1. A pedido do presidente da direcção da Unicepe, que é seu amigo, o nosso camarada Vítor Junqueira (ex-alferes miliciano da CCAÇ 2753, Madina Fula, Bironque, Saliquinhedim/K3, Mansabá , 1970/72) , em mensagem de hoje, 23 de Setembro de 2011, deu-nos conta da apresentação do livro De Campo em Campo, de autoria de Norberto Tavares de Carvalho, no próximo sábado 24 de Setembro, na cidade do Porto.
Passamos a dar notícia, baseados em elementos fornecidos pela editora. E saudamos o aparecimento do nosso camarigo Vitor Junqueira de quem há muito não tínhamos notícia.
Apresentação do livro De Campo em Campo, de Norberto Tavares de Carvalho, dia 24 de Setembro de 2011, pelas 16 horas, na UNICEPE - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL, Praça de Carlos Alberto, 128-A.
DE CAMPO EM CAMPO, de Norberto Tavares de Carvalho
Trata-se de uma empolgante narrativa da guerra colonial, por alguém que a viveu de corpo e alma, do primeiro ao último momento. Futebolista nato, Bobo Keita cruzou-se no estrangeiro com o Presidente Kwame Nkrumah, do Gana, do qual ouviu a mensagem que o preparou para os lances que iria efectuar no campo político. Respondendo ao apelo de Amílcar Cabral, foi com elegância e convicção que fez a sua preparação militar num país do ex-bloco comunista.
Calculista, cedo entendeu que os amuletos não passavam de meras fantasias e passou a interessar-se pelos conhecimentos e técnicas mais ligados à lógica. "Não ouves o zumbido da bala que te ceifa a vida porque a sua velocidade é superior à do som."
Foi assim que o ex-futebolista se formou como militar no emaranhado de trepadeiras e lianas que formam o traiçoeiro solo da Guiné-Bissau. Lutou no Norte e no Leste, comeu ratos e macacos, bateu-se como um leão, foi ferido mas nunca perdeu o ânimo. Sobretudo depois da morte de Cabral.
Último Comandante a entrevistar-se com o Amílcar Cabral poucas horas antes da sua morte, Bobo Keita participou na captura do assassino e na libertação de Aristides Pereira. Por outro lado, o domínio aéreo, outrora da exclusividade do exército português, foi posto em causa, logo a seguir, com o míssil Strela e o Grad, na primavera de 1973.
A morte do líder viria a intensificar os campos de batalha até que, no dia 25 de Abril de 1974, deu-se o golpe de estado em Portugal, antecedente lógico que permitiu o desanuviamento tanto esperado.
Membro da delegação do PAIGC que participou nas negociações de Londres e de Argel, Bobo Keita afirma que o ambiente entre as duas delegações não foram sempre tão cordiais como se pretendeu. Para ilustrar um desses momentos de tensão, foi quando perante um impasse a delegação do PAIGC anunciou que ia regressar e retomar a guerra. O Dr Mário Soares teria elevado a voz, frisando bem alto: "Guerra, guerra, vocês só pensam na guerra...!".
Com a assinatura dos Acordos de Argel, os homens de Cabral regressaram efectivamente mas para preparar a fase de transição da retirada do exército português. Foi assim que, no dia 13 de Outubro de 1974, Bobo Keita escoltava, com o devido brio e respeito, o último Governador Colonial da Guiné, o Brigadeiro Carlos Fabião que ia apanhar o avião que o conduziria a Portugal. A cena marcou o fim da guerra colonial na Guiné e também o fim desta empolgante narrativa. (Fonte: Adapt. de Unicepe)
O Autor (segundo ele próprio)
Nasci na Guiné-Bissau onde fiz os meus estudos primários, secundários e universitários. Em Novembro de 1972, estudantes travaram-se de razões com o General António de Spínola. Pus-me logo à cabeça do movimento. Do palácio do Governador fui conduzido à prisão da PIDE/DGS. Solto, criei a minha célula juvenil paralelamente às minhas actividades no seio de militantes do PAIGC que operavam em Bissau. Preso em Maio de 1973, fui condenado a 3 anos de trabalhos forçados. O "25 de Abril" restituiu-me a liberdade. Pude então dar corpo às minhas tendências poéticas e literárias. Participei na primeira Antologia dos poetas da Guiné-Bissau. Chefe do Departamento da Cultura da Juventude Africana Amílcar Cabral (1977-1980), Chefe dos Serviços da Migração (1978-1980), fui preso na sequência do golpe de estado do 14 de Novembro de 1980 na Guiné-Bissau. Após 36 meses de isolamento e 6 meses de trabalhos forçados, fui libertado. Com o pretexto de retomar os meus estudos universitários interrompidos, em 1983 abandonei o meu país e emigrei-me para a Suiça. Diplomado no Instituto dos Altos Estudos Especializados de Genebra, professor e Master Europeu em Mediação, trabalho como funcionário e faço parte da lista dos Mediadores Civis do Estado de Genebra. Sou fundamentalmente Combatente da Liberdade da Pátria.
