Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
terça-feira, 29 de setembro de 2009
Guiné 63/74 – P5027: Estórias do Fernando Chapouto (Fernando Silvério Chapouto) (6): As minhas memórias da Guiné 1965/67 – A morte do Fur. Mil. Tomé!
Guiné 63/74 - P5026: Parabéns a você (30): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69 (Editores)
Muito a sério, desejamos todos, que esta data festiva seja repetida por muitos e bons anos, com qualidade, junto de quem lhe quer bem..
Manuel Moreira apresentou-se à Tabanca em Novembro de 2008, assim:
Olá, Luis Graça.
Sou Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mecânico Auto da CART 1746 que esteve em Bissorã de Julho de 1967 a Janeiro de 1968 e Ponta do Inglês, onde fiz a "Canção da Fome" (**), enviada pelo meu grande amigo e conterrâneo Paulo Santiago (somos ambos de Aguada de Cima) e Xime de Janeiro de 1968 a Junho de 1969.
Teria muito gosto em saber o endereço do nosso amigo Sousa de Castro.
Um Grande Abraço.
(**)CANÇÃO DA FOME
Estamos num destacamento,
A favor de sol e vento,
Na Ponta do Inglês .
Não julguem que é enorme
Mas passamos muita fome,
Aos poucos de cada vez.
A melhor refeição
Que nos aquece o coração,
É de manhã o café;
Pão nunca comi pior
Nem café com mau sabor
Na Província da GUINÉ.
Ao almoço atum a rir
E um pouco de piri-piri,
Misturado com Bianda,
E sardinha p´ró jantar
E uma pinga acompanhar
Sempre com a velha manga.
Falando agora na luz
Que de noite nos conduz
As vistas par' ó capim:
Se o gasóleo não vem depressa,
Temos Turras à cabeça,
Não sei que será de mim.
Quando o nosso coração bole,
Passamos tardes ao Sol
Junto ao Rio, a esperar
De cerveja p'ra beber
E batatas p'ra comer
Que na lancha hão-de chegar.
A fome que aqui se passa
Não é bem p'ra nossa raça,
Isto não é brincadeira
E com isto eu termino
E desde já me assino
...MANUEL VIEIRA MOREIRA.
__________
Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
31 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P1009: Cancioneiro do Xime (1): A canção da fome (Manuel Moreira, CART 1746)
24 de Agosto de 2007 > Guiné 63/74 - P2066: Em busca de... (9): Malta da CART 1746, a unidade do Alf Mil Gilberto Madail e do 1º Cabo Manuel Moreira (J. M. OIiveira Pereira)
27 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3526: Tabanca Grande (99): Manuel Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69
12 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4177: Tabanca Grande (133): Manuel Vieira Moreira, ex-1.º Cabo Mec Auto da CART 1746, Bissorã, Ponta do Inglês e Xime, 1967/69
Vd. último poste da série de 29 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5025: Parabéns a você (29): António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66 (Editores)
Guiné 63/74 - P5025: Parabéns a você (29): António Bastos, ex-1.º Cabo do Pel Caç Ind 953, Teixeira Pinto e Farim, 1964/66 (Editores)
Ao António Bastos, vimos através do nosso Blogue, desejar-lhe um dia muito feliz junto dos seus familiares e amigos, e que esta data seja festejada ainda por muitos anos, cheios de saúde e boa disposição
Recordemos um dos seus contactos com o nosso Blogue:
Amigos companheiros da Tabanca Grande, a todos um saudoso Natal e um próspero Ano Novo. Que o novo Ano lhes traga tudo de bom e que os companheiros que ainda não foram à Guiné, vão este Ano.
Amigo Carlos, perguntas-me se não quero fazer parte da Tabanca Grande? Pois meu amigo, eu agradeço o convite e vou aceitar, porque sou dos que não larga a Net, a procurar tudo que diga respeito à Guiné ou até à guerra.
Amigo, sobre mandar fotos da minha guerra e sobre as que fiz das vezes que lá voltei (3) poucas tenho, mas tenho alguns vídeos. Também te informo que sobre computador sou um autêntico analfabeto, sempre que preciso de alguma coisa tenho de pedir ajuda.
