- Hélio Felgas, já falecido com o posto de maj- gen;
- Manuel Barão da Cunha;
- e Armor Pires Mota, este membro da Tabanca Grande, e escritor de grande talento (tal como, de resto, o Barão da Cunha).
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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sábado, 13 de dezembro de 2025
Guiné 61/74 - P27525: Documentos (44): Brochura "Missão na Guiné", da autoria do Estado Maior do Exército. 3ª ed., Lisboa, SPEME, 1971, 78 pp.) - Parte II: "Monografia da Guiné: Aspeto físico (pp. 11-23)
sexta-feira, 12 de dezembro de 2025
Guiné 61/74 - P27524: Prova de vida e votos de boas festas 2025/26 (5): Joaquim Costa, ex-Fur Mil Inf da CCAV 8351/72; Ernestino Caniço, ex-Alf Mil CAV, CMDT do Pel Rec Daimler 2208 e Rogério Freire, ex-Alf Mil Art da CART 1525
2. Em mensagem de 12 de Dezembro de 2025, o nosso camarada Ernestino Caniço, ex-Alf Mil Cav, CMDT do Pel Rec Daimler 2208 (Mansabá e Mansoa) e Rep ACAP - Repartição de Assuntos Civis e Ação Psicológica, (Bissau) (1970/1971), enviou-nos o seu postalinho de Boas Festas.
Caros amigos
Votos de Boas Festas e um Novo Ano com tudo de bom, nomeadamente a saúde.
Um abraço especial,
Ernestino
3. Em mensagem de 11 de Dezembro de 2025, o nosso camarada Rogério Freire, ex-Alf Mil Art da CART 1525 - Os Falcões (Bissorã, 1966/667), enviou-nos o seu postalinho de Boas Festas. _____________
Nota do editor
Último post da série de 9 de dezembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27511: Prova de vida e votos de boas festas 2025/26 (4): Albino Silva, ex-Sold Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845
Guiné 61/74 - P27523: Notas de leitura (1873): Uma publicação guineense de consulta obrigatória: O Boletim da Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné (4) (Mário Beja Santos)
1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá, Finete e Bambadinca, 1968/70), com data de 15 de Outubro de 2025:Queridos amigos,
Há qualquer coisa de insólito no facto de este Boletim não se ter publicado durante o primeiro semestre de 1961, fala-se em agitações, mas não se dá qualquer explicação. O ano anterior fora simultaneamente de alguma pompa e circunstância, dera-se a inauguração da sede ali mesmo na Praça do Império, exaltou-se a boa comunicação existente entre a Associação Comercial Industrial e Agrícola e o Governo. Mas surgiam problemas novos, os djilas mercadejavam tudo e mais alguma coisa, impunha-se fiscalização; esse ano de 1960 fora marcado por uma quebra nas produções de mancarra e de arroz. Chegados agora a um novo ano apelava-se a uma campanha do coconote com mais regras; lembrava-se, já que havia um grande plano de obras para a regularização do Geba e aproveitamento de terrenos para a agricultura, que não se esquecesse a borracha, bem merecia o incentivo, pois dela havia bastante procura mundial. Pela primeira vez o Boletim faz uma observação clara sobre a situação política que se vive na Guiné, veja-se o que se escreveu:
"1200 mancebos guinéus ofereceram-se para dia e noite manter os matagais até desalojarem por completo os sediciosos desvinculados das tribos e dos parentes, ora convertidos em sectários do mal e da destruição indistinta por virtude de ensinamentos pérfidos ministrados por profissionais da desordem. Com Fulas, Balantas e Mandingas, raças tradicionalmente pouco afins, fundou-se a mais eficaz, aguerrida milícia da guiné portuguesa, numa voluntariosa demonstração de que nos filhos desta terra pacífica sobreleva, de quaisquer considerações de hegemonia, a comunhão fraterna imperante. 1200 homens que as populações regionais - Mansabá e Farim - de diversas etnias sustentam quando em serviço de perseguição aos guerrilheiros a monte, numa tão estreita e valorosa coadjuvância, que formulo sérias dúvidas se nós, civilizados da capital da Província, saberemos imitá-los. E lá para o Xime, ativa milícia de cerca de 600 naturais nasceu e várias outras em fluxo constante se organizam." Assinava A.J.F. Estávamos em outubro de 1962.
