terça-feira, 30 de junho de 2020

Guiné 61/74 - P21123: Historiografia da presença portuguesa em África (215): o jovem Amílcar Cabral, finalista de engenharia agronómica, saudando o regresso das chuvas e da esperança, após quatro anos de seca, fome e tragédia, escreveu: "A bem de Cabo Verde, pelo bom nome e pela glória de Portugal" (sic), a rematar um artigo publicado no nº 1 do Boletim de Informação e Propaganda, outubro de 1949



Capa do mensário "Cabo Verde: Boletim de Propaganda e Informação", Praia,  nº 1, ano I, 1 de outubro de 1949. Propriedade da Imprensa Nacional, 20 pp. Diretor:  Bento Benoliel Levy  (Preço de capa: 2$50)






















Artigo da autoria de Amílcar Lopes Cabral, futuro engenheiro agrónomo, e fundador e líder do PAIGC: "Algumas considerações acerca das chuvas", pp. 5-7.




Cabo Verde: Boletim de Propaganda e Informação, Ano I, nº 1, 1 de outubro de 1949. 

Notícias sobre as chuvas de setembro de 1949.  Há cinco anos que não chovia no arquipélago (!) (p. 7)
Fonte: Hemeroteca Digital, CM Lisboa (com a devida vénia)

 [Fixação de texto para efeitos de reprodução neste blogue: LG]

1. O novo governador de Cabo Verde  (1949-1953), Carlos [Alberto Garcia] Alves Roçadas (, major  de infantaria, licenciado em medicina,  e sobrinho do gen José Augusto Alves Roçadas, 1865 - 1927)  foi o "inspirador" deste orgão da imprensa cabo-verdiano (1949-1964). 

Era propriedade da Imprensa Nacional de Cabo Verde, e tinha como diretor Bento Benoliel Levy (Praia, 1911- Lisboa, 1991),  um político e jornalista, de origem judia sefardita,  afeto ao regime do Estado Novo e defensor (intransigente) da sua política ultramarina.

Bento Levy. Fonte:
Assembleia da República
Bento Levy era licenciado em Direito (Ciências Jurídicas) pela Universidade de Lisboa (1939). Teve uma carreira político-administrativaa feita na Praia, Santiago, Cabo Verde:

(i) administrador du concelho da Praia (1941);

(ii)  vohal do Conselho do Governo (1942); 

(iii) chefe des serviços de administração civil (1946);

(iv)  presidente do Conselho fiscal da caixa geral dos reformados;

(v) presidente do Centro Cultural de Sotavento;

(vi) diretor  técnico da  Imprensa Nacional de Cabo Verde (1948);

(vii) substituto do juiz de direito  da Comarca de Sotavento  (1949-1961);

(viii) diretor do Serviço de propaganda e informação; diretor do Centro de Informação e Turimos de Cabo Verde; fundador et presidente du Rádio Clube de Cabo Verde....

(ix) enfim, deputado à Assembleia Nacional por Cabo Verde (União Nacional, 1961-1965 / 1969-1973), onde abordou por várias veses o problema da seca e da fome.

Para além de responsabilidade pela criação deste Boletim (1949), foi também fundador da Rádio Clube de Cabo Verde (1944); e, mais tarde, fundador do semanário O Arquipélago (1962).

O Boletim foi definido, logo de início como um " jornal de todos [e para todos], em que cada ideia construtiva terá cabimento (...), necessita[ndo], como é óbvio, de colaboração - colaboração de todos quantos de algum modo se interessam por Cabo Verde, ou porque aqui nasceram, ou porque aqui viveram, ou por cá passaram como simples curiosos, ou ainda porque, como portugueses, se acham lígados a esta parcela do Império, para o desenvolvimento e progresso da qual todos devemos contribuir."


É expressament referido que "a ideia desta iniciativa [é] devida a Sua Ex.a o Governador da colónia [, foto acima], que honra o Boletim com um editorial a todos os títulos notável, dando o exemplo e incitanto quantos possam contribuir para se fazer mais e melhor por Cabo Verde" (...).

(...) "É essa colaboração que se pede, pois dela depende a continuação de tão útil, como indispensável elemento de vida da colónia. (...)".