(Fonte: Unicepe)
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UNICEPE - Cooperativa Livreira de Estudantes do Porto, CRL
Praça de Carlos Alberto, 128-A
4050-159 PORTO
Telefone (351) 222 056 660
Unicepe@net.novis.pt
http://www.unicepe.com
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Nota de CV:
Vd. último poste da série de 22 de Setembro de 2011 > Guiné 63/74 - P8805: Agenda Cultural (156): Exibição do filme Quem vai à Guerra, de Marta Pessoa, dia 30 de Setembro de 2011 no Centro Cultural da Malaposta, Olival Basto
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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11 comentários:
Comentário de António Graça de Abreu, com data de ontem, às 23h30, e que por lapso técnico desapareceu, sendo agora reposto (L.G.):
Registo, meu caro Vitor Junqueira:
" O domínio aéreo, outrora da exclusividade do exército português foi suplantado com o míssil Strella e o Grad. Com esses engenhos, o PAIGC começou o abate de caças portugueses nos céus da Guiné; a supremacia dos ares mudou de campo."
Não sei quem escreveu isto. A última frase "a supremacia dos ares mudou de campo.", é lapidar, uma falsidade de todo o tamanho. Qual campo?
Foram os homens do PAIGC que passaram a ter a supremacia dos ares? Não, não foram. E isto
não é uma opinião, é um insulto à nossa Força Aérea que continuou heroicamente a voar e que entre Maio de 1973 e Abril de 1974, com milhares e milhares de horas de voo,com bombardeamentos, evacuações, abastecimentos, etc., teve apenas um avião abatido pelos Strela do PAICG.
Estes os factos.
Não insultem os homens que nos merecem todo o respeito. Basta de distorções e mentiras.
Abraço amigo,
António Graça de Abreu
António:
O Vitor, obviamente, não tem qualquer responsabilidade pelo conteúdo do poste. Ele limitou-se a pedir-nos a publicação, em cima da hora, da notícia do lançamento do livro do antigo comandante do PAIGC, Bobo Keita. Em nome apenas da amizade que mantem com o presidente da direcção da Unicepe (que é um cooperativa livreira da tua terra).
A amizade ainda não é crime, que eu saiba, mesmo entre pessoas que podem ter opiniões, experiências, estatutos e sensibilidades diferentes...
Convirá esclarecer, mais uma vez, que as notícias que são dadas aqui no âmbito da "agenda cultural", baseiam-se em geral em material (publicitário) fornecido pelas editores, adaptado pelos editores, muitas vezes em corrida contra o tempo e a desoras (quando os nossos leitores muitos vezes estão a descansar na caminha...).
Da nossa parte, editores do blogue, não há (nem tem que haver) concordância ou discordância sobre os livros aqui publicitados. Tal como não caucionamos qualquer recensão bibliográfica: as opiniões são sempre de quem as subscreve, dando a cara (isso é que é essencial).
Em suma, somos todos maiores e vacinados.
Quanto aos livros, aqui publicitados, são para se ler e criticar. Felizmente, o blogue não tem manuais de leitura obrigatória. Nem nenhum "index"...
António: A frase questionada por ti é do apresentador do livro... Por se prestar a erróneas interpretações, estar fora de contexto e não vir sequer com aspas, foi retirada do texto original. Como vês, o texto é adaptado.
De Candoz (onde não previa estar esta manhã, mas estou para celebrar mais uma festa de família, a dos 100 anos do meu sogro, que infelizmente já não é vivo), mando um abraço de fim-de-semana afetuoso para o António, o Vitor e os demais amigos e camaradas da Guiné que nos honram com a sua presença ativa na Tabanca Grande. Luís Graça
[ Comentário efetuado em conformidade com o Novo Acordo Ortográfico]
Meu caro Luís
Tenho por ti todo o respeito do mundo, e admiração, amizade, o gosto de te ter entre a não muita gente boa que tenho conhecido ao longo da minha vida.
