Guiné> Zona Leste > Enxalé > Pel Caç Nat 52 (1966/68) > Foto do grupo
Foto: © Henrique Matos (2007). Direitos reservados.
1. Mensagem do novo membro da nossa tertúlia, Henrique Matos, enviada com data de 16 de Maio último:
Caro camarada Luís Graça:
Não vou repetir o que outros camaradas disseram sobre a emoção de ter encontrado casualmente este Blogue. Já passei muitas horas a ler quase tudo, agora que tenho tempo com o estatuto de aposentado.
Como fui o 1.º comandante do Pel Caç Nat 52 e pisámos o mesmo chão - pelotão e o chão que o Beja Santos bem conheceu - aqui vai o meu pedido para entrada na tertúlia, juntando as fotografias da praxe e ainda uma do pelotão.
Identificação:
Henrique José de Matos Francisco, mais conhecido só por Henrique Matos
Posto: Alf Mil Art
Zona de acção: Enxalé - Porto Gole
Nado e criado na Ilha de S. Jorge, Açores
Luís Graça:
Em 10 de Agosto de 1966 (recordo-me por ter sido 4 dias após a inauguração da Ponte sobre o Tejo, então Salazar) embarquei para a Guiné no Rita Maria, na chamada rendição individual.
Depois Bolama, que foi o meu curto IAO, onde já me esperava o Pel Caç Nat 52, composto por pessoal metropolitano (Furriéis Milicianos Vaz, Altino e Monteiro e 1ºs Cabos Cunha, Castanheira e Pires) e o restante pessoal do recrutamento local englobando três 2ºs Cabos (um era cabo-verdiano, penso que se chamava Félix).
Passados alguns dias, saímos numa LDM para o Enxalé, ficando em reforço à CCAÇ 1439, independente, de madeirenses, adstrita ao BCAÇ 1888, sediado em Bambadinca.
Na mesma ocasião também sairam de Bolama:
(i) o Pel Caç Nat 53, do Alf Mil Serra, que ficou no Xime em reforço à CCAÇ 1550;
(ii) o Pel Caç Nat 51, do Alf Mil Perneco, que foi para Guileje;
(ii) e o Pel Caç Nat 54, do Alf Mil Marchand, que foi inicialmente para Mansabá mas passado pouco tempo também foi parar ao Enxalé.
Este é o começo da minha história. Se me for permitido, continuarei...
Um grande abraço,
Henrique Matos
2. Mensagemd e boas-vindas do Carlos Vinhal:
Caro Camarada Henrique Matos:
Cabe-me a mim dar-te as boas vindas em nome do Luís Graça. Respeitaste as formalidades para ser admitido como camarada e amigo na nossa Caserna Virtual, enviando as tuas fotos, coisa que muitos que cá estão há mais tempo ainda não fizeram, e dizendo algo de ti.
Como poderás ver na página da nossa tertúlia, as normas de convivência entre nós são fáceis de cumprir. Longe vão os tempos do RDM. Aqui já não há postos e tratamo-nos por tu.
Esperamos de ti estórias e fotografias para enriquecer ainda mais o conteúdo do nosso Blogue.
Se puderes estar presente no nosso próximo encontro, possivelmente a acontecer ainda este ano, vais conhecer pessoalmente muitos de nós e aquilatar o bom ambiente que se vive quando nos juntamos.
Em nome do Comandante Luís Graça e de todos os tertulianos sê, pois, bem-vindo.
Recebe um fraternal abraço
O camarada
Carlos Vinhal
3. Mensagem enviada ao resto da tertúlia:
Camaradas e amigos:
De acordo com instruções do Luís apresentei em nome de todos os tertulianos as boas vindas ao novo camarada Henrique Matos. Anotem o seu endereço na vossa lista de contactos.