2. E logo no primeiro número surgem nomes, como o do jovem Amílcar Cabral, que de modo algum se podem considerar como "alinhados" com o regime. Veja.se o teor do artigo que acima reproduzimos: Amílcar Cabral ia fazer 25 anos em 12/9/1949, e estava a estudar agronomia em Lisboa, curso que vai concluir em 1950, e cuja escolha estará relacionada com a trágica seca e fome de 1941/43, período que concidiu com a comissão de serviço militar de alguns dos nossos pais (em São Vicente e no Sal).

Filho de pai cabo-verdiano de ascendência guineense, Juvenal Lopes Cabral, professor, e de mãe guineense, de ascêndencia caboverdiana, Iva Pinhel Évora, o Amílcar tinha nascido em Bafatá, em 1924, onde o seu pai fora colocado à época.

Com os oito anos de idade, em 1932, vem com a família para Cabo Verde. Completaria o ensino primário em Santa Catarina, na ilha de Santiago. No Mindelo, São Vicente, termina o curso liceal em 1943, no Liceu Gil Eanes. Tem um primeiro emprego na Imprensa Nacional (1944), já na Praia, Santiago. Ganha uma bolsa de estudos e vai para Lisboa em 1945. Estuda no Instituto Superior de Agronomia (ISA), ode conhece a futura esposa, flaviense. Convive com futuros dirigentes nacionalistas africanos, na Casa dos Estudantes do Império, tais como Agostinho Neto, Marcelino dos Santos e Mário de Andrade.

Em 1941/43 e em 1947/48, Cabo Verde tinha sofrido mais um ciclo de devastadoras secas, com trágicas consequências: dezenas de milhares de mortos, crise económica e social, emigração forçada (nomeadamente para S. Tomé e Príncipe, mas também para a Guiné.).. Em agosto e setembro de 1949, as chuvas (abundantes) voltam a cobrir as ilhas de "palha verde"...

É neste contexto, e na expetativa (moderada) de "mudança de rumo" do governo das ilhas, que deve ser lido este e outros artigos desta revista mensal, que se começa a publicar justamente em outubro de 1949 (e vai durar até 1964, tendo tido um certo impacto na vida cultural, social, intelectual e literária e do arquipélago, apesar do seu alinhamento político-ideológico com o regime de Salazar).
__________

Nota do editor:

Último poste da série > 24 de junho de 2020 > Guiné 61/74 - P21107: Historiografia da presença portuguesa em África (214): A imprensa na Guiné, numa tese de doutoramento de Isadora de Ataíde Fonseca, denominada “A Imprensa e o Império na África Portuguesa, 1842-1974" (1) (Mário Beja Santos)

12 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sobre este governador, reproduz-se dois comentários escritos no blogue Praia de Bote:

valdemar pereira, 13 de dezembro de 2018 às 16:43

Foi um Governador muito estimado pelo povo que o adoptou. E ele a mesma coisa pois entrou solteiro e saiu casado. Penso que se não tivesse sido Governador era a mesma coisa. Adorou a nossa terra e foi amor à primeira vista.


Adriano Miranda Lima14 de dezembro de 2018 às 21:22

Era de Infantaria e tirou Medicina, por isso tratado por Dr. Mas nunca exerceu Medicina nem passou para o quadro do Serviço de Saúde Militar. Entrou solteiro mas não sei se saiu casado por se ter "amantizado" com a criada do Paloce. Não morreu velho. Infelizmente.

valdemar pereira15 de dezembro de 2018 às 12:02

Cala boca !!! O casamento foi feito "tràs d'igreja".
Fez a felicidade da criada (bem bonitinha que era).
Houve outro grande médico militar que fez o mesmo.

https://mindelosempre.blogspot.com/2018/12/3858-qual-natal-qual-carapuca-no-pdb-e.html

antonio graça de abreu disse...