Mas vou tentar enviar algumas.
Vou falar sobre a minha vida militar.
No dia 12 de Janeiro 1964 assentei praça no RAAF de Queluz, depois fui transferido para uma Bateria que existia em Porto Btandão, aí fiz a recruta e jurei bandeira em Queluz. Depois foi para o RI1 na Amadora onde fiz a especialidade. Tinha como oficial comandante de pelotão, um Tenente que se chamava (já faleceu) Nuno Nest Arnout Pombeiro que era genro do Comandante da Unidade, Coronel Américo Mendonça Frazão (faleceu como General). Aí acabei a especialidade e fui mobilizado para a Guiné, incorporado num Pelotão Caçadores 953, independente.
Embarquei para a Guiné no dia 15 de Julho de 1964, onde cheguei a 21. Desembarquei e fui para Amura, aí permaneci duas horas, sendo depois escoltado pela Polícia Militar até João Landim, onde rendemos o Pelotão Caçadores independente 857.
Dali fomos para Bula, Comando de Batalhão 507, cujo Comandante era o Tenente Coronel Hélio Felgas (já falecido). Depois das apresentações fomos para Teixeira Pinto, onde ficámos adidos à Companhia de Artilharia 527, comandada pelo capitão António Amorim Varela Pinto.
Eram já 16 horas quando almoçámos, dali seguimos para Cacheu onde permanecemos até ao dia 9 de Março de 1965, regressando novamente a Bissau para seguirmos para Farim, via Mansoa e Mansabá. Jantámos e às quatro horas da manhã seguimos então para Farim.
Aí já nos esperava o BCav 490, comandada pelo Tenente Coronel Cavaleiro. Permanecemos lá uns dias.
No dia 23 de Março de 1965 deu-se a grande invasão de Canjambari onde a guarnição era composta pelas Companhias 487 e 488, Pelotão Morteiros 980, um Pelotão da 1.ª Companhia de Caçadores Africanos, um Pelotão Auto-metrelhadoras e o meu, o 953.
Eram 6,30 horas quando rebentou uma mina debaixo de uma GMC e começámos a embrulhar até às 16,00 horas. Quando os T6 largaram as bombas, o IN logo nos deixou, mas por poucos dias, porque depois começaram a atacar-nos no acampamento. Este era para ficar em Canjambari praça, mas o Comandante mandou-nos recuar para Canjambari Morcunda.
Começámos logo a fazer o aquartelamento com palmeiras. De dia trabalhava-se, de noite era um desassossego, porque vinham visitar-nos e fazer alguns tiritos. Também tínhamos as operações a nível de duas secções de brancos e uma de africanos. Infelizmente numa dessas operações tivemos duas baixas na 488. Os trabalhos e até a pista para a avioneta foram todos feitos à força de braço.
Com a saída do BCav 490, veio o 733, comandado por Tenente Coronel Glória Alves, que infelizmente nos deixou no dia 30 de Novembro. Passámos a descansar e viemos para Jumbembem onde permanecemos três meses, regressando um mês a Canjambari.
Em Maio de 1966 regressámos a casa.
Um pouco abreviado é esta a minha vida militar.
Amigos e companheiros desculpem-me alguns erros, mas foi uma 4.ª classe tirada a martelo.
Vou-me despedir e desejando a todos os amigos um Natal muito feliz.
