Mapa de parte da baixa da velha Bissau (colonial), entre a Avenida da República (hoje, Av Amílcar Cabral) e a fortaleza da Amura. A escuro, dois prédios que pertenciam a Nha Bijagó. Fonte: António Estácio, em "Nha Bijagó: respeitada personalidade da sociedade guineense (1871-1959)" (edição de autor, 2011, 159 pp., il.),
Guiné- Bissau > Bissau > c. 1975 > Novo mapa, pós-colonial, da capital da nova república, já com as novas designações das ruas, avenidas e praças, que vieram substituir o roteiro português: Av 3 de Agosto (, Marginal), a Rua Guerra Mendes (, Rua Oliveira Salazar,) Rua António Nbana (, Rua Tomás Ribeiro) . Veja-se a localização da Fortaleza da Amura, do porto do Pidjiguiti (para os barcos de pesca e de cabotagem), à esquerda do porto de Bissau (para os navios da marinha mercante).
Foto: © A. Marques Lopes (2006). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Às vezes temos dificuldade em localizar, no mapa de Bissau do nosso tempo (1961/74), aquela casa comercial, aquele restaurante ou aquela cervejaria de que temos boas memórias... Faltam-nos um mapa com a toponímia do "antigamente", e a correspondência com os nomes das ruas e avenidas atuais...
Com a ajuda de algumas camaradas que conhecem (ou conheceram) Bissau, aqui fica um pequeno contributo, parcelar, para nos ajudar a localizar, com mais rigor, alguns desses estabelecimentos, alguns com várias referências do nosso blogue: por exemplo, ainda recentemente falámos aqui do comerciante António Augusto Esteves, fundador da Casa Esteves, transmontano, e que ainda ficou por lá depois da independência, tendo ido para a Guiné em 1922 e tendo morrido em Lisboa, em 1976... [Tinha várias filiais no interior da Guiné. A sede era em Bissau, na antiga Rua Honório Barreto (6). ]
Segundo o António Estácio, no seu livro "Nha Bijagó", "a Rua Honório Barreto foi, na Guiné, a primeira a ser asfaltada e reabriu em 06.04.1953"... Nesta rua, agora 19 de Setembro, "encontravam-se estabelecimentos comerciais como, por exemplo, o de Augusto Pinto, a Olímpia Rocha (10), Barbearia Constantino (9), Casa Esteves (6), Salgado & Tomé (11), Luís A. de Oliveira (12) e, mais tarde, parte o do Taufic Saad (4), na esquina com R Oliveira Salazar.
Segundo o António Estácio, no seu livro "Nha Bijagó", "a Rua Honório Barreto foi, na Guiné, a primeira a ser asfaltada e reabriu em 06.04.1953"... Nesta rua, agora 19 de Setembro, "encontravam-se estabelecimentos comerciais como, por exemplo, o de Augusto Pinto, a Olímpia Rocha (10), Barbearia Constantino (9), Casa Esteves (6), Salgado & Tomé (11), Luís A. de Oliveira (12) e, mais tarde, parte o do Taufic Saad (4), na esquina com R Oliveira Salazar.
Na Rua Oliveira e na Marginal, ficavam as instalações da Ultramarina (que pertencia ao BNU) (14), o Hotel Miramar (15), a Gouveia (13)...
Na antiga Rua Miguel Bombarda (hoje 12 de Setembro), tínhamos o Zé da Amura (7),o Abel Dieb (19), a Casa Escada (17), o Abel Valente de Oliveira (18), o Mamud Elaward (20). Sabemos também onde ficava o Benjamim Correia (16), ao pé da Farmácia Moderna (5), o Barbosa & Comandita (21) e a Esquadra da PSP (22)
Infelizmente o croqui que encontrámos num livrinho do António Estácio, só inclui a parte oriental da Bissau Velha, entre a Avenida da República (hoje, Av Amílcar Cabral) e a fortaleza da Amura (8).
Zé da Amura (7)
(...) Tínhamos o Zé da Amura onde se comiam uns chispes que iam para lá enlatados não sei de onde, mas que, à falta de melhor, eram apreciados. (...)
Café Cervejaria Bento [ou 5ª Rep] (1)
(...) Na Avenida principal [a Av da República, hoje Av A,ílcar Cabral], que ía do porto ao Palácio do Governo, também havia o Bento, café e esplanada característica da cidade a que vulgarmente nós, os militares, chamávamos de “5ª Rep.” já que o Quartel-general [na Amura] só tinha 4 Repartições (Rep).
Infelizmente o croqui que encontrámos num livrinho do António Estácio, só inclui a parte oriental da Bissau Velha, entre a Avenida da República (hoje, Av Amílcar Cabral) e a fortaleza da Amura (8).
Aguardamos, por parte dos nossos leitores. o envio de sugestões e correções, sob a forma de comentários, na respetiva caixa. Se nos quiserem mandar fotos, terá que ser por email... (LG)
Zé da Amura (7)
(...) Tínhamos o Zé da Amura onde se comiam uns chispes que iam para lá enlatados não sei de onde, mas que, à falta de melhor, eram apreciados. (...)
