domingo, 11 de abril de 2021

Guiné 61/74 - P22096: Os nossos seres, saberes e lazeres (447): A minha terra, Pica, onde nasci, cresci e de onde, em 1961, parti para Mafra frequentar o CSM (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414)


1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 10 de Abril de 2021:


A MINHA TERRA

A minha terra, a Pica, obviamente, é o local onde nasci, cresci e de onde, em 1961, parti para Mafra frequentar o CSM, o primeiro passo rumo à Guiné Bissau.

A Pica, é um lugar que se divide por duas freguesias do concelho de Fafe: São Gens e Quinchães. Outrora centro de passagem da estrada «romana» Chaves/Porto possuía uma estalagem, cuja construção e escadas em meia lua, de acesso ao primeiro andar, foram, há cerca de dois anos, lamentavelmente demolidas. Aqui, era paragem obrigatória para descanso dos transeuntes e mudança dos cavalos das diligências.

São Gens, a minha naturalidade, vem da idade média onde existiu o Mosteiro de S. Gens e S. Bartolomeu de Montelongo, fundado pelos beneditinos, datado do século XI e será de origem «românica». Diz-se ter pertencido ao Convento de S. Miguel de Refojos, em Cabeceiras de Basto, também beneditino mas, segundo o distinto medievalista Pe. Prof. Doutor José Marques, tratando da sua extinção, poderá ser de existência anterior e foi extinta no período de 13 07 1159 a 10 03 1165.

Adianta ainda, este insigne historiador, que São Gens constituiu, tanto na fase monástica como na de colegiada, uma das instituições mais importantes desta circunscrição eclesiástica e civil.

Em 1528 passaria a anexo da Colegiada de Guimarães, sendo mais tarde convertida em colegiada de Montelongo, primeira circunscrição originária do actual concelho de Fafe.

Presentemente, com excepção da porta lateral sul, pouco resta da primitiva construção «românica» da Igreja, devido às alterações efectuadas ao longo dos séculos.

Construída de fino granito, é a porta de volta redonda e quase desprovida de ornatos, pois os próprios capitéis das colunas que a ladeiam são apenas indicados por carrancas estilizadas.


Na parte posterior da igreja, ergue se, altivo, o «torreão sineiro», presumivelmente « medieval », em granito.

No adro, ainda hoje, com sinais de 4 campas, e no interior da igreja achavam se, no século XVIII e até mais tarde, (ainda me lembro de as ver), diversas sepulturas, algumas seguramente do século XIII.
No corpo superior ( lugar dos homens) uma campa com armas e letreiro, muito bem feito, de Francisco Alvares do Canto, cavaleiro fidalgo da Casa Real e Capitão Mor de Monte Longo.


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Nota do editor

Último poste da série de 10 de Abril de 2021 > Guiné 61/74 - P22090: Os nossos seres, saberes e lazeres (446): Quando vi nascer a Avenida de Roma (3) (Mário Beja Santos)

1 comentário:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Obrigado, Manuel, por falares da tua aldeia, do seu património e da sua história... Conheço mal Fafe, e nem sequer está longe da Tabanca de Candoz... Já fiz metade (?) da rota do românico, quero ver se faço o resto quando os tempos melhorerarem... Muita saúde para ti. Tneho estado com o nosso amigo comum, Jaime Silva. Abraço, Luís