quinta-feira, 21 de maio de 2009

Guiné 63/74 - P4392: Blogoterapia (103): Coisas lindas de Guileje / que guardo num cantinho do meu coração (J. Casimiro Carvalho)

Obrigado, Luís Graça,
por me indicares o vídeo de 14 de Maio
em que Homens Grandes de Guileje
elogiaram o então Major Coutinho e Lima.
Vi o mesmo, ouvi os intervenientes. (*)




Que coisa!,
logo eu que pensava ter esgotado as lágrimas sobre a Guiné,
cá estou a chorar convulsivamente
como uma criança a quem deram um brinquedo do outro mundo
num sítio onde não existem brinquedos.

Não sei exprimir bem o que me vai na alma,
mas é algo bom... é! (**)
Tenho o coração e a alma inchados de alegria
por este povo
e por este… major (um senhor major!).
Não sei o que lhe ia na alma nessa altura,
devia estar com uma catadupa de soluções na cabeça…
Mas, militares ?... Humanistas, pessoais, quem sabe ?




Só ele,
eu não queria ter passado a provação
por que ele passou…
Não, senhor,
mas os grandes homens,
os grandes militares,
os grandes comandantes,
tiveram momentos assim…
Ter que decidir.
Basta pensar na carga da Brigada Ligeira,
nos 300 Espartanos
e em tantos outros exemplos de índole militar.

Eu sinto que salvei da morte dois putos,
da minha companhia,
por tê-los dispensado da fatídica patrulha,
de 4 de Junho de 1973.
Eu julgo…
eles também,
a família deles também.
Agora multipliquem isto por 600 ou 700 almas,
brancas e negras.


Não.., inguém esquece o então major Coutinho e Lima,
eu não esqueço,
pelos vistos a população de Guileje também não.
Que arrepio sinto ao ver este vídeo…

Gostaria de abraçar estes homens de Guileje,
relembrar o Satala Colubali e o Camisa Conté,
ingloriamente mortos por uma mina anticarro.



Gostaria de lembrar as bonitas noites de ronco e batuque,
gostaria de relembrar as lutas do nosso cão (o Gringo)
com o cão deles (cão de cor preta de que tenho uma foto),
coisas lindas de Guileje
que guardo num cantinho do meu coração.





Gostaria de relembrar com eles a vinda da Avioneta (Dornier)
que quando eles a avistavam ou ouviam, diziam:
“Aí vem ela”,
Ficando no ouvido só o resto da frase…Viela.
Então a avioneta passou a ser... a Viela.

Obrigado, bom povo de Guileje,
por esta demonstração de agradecimento e carinho
por este major que nos salvou.
Um deles bem disse:
‘Nós Vamos!’
Mas a memória fica, e ainda bem.
Obrigado.

J. Casimiro Carvalho (***)

Fotos e texto: © José Casimiro Carvalho (2009). Direitos

[Revisão / fixação de texto: L.G.]

___________

Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 14 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4344: Dossiê Guileje / Gadamael 1973 (12): Homenagem dos Homens Grandes de Guiledje a Coutinho e Lima (Camisa Mara / TV Klelé)

(**) Vd. poste de 19 de Maio de 2009> Guiné 63/74 - P4379: Blogoterapia (102): Este blogue de que eu gosto! (António Matos)

(***) Vd. poste de 25 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1625: José Casimiro Carvalho, dos Piratas de Guileje (CCAV 8350) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11)

3 comentários:

Anónimo disse...

Sao historias do genero, de uma generosidade que expoe transparente o que vai na alma de quem o redigi,que fazem de mim, um guineense assiduo "navegador" por esse vosso Blogue.Particularmente a reverencia como a simplicidade e a generosidade do povo a que faco parte e exaltado.Diga-se Casimiro, de fazer morrer de inveja quem quer que teime em disputar o direito exclusivo ao afecto, para com esse seu igualmente "Chao" !

Se ha mais de quatro decadas, deixava eu enterrado,algures num naco de chao avermelhado do meu bairro de nascenca, o meu cordao umbilical de ti ficaram decerto, pedacos de uma juventude.

Deixa pois as lagrimas rolarem pela nossa Guine !

Mantenhas

Nelson Herbert
USA

Luís Graça disse...

(...) "Se há mais de quatro décadas, deixava eu, enterrado algures num naco de chão avermelhado do meu bairro de nascenca o meu cordão umbilical, de ti ficaram, decerto, pedaços de uma juventude" (...).

É verdade, Nelson, ninguém tem o monopólio das emoções, dos afectos, dos sentimentos... Há lugares que nos marcam para sempre: o onde onde nascemos, fomos meninos, tornámo-nos adolescentes, crescemos... Ou aqueles em que vivemos situações-limite, como a guerra...

A tua terra exerceu um fascínio, um sortilégio, uma magia, sobre muitos de nós... E acho que também houve reciprocidade: deixámos lá gente que nos estimava e nós estimávamos...

Não tenho qualquer razão para duvidar da autencidade destes sentimentos, de parte a parte...

Anónimo disse...

Gostei muito das palavras do Casimiro.

Pepito
adbissau.ad@gmail.com

(mensagem chegada atarvés do correio do blogue)