Café Cervejaria Bento [ou 5ª Rep] (1)
(...) O comércio de Bissau não era constituído só por cafés, restaurantes e tascas. Havia de tudo. E há nomes que não se esquecem. Para além da Casa Gouveia, o maior empório daquele então Província Ultramarina, como então se dizia, a Casa Pintosinho, a Taufik Saad, a Costa Pinheiro, e muitas outras vendiam de tudo, são nomes que ficaram para sempre na memória.
(...) "Havia, claro, várias casas de fotografia, como por exemplo a Agfa, perto da Amura, que ganhavam muito dinheiro na medida em que era raro o militar que não tivesse comprado a sua Fujica, Pentax, Nicon, etc., a que davam muito uso. Muitas casas vendiam roupa barata, nessa altura já confeccionada em Macau, especialmente aquelas camisas de meia manga, calças de ganga e sapatos leves."
(...) Na Guiné, mais propriamente em Bissau, fomos encontrar coisas boas no comércio. Uma surpresa! Logo ali na rua paralela à marginal [ex-Rua Oliveira Salazar, hoje Rua Guerra Mendes,] na Casa Pintosinho, havia as últimas novidades eletrónicas. Os melhores rádios, transistores, pick-ups, aparelhagens de som, máquinas de barbear e todo o mais. Akai e Pioneer era do mais reclamado e moderno. Estavam na moda.
Um rádio para pôr na mesinha de cabeceira era o que se pretendia mais. No mato, já a ventoinha, a 5 dedos da cara, ganhava bem aos rádios. Alguns compraram autênticos rádios de sala e andavam com eles debaixo do braço, como que a dizer que o meu é maior do que o teu, e os donos da música fossem eles; outros ficavam pelos mais pequenos (vulgo transístor) que se levava no bolso e para qualquer lado.
Um camarada comprou um rádio que se transformava em pick-up após uma ligeira articulação. Foi de abrir a boca. Na Casa Pintosinho comprei ali mais tarde um “Mitsubishi”. Este transístor andava em propaganda radiofónica local e assim andou durante bastante tempo. Seduzido por tanta propaganda fui lá buscar um mais tarde, quando passei por Bissau em trânsito para férias na metrópole. Boa compra, durou muitos anos e tocava dentro do carro como se fosse um auto-rádio. Uma relíquia, mesmo depois de deixar de tocar (os tombos foram muitos), posta fora inadvertidamente, para desespero meu.
A Casa Pintosinho era uma casa atualizada e a tropa era lá muito bem recebida e atendida. Pudera! Sargentos e Oficiais tinham manga de patacão. (...)
(...) O anúncio que hoje divulgamos é de uma conhecida casa de Bissau, do nosso tempo, a Casa António Pinto, ou "Pintosinho", alegadamente a melhor e a mais moderna loja da província (, em 1956, já não se dizia, ou pelo menos, não se escrevia, colónia...).
O António Pinto, que ficava na Rua Dr. Oliveira Salazar [, hoje Rua Guerra Mendes,] tinha tudo, a começar pelas "últimas novidades", desde a ourivesaria às armas, munições e demais artigos de caça e desporto, par de rádios e máquinas fotográficas (como a Zeiss Ikon)...
(...) "O Rui Demba Djassi era um jovem activo e turbulento duma família de funcionários públicos, residente na então rua de S. Luzia, entre o estaleiro da Tecnil e o Quartel-General do CTIG, desertara do Eexército Português para o PAIGC com o posto de furriel miliciano, e, antes de assentar praça, fora cobrador da Farmácia Moderna, muito dedicado à Dr.ª Sofia Pombo Guerra, comunista portuguesa e uma das mães da independência da Guiné (os guineenses não deixaram de ser polígamos na política)" (...)
Guiné > Bissau > Fins de Setembro de 1967 >– Numa rua da Baixa, pobre, suja, velha, a cidade velha, penso ser na zona comercial, onde se localizava a Casa Pintosinho e a Taufik Saad e outras. Penso que estou metido num grupo de amigos, e alguém tirou a foto, acho que estou de camisa branca.
Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Texto (excerto): Carlos Pinheiro
Casa Pintosinho (2)
(...) Na Guiné, mais propriamente em Bissau, fomos encontrar coisas boas no comércio. Uma surpresa! Logo ali na rua paralela à marginal [ex-Rua Oliveira Salazar, hoje Rua Guerra Mendes,] na Casa Pintosinho, havia as últimas novidades eletrónicas. Os melhores rádios, transistores, pick-ups, aparelhagens de som, máquinas de barbear e todo o mais. Akai e Pioneer era do mais reclamado e moderno. Estavam na moda.
Um rádio para pôr na mesinha de cabeceira era o que se pretendia mais. No mato, já a ventoinha, a 5 dedos da cara, ganhava bem aos rádios. Alguns compraram autênticos rádios de sala e andavam com eles debaixo do braço, como que a dizer que o meu é maior do que o teu, e os donos da música fossem eles; outros ficavam pelos mais pequenos (vulgo transístor) que se levava no bolso e para qualquer lado.