Até breve
A.Paulo Bastos
__________
Notas de CV:
(*) Vd. postes de:
26 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3524: O Nosso Livro de Visitas (46): A. Paulo, Pel Caç 953, Guiné, 1964/66
12 de Dezembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3610: Tabanca Grande (104): António Paulo Bastos, 1.º Cabo do Pel Caç 953 (Teixeira Pinto e Farim, 1964/66)
16 de Dezembro de 2008> Guiné 63/74 - P3637: Em busca de... (58): 2.º Sargento Coelho da 1.ª CCAÇ Africanos (Farim) (António Paulo Bastos)
3 de Fevereiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3837: Memória dos lugares (16): Cacheu, 1964 (António Paulo Bastos, Pel Caç 953, 1964/66)
14 de Abril de 2009 > Guiné 63/74 - P4187: Convívios (108): Pessoal dos Pelotões 953; 954; 955; 956 e 1.ª CCAÇ Africanos, em Azeitão, dia 2 de Maio de 2009 (António Bastos)
26 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4590: Controvérsias (21): O helicóptero do PAIGC, visto na zona do Cacheu pela 1ª vez na madrugada de 13/10/64 (António Bastos)
Vd. último poste da série de 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5017: Parabéns a você (28): Luís Borrega, ex-Fur Mil da CCAV 2749/BCAV 2922, Piche, 1970/72 (Os Editores)
segunda-feira, 28 de setembro de 2009
Guiné 63/74 - P5024: Da Suécia com saudade (13) (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (13): Portugal é um país de tolerância e humanismo
Caros Amigos e Camaradas!
Tão perto, e tão longe, dos fuzilamentos contínuos da guerra civil espanhola, Portugal libertou-se das ditaduras do antes e depois... sem um único fuzilamento, com tudo o que isso significa de tolerância e humanismo.
Estive presente na Assembleia do MFA, nas instalações da Manutenção Militar, em Lisboa aquando do rescaldo do 11 de Março, a tal em que alguns camaradas militares, mais exaltados, mas poucos, pediam o fuzilamento dos que bombardearam o RALIS, causando mortos.
O pêndulo movimentou-se, e, aquando do 25Nov75, numa reunião no Regimento de Comandos, foram de novo sugeridos fuzilamentos, mas agora para alguns da chamada esquerda do MFA.
Em AMBAS(!!!) as ocasiões, a esmagadora maioria dos presentes repudiou vivamente estas sugestões.
E, apesar de um Camarada e Amigo, militar-poeta, ter escrito:
- Quando reacontecer Abril... na madrugada anterior, prendam-se todos os cravos(!), quero continuar a acreditar que os nossos tão, injustamente ironizados, brandos costumes, mais não são que o fantástico resultado de uma maneira de estar na vida, tão característica do nosso querido Portugal!
Um abraço amigo do
José Belo
Estocolmo 14/9/09
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 16 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4965: Os Nossos Enfermeiros (6): Os Nossos Anjos da Guarda (Joseph Belo)
Vd. último poste da série de 20 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4709: Da Suécia com saudade (José Belo, ex-Alf Mil, CCAÇ 2381, 1968/70) (12): O meu tecto mais não é que o soalho do vizinho
Guiné 63/74 – P5023: Filatelia(s) (4): Selos postais em circulação na GUINÉ - 1962/74 (Magalhães Ribeiro)
1. Do arquivo pessoal, do Eduardo José Magalhães Ribeiro, ex-Fur Mil Op Esp/Ranger da CCS do BCAÇ 4612/74, Cumeré, Brá e Mansoa 1974:
Camaradas,
Dando seguimento à série sobre a filatelia na Guiné, no período entre 1964 e 1974, contabilizei, num dos melhores catálogos da especialidade sobre selos postais das “Colónias portuguesas” do ano de 2008, emitido pela AFINSA de Portugal, que segundo indicação contou com a orientação técnica do Instituto de Expertização de Filatelia Portuguesa, 26 selos que foram postos em circulação entre 1964 e 1974, na então Guiné Portuguesa.
É evidente que nos primeiros anos de guerra deviam existir, quer em Bissau na estação central dos correios, quer nos estabelecimentos espalhados pelo território bastantes selos ainda dos anos 50.
Assim, segundo constava, era vulgar ver inúmeras cartas em circulação com selos desses anos.
Um dos fenómenos mais curiosos sobre a filatelia corrente, durante a estadia dos portugueses naquelas terras, de que me apercebi em 1974, foi o seguinte.
Nas suas breves passagens por Bissau, quer por encomendas posteriores via diversos meios, quer para seu uso pessoal, quer para desenrascar os amigos mais próximos, o pessoal que se deslocava para os diversos aquartelamentos no interior, adquiriam abastadas quantidades de selos, de modo a garantir a legalidade da sua correspondência habitual.
