1. Mensagem de António Teixeira Mota, com data de 13 de Janeiro último, enviada ao nosso camarada e colaborador José Martins:
Na sequência do Documentário "Morrer pela Pátria", editado pela TVI no seu Jornal Nacional de 28 de Dezembro último, recebi um contacto de um amigo, meu camarada nos Pupilos do Exército cujo sogro faleceu na Guiné a 16 de Fevereiro de 1968 e era o Comandante da Companhia de Caçadores n.º 1788, a qual fazia parte do Batalhão de Caçadores n.º 1932. De seu nome Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes.
Chegou esta Companhia e respectivo Batalhão à Guiné em Outubro de 1967 (não posso precisar o dia de embarque em Lisboa nem o dia de chegada à província). O Capitão Artur Nunes faleceu a 16 de Fevereiro de 1968, em combate por accionamento de uma armadilha do inimigo.
Faleceram neste accionamento dois militares da mesma Companhia (o Capitão Artur Nunes e o Furriel José Santos Pereira). Esta informação recolhi do 8.º Volume, Tomo II, Livro I da Resenha Histórico-Militar das Campanhas de África (1961-1974), Mortos em Campanha (Guiné) e que possuo em casa.
O Capitão Artur Nunes está referenciado, além de outras, na lista dos mortos da Guerra Colonial, nascidos em Angola, no site: http://ultramar.terraweb.biz/03Mortos%20na%20Guerra%20do%20Ultramar/1MEC_Ang.pdf
Aquilo que lhe venho por este meio solicitar é o especial favor de consultar o 7.º Volume, Tomo II da Resenha - Fichas das Unidades - Guiné, e ver se existe alguma informação complementar em relação à CCaç 1788 e em relação à morte do capitão Artur Nunes em particular, uma vez que não possuo este livro, ou caso possuo outra fonte de informação onde se possa encontrar referência à actividade operacional que causou esta baixa em combate, informe-me por favor. Desde já grato pela sua sempre prestável colaboração, apresento os meus cumprimentos.
Um abraço
António Teixeira Mota
2. Resposta do José Martins, em mail de 23 de Janeiro:
Caro António:
Conforme prometi, e ainda que com atraso devido a afazeres profissionais, junto um texto sobre a CCAÇ 1788, com base no texto publicado no 7.º Volume da Comissão de Estudos para as Campanhas de África.
Mais elementos sobre esta Companhia podem ser obtidos no Arquivo Histórico Militar, na História da Unidade que se encontra na Caixa 76 - 2.ª Divisão - 4.ª Secção.
Esse documento era de elaboração obrigatória, mas, normalmente, era organizado de forma resumida.
Outra forma de obter mais elementos, será pelo testemunho de algum que tivesse pertencido a essa Unidade e tenha presenciado o facto.
Por isso, o texto que anexo, segue também para o blogue Luís Graça e Camaradas da Guiné, com o intuito de, com a sua publicação, incentivar algum camarada a escrever sobre este acontecimento.
Um abraço
José Martins
3. Companhia de Caçadores 1788 (1967/69)
(elementos compilados por José Martins)
Foi mobilizada no Regimento de Infantaria n.º 15, em Tomar, sendo uma Unidade orgânica do Batalhão de Caçadores n.º 1932. Completavam o Batalhão, além da Companhia de Comando e Serviços, as Companhias de Caçadores n.ºs 1787 e 1789. Estas Unidades tinham como divisa “Vontade e Valor”
Embarcaram em Lisboa a 28 de Outubro de 1967 e chegaram a Bissau em 02 de Novembro de 1967.
Sob o comando do Capitão de Infantaria Artur Manuel Carneiro Geraldes Nunes, deslocou-se para Contubuel em 6 de Novembro de 1967 para, além de efectuar a adaptação operacional, reforçar o Batalhão de Cavalaria 1905, até 7 de Dezembro de 1967, em operações realizadas na região de Caresse, regressando depois a Bissau, onde ficou como Unidade de Intervenção e Reserva do Comando Chefe.