Grande texto de Amílcar Cabral! Então com 25 anos, humano, sensível, humedecendo o coração na chuva e em poesia. Ingénuo e carregado de utopias. A dura e brutal realidade a tudo se sobreporia. Não posso esquecer as palavras laudatórias e entusiásticas de Amílcar Cabral, em 1970 quando do cobarde assassinato dos três majores do exército português, do meu CAOP 1, em Teixeira Pinto, Jolmete quando estes homens foram ao encontro dos guerrilheiros de Amílcar Cabral, desarmados, em missão de paz.
Bem melhor será regressar a este Amílcar Cabral, com 25 anos de idade,a 8 de Setembro de 1949,a escrever coisas destas: "Todos lutarão a bem de Cabo Verde, pelo bom nome e glória de Portugal."
Ou então: "A chuva fortaleceu a fé no destino de Cabo Verde. Destino que será traçado à custa do trabalho consciente dentro da comunidade do mundo português, trilhando os caminhos do Ressurgimento e do Progresso."
Quem diria que Amílcar Cabral seria capaz de pensar e escrever coisas destas?
Será por isso que os militantes guineenses do PAICG o assassinaram? Ou foi a PIDE?.

Abraço,

António Graça de Abreu

Antº Rosinha disse...

Houve sim, durante quinhentos anos, alem dos portugueses de portugal os portugueses do ultramar, como Amilcar Cabralos tais que sem eles o império não se conseguiria aguentar mais que umas tantas milhas além de costa da caparica por muito tempo.

Alguem se lembrou de chamar a esse fenómeno de portugueses, que agora negam que tenha existido, o tal de «luso-tropicalismo».

Com esse nome ou outro qualquer, essa gente é que ensinou transmontanos, algarvios etc. a colonizar, em África e no Brasil.

E até essa estirpe de portugueses, depois de ajudar a contrabandear escravos, criar cidades, divulgr a lingua portuguesa, e fixar fronteiras, ainda teve tempo de dizer a minhotos, transmontanos e alentejanos que estava na hora de regressarem à "terrinha" deles.

E lá ficou essa gente, a tentar governar e chefiar Angola, Moçambique e Guiné e São Tomé...até um dia!

Houve muitos que também apanharam a "ponte aérea", porque achavam que estava tudo ainda muito verde.

Fernando Ribeiro disse...

Uma proposta de leitura: "Managing the Prospect of Famine; Cape Verdean Officials, Subsistence Emergencies, and the Change of Elite Attitudes During Portugal’s Late Colonial Phase, 1939-1961", por Alexander Keese (https://edoc.hu-berlin.de/bitstream/handle/18452/14232/22gDqzLZTTGk.pdf?sequence=1).

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Francisco Ribeiro, outra proposta de leitura é o "Chiquico", de Baltasar Lopes, que estou a reler, e anotar obsessivamnte... Talvez faça uma nota de leitura, um dia destes.

Cabo Verde é uma terra que mexe muito comigo, o meu pai foi "expedicionário" no MIndelo, em 1041/43, "26 meses a engolir pó"!...

Mas se quiseres fazer um resumo desse texto do Alexander Keese, és vem vindo...

Abraço, Luís

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O António Carreiro, que é um insuspeito estudioso das secas e das fomes de Cabo Verde, diz que nas crises do seculo XX, destacam-se a de 1921-1922, em que 0 povo se achou no "ultimo estágio de miseria nua", por ter consumido roupas, terras e joias, acrescido por urn obituario de 1921 de mais de 23 mil pessoas.

Tambem, a de 1941-1943, em que houve mortalidade pela fome de mais de 24 mil pessoas... Nas de
1947-1948, as perturbacoes causadas pe1a deslocacao de famintos impossibilitam o controle da morbilidade... Recordo-me de o meu pai falar de 30 enterros por dia no Mindelo...

Infelizmente a brava e dolorosa história de Cabo Verde é completamente desconhecida de todos nós...

Em boa verdade, o que é nos ensinavam na eccola ? Contos de fadas ? Nem isso... Mas hoje também ninguém consegue falar direito, aos putos, sobre o passado... Sem ser com "clichés"!...

s nossos putos, os putos cabo-verdianos, os putos guineenses, os putos angalanos, os putos brasileiros, etc. têm direito à "verdade"... Mas o que é a "verdade histórica" ? E como se pode traduzir por "miúdos" ?

O ensino da história não pode ser um "arma de arremesso político", como tem sido entre nós... Com o liberalismo, com a República, com o Estado Novo, e ainda hoje, com o "politicamente correto"... O que é os "putos" dos professores sabem da "guerra colonial" para poderem ensinar aos nossos "putos", os nossos netos ?... Clichés, em meia dúzia de "slides", se tanto...