Depois, devido à falta de tempo para escrever às famílias, namoradas e amigos, e, ou, a desmotivações ou indisposições de diversas origens, como por exemplo dias e dias em acções repetitivas e rotineiras e por isso sem matérias inspiradoras, não utilizavam os mencionados selos.
Este fenómeno acontecia ainda que em 1974, pois eu cheguei a enviar muitas cartas para o Continente, com selos dos anos 60 e, mais curioso ainda, é que uma vez esgotados os selos postais, além de usar os aerogramas (quando os havia claro), eu, e não só, colávanos nas cartas selos da Assistência.
Engraçado é que nunca uma carta me foi devolvida, ou deixou de chegar ao destinatário por esse motivo.
Com os devidos agradecimentos à AFINSA Portugal, publico a seguir algumas das páginas do seu catálogo, em que são expostos os ditos selos e algumas das suas características identificativas.
Magalhães Ribeiro
Fur Mil Op Esp/RANGER da CCS do BCAÇ 4612/74
Documentos: © AFINSA Portugal (2009). Direitos reservados.
___________
Notas de M.R.:
Vd. postes anteriores desta série em:
12 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4940: Filatelia(s) (1): Amílcar Cabral (1924-1973), "fundador da nacionalidade" (João Lourenço)
15 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4952: Filatelia(s) (2): Envelopes e selos comemorativos da Proclamação do Estado da Guiné-Bissau - 1974 (Magalhães Ribeiro)
23 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 – P5000: Filatelia(s) (3): Selos emitidos pelo novo Estado da GUINÉ-BISSAU Após a Proclamação da Independência (Jorge Picado)
Guiné 63/74 - P5022: Meu pai, meu velho, meu camarada (15): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente,1941/43,1º Cabo Inf Luís Henriques (2) (Luís Graça)
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "A cidade do Mindelo e ao fundo o enorme Monte Verde [, 750 m]. Vê-se parte da baía da Galé. S. Vicente. Maio de 1943. Luís Henriques"
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Aspecto da cidade do Mindelo, tirado do Oeste [, ou seja, do lado do Lazareto]. Vê-se os importantes depósitos dos óleos (?) da Shell. Outubro de 1941".
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo (ou Tibeira de Julião ?) > "Jantar em San Vicente. Nos tera. Nativos em festa. Recordação da minha estada em C. Verde (Expedição). 1941-1943. Luís Henriques".
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Dias depois da nossa chegada. O regresso do banho da linda Praia da Matiota em Agosto de 1941. S. Vicente, C. Verde. Luís Henriques".
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Em 18/5/43, junto às flores pois o mês indica ser primavera. Os 3 sinceros amigos são fotografados como recordando a sua expedição em C. Verde: António, José e Luís. Lazareto, S. Vicente".
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Os amigos juntos de umas tantas trincheiras perto do mar. Maio de 1942. Luís Henriques, em Vicente, Cabo Verde". [ Luís Henriques é o terceiro a contar da esquerda]
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "No dia 1 de Julho de 1942, depois de alguns quilómetros em marcha feita pelo Batalhão até à Ribeira de S. Julião [no interior da ilha, a sul do Mindelo]. Alguns cabos da 3ª Companhia, reunidos junto à quinta. Entre eles, Luís Henriques. S. Vicente" [O me pai era um militar nuito activo: fazia natação, jogava futebol e voleibol, lia, escrevia todas as semanas dezenas de cartas para os seus camaradas analfabetos; para ocuopar o tempo e manter em alta o moral das tropas, as chefias militares organizavam torneios de futebol e voleibol - muito popular na época - entre militares de diferentes ramos e unidades; parte do batalhão do meu pai estava em S. Vicente, outra parte estava na ilha vizinha, Santo Antão].
Cabo Verde > S. Vicente > Mindelo > "Junho de 1943. Alguns internados do depósito dos convalescentes. Entre eles, estou também eu, sentado, lendo [o livro ] Os Bastidores da Grande Guerra. Luís Henriques , 1º Cabo nº 188/41, 1º Batalhão Expedicionário, R.I. nº 5. S. Vicente. C. Verde" [ O meu pai é o primeiro da 1ª primeira fila, do lado direito; se não me engano, ele esteve internado cerca de 4 meses, já no final da comissão, por doença de pulmões; a morbimortalidade entre os expedicionárias era elevada].