Foi cedida pelo Comando Chefe ao Batalhão de Cavalaria 1915, no período de 22 de Dezembro de 1967 a 5 de Janeiro de 2008, para a realização de operações na região de Insumeté-Choquemone.
Em 11 de Janeiro de 1968 segue para Cabedú, rendendo a Companhia de Artilharia 1614, assumindo a responsabilidade do subsector, integrando o dispositivo de manobra do Batalhão de Artilharia 1913.
Foi transferida para Catió, por troca com a Companhia de Artilharia 1689, mantendo-se na zona de acção do BArt 1614, mas na situação de intervenção e reserva, efectuando operações nas regiões de Cabolol Balanta e Cobumba.
Por extinção do subsector de Cabedú, destaca dois Pelotões para este aquartelamento, em 30 de Julho de 1968. Recolhe a Bissau em 17 de Fevereiro do 1969, tendo sido substituída pela Companhia de Artilharia 2476.
[No dia anterior a esta substituição, foi quando se deu o infausto acontecimento da morte do Capitão e do Furriel Miliciano José dos Santos Pereira, pelo accionamento de uma armadilha inimiga, na estrada da ponte, em Cabedu.]
A fim de reforçar a actividade de contrapenetração no corredor de Lamel, foi colocada em 26 de Fevereiro de 1969 em Farim, ficando na dependência do Comando Operacional 3 (COP 3) e guarnecendo o destacamento de Salequinhedim.
[Foi nesta fase que o Capitão Geraldes Nunes foi substituído pelo Capitão de Infantaria Luís Andrade de Barros.]
É substituída pela Companhia de Caçadores 2548 em 4 de Agosto de 1969, recolhe a Bissau e embarca de regresso à Metrópole em 20 de Agosto de 1969.
Mortos
(i) ARTUR CARNEIRO GERALDES NUNES, Capitão de Infantaria n.º 51395811:
Mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 15 em Tomar, comandava a Companhia de Caçadores n.º 1788, subunidade do Batalhão de Infantaria n.º 1932.
Era natural da freguesia de São José do Lubango, concelho do Lubango, em Angola. Era casado com Lígia Teresinha Pires da Costa Nunes, filho de Manuel Nunes e Maria das Dores Carneiro Geraldes de Miranda Nunes.
Faleceu em combate em 16 de Fevereiro de 1968, aquando do accionamento de uma armadilha IN, na estrada da ponte em Cabedú.
Está inumado no Cemitério da Irmandade do Senhor do Bonfim e Boa Morte no Porto.
(ii) JOSÉ DOS SANTOS PEREIRA, Furriel Miliciano Atirador n.º 8564465, foi mobilizado no Regimento de Infantaria n.º 15 em Tomar e integrava a Companhia de Caçadores n.º 1788, subunidade do Batalhão de Infantaria n.º 1932.
Era natural da freguesia de Ceira, concelho de Coimbra. Era solteiro, filho de Manuel Pereira Nova e Isabel Clara.
Faleceu em combate em 16 de Fevereiro de 1968, aquando do accionamento de uma armadilha IN, na estrada da ponte em Cabedú.
Está inumado no Cemitério Paroquial de Ceira.
4. Comentário de CV
Se algum dos nossos tertulianos tiver elementos mais concretos sobre as fatídicas mortes dos nossos camaradas Cap Artur Nunes e Fur Mil José dos Santos Ferreira, façam o favor de nos chegar essas informações (ou directamente para o Zé Martins) para que possam ser encaminhadas para o nosso amigo António Teixeira Mota, filho do nosso malogrado camarada Teixeira da Mota, falecido em combate em Angola (*).
__________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 16 de Março de 2008 > Guiné 63/74 - P2651: História de vida (11): A Luta Incessante de António Teixeira Mota
Vd. último poste da série de 13 de Janeiro de 2009 > Guiné 63/74 - P3731: Em busca de... (61): O Capitão José Curto, comandante da CCAÇ 153 (Fulacunda, 1961/1963) (José Martins)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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