Um abraço do
Mário
Uma publicação guineense de consulta obrigatória:
O Boletim da Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné – 4
Mário Beja Santos
Foi dada a explicação pelo presidente da direção de que não houvera condições para publicar nos primeiros meses o Boletim da Associação Comercial. Abre-se este primeiro Boletim e surge-nos uma surpresa, o Conselho Técnico da Associação, Dr. Artur Augusto Silva, vem falar-nos do novo franco da Guiné:
“A vizinha República da Guiné acaba de abandonar a zona do franco e de criar uma moeda sua. Este facto, que se situa na linha da evolução antifrancesa que a jovem república tem seguido desde que abandonou a comunidade, causou certa surpresa nos meios internacionais, que não esperavam uma medida tão grave numa altura em que os nossos vizinhos do sul estão atravessando uma crise económica bastante acentuada.
Esta medida entrará em vigor no próximo dia 1 de Março e, embora não tenhamos elementos que possam servir-nos para alicerçar conclusões seguras, afigura-se-nos altamente prejudicial para os interesses dos nossos associados, uma vez que nas regiões da fronteira Leste a maior parte do comércio se faz à base do franco CFA.
Criado o franco guinéu cuja cotação dos mercados nacionais não oferece segurança e que neles não terá qualquer procura, ficarão os comerciantes da nossa Guiné na impossibilidade de receber aquela moeda em pagamento dos produtos que vendiam aos nossos vizinhos.
Poderia o franco guinéu servir localmente como um instrumento de trocas, uma vez que a vizinha Guiné nos costuma vender couros, mel, cera e borracha.
Mas, segundo informações dignas de crédito, que nos vêm chegando, tem afrouxado muito, ultimamente, a entrada de couros e borracha, em virtude já das dificuldades postas pelas autoridades vizinhas, já da maior cotação daqueles produtos na República da Guiné.
Por outro lado, a cotação do mel da nossa Guiné baixou tanto que já se nota o evidente desinteresse por parte dos produtores indígenas e o desinteresse pelo mel sente-se consequentemente à cera: não havendo produção de mel, não há cera.
Conseguirá a República da Guiné impor a sua moeda nos mercados internacionais e dar-lhe aquela estabilidade geradora de confiança?
A solução dos problemas económicos dos nossos vizinhos está ainda no limbo das hipóteses, pelo que se torna extremamente difícil fazer previsões.
País subdesenvolvido – embora com admiráveis perspetivas – a República da Guiné tem-se preocupado mais com a politização das massas do que com a planificação económica, facto que o próprio Sékou Touré reconheceu ainda recentemente. De qualquer forma, a adoção pela vizinha Guiné de uma nova moeda não se nos afigura de bom augúrio para o nosso comércio da região Leste da Província.”
A direção da Associação Comercial sentiu-se profundamente da medida política definida pelo Governo de Lisboa acerca da política açucareira. Daí o teor do ofício enviado ao Ministro do Ultramar em 16 de agosto.
A direção da Associação tinha-se reunido em sessão extraordinária para apreciar o Despacho do Governo que definia a futura política açucareira e vinha agradecer ao Ministro que atendia aos interesses da economia da Guiné. Acontecia, porém, que o Despacho em referência esclarecia “haver a considerar a possibilidade de instalação de uma indústria açucareira na guiné e o desaparecimento das pequenas indústrias rurais”.
Mas a seguir ao agradecimento vinha o queixume:
“O que, no entanto, não define, mas carece de tal é, qual o fim a dar às 25 pequenas unidades agora existentes e que, necessariamente, têm de desaparecer, isto é, o princípio ou critério que deve adoptar-se para a justa medida de indemnização e por quem deva ser feita uma vez tudo indicar que essas pequenas instalações industriais não podem subsistir. Aos seus proprietários só resta o dilema de passarem a simples agricultores de cana, mas há que prever com o tempo a indemnização devida e de modo a não ilusões que sujeita a invitáveis prejuízos muito de supor em tais casos.
Outro lado deste problema e de não menor importância para o qual ousamos chamar a atenção de Vossa Excelência, certos da sua plena concordância achando-o de toda a justiça é o da formação do capital da empresa e seu modo de distribuição:
Diz o Despacho reservar-se 30% do capital aos ‘produtores ultramarinos de açúcar de cana’ e, muito naturalmente, como ao presente nenhum existe na Guiné Portuguesa, esta comparticipação é destinada exclusivamente aos atuais produtores de Angola e Moçambique o que significa pura e simples exclusão de comparticipação de capital ou economias da Guiné – o que não é justo nem pode satisfazer quer aos que por estas mourejam há muitos anos vindos de longe quer aos naturais evoluídos que do assunto se apercebem e dele tirem as suas conclusões.”
