difundir isso na rádio.

Trata-se uma frase jocos que surgiu depois da invasão / ssalto da Rádio Barlavento, na Ilha de S. Vicente, em Dezembro de 1974, em pleno período «revolucionário» após o 25 de Abril. É que o assalto ou «tomada da rádio», foi justificada, por uma «soit disant» democratização/pluralismo de acesso, o que na verdade não se verifica, porque todos os elementos contrários à «Unidade entre a Guiné e Cabo-Verde» foram presos poucos dias depois...


Teve início então uma avalanche de «comunicados revolucionários» depois das reuniões do comités do PAIGC, que eram enviados à rádio! Surgiu então esta frase jocosa, a criticar esta situação… Começou deste modo o «regime de Partido Único»…


Resumo: Carlos Filipe Gonçalves, que começou a trabalhar na Rádio Barlavento aos 16 anos, conta as recordações dele, de colegas e amigos que lá trabalharam, descreve o contexto social da época e traça o percurso histórico que culmina no assalto e encerramento daquela rádio e do Grémio Recreativo Mindelo em 1974: um acerto de contas numa luta de classes latente desde inícios do século XX que terminou com a nacionalização dos órgãos de comunicação social e um monopólio/situação dominante do Estado que vigora até ao presente.


2. Sobre o autor:

Carlos Filipe Fernandes da Silva Gonçalves, jornalista, músico:

(i) nasceu em Mindelo, S. Vicente em 12 de Outubro de 1950;

(ii) começa aos 16 anos a trabalhar na Rádio Barlavento, como discotecário, na realidade esteve a seu cargo por cerca de quatro anos a programação musical daquela estação emissora;

(iii) em 1971 deixa S. Vicente para cumprir o serviço militar em Portugal; foi mobilizado em 1973 para a Guiné, colocado em Bissau;

(iv) depois do 25 de Abril de 1974 toma contacto com amigos cabo-verdianos do PAIGC recém-chegados a Bissau, disponibiliza-se para dar o seu «contributo» como se dizia na época;

(v) trabalha como chefe da programação na Radio Libertação (entretanto deslocada para Bissau) transformada pouco depois em Radiodifusão Nacional da Guiné Bissau;

(vi) depois da Independência regressa a Cabo Verde, onde trabalha como chefe da programação na Radio Voz di Povo na Praia, também transformada logo depois em Emissora Oficial de Cabo Verde.;

(vii) a partir de 1980 estudou em Paris, no Instituto Nacional do Audiovisual;

(viii)  chefe de programação (1984/86) e director da Radio Nacional de Cabo Verde (1986/91); concebeu e criou a Rádio Comercial, que começou a emitir em 1999 e da qual foi director até 2013.

3. Sobre a obra (**):

Memórias muito interessantes e inclusivas pois que se estendem a nós, outros que também, vivenciámos esse tempo... Bem documentada a história de uma instituição (R+adio Barlavento) muito importante na vida destas ilhas de partidas de emigrantes, de separação inter-ilhas, da condição de ilhéu, em suma o que foi a Rádio. 

Tem um excelente capítulo sobre o nascimento e as condições vividas pela Radio Barlavento. Sobre o Grémio, fundamentos da instituição e o ambiente social à época, está muito interessante e bem conseguido. E ainda, excelentes contribuições, para a história da música da grande cidade musical que foi Mindelo! O autor tem um estilo coloquial, de leitura aprazível e que prende o leitor.

Ondina Ferreira

Leitura simplesmente deliciosa. As ideias estão muito claras e bem enquadradas.

Luís Guimarães Santos

Globalmente Carlos Gonçalves,  é a tua história, tua vivência da Rádio, sobretudo Rádio Barlavento, pelo que, o que posso dizer é que está bem contada e fiquei a conhecer sobretudo o teu percurso.

João Matos

Muitas memórias e escrita fluída.

Manuel Brito Semedo

(…) Pertinente o trabalho de investigação que estás a fazer para o livro sobre a Rádio Barlavento! (…) É bom reviver os bons momentos que vêm desse tempo, em que sobressaía a autêntica amizade!

Jorge Guimarães Santos

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 5 de dezembro de  2019 > Guiné 61/74 - P20416: O que é feito de ti, camarada (8): Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74, membro da Tabanca Grande, com o nº 790; jornalista aposentado, vive na Praia, ilha de Santiago, Cabo Verde... Está a escrever dois livros, um sobre a história da morna; outro sobre as suas memórias dos anos de 1973/75... E precisa de duas fotos: uma do QG em Santa Luzia, e outra da messe de sargentos no QG...

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

A Rádio Barlavento era uma estação de rádio em Cabo Verde que transmitia em português de 1955 até 1974.

Era uma estação de ondas curtas, transmitindo em 3930 kHz.

De 1947 a 1955, foi chamada Rádio Clube do Mindelo. Em 1974, foi ocupada por membros do Partido Africano para a Independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde (PAIGC), que procuravam "tirar a estação das mãos daqueles que estavam alinhados com o poder colonial".

Depois disso, a estação tornou-se a Rádio Voz de São Vicente. A estação serviu todo o grupo de ilhas de Barlavento, incluindo Santo Antão, São Vicente, São Nicolau, Sal e Boa Vista.

A estação estava localizada num prédio próximo do centro de Mindelo, que agora é o Centro Nacional de Artesanato e Design, e transmitia música tradicional cabo-verdiana, programas locais, em crioulo e em português, e algumas programas internacionais. A Rádio Voz de São Vicente mais tarde ficou associada à RCV - Rádio de Cabo Verde. Mindelo passou a ter uma rádio separada, chamada Rádio Nova.

Nos primeiros anos, Sérgio Frusoni foi locutor na emissora, produzindo o programa Mosaico Mindelense em crioulo. Também João Cleofas Martins, mais conhecido como Djunga Fotógrafo, foi um locutor que apareceu na emissora.

O guitarrista Gregório Gonçalves permitiu que Cesária Évora cantasse na estação, onde foi gravada, pela primeira a sua voz, em fita magnética. Há uma placa no exterior do edifício que evoca essa presença da Cesária Évora na estação.

Fonte. Adapt de Wikipedia em inglês:

https://en.wikipedia.org/wiki/R%C3%A1dio_Barlavento