Já agora vem, a talho de foice, o seu bom exemplo ao enviar no seu mail de apresentação as fotos respectivas, para figurar na galeria dos tertulianos. Aos camaradas mais antigos que ainda o não fizeram, lembro que o devem fazer logo que possam.
Um abraço para todos
O Camarada
Carlos Vinhal
___________
Nota dos editores do blogue:
(1) Sobre a CCAÇ 1439 (madeirense) e a CCAÇ 1550, ver o relato autobiográfico de Abel de Jesus Carreira Rei, nascido em 1945, filho de operário vidreiro, ex-combatente da Guiné (1967/68), natural da Maceira, Leiria, e actualmente residente em Embra, Marinha Grande > post de 1 Maio de 2005 > Guiné 69/71 - X: Memórias de Fá, Xime, Enxalé, Porto Gole, Bissá, Mansoa (Abel Rei)
Trata-se de um diário, com passagens seleccionadas pelo editor do blogue. Não consegui descobrir a unidade a que pertenceu (só seu que éuma CART, com quatro grupos de combate) . Com a devida vénia e os nossos agradecimentos (pela foto e pelos excertos de texto), aqui vai o endereço: Entre o Paraíso e o Inferno: de Fá a Bissá. Memórias da Guiné - 1967/1968). Diz o autor: "Esta é a história verdadeira que eu escrevi: não a história que eu gostaria de escrever". Trata-se de um diário que vai do dia 1 de Fevereiro de 1967 a 19 de Novembro de 1968. (LG):
Abel Rei
Fonte: © Carlos Barros (2005) (com a devida vénia...)
Portal da Marinha Grande
(...) "O nosso camarada (1º cabo, ao que depreendo da leitura) (...) partiu em 1 de Fevereiro de 1967 no N/M Uíge (...) desembarcou em Bissau, sob um calor sufocante, apanhou uma LDG, ouviu os primeiros tiros (dos fuzileiros, que abateram uma pretensa canoa dos turras) e, caso curioso, não desembarcou no Xime, mas em Bambadinca... No nosso tempo (1969/71) era impensável uma LDG aventurar-se pelo Geba Estreito (L.G.)
(...) Desembarcámos em Bambadinca pelas treze horas, e daí seguimos para Fá [Mandinga], onde iria ser o nosso primeiro aquartelamento na Guiné (...).
(...) "Em 21 de Fevereiro de 1967, o nosso homem está destacado no Xime, aquartelamento da CCAÇ 1550:
Neste quartel de Xime, onde temos permanecido desde a saída de Fá, está-se em contacto permanente com os indígenas, que vivem à entrada numa tabanca, com enorme população, sendo alguns deles soldados dum pelotão de nativos. Já percorri a mesma, e tive o primeiro contacto com as bajudas(raparigas adolescentes nativas), em companhia de camaradas mais velhos, que pertencem à Companhia de Caçadores nº 1550, cá destacada, e comecei a [papaguear] o crioulo. Como curiosidade tive nos braços um garoto mulato, talvez fruto da passagem dos primeiros militares brancos, por cá, no início da guerra.
"Em 25 de Fevereiro o autor vai em patrulha com a companhia estacionada no Enxalé, a CART 1439… O Enxalé ficava a norte do Rio Geba, em frente ao Xime (...). Escreve o nosso cabo, quando regressa de Porto Gole ao Enxalé:
Hoje pude avaliar quão grandes teriam sido as dificuldades que os nossos antecessores sofreram, e eu ainda terei de sofrer (?). A água, que costuma ser bebida com comprimidos e filtrada, bebeu-se por todos, sofregamente, sem olhar a limpeza e origem. Bebia-se todo o líquido que nos aparecia, quer nas poças do terreno, ou nos poucos cursos de água, fosse ele da cor que fosse!…
"Em 12 de Março, o baptismo de fogo na região do Xime. O autor não nos dá indicações precisas onde se desenrolou a operação, diz apena foi a este do Xime...
