1. Mensagem de Luís Marcelino, novo membro a nossa Tabanca Grande, que foi capitão miliciano da CART 6250/72 (Mampatá, 1972/74) (*):
Com um abraço, junto um primeiro apontamento sobre a CART 6250
OS UNIDOS DE MAMPATÁ (1)
O novo imposto de Palhota
Após ter feito a preparação militar no RAP 2, em Vila Nova de Gaia, a CART 6250, que adoptou como lema UNIDOS, a 27 de Junho de 1972, rumou para a Guiné, a bordo do Boing 707 da FAP.
Fez o IAO em Bolama durante quase um mês, findo o qual se deslocou para MAMPATÁ, povoação do sul da Guiné, próximo de Aldeia Formosa.
Tratava-se de uma companhia independente que ficou responsável pelo sub-sector de Mampatá e adida ao batalhão sediado em Aldeia Formosa, responsável pelo sector com o este nome.
Foi render uma Companhia de Açorianos com quem fez o treino operacional durante duas semanas, para tomar conhecimento da ZA de que iria ficar responsável.
Em Mampatá, além de estar a Companhia, havia também em reforço: um pelotão de africanos, uma secção do pelotão de armas pesadas e uma companhia de milícias, que estavam adidos à Companhia.
Quando chegámos, fomos logo confrontados com uma realidade inimaginável: um quartel que de instalações militares apenas havia uma cozinha, uma enfermaria, instalações sanitárias para praças, um bar e um tosco edifício de comando.
Não havia energia eléctrica e não havia qualquer instalação para alojamento das praças. Perante a admiração geral, foi-nos transmitido que o alojamento eram as casas (palhotas) dos africanos residentes que alugavam os respectivos alojamentos em troca do respectivo pagamento por parte dos residentes.
Um tanto ou quanto escandalizados, lá se distribuiu o efectivo pela sanzala [tabanca], conscientes de que ali o direito ao alojamento gratuito não existia pelo que o pessoal tinha que pagar!
Passado pouco tempo da nossa chegada ali, fomos visitados pelo Governador da Guiné, há data o Sr. General Spínola; é claro que o assunto das rendas lhe foi colocado, deixando-o deveras admirado com aquela realidade, pelo que de imediato deu instruções para que fosse pocessada a verba para pagamento do alojamento e fosse devolvido o dinheiro a todos os militares. E assim se fez justiça. Mas... pensar que antes ali tinha estado uma companhia naquelas condições!... Soldados que tinham de pagar, retirando do seu miserável pré uma importância para o alojamento.
A ZA era de difíceis acessos, havendo, para além de vários trilhos, duas picadas: uma que ligava Aldeia Formosa a Buba e outra que ligava Mampatá a Cumbijã.
A Companhia, para além dos patrulhamentos que fazia no espaço que lhe estava reservado, a partir de finais de 1972, empenhou-se, sobretudo, em acções de segurança à engenharia que a partir de finais de 1972 construiu uma estrada em asfalto de Aldeia Formosa até Buba, passando por Mampatá e depois outra de Mampatá a Nhacobá.
Eram estradas estratégicas, já que a primeira fazia a ligação do porto fluvial [,Buba, ]à sede do Batalhão, onde havia uma pista de aviação e a segunda, fazia a ligação até à proximidade da principal base do PAIGC a sul, o UNAL.
De acordo com os testemunhos dos nossos antecessores, a ZA não era muito complicada sob o ponto de vista militar. Começou-o a ser a partir da construção das referidas estradas, que praticamente coincidiu com a nossa chegada. Era um trabalho árduo, diário, que consistia na picagem de todo o itinerário antes da chegada das máquinas da engenharia e correspondente montagem de esquemas de segurança na frente de trabalhos.
[Continua]
__________
Nota de L.G.:
(*) Vd. poste de 6 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4472: Tabanca Grande (150): Luís Marcelino, ex-Cap Mil, CMDT da CART 6250, Mampatá, 1972/74
Vd. também postes de:
29 de Maio de 2009 > Guiné 63/74 - P4437: O Nosso Livro de Visitas (65): L.J.F. Marcelino, ex-Cap Mil da CART 6250, Mampatá, 1972/74
2 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4451: Poemário do José Manuel (28): Matar ou morrer ? Não...
