sexta-feira, 16 de dezembro de 2011

Guiné 63/74 - P9213: O meu Natal no mato (34): Empada, 24 de Dezembro de 1969, em tempo de guerra (José Teixeira)


1. Mensagem do nosso camarada José Teixeira (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 10 de Dezembro de 2011:

Caros amigos editores
Como estamos a chegar ao Natal revisitei o “meu diário” e recolhi este pequeno texto escrito no dia 24 de dezembro de 1969.


Natal em tempo de guerra

No dia 24 de Dezembro de 1969, escrevi no “meu diário":

Dezembro 69, Empada 24
É Natal. No ar uma camada de cacimba que nos dificulta a visão. Ao longe o troar das armas, o ribombar dos canhões, lembram os sinos da paz e pela sua insistência recordam-nos que é Natal.

Então, o espírito, o coração, todo o nosso ser, sente o Natal. Não o Natal que vivemos na hora presente, preocupados com a morte que nos espreita pela boca de um canhão, atentos ao menos sinal de perigo, para de arma em posição de rajada fazermos frente ao Inimigo. Sente-se o Natal de nossas casas, a paz dos nossos lares e sofre-se não propriamente por estarmos em guerra, mas porque nos lembramos dos nossos. O seu Natal, não é Natal, porque falta alguém querido, alguém que sente e vive o Natal e outra maneira, em circunstâncias muito difíceis. Eles nem sonham!

Ontem, saí em patrulhamento e quando regressávamos ao quartel ouviram-se umas rajadas à retaguarda na direção por onde tínhamos passado. Presume-se que o IN vinha atacar Empada e notou os nossos rastros ou qualquer ruído na mata e, pensando que estávamos emboscados por perto, abriu fogo. Como não houve reação da nossa parte, calaram-se novamente.


O meu diário

Empada > Fotos do meu Natal de 1969

Zé Teixeira
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 8 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9160: (Ex)citações (162): Confesso que estou profundamente chocado com a posição de alguns camaradas acerca da política seguida pelo nosso blogue (José Teixeira)

Vd. último poste da série de 7 de Dezembro de 2011 > Guiné 63/74 - P9148: O meu Natal no mato (33): Um conto natalício (Juvenal Amado)

2 comentários:

Arménio Estorninho disse...

Camarigo e Irmão Maioral, Saudações Natalícias.

Sem dúvida que o Natal de 1969, em Empada é um dos mais lembrados e no bom sentido porque foi passado em Festa, ficando para a "estória". Foste oportuno.

Na foto um, estamos a cantar "O autocarro do amor" em que o casal ex-Cap. Mil. Moutinho Santos e a Doutora Maria José Santos, também colaboravam no coro. Diga-se, não sendo para menos que provavelmente à época no mato da Guiné, não houvera outros felizes contemplados.

P.S: Nesta foto, só relacione metade dos Camaradas com os seus nomes e tu como identificas todos tinhas-me ajudado com a colocação dos mesmos.Fico agradecido.

Um Feliz Natal Para Todos
Arménio Estorninho

Zé Teixeira disse...

Irmão Maioral. O tempo passa e a "caixa dos pirolitos" fica demasiado cheia para relembrar nomes, que se referem a pessoas que nunca mais voltaram à cena.
No autocarro, viajam: eu, o João Gomes, o Adelino Costa "esgalgado" (já falecido) e o Queluz.
Na ceia, identifico o Magro, o Chico e o Zé da Silva.
Festas Felizes para vocês.
Zé Teixeira