terça-feira, 4 de julho de 2006

Guiné 63/74 - P935: Porque não me mataram ou apanharam à mão em Missirá ? (Jorge Cabral, Pel Caç Nat 63)


Guiné > Zona Leste > Sector L1 > Regulado do Cuor > Missirá > 1969 > Aqui estiveram destacados, os nossos amigos e camaradas Beja Santos (comandante do Pel Caç Nat 52, entre 1968 e fiansi de 1969) e o Jorge Cabral (com o seu Pel Caç Nat 63). Mas também o Mário Armas, que foi furriel miliciano do Pel Caç Nat 54 (sob o comando do Alf Mil Correia, 1969/70).

Missirá era o destacamento do Sector L1, localizado mais a norte, no coração do regulado do Cuor, tendo por vizinhança duas bases do PAIGC: Madina/Belel (vd. carta de Bambadinca) e Sara-Sarauol (a noroeste de Madina/Belel, vd. carta de Mambonco). Missirá era frequentemente atacada. No tempo do Beja Santos, em Outuibro de 1969, haviua ainda dois pelotões de milícias, o 101 (Missirá) e 102 (Finete). Os milícias viviam nos destacamentos com as respectivas famílias, e deslocavam-se com elas, quando eram transferidos...

Foto do arquivo de Humberto Reis (ex-furriel miliciano de operações especiais, CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

© Humberto Reis (2006)


Caro Amigo e Camarada

Obrigado Luís, mil vezes obrigado, por nos teres proporcionado este encontro, sacudindo-nos a memória embaciada, para tristezas e alegrias, que há muito julgávamos enterradas.

Lembro-me do Paulo Santiago [, comandante do Pel Caç Nat 53,] e do seu antecessor Mota, bem como do Machado [Alf Mil da CCS do BCAÇ 2852], que era um companheirão. Lastimo a morte do Payne [médico da CCS do BCAÇ 2852], cujos irmãos foram meus colegas na Faculdade de Direito.

Quanto ao Beja Santos [, comandante do Pel Caç Nat 52], saúdo a sua entrada na Tertúlia. Agora vai ter de explicar o que fez ao Comandante Corca Só (1)...

Por mim, fiz várias vezes, sozinho, desarmado e de noite, o percurso Bambadinca – Missirá, e ia a Mato Cão quase em passeio. O Polidoro [comandante do BART 2917] costumava dizer que eu andava protegido … Talvez por isso me mandou a Madina/Belel, sem o Pelotão, na companhia dos Paras (1).

O meu Amigo Idrissa Embaló, Professor na Universidade de Bissau, prometeu consultar os documentos relativos à actividade operacional do PAIGC, na zona. Vamos a ver se consegue, e se descubro o mistério – porque não me mataram, ou apanharam à mão?

Obviamente que nunca fui um Tigre, mas isso não explica tudo...

Segue estória (2) e como sempre um Grande, Grande Abraço

(*) Não fui de helicóptero mas sim a pé. Os Paras poisaram em Missirá.

Jorge

PS - Magnífico o teu Relim não é poema (3). Sancorlá e Salá são para mim nomes fatídicos. Sofri lá três mortos, em minas.
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Notas de L.G.

(1) Vd. post de 24 de Junho de 2006 > Guiné 63/74 - P904: SPM 3778 ou estórias de Missirá (3): carta a Alcino Barbosa, com muita intranquilidade (Beja Santos)

(2) Mais uma estória cabraliana, a 11ª, a publicar oportunamnete > A atribulada iniciação sexual do Soldado Casto

(3) Vd post de 1 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P930: O Relim não é um Poema (a propósito da Op Tigre Vadio)

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