3 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4458: Bem-vindo, Comandante Marcelino! Obrigado por ter tomado conta de mim na Guiné (José Eduardo Alves)
28 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4600: Convívios (148): Convívio da CART 6250 (Mampatá 1972/74) & Todos os Camaradas que quiserem aparecer, 4 Julho (António Carvalho)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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6 comentários:
Olá Luís Marcelino,
A companhia de açorianos a que te referes era a CCaç 3326, formada no BII17 de Angra do Herosmo. Esta companhia era comandada pelo capitão Carvalho, um oficial austero que, antes desta comissão, tinha estado ligado à Guarda-Fiscal.
Nesta àrea do estado de Massachusetts, onde vivo, encontram-se alguns ex-soldados que pertenceram a essa companhia.
Cumprimentos,
José Câmara
Olá José Câmara, espero que venhas a ler este meu APELO.
Já que tens conhecimento que por essas bandas se fixaram alguns açorianos do nosso tempo, aqui fica o pedido para que se souberes de algum que tenha pertencido à C.Caç 2790 que esteve na Guiné ( Bula ) em 1970/72, me dês conhecimento pois há 37 anos que nada sei deles !
Um abraço e obrigado,
António Matos
Olá Marcelino.
Antes de mais não te esqueças de Sábado.
Quanto ao que escreves sobre a nossa tabanca de Mampatá continua porque, mesmo para mim,há sempre novidades, não aquela do pagamento das rendas, de que bem me lembro, mas não sabia que havia o posterior ressarcimento. Do mal, o menos.
Um abraço grande do António Carvalho.
Mensagem do António Carvalho, dirigida aos editores:
Caros Amigos,
Para que cessem, definitivamente, os comentários, sobre esta matéria, venho, com poucas palavras, (porque isto de computadores ainda é, para mim, um bico de obra) dizer, «urbi et orbi», o seguinte: eu e a minha filha estamos bem com os (des)entendimentos do Vinhal e do Luís pois sabemos que ambos são nossos amigos e querem para nós o melhor. Tudo o que sentimos é gratidão.
António Carvalho
PS-Estão todos convidados para Sábado.
Comentário do editor, L.G.:
Os (des)entendimentos têm a ver com a legitimidade (ou não) de trazer, à baila, para o blogue, eventuais problemas de saúde que afectam a tranquilidade e o bem dos membros da nossa Tabanca Grande e do seu agregadi familiar...
Respondi ao Carlos nestes termos: "Carlos: Eu sei que é delicado... Não entrei em detalhes... Quis apenas dar uma força ao Carvalho, que estava na merda e que vai receber não sei quantos mânfios em casa no próximo sábado... Felizmenet que as notícias já são melhores
"Carlos: Agradeço o teu reparo. Continuaremos sempre a cultivar a franqueza... E dou conhecimento ao Carvalho. Luís"...
Em suma, é mais uma questão a figurar no Livro de Estilo do Nosso Blogue, e que se prende com a "reserva de intimidade" a que todos temos direito...
CARO MARCELINO,
NO MEU PERÍODO DE COMISSÃO CONHECI MUITAS SITUAÇÕES ABERRANTES,HILARIANTES,ENFIM... MAS COMO ESSA, ABSOLUTAMENTE SURREALISTA, DOS SOLDADOS TEREM DE PAGAR A DORMIDA NA TABANCA POR FALTA DE INSTALAÇÕES,NUNCA ME PASSARIA SEQUER PELA CABEÇA.
ERA ESTA GUERRA QUE ENCONTRÁVAMOS NO MATO E QUE OS CITADINOS NEM EM SONHO IMAGINAVAM...
FAZ LEMBRAR A GUERRA DO SOLNADO,SÓ FALTAVA DÁREM-VOS UMA GUITA PARA AMARRAR ÀS MUNIÇÕES...
VOU ESPERAR MAIS NOTÍCIAS DE MAMPATÁ ,PARA SORVER RAPIDAMENTE.
OBRIGADO MARCELINO PELA DENÚNCIA.
UM ABRAÇO.
MANUEL MAIA
Caro L.J.F.Marcelino
Pertenci à Cart. 2519 que em 69/71 esteve aquartelada em Mampatá.Como voz tambem construimos uma estrada que foi chamada estrada da morte Buba-Ald. Formosa, começando a mesma apartir de Sara Usso.
Tudo o que você descreve foi deixado pela minha companhia alem dum Heliporto e uma escola.
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