Fotos (e legendas) © Luís Graça (2009). Direitos reservadas
_________________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste anterior da série: 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5021: Meu pai meu velho, meu camarada (14): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente, 1941/43, 1º Cabo Inf Luís Henriques (1) (Luís Graça)
domingo, 27 de setembro de 2009
Guiné 63/74 - P5021: Meu pai meu velho, meu camarada (14): Expedicionário no Mindelo, S. Vicente, 1941/43, 1º Cabo Inf Luís Henriques (1) (Luís Graça)
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > Parada do Batalhão expedicionário (?) do R. I. nº 5. Lazareto, 1/12/41. S. Vicente, Cabo Verde. Ao fundo a linda baía com o seu belo porto de mar. Luís Henriques"
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "4 metralhadoras pesadas fazendo fogo anti-aéreo para balões de papel. No dia da festa de aniversário. 23 de Julho de 1942. No Lazareto, S. Vicente, Cabo Verde" [O 1º Batalhão Expedicionário do R.I. 5 tinha chegado ao Mindelo há precisamente um ano ]
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "As peças anti-aéreas do Monte Sossego; fotografia oferecida pelo meu amigo [e conterrâneo, da Lourinhã] Boaventura [Horta] em 21/3/43. Mindelo, S. Vicente. Luís H."
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Oficiais do Exército e da Marinha nas posições da Anti-Aérea no Monte Sossego, S. Vicente. Fotografia oferecida pelo meu amigo Boaventura, em Mindelo, 21/3/43. Luís Henriques". [O Monte Sossego fica a nordeste da cidade do Mindelo, sobranceiro à Ponta de João Ribeiro].
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > "Oficiais do Exército e da Marinha nas peças do Monte Sossego. Ao fundo a linda Baía com o [NPR] Pedro Nunes à vista. Fotografia oferecida pelo meu amigo Boaventura em 21/3/43. Mindelo. Luís Henriques". [O Monte Sossego fica a nordeste da cidade do Mindelo, sobranceiro à Ponta de João Ribeiro].
Luís Henriques: Nascido em 19 de Agosto de 1920, na Lourinhã, foi 1º cabo nº 188/41, 1º Pelotão, 3ª Companhia, 1º Batalhão, RI 5 - Regimento de Infantaria nº 5 (Caldas da Rainha). Esteve como expedicionário em Cabo Verde, na Ilha de São Vicente, na cidade do Mindelo, entre Julho de 1941 e Setembro de 1943, "26 meses a comer pó" e à espera do "invasor" (que tanto podiam ser os ingleses como os alemães...). Casou em 2 de Fevereiro de 1946 com Maria da Graça. O seu primeiro filho, Luís Manuel da Graça Henriques, nasceu a 29 de Janeiro de 1947. (*)
Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservadas
______________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de: 20 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4059: Meu pai, meu velho, meu camarada (1): Memórias de Cabo Verde, São Vicente, Mindelo, 1941/43 (Luís Graça)
Vd. também poste mais recente desta série > 27 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P5019: Meu pai, meu velho, meu camarada (13): Mindelo, ontem e hoje ( Lia Medina / Nelson Herbert / Luís Graça)
Guiné 63/74 – P5020: Ser solidário (39): Ajuda humanitária à Clínica de Bor e EuroMilhões (Álvaro Basto)
Guiné 63/74 - P5019: Meu pai, meu velho, meu camarada (13): Mindelo, ontem e hoje ( Lia Medina / Nelson Herbert / Luís Graça)
Cabo Verde >Ilha de São Vicente > 2006 > Ponta João Ribeiro > Restos do quartel das forças expedicionárias portuguesas, ali estacionadas durante a II Guerra Mundial. Estas posições de bateria de anti-costa protegiam a baía do Mindelo. A Ponta João Ribeiro fica hoje a 3 km da cidade do Mindelo. Em frente, a uns escassos 600/800 metros, situa-se o ilhéu dos Pássaros.