É um teor de carta dilacerante em que se apela a disposições como a indemnização, a reserva de participação do capital da futura empresa açucareira ao capital ou economias particulares da Guiné, pedindo-se mesmo que a sede da empresa tenha de ser obrigatoriamente na Guiné.
A campanha do coconote, como se tem visto, é tema recorrente. Pede-se a atualização do valor fiscal do coconote, fazendo-o corresponder à cotação efetiva e em prática na Província: 1$90 por kilo nos portos de embarque; caso contrário, voltarão por certo a repetir-se as imobilizações dos armazéns de consideráveis quantidades do produto. Mas os comerciantes também chamam a atenção do governador para outras duas consequências: aviltamento de preço de compra aos naturais; retraimento muito sensível nas aquisições àqueles.
Na prática apresentar textos divulgativos, num desses números vem um artigo sobre a borracha, uma riqueza inaproveitada. Faz-se um apelo ao Diretor da Fazenda para que os técnicos encarem a borracha como um elemento primordial de fomento da Guiné, a pessoa que assina o artigo recorda as verbas avultadíssimas para as obras de regularização do Geba, tudo a cargo da Brigada de Estudos Hidráulicos da Guiné, há que potenciar riqueza, para além das cabeças de gado há que fomentar de novo os negócios da borracha.
Finalmente volta-se a falar da mancarra, dizendo-se num texto que no limiar da campanha de 1962-63 estamos com todos e contra todos na essência da orientação preconizada. Enviou-se uma exposição ao encarregado do Governo focando um conjunto de seis pontos: a conveniência de antecipar por uns dias a data da abertura da campanha, para eliminar a possibilidade de especulação no referente às compras aos agricultores nativos; a fixação dos contingentes exportáveis convém ser feita e ser conhecida pelos interessados antes da data da abertura oficial da campanha; é indispensável saber-se antes da abertura os preços fob-Bissau e cif-Lisboa para a mancarra e para a ginguba (nome dado em Moçambique ao amendoim) estabelecidos pela Metrópole; fixação dos contingentes de exportação com interferência da Comissão Reguladora das Oleaginosas; pede-se o estabelecimento de dispositivos militares de proteção aos locais de recolha e armazenagem do produto no interior; entende a Associação Comercial que é inadiável a introdução dos nossos produtos agrícolas nos mercados internacionais, de forma a que a correspondente obtenção de divisas equilibre as despendidas pela Guiné nas aquisições do estrangeiro e ocasione também uma maior segurança económica para todas as vezes que a Metrópole não se disponha a absorver pela totalidade das produções locais – facto, infelizmente, muito repetido.
Estas quatro últimas imagens foram retiradas do Boletim Cultural da Guiné Portuguesa, anos de 1960 e 1961
(continua)
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Notas do editor:
Post anterior de 5 de dezembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27498: Notas de leitura (1871): Uma publicação guineense de consulta obrigatória: O Boletim da Associação Comercial, Industrial e Agrícola da Guiné (3) (Mário Beja Santos)
Último post da série de 8 de dezembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27506: Notas de leitura (1872): "Os Descobrimentos no Imaginário Juvenil (1850-1950)"; edição da Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses; 2000 (3) (Mário Beja Santos)
Guiné 61/74 - P27522: Em bom português nos entendemos (28): B'ráassa, Brasa, Brassa ou Birassu (como os balantas se autodenominam) ( Cherno Baldé, Bissau)
Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Sector L1 > Bambadinca > Nhabijões >2º semestre de 1970 > Luta balanta, entre dois "blufos", presenciada por militares destacados para protecção do reordenamento (à esquerda, o fur mil Henriques, da CCAÇ 12, de calções, tronco nu e óculos escuros, hoje editor deste blogue; na altura, devia etsar a comandar um pelotão da CCS/BART 2917 que guarnecia o destacamento: era tudo "básicos e gajos com porradas"..)... Ao fundo, a nova tabanca, reordenada...
Foto do arquivo pessoal de Humberto Reis (ex-Fur Mil At Inf, Op Esp, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71).
Foto: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Capa do livro de Cammilleri, Salvatore - A identidade cultural do povo balanta. Lisboa: Edições Colibri; Edições FASPEBI, 2010, 110 pp., ilustrado. Tradução do italiano: Lino Bicari (1935-2024) e Maria Fernanda Dâmaso.
Este termo é, na verdade, a adaptação para a escrita de como eles pronunciam a sua própria designação ("B'ráassa") e que se refere à forma como eles se veem como "o povo" ou "os homens".