(...) "De 19 a 23 de Março, participa numa dramática operação ao Burontoni, na região do Xitole (Op Guindaste) (...).
(...) "Em 15 de Abril de 1967, as NT sofrem um duro revés em Porto Gole… 7 mortos:
Dia trágico, este, para quantos se encontravam no 'Inferno' de Bissá!
Em Porto Gole, estando de serviço à meia-noite, ouvi fortes rebentamentos, e enormes clarões, lá para as bandas de Bissá. Contudo não pude averiguar ao certo o local, onde durante mais de uma hora [houve] constante tiroteio (...). Procurámos entrar em contacto pela via rádio, mas eles não deram sinal, pelo que deduzimos ser alguma operação apoiada com os obuses de Mansoa, como muitas vezes estamos habituados (...).
(...) "Em 14 de Maio de 1967, estamos em Bissá, um aquartelamento com oito abrigos, arame farpado e iluminação a… petromax!... E onde há alferes milicianos chicos (como também havia no nosso tempo!)…
"Por outro lado, vejam, no registo do dia 12 de Junho de 1967, como era perigoso brincar com armadilhas!
"Em 16 de Setembro, quatro mortos numa mina anticarro (...).
"Em Outubro de 1967 a série negra continua, com mais mortos (...)
"Em 29 de Novembro de 1967, há o relato de uam dramática operação à região de Madina [Madina / Belel, no regulado do Cuor]" (...)
(...) "No final de Dezembro de 1967, o nosso cabo Rei está destacado no Enxalé e a 23 relata a sua viagem a Bafatá, para fazer compras d Natal! (...).
(...) "Em Fevereiro de 1968, o nosso cabo goza as suas merecidas férias em Bissau, hospedado na pensão Chantre... Nesse mês, a base aérea de Bissalanca tinha sido atacado pelo PAIGC... E em frente a Bissau, Tite é atacada (...).
(...) "Em 1968, a escrita do diário torna-se mais rara. Em 1 de Junho de 1968 há outra dramática descrição de um contacto com o IN, de que resultou entre outras baixas a captura de um elemento das NT (...).
(...) "O último registo do diário são os preparativos para o regresso a casa, depois de 22 meses de comissão. E as últimas confidências, já escritas no N/M Uíge, em 19 e 20 de Novembro de 1968" (...)
O Diário do nosso camarada Abel Rei (de quem não tenho qualquer contacto, telefone ou email, apenas o do Portal da Marinha Grande onde o texto foi reproduzido) pode ser lido aqui, com todos os detalhes:
Entre o Paraíso e o Inferno (De FÁ a BISSÁ): Memórias da Guiné (1967/1968)
01/02/1967 a 07/02/1967
14/02/1967 a 18/02/1967
19/02/1967 a 21/02/1967
24/02/1967 a 26/02/1967
04/03/1967 a 05/03/1967
11/03/1967 a 15/03/1967
18/03/1967 a 21/03/1967
02/04/1967 a 04/04/1967
14/04/1967 a 17/04/1967
05/05/1967 a 12/05/1967
14/05/1967 a 15/05/1967
12/06/1967
10/09/1967 a 16/09/1967
08/10/1967 a 16/10/1967
29/11/1967 a 14/12/1967
30/12/1967 a 05/01/1968
01/02/1968 a 03/03/1968
01/06/1968 a 03/06/1968
10/11/1968 a 19/11/1968
1 comentário:
Vejam lá se descobrem qual era esta CART a que pertenceu o Abel de Jesus Carreira Rei, que andou por Fá, Xime, Enxalé, Portogole, Bissá, entre Fevereiro de 1967 e Novembro de 1967.
No Xime estiveram as seguintes unidades de quadrícula, entre 1966 e 1974:
CCAÇ 1550 (1966/67)
CART 1746 (1967/69)
CART 2520 (1969/70)
CART 2715 (1970/71)
CART 3494 (1972/73)
CCAÇ 12 (1973/74)
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