Cherno Baldé disse...

Caros amigos,

Para quem leu algumas intervenções e escritos de Amilcar Cabral, como lider da luta pela independência da Guiné e de Cabo-Verde, mormente a questão candente da unidade da Guiné e Cabo-Verde, descobre sem ambiguidades, neste texto dos tempos de juventude de Amilcar uma linha de coerência extraordinária entre o seu ideal de luta durante os seus anos de estudante e a linha de força que o norteou como nacionalista e lutador destemido pela emancipação dos povos africanos em geral e dos povos com os quais se identificava em particular, como homem e como revolucionário com fortes aspirações de justiça e progresso para os povos oprimidos pelo colonialismo europeu.

Foi, sem dúvida, este contexto desolador de fome e de miséria humana que moldou o seu espírito e o preparou para o que viria a seguir na sua vida, tanto profissional como politica.

Lembro-me de uma frase, por sinal, bem reveladora, dos seus textos de intervenção num seminário de quadros em Conakri, penso que em 1969, salvo erro, sobre as motivações da unidade entre os dois povos, onde dizia assim: "Eu vi pessoas a morrerem de fome, de uma fome terrível, em Cabo-Verde, e vi pessoas a serem chicoteadas na Guiné (...)".

Também não surpreende muito o seu apego a Portugal que muita gente tem dificuldades em compreender e aceitar, mas contra factos não há argumentos. Esta é uma prova factual de que o A. Cabral, como sempre disse, não lutava contra o povo português, mas contra o regime colonial que, igualmente, oprimia os portugueses de bem.

Resumindo e concluindo, pode-se afirmar que o Amilcar Lopes Cabral foi um homem e um lider coerente na sua linha de pensamento e acção, facto que o distinguiam dos demais da sua época e que mereciam admiração e simpatias dos mais diferentes quadrantes politico-ideológicos, como o José Belo tem frisado, relativamente aos Escandinavos e não só, ao ponto de ser recebido pelo Sumo Pontífice ao mesmo tempo que era elogiado e apoiado pelos dirigentes Cubanos, Che e Fidel Castro.

Com um abraço amigo.

Cherno Baldé

Anónimo disse...

PS: Se ele (Amilcar) não foi um santo como alguns pretendem, também não foi o diabo como outros o querem pintar.

Cherno AB.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

É preciso ser cabo-verdiano ou guineense, ou até ter conhecido a Guiné, como nós conhecemos, para sentir a alegria da chuva ou saber valorizar este binómio chuva-esperança... Nem é preciso sair de Portugal, basta visitar-se o baixo Alentejo, a margem esquerda do Guadiana, e ter apanhado as primeiras chuvas do ano, muitas vezes torrenciais...

Amílcar Cabral não terá sido um grande poeta da língua portuguesa, mas escreveu poesia na sua juventude, como todos nós... Este poema, "Regresso", creio que foi publicado originalmente no nº 2 da revista mensal, "Cabo Verde: Boletim de Informação e Propaganda". Enfim, merece ser divulgado, na sequência do artigo sobre as chuvas do jovem finalista de agronomia que, em 1949, assistiu ao "milagre das chuvas", cobrindo os morros das ilhas de "palha verde"...

Gosto particularmente dos últimos dois versos: "A chuva amiga já falou mantenha /
e bate dentro do meu coração!"

E o meu voto é que as chuvas nunca faltem, e venham todos os anos "partir mantenha" aos meus nossos amigos e irmãos de Cabo Verde. (LG)


Regresso

Mamãe Velha, venha ouvir comigo
o bater da chuva lá no seu portão.
É um bater de amigo
que vibra dentro do meu coração.

A chuva amiga, Mamãe Velha, a chuva,
que há tanto tempo não batia assim…
Ouvi dizer que a Cidade-Velha,
— a ilha toda —
Em poucos dias já virou jardim…

Dizem que o campo se cobriu de verde,
da cor mais bela, porque é a cor da esp´rança.
Que a terra, agora, é mesmo Cabo Verde.
— É a tempestade que virou bonança…

Venha comigo, Mamãe Velha, venha,
recobre a força e chegue-se ao portão.
A chuva amiga já falou mantenha
e bate dentro do meu coração!