Fotos: © Lia Medina (2009) / Blogue Luís Graça & Caranaras da Guine. Todos os direitos reservados
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 1943 > "As peças antiaéreas do Monte Sossego [monte sobranceiro a João Ribeiro, pelas indicações que o meu pai me dá; também havia artilharia contra-costa]. Fotografia oferecido pelo meu amigo Boaventura em 21/7 (?)/43 em Mindelo. S. Vicente. Luís Henriques" [1º cabo nº 188/41, 1º Pelotão, 3ª Companhia, 1º Batalhão do Regimento de Infantaria nº 5, expedicionário em Cabo Verde, na Ilha de São Vicente, cidade do Mindelo, de 1941 a 1943]. Portugal, receoso das intenções dos beligerantes, mobilizou alguns milhares de homens para defender as suas ilhas do Atlântico, em especial os arquipélagos dos Açores e de Cabo Verde, para os quais havia planos (secretos) de ocupação por parte dos ingleses (na hipótese da invasão alemã da Península Ibérica, com a cumplicidade do Franco).
Cabo Verde > Ilha de São Vicente > Mindelo > 1943 > "Posição das peças anti-áereas no Monte Sossego, São Vicente, Cabo Verde. Fotografia oferecida pelo meu amigo Boaventura [ Horta, natural da Lourinhã, já falecido, pai dos meus amigos de infância Carlos, Olga e Elisa ] em 21/3/43. Luís Henriques".
Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados
1. Mensagem, com data de 8 de Junho de 2009, enviada por Lia Medina:
Assunto - Militares portugueses em São Vicente [, Cabo Verde]
Dr. Luís Graça
Chamo-me Lia Medina e sou cabo-verdiana, filha duma portuguesa com um cabo-verdiano. Sou professora em algumas instituições de ensino superior aqui na ilha de São Vicente, e a minha formação também é sociologia, pela Universidade de Coimbra.
Há uns dias atrás, a realizar pesquisas na Internet, descobri num dos seus vários blogs algumas informações e fotografias sobre a presença de militares portugueses aqui na ilha, durante a segunda guerra mundial, incluindo o seu pai (se não me engano).
Estou-lhe a escrever pelo seguinte, tenho uma turma do 1º ano de turismo cujos alunos desconhecem os dois quartéis militares de Alto de Bomba(ou Paiol de São João) e o de João Ribeiro. Então, resolvi fazer uma visita de estudo com estes alunos aos pontos de defesa da Baía do Porto Grande. Contudo, como vim a descobrir, não existem cá documentos com informações como as datas de construção e desactivação, etc.
Entrei em contacto com o comando militar aqui da ilha, onde fui informada de que os documentos, que existiam em Cabo Verde sobre a presença militar portuguesa nas ilhas, foram quase todos queimados, e os que sobreviveram às fogueiras estão desaparecidos.
Os motivos que me levam a escrever são dois. Um primeiro para lhe pedir autorização para usar fotografias e alguns dados, que consegui encontrar num dos seus blogs, na preparação da visita de estudo. E um segundo, para lhe perguntar se, por acaso não terá mais informações ou mesmo mais histórias sobre a presença dos militares portugueses aqui em Cabo Verde, que me possam ser úteis ou interessantes.
Muito obrigada pela sua atenção.
Os meus cumprimentos.
Lia Medina
2. Resposta de L.G., no mesmo dia:
Minha cara amiga:
Pode utilizar todos os materiais do nosso blogue para efeitos didácticos... A nossa missão também é essa, preservar e divulgar a memória dos portugueses e de outros povos lusófonos, com interesse historiográfico, socioantropológico, linguístico, cultural... Prendem-me, além disso, laços afectivos a Cabo Verde, onde tenho amigos e antigos alunos, e por onde passou o meu pai...
Gostaria que me autorizasse a publicação do seu mail...Em contrapartida, tenho mais fotos e histórias que irei publicar, sobre a presença de expedicionários portugueses em Cabo Verde, nomeadamente durante a II Guerra Mundial...