No entanto, é comum encontrar as três variações (B'ráassa, Brasa e Brassa) na literatura, incluindo a portuguesa:
Brassa é a forma mais aceite e precisa (em portugão-padrão);
Balanta é o termo mais comum e oficialmente reconhecido em português para este grupo étnico; trata-se de um "exónimo".
Portanto, em português, o termo comum para o grupo é Balanta, mas se a intenção for referir-se à autodenominação do povo, Brassa é a escolha mais correta. Mas nenhum dos termos está grafado nos nossos dicionários, seja em Portugal (Priberam, por exemplo) ou no Brasil (Houaiss).
O etnógrafo e missionário italiano Salvatore Cammilleri usa o termo "brasa" no seu livro "A identidade cultural do povo balanta".
M'bana Ntchigana, autor do blogue "Intelectuais Balantas da Diáspora", utiliza de preferência o etnónimo "B'ráassa" ou até "Braza". Ele vise no Brasil
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Cherno Baldé |
2. Vale a pena, entretatanto, trancrever aqui um comentário do nosso amigo Cherno Baldé, colaborador permanente do nosso blogue para as questões etnolinguísticas:
Em complemento junto um pequeno extracto de uma passagem da monografia que estou a preparar há alguns anos, mas que ainda não conclui, citando o nosso amigo Armando Tavares, historiador portugues e colaborador do Blogue, e um outro conhecido investigador africano e especialista do império de Gabu, natural da Guiné-Conacro, Djibril Tamsir Niane, falecido no ano passado.
"Segundo o historiador Armando Tavares, durante muito tempo, na cartografia portuguesa, não existia o topónimo (Fajonquito) e em seu lugar a zona era conhecida como sendo Gam-Sonco ou Cansonco. Na nossa opinião, a designação desta localidade por Gam-Sonco terá a haver com a predomínio dos povos de origem autóctone Banhum, Jola, Pajadinca e de diferentes outras etnias, muito poderosas que estariam instaladas nessa região (ver Djibril Tamsir Niane) na altura da invasão e da conquista mandinga desta zona e que estaria ligado a instalação da Província do Birassu/Brassu (Brassa, dos balantas) assim como outras províncias vizinhas, tendo como capital a localidade de Berécolom ou Bércolon ou então seriam duas entidades diferentes (Gam-sonco e Sancolla) representando o mesmo espaço territorial ou espaços diferentes."
Portanto, a ser verdade, B'raassa ou Brassa, antes de ser a designação de uma etnia, seria um espaço geográfico onde os balantas e outros grupos étnicos conviviam desde os tempos do império mandinga de Gabu aos tempos presentes, com as naturais mudanças que a dinâmica da história dos povos se encarregou de fazer ao longo dos dois, três últimos séculos.
Gostaria de ouvir a opinião do meu compatriota M'bana N'tchigna sobre este assunto em especial e que, eventualmente, poderia desvendar outros mistérios menos conhecidos sobre os povos da Guiné no período anterior à colonização europeia em geral e portuguesa em particular. (**)
Assim, toda a zona norte da Guiné e parte da região de Casamança, no Senegal, se encontravam dentro desta antiga província, com epicentro no corredor de Farim/Mansoa que seria a capital provincial e donde os Brassas/Balantas sairam para depois se expandirem mais ao sul do pa~is, até às regiões de Quínara e Tombali.
Partindo deste ponto de vista analítico, na Guiné, os Balantas não seriam os únicos "Birassu" ou "Brassa", pois também entre os fulas existem grupos, pouco conhecidos ou estudados, mas que seriam desta origem histórica, os chamados fulas Birassunka Braçunka (em mandinga: Fulas de Biraçu), com especificidades próprias da língua e cultura ainda hoje existentes, aliás muito parecidas com as dos seus históricos vizinhos mandingas e balantas do norte.
Em resumo, quando um Balanta ou Djola ou Fula se identifica a si mesmo como "Brassa" ou "Birassu", isto queria dizer que se identificava com as suas raízes ou origens geográficas, em estreita ligação ao território/reino com o qual, para todos os efeitos, se identifica em relação aos outros.
Não esquecer que em África, os processos de formação das identidades com base em determinados territórios ou estados-nação, iniciados no periodo pré-colonial, foram interrompidos e violentamente substituídos por relações comerciais e outras, baseadas no tráfico de armas e de seres humanos impostas de fora para dentro ou vice-versa, e que nenhum povo africano, para poder sobreviver, podia ignorar ou dispensar em entre meados do séc. XV e fins do séc. XIX.