– Amílcar Cabral, em “Emergência da poesia em Amílcar Cabral” (30 poemas).. [recolhidos e organizados por Oswaldo Osório]. Colecção Dragoeiro. Praia: Edição Grafedito, 1983.

José Teixeira disse...

Meu bom amigo Cherno.
Não é preciso voltar aos tempos da juventude do Amílcar Cabral para ver chicoteamentos na Guiné ex Portuguesa. Eu, em 1968, poucos dias depois de ter chegado a Ingoré, nas minhas incursões pelo interior da tabanca para conhecer as suas gentes vi, com os olhos que hoje me guiam um homem amarrado a poste e dois Sipaios a chicotearem-no na presença do Chefe de posto. Procurei saber os porquês de tal violência e foi me dito que fora acusado por um homem grande de ter roubado vacas. Na minha inocência perguntei se fora julgado e recebi risos e encolher de ombros por parte de quem assistia (poucas pessoas). Recordar estas cenas dá-me uma tristeza imensa, mas por outro lado, foi por esta e outras cenas que assisti, que tomei consciência de quanto era injusta a guerra em que me meteram segundo diziam para integridade da Pátria. E, eu que talvez tivesse partido para a Guiné convencido, rapidamente quebrei as amarras.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé, sê bem aparecido!...

Felizmente, nunca assisti (, que me lembre!) a cenas dessas, em público, de castigos corporais com chicote, tenebrosas, em Bambadinca, a relembrar os piores tempo do esclavagismo e do colonialismo...

Em 1968 teoricamente o chicote já não existia na administração da província portiguesa da Guiné...Foi abolido por Adriano Moreira, em 1961, se não erro...

Cheguei em maio de 1969, e já estava em curso a "mudança de costumes", com a "política spinolista", consubstanciada no slogan "Por uma Guiné Melhor"... Os "abusos" da administração colonial eram "reprimidos", dizia-se... No meu tempo, já não havia chicote (ou havia, mas eu nunca o vi, nas tabancas por onde andei...).

Depreendo que o ladrão de vacas em Ingoré, de acordo com os nossos estereótipos, fosse balanta, o regulo e os cipaios fulas e o chefe de posto... cabo-verdiano ou "tuga".

... Mas os meus soldados fulas contaram-me histórias dessas, ainda mais tenebrosas, do tempo em que "um balanta a menos era um turra a menos"... Os cipaios (e as primeiras milícias) terão feito muito do "trabalho sujo" que a administraçao e a tropa "tinham que fazer" na guerra contra-subversiva", no início dos anos de 1960.

Depois da independência, no tempo do Luís Cabral e depois do 'Nino' Vieira, continuou o "trabalho sujo", contra as "oposições", e em nome da "legalidade revolucionária" do PAIGC, com os esbirros dos Buscardini e quejandos...

Num caso como noutro, temos o problema da escala, do oito ao oitenta... É sempre assim, com todos os fenómenos de violência, seja nas esquadras da polícia, seja nos quartéis, seja nas famílias... Ontem como hoje. E a questão não é só o da repressão dos comportamentos violemtos (e das suas diferentes formas), como sobretudo o da sua prevenção...

O Estado de Direito, infelizmente, continua a ser uma ficção na maior parte do planeta...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Sobre este Este Bento Benoliel Levy recolhi os seguintes dados:

Nascimento: 3 Ago 1911, Praia, Santiago, Cabo Verde
Óbito: 10 Jun 1991, Lisboa, Portugal, com 79 anos de idade

https://www.barrosbrito.com/10480.html

Era Benoliel por parte da mãe, natural da Boavista. E Levy por parte do pai. Ambos de ascendência judia, sefardita...

O avô paterno, Bento Levy, nasceu em Lagos, Portugal, em 1851. Os pais deste eram de Marrocos, Mogador, Essaouira: Fortunato Levy e Victoria Levy emigraram depois para Faro...

Pormenor interessante: o avô Bento Levy foi baptizado aos 28 anos, em 1879, em São Nicolau Tolentino, São Domingos, Cabo Verde, possivelmente para poder casar, segundo a religião cristã, com Paula da Conceição Monteiro (, natural de Santiago), também em São Nicolau Tolentino...