Mas por favor, não confundas a opinião, "as sensibilidades diferentes" de cada um, que naturalmente é livre de as ter,
de as expressar e de as defender -- sobre o que quer que tenha acontecido nos nossos anos de Guiné --, com a verdade dos factos, com a realidade histórica.
É aqui que o blogue falha. Vende-se gato por lebre.
Como temos um coração imenso, e brandos costumes, aceitamos tudo, cabe tudo.
Sobretudo, aceita-se um constante e muito português gosto de denegrir o que fomos e somos.
Não pretendo mudar o mundo, nem insurgir-me mais contra os devaneios pedantes, vaidosos e tristíssimos (no meu entender) de alguns protagonistas do blogue.
A vida continua.
Não sou assim tão brilhante, mas não façam de nós parvos, nem falsifiquem sistematicamente a nossa História.
Abraço,
António Graça de Abreu
Caros camarigos
Há por aqui qualquer coisa de doentio...
Acho que a situação do País, do futuro próximo dos portugueses, deveria ser motivo de mais e maior preocupação, de maior 'empertigamento', do que certas questões que vou vendo e lendo.
Abraços
Hélder S.
CALMA CAMARIGOS
Toda a gente sabe que os combatentes do paigc foram os maiores, correram-nos a todos para o mar e morremos afogados.
Depois entraram triunfantes em Bissau aclamados triunfalmente por toda a população.
Toda a gente sabe isso, só alguns ignorantes deste blogue é que querem desmentir a verdade dos factos.
Escusam de gastar o vosso "latim" a desmentir, porque não adiantam nada.
Um dos que morreu afogado ao fugir para o mar.
C.Martins
Caros amigos,
O argumento do nosso camarada Graça de Abreu e a ironia do nosso camarada C Martins têm razão de ser.
Aqui, à distância, também me preocupa o constante derrotismo da nossa capacidade, enquanto combatentes, e da nossa imagem para a história que um dia será escrita. E sê-lo-á, disso não podemos ter dúvidas.
Também me preocupa a constante mentira do nosso inimigo de então, que nunca se preocupou em preservar a verdadeira história da sua luta pela libertação política do seu país.
Supremacia dos céus pelo PAIGC..., só nos faltava mais esta. Quando nem nas bolanhas da Guiné, no seu próprio terreno, o conseguiu. Pelo menos na Guiné que eu conheci.
Com um abraço amigo,
José Câmara
Amigos e Camaradas o que o C. Martins diz é verdade. Eu sou testemunha!
O meu batalhão que foi o último a sair de Bissau foi corrido a tiro, chapada e pontapé, por milhares de PAIGCs, e tivemos que vir a nado para Portugal.
Eu por acaso tive azar, pois vinha numa GMC, carregada de pessoal e seus bens, com toda atenção do mundo ao que nos rodeava de G3 na mão, na última deslocação do meu batalhão na Guiné, entre o Batalhão de Engenharia e o cais de Pijiguiti (cerca de 3 Km) e apenas vi 4 guerrilheiros num jipe, mas deviam fazer parte do cenário estrategicamente e sabiamente montado pelo inimigo, limitando-se a acompanhar atentamente de braços cruzados a nossa evolução no terreno.
O povo pululava nas ruas, apoiando aos gritos o PAIGC e insultando Portugal e os portugueses lançando-nos todo o tipo de objectos nojentos e hostis.
Eu por acaso tive azar, pois não vi vivalma e acertaram-me com uma maldita flor, que me causou um grave traumatismo numa pestana.
Os aviões e os carros de combate do PAIGC que nos metralham eram tantos que… só visto!
Eu por acaso tive azar, pois não vi, nem ouvi, nenhum mas… acreditem… eu sou mesmo azarado!
Pela primeira e única vez na vida confesso que tive medo!
Quando chegamos ao dito cais atiramo-nos todos ao mar, devido ao fogo intenso e mortífero do PAIGC.