Essa memória corre um sério risco de se perder... O meu pai, por exemplo, tem já 89 anos. Há um amigo dele, que já morreu, e que tinha também um belo álbum fotográfico... No verão vou ver se consigo recuperar algumas e digitalizá-las... O pai do Nelson Herbert, editor sénior da Voz da América (serviço português para África) - caboverdiano que emigrou e casou na Guiné - também esteve no Mindelo, nos anos 40... Vou também publicar a sua história...
A Lia podia fazer a ponte connosco... Se assim o entender, pode juntar-se aos já 340 membros do nosso blogue, fazendo parte de uma tertúlia a que chamamos Tabanca Grande, uma metáfora, que dá uma ideia da nossa pluralidade e multiculturalidade...
Mantenhas para si. Luís Graça
(Na Tabanca Grande, tratamo-nos todos por tu...)
3. No mesmo dia, recebemos a seguinte mensagem do Nelson Herbert:
Bem hajam, os vrios tentáculos do blogue !
O meu velho está aí a chegar, aos Estados Unidos, no próximo dia 19 de Junho... Pedi aos meus irmãos em Cabo Verde, que com a ajuda dele, vasculhassem os arquivos fotográficos desse período específico da vida dele... Em todo o caso, a vinda dele é já uma boa oportunidade para o registo dos seus depoimentos e experiência durante esse período !
Haver vamos se é desta ..tal como reza o ditado português.. que os santos da casa [não] fazem milagres...
Mantenhas
NHL
4. Resposta da Lia Medina, com data de 9 de Junho:
Olá, Luís
Claro que tem a minha autorização para publicar o email.
É com muito gosto que farei parte da vossa comunidade. E sempre que necessitarem de alguma coisa, daqui das ilhas, estejam à vontade.
Muito obrigada por tudo.
Um abraço.
5. Em 9 de Junho o editor L.G. tinha pedido à Lia (e ao Nelson) para identificar alguns dos locais referidos no poste P4926 (*):
Lia e Nelson): Se puderem confirmar ou identificar os locais, óptimo... Por exemplo, chã de Alecrim (*) hoje está integrado na cidade (digo eu, que não conheço o Mindelo in loco). Abraço.
6. Resposta do Nelson:
Chã de Alecrim ou Lecrim (em crioulo) foi e é de facto um bairro, a norte da cidade do Mindelo..sempre fez parte da cidade e onde esteve instalado o comando militar, isto desde a época colonial...
Com a independência do país, o quartel foi ainda herdado e com mesma finalidade pelas Forçaas Armadas caboverdianas...
Uma outra metade, já nos anos 90 e durante a minha gestão (director geral da Televiso de Cabo Verde), foi recuperada para a instalação do centro de produção da televisão nacional caboverdiana, para as ilhas do Barlavento ...Ainda hoje lá funciona !
Nas instalações dos oficiais daquele quartel, funcionou ou funciona ainda hoje o Hotel 5 de Julho que chegou a pertencer ao BANA... a voz cabovediana.
Chã de Alecrim é hoje um dos modernos bairros de Mindelo...
Quanto ao quartel, acredito que deixou de existir como tal !
7. Resposta da Lia Medina:
Olá, Luís
Gostei muito das fotografias (*). Acho que nunca tinha visto nenhuma delas.
Hoje Chã de Alecrim faz parte da cidade, sim, mas penso que o quartel já não deve existir pois nunca vi lá nenhuma construção do género das fotografias.
Vou ver se consigo saber junto das pessoas mais idosas se consigo identificar pelo menos o local exacto do quartel.
Um abraço.
Ps- mando umas fotografias actuais do quartéis de Ponta de João Ribeiro.
8. Novo mail da Lia Medina, de 10/9/2009:
Aqui vão mais fotografias. A número 50 ainda é do quartel de João Ribeiro. São de 2006, as de João Ribeiro continuam na mesma, já o quartel de Monte Sossego está muito mal.
Como os acessos a este quartel são melhores a população já desmontou quase todos os canhões (só ficou um) e a câmara destruiu muitas das construções para evitar que pessoas fossem lá morar.
As fotografias são todas de Pedro Marcelino, um amigo meu.
Um abraço.