19 de outubro de 2018 às 11:55 (***)
Guiné 61/74 - P27521: Documentos (43): Brochura "Missão na Guiné", da autoria do Estado Maior do Exército. 3ª ed., Lisboa, SPEME, 1971, 78 pp.) - Parte I: "Missão no Ultramar" (pp. 7-10)
- legislação militar (vencimentos, gratificações);
- pensão de família;
- subvenção de família;
- correspondência postal;
- transferência de dinheiro para a metrópole;
- diferenças horárias;
- emissões radiofónicas;
- ligações aéreas com a metrópole.
Guiné 61/74 - P27520: Parabéns a você (2442): Francisco Palma, ex-Soldado CAR da CCAV 2748/BCAV 2922 (Canquelifá, 1970/72) e Luís Dias, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 3491/BCAÇ 3872 (Dulombi e Galomaro, 1971/74)
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Nota do editor
Último post da série de 10 de Deembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27512: Parabéns a você (2441): Fernando Barata, ex-Alf Mil Inf da CCAÇ 2700/BCAÇ 2912 (Dulombi, 1970/72) e Mário Santos, ex-1.º Cabo MMA da BA 12 (Bissalanca, 1967/69)
quinta-feira, 11 de dezembro de 2025
Guiné 61/74 - P27519: Ser solidário (293): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (18): A bolanha (Renato Brito)
1. Mensagem do nosso amigo Renato Brito, voluntário, que na Guiné-Bissau integra um projecto de construção de uma escola na aldeia de Sincha Alfa, com data de 8 de Dezembro de 2025:
Bom dia Carlos Vinhal,
Partilho mais uma "cartolina" que vai dando notícias sobre a campanha de angariação de fundos para a construção de uma escola na aldeia de Sintcham Arafam – Guiné-Bissau.
Desta feita a participação em mais um mercado para vender objetos em segunda-mão previsto para o dia 13 de dezembro de 2025.
Para enriquecer a reflexão sobre as “bolanhas” uma interessante publicação intitulada Armazenamento tradicional na Guiné-Bissau
Disponível para consulta aqui:
https://www.ssoar.info/ssoar/bitstream/document/31865/1/ssoar-1996-oliveira_et_al-Armazenamento_Tradicional_na_Guine-Bissau.pdf
Cumprimentos,
Renato Brito
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Nota do editor
Último post da série de 27 de novembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27470: Ser solidário (292): Bilhete-postal que vai dando notícias sobre a "viagem" da campanha de recolha de fundos para construir uma escola na aldeia de Sincha Alfa - Guiné-Bissau (17): A cabana (Renato Brito)
Guiné 61/74 - P27518: Humor de caserna (227): Ainda o Pechincha, que o Hélder Sousa comnheceu em Bissaiu... "P*rra, que este gajo ainda está mais apanhado do que eu!"
Legenda: "Porra, que este gajo está mais apanhado do que eu!!!..."
1. Contexto histórico e espacial
Contexto: a ação decorre em Bissau, hoje Guiné-Bissau, em novembro de 1970, durante a Guerra Colonial Portuguesa. Ou melhor: estamos na "Spinolândia".
Tempo: a narrativa é estruturada em torno da chegada do narrador (9 de novembro de 1979) e da festa de São Martinho (11 para 12 de novembro), conferindo-lhe uma progressão cronológica clara e um foco em eventos específicos que ilustram o comportamento da personagem central, o Pechincha.
2. Temas centrais
Caracterização da guerra pela convivência: o tema principal não é a guerra em si, mas as formas de adaptação e de escape à sua tensão. O ambiente é de descompressão forçada, onde o consumo de álcool e a "simulação de uma emissão de rádio" servem para aliviar o peso da situação ("reflexos condicionados").
Camaradagem e saudade: há um forte sentido de camaradagem entre os furriéis (os "amigos vilafranquenses": o Hélder Sousa, o Vitor Ferreira, o José Augusto Gonçalves...). A celebração do S. Martinho, com castanhas assadas e água-pé, evoca o doce lar e o pacato Portugal metropolitano, que ficou para trás (a 4 mil km de distância!), funcionando como uma ponte entre a realidade da caserna e a saudade da terra natal.