Um camarada comprou um rádio que se transformava em pick-up após uma ligeira articulação. Foi de abrir a boca. Na Casa Pintosinho comprei ali mais tarde um “Mitsubishi”. Este transístor andava em propaganda radiofónica local e assim andou durante bastante tempo. Seduzido por tanta propaganda fui lá buscar um mais tarde, quando passei por Bissau em trânsito para férias na metrópole. Boa compra, durou muitos anos e tocava dentro do carro como se fosse um auto-rádio. Uma relíquia, mesmo depois de deixar de tocar (os tombos foram muitos), posta fora inadvertidamente, para desespero meu.
A Casa Pintosinho era uma casa atualizada e a tropa era lá muito bem recebida e atendida. Pudera! Sargentos e Oficiais tinham manga de patacão. (...)
Taufik Saad (4)
(...) Na mesma rua e mais para o lado da Amura, na loja Taufik Saad [, foto à esquerda, ] comprava-se, principalmente, entre outras, louças decorativas, vulgo bibelots, louças de servir à mesa, faianças e porcelanas, louça fina, entre esta bonitos Serviços de chá e café que vinham da China.
Louça “casca d’ovo “, louça de fina espessura para não fugir aquele nome, onde no fundo se podia ver recortada na própria louça o rosto de uma linda chinesa.
Ainda hoje guardo um serviço destes. Era uma casa requintada ao nível das melhores de Lisboa. (...)
Texyo (excerto): Rui Sllva
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Anúncio, Revista de Turismo, jan/fev 1956 |
Casa Pintosinho, de António Pinto (2)
(...) O anúncio que hoje divulgamos é de uma conhecida casa de Bissau, do nosso tempo, a Casa António Pinto, ou "Pintosinho", alegadamente a melhor e a mais moderna loja da província (, em 1956, já não se dizia, ou pelo menos, não se escrevia, colónia...).
O António Pinto, que ficava na Rua Dr. Oliveira Salazar [, hoje Rua Guerra Mendes,] tinha tudo, a começar pelas "últimas novidades", desde a ourivesaria às armas, munições e demais artigos de caça e desporto, par de rádios e máquinas fotográficas (como a Zeiss Ikon)...
Era o representante,na Guiné, de uma série de marcas famosas, desde os relógios "Longines" às máquinas de escrever "Hermes", além dos "whisk" (sic, em inglês, batedeira, utensílio de cozinha...) das melhores marcas (...)
Texto (Excerto): Mário Vasconcelos / Luís Graça
Pinto Grande, depois Ernesto Carvalho (3)
(...) Guiné > Bissau > Anos 50 > Primeira rua [, Rua Oliveira Salazar,] a ser alcatroada em Bissau. O edifício à esquerda era o estabelecimento comercial conhecido por Pinto Grande, irmão de um outro Pinto conhecido por “Pintosinho” [,o António Pinto, ] por ser (o estabelecimento) de menores dimensões.
O “Pinto Grande” [, de Augusto Pinto], embora continuando a ser chamado por esse nome, foi, durante a guerra, propriedade de um comerciante anteriormente estabelecido em Bolama, de nome Ernesto de Carvalho que o tomou de trespasse. (...)
O “Pinto Grande” [, de Augusto Pinto], embora continuando a ser chamado por esse nome, foi, durante a guerra, propriedade de um comerciante anteriormente estabelecido em Bolama, de nome Ernesto de Carvalho que o tomou de trespasse. (...)
Texto (excerto): Mário Dias
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Anúncio, Revista de Turismo, jan/fev 1956 |
Farmácia Moderna (5)
Texto (excerto): Manuel Luís Lomba
Foto (e legenda): © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Era nesta rua, na Bissau Velha, que ficava a Casa Pintosinho, a Taufik Saad, a Casa Pinto Grande e outras. Colecção de postais da Guiné, do nosso camarada Agostinho Gaspar, natural do concelho de Leiria, ex-1.º cabo mec auto rodas, 3.ª CCAÇ/BCAÇ 4612/72, Mansoa, 1972/74).
Digitalização e edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné (2010).
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Nota do editor:
Último poste da série > 10 de outubro de 2019 > Guiné 61/74: P20226: Memória dos lugares (394): Ilha das Cobras: destacado, de abril a junho de 1968, para defender um farol...E nesse espaço de tempo recebi a visita do ten Robles e de homens da 15ª CCmds bem como do brigadeiro Spínola (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Mansabá, Enxalé, Missirá, Porto Gole, Bolama, Ilha das Cobras e Ilha das Galinhas, 1966/68)
Último poste da série > 10 de outubro de 2019 > Guiné 61/74: P20226: Memória dos lugares (394): Ilha das Cobras: destacado, de abril a junho de 1968, para defender um farol...E nesse espaço de tempo recebi a visita do ten Robles e de homens da 15ª CCmds bem como do brigadeiro Spínola (José António Viegas, ex-fur mil, Pel Caç Nat 54, Mansabá, Enxalé, Missirá, Porto Gole, Bolama, Ilha das Cobras e Ilha das Galinhas, 1966/68)