Eu por acaso tive sorte, pois consegui nadar, mais os cerca da 400 homens do meu batalhão, tranquilamente até Dakar, onde tomamos um cafezinho, retomamos o nadanço e paramos na Mauritânia, evitamos não me lembro bem porquê o Saara (creio que foi por acharmos a paisagem um tanto agressiva), seguindo em fortes braçadas para Casablanca onde aproveitamos para comer umas sandochas de marmelada e conseguimos chegar a Lisboa, um mês depois graças às boas correntes marítimas.
Juro mesmo, pela alma do meu gato vivo, que esta é a única e fiel verdade que eu nunca tinha tido a coragem de contar até hoje!
Faço-o para bem e nomeada da História de Portugal e da Guiné.
Um abraço,
Magalhães Ribeiro
"EM SUMA, SOMOS TODOS MAIORES E VACINADOS."
De acordo!
"AS OPINIÕES SÃO SEMPRE DE QUEM AS SUBSCREVE, DANDO A CARA (ISSO É QUE É ESSENCIAL)"
De acordo!
"HÁ POR AQUI QUALQUER COISA DE DOENTIO..."
Pois é meu caro Helder, são todos uns mentecaptos!
Meu amigo, doentes? São todos aqueles que deveriam abandonar o anátema "bota-abaixista" do generoso e valoroso Soldado Português.
Será que nos esquecemos por vezes que todos estivemos lá? Mais ou menos envolvidos, fizemos parte dessa Guerra?
Chegam-me os muitos professores que tive e o livro da vida que sempre me acompanha indicando o caminho da verdade.
Um abraço para todos sem distinção, professores e alunos, doentes e não doentes.
Mário Fitas
Meus caros camarigos
Duas palavras acerca deste assunto.
Como certamente ninguém terá dúvidas repudio totalmente tal "escrita", e continuo a dizer que, pelos visto e por enquanto, é muito dificil um encontro pacifico das "histórias" da guerra.
De um modo geral, nós combatentes da Guiné, tentamos contar a verdade mesmo que ela por vezez nos magoe.
Do outro lado, infelizmente de um modo geral, continua-se a viver num estado de propaganda como se a guerra não tivesse acabado, ou como se os seus interventores tivessem morrido todos e não fosse possível chegar à verdade.
Isto é fruto também do "trabalho" aturado de alguns de nós, para, num qualquer "pedidos de desculpas" ao antigo inimigo, que não tem sentido, irem paulatinamente dando uma imagem da nossa participação na guerra que está muito longe da realidade, tomando alguns episódios para fazer deles a generalidade da guerra.
Hoje não me apetece dizer mais sobre isto, a não ser, que conheço o Victor Junqueira e tenho por ele a maior estima, consideração e amizade.
Ele, eu sei-o bem, não se revê nem aceita este escritos deste livro ou da sua apresentação, e também não me passou credencial para qui falar dele, Victor.
Pediu a divulgação do livro porque um amigo seu lho pediu e ele, amigo do seu amigo assim fez, o que não significa que concorde, (e eu sei, repito-o que não concorda), com aquilo que no mesmo está expresso.
Já aqui vimos nesta Tabanca Grande, e volto ao mesmo, escolher criteriosamente passagens de livros que afinal apenas pretendem denegrir os militares portugueses, sobretudo porque estão tão longe da verdadem com eu estou longe de ser perfeito nas minhas apreciações.
O livro, leiam-no, (eu não o lerei, recuso-me a ler mentiras), como tantos outros são lidos, e depois coloquem-no, conforme as preferências de cada um, na estante lá de casa, ou na "cesta secção" que é para mim o sítio a que o mesmo pertence.
Com um abraço para todos e permitam-me especial para o Victor Junqueira a quem espero abraçar realmente no dia 28 em Monte Real.
Desculpem os erros de Portugês que se devem á velocidade da escrita!!!
O comentário anterior é meu!
Caros camarigos
Como escrevi noutro comentário, estou sempre pronto a aprender e tinha, e tenho, a certeza que isso iria ser qualquer coisa que eu ganharia se estiver atento e a que deveria ficar grato.
E disse também que esperava novos desenvolvimento e contributos para aumentar os meus esclarecimentos.
Como é fácil de entender, posso perfeitamente recolher aqui mais e mais profunda informação, tal como se pode ler, pelo que as coisas estão a acontecer conforme previa e sempre no sentido que se pretende.
Portanto... tudo bem!
Abraços
Hélder S.
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