Ordem vs. loucura: a narrativa (ou o conto) explora a linha ténue entre a sanidade mental e a excentricidade no contexto de guerra. O Pechincha representa uma "loucura" funcional, que paradoxalmente, é usada para impor a ordem (acalmando os "arruaceiros", "velhinhos", em fim de comissão, que não deixam a malta descansar...) e desafiar a normalidade (o incidente no Taufik Saad). O Pechincha ainda por cima é... um "ranger", um gajo de "operações especiais", da "fábrica de Lamego"...
3. Personagem central: o Pechincha
O Pechincha é o arquétipo do excêntrico militar, miliciano, com formação em operaçóes especiais: a figura de culto no ambiente de caserna, respeitado ou temido.
Lenda: é construído como alguém com "fama de estar um bocado apanhado e com uma pancada enorme". O termo "apanhado", segundo o Priberam, é sinónimo de "pirado": é usado informalmente para designar alguém "que não é bom da cabeça ou age de modo insensato"... Mas a locução, coloquial e jocosa, "apanhado do clima" é mais rica: também já está grafada.
Anti-herói funcional: o narrador, no entanto, desmistifica em parte esta lenda, sugerindo que era uma performance encenada ou calculada ("mais para ganhar fama e benefício dela"). As suas conversas eram "muito interessantes e educativas", revelando-o como um observador perspicaz, nomeadamente sobre a situação (política) que se vivia no país, sob o marcelismo.
Provas da excentricidade:
O Incidente do Machado: o arremesso do machado nativo à panela na cabeça do intruso é a cena mais cómica e decisiva. É uma reação desproporcional, mas que restaura a ordem de forma imediata e eficaz, cimentando a sua reputação de "maluco". O resultado é a confissão do intruso: "porra, que este gajo está mais apanhado do que eu!".
O Incidente do Taufik Saad (loja libanesa): a exigência de retirada do anúncio promocional ("autêntica pechincha") é um ato de absurdo burocrático, uma performance dramática que só um excêntrico poderia encenar com sucesso, expondo a sua marca pessoal (o apelido) de forma hilariante.
4. Estilo e linguagem
Ponto de vista: a narração na primeira pessoa é crucial, pois confere um tom de confidência e autenticidade. O narrador, o Hélder Sousa, é um testemunha privilegiada que valida a história do Pechincha, conferindo-lhe credibilidade e um toque de admiração ("Ah, ganda Pechincha!").
Registo de linguagem: o estilo é coloquial, direto e informal, repleto de calão militar e regionalismos (Bate-Orelhas, água-pé, peluda, graçola, apanhado do clima, ganda). Esta linguagem reforça a autenticidade do ambiente de caserna.
Estrutura anedótica: o texto é uma sucessão de anedotas vívidas que têm como objetivo único e primordial ilustrar a personalidade do Pechincha, tornando a sua caracterização mais forte do que a própria progressão da ação.
Conclusão:
"O Pechincha que eu conheci, em Bissau" é mais do que um relato; é a construção de um mito pessoal dentro da experiência traumática da guerra. O autor utiliza o humor de caserna como lente para processar a tensão. O Pechincha, sendo o catalisador de eventos absurdos, transforma a rotina militar em algo memorável e suportável, provando que, no meio do conflito, a excentricidade pode ser uma forma poderosa de resistência e de distinção.
O editor chamou-lhe "figuras impagáveis" do Museu da Spinolândia... Spínola, ele próprio, foi imensamenmte parodiado pelos seus subordinados na Guiné, deque foi governador e comandante.chefe de maeados de 1968 a meados de 1973. Há já, neste blogue, toda uma série notável de anedotas e cenas burlescas à volta deste personagem que honrou a história militar do seu país (embora na política, no pós 25 de Abril, tenha sido mais desastrado...).
PS - Segundo o Priberam e o Houaiss, pechincha é um nome feminino que tem os seguintes significados na língua portuguesa: (i) [Popular] Grande conveniêncinteresse ou vantagem material considerável; (ii) Recompensa imerecida; lucro que não se espera e/ou que não se merece (iii) Lucro inesperado; (iv) Compra vantajosa; qualquer coisa cujo preço é muito baixo; (v) Regateio (do verbo "regatear" = "pechincar")... Origem estimológica: obscura ou incerta.Nota do editor LG:
11 de dezembro de 2025 > Guiné 61/74 - P27516: Humor de caserna (225): O ganda Pechincha (ex-fur mil op esp, CART 11, Nova Lamego, 1969/70), que eu conheci em Bissau quando cheguei, em novembro de 1970 (Hélder Sousa)














