Lia
9. A Lia Medina passa a integrar a nossa Tabanca Grande, tendo respondido amavelmente ao nosso convite, em 9 de Junho último:
Olá Luís
Claro que tem a minha autorização para publicar o email [, de 8 de Junho].
É com muito gosto que farei parte da vossa comunidade. E sempre que necessitarem de alguma coisa daqui das ilhas estejam à vontade.
Muito obrigada por tudo.
Um abraço.
Lia
10. Comentário, posterior, ao Poste 5022, de Carlos Cordeiro, professor de História Contemporânea em Ponta Delgada, irmão do malogrado Cap Pára-quedista João Manuel da Costa Cordeiro da CCP 123. É um leitor atento do nosso Blogue. Ele próprio foi, salvo erro, combatente em Angola, durante a guerra colonial:
Um espólio formidável que o blogue tem aqui arquivado. É de destacar este trabalho exigente de pesquisa e divulgação. Veja-se que, no caso concreto, Luís Graça procurou responder a uma solicitação de uma professora caboverdiana para apoiar uma acção pedagógica. É de louvar vivamente.
Quanto à participação de Portugal na Guerra, os historiadores falam em "neutralidade colaborante". E sobre o caso específico de Cabo Verde, António José Telo ("Os Açores e o Controlo do Atlântico", p. 280) diz o seguinte: "Ao longo de 1941, foram enviados cerca de 5000 soldados para o arquipélago [de Cabo Verde], mas que só têm praticamente armamento ligeiro. A defesa do vital porto de S. Vicente continua a basear-se quase só em três peças de 150 mm, reforçadas em 1941 com quatro peças antiaéreas, 12 metralhadoras e uma secção de morteiros de 81 mm. O cônsul americano em Cabo Verde garante que, caso se dê um desembarque no arquipélago, a resistência será meramente simbólica".
Saudações, Carlos Cordeiro
__________
Notas de L.G.:
(*) Vd. último poste da série:
9 de Setembro de 2009 > Guiné 63/74 - P4926: Meu pai, meu velho, meu camarada (12): 1º cabo Ângelo Ferreira de Sousa, S. Vicente, 1943/44 (Hélder Sousa)
Vd. postes anteriores desta série:
20 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4059: Meu pai, meu velho, meu camarada (1): Memórias de Cabo Verde, São Vicente, Mindelo, 1941/43 (Luís Graça)
21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4060: Meu pai, meu velho, meu camarada (2): Militar de carreira, herói da 1ª Grande Guerra, saiu do RAP 2 como eu (David Guimarães)
21 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4062: Meu pai, meu velho, meu camarada (3): No Dia Mundial da Poesia (António Graça de Abreu)
24 de Maio de 2009> Guiné 63/74 - P4407: Meu pai, meu velho, meu camarada (4): Não é um elogio fúnebre que te quero dedicar... (António G. Matos)
26 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4420: Meu pai, meu velho, meu camarada (5): A minha família e o RAP2 (Vila Nova de Gaia) (David Guimarães)
16 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4694: Meu pai, meu velho, meu camarada (6): Ex-Cap Pára João Costa Cordeiro, CCP 123/ BCP 12 (Pedro M. P. Cordeiro / Manuel Rebocho)
17 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4700: Meu pai, meu velho, meu camarada (7): Cap Pára João Costa Cordeiro: Um homem de carácter (António Santos / Carlos Matos Gomes)
17 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4703: Meu pai, meu velho, meu camarada (8): Sobre o Capitão-Pára João Costa Cordeiro (Manuel Peredo)
18 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4705: Meu pai, meu velho, meu camarada (9): Testemunho do Coronel Pára Sílvio Araújo sobre o Cap-Pára João Costa Cordeiro (João Seabra)
18 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4706: Meu pai, meu velho, meu camarada (10): Depoimento e fotos sobre o Cap-Pára João Costa Cordeiro (Miguel Pessoa)
24 de Julho de 2009 > Guiné 63/74 - P4731: Meu pai, meu velho, meu camarada (11): Mensagem do filho do Cap-Pára João Costa Cordeiro (Pedro Miguel Pereira Cordeiro)