sexta-feira, 11 de abril de 2014

Guiné 63/74 - P12968: 10º aniversário do nosso blogue (4): Para além do Mário de Oliveira e do Arsénio Puim, terá havido mais capelães militares expulsos do CTIG... Terá sido o caso do alf mil capelão, também de nome Mário, do BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, Nhala, Buba, 1973-74), ainda em Bolama, na IAO... (Testemunho de um leitor e camarada nosso que pede reserva de identidade)


Guiné > Zona Leste > Setor L1 > Bambadinca > CCS / BART 2917 (1970/72) > s/d> O Alf Mil Capelão Arsénio Puim, expulso do Batalhão e do CTIG em Maio de 1971.

Foto: © Gualberto Magno Passos Marques (2009). Todos os direitos reservados



Guiné-Bissau > Região do Oio > Mansoa > 1995 > O jornalista Mário de Oliveira com o padre missionário que foi encontrar em Mansoa.

Foto: © Padre Mário da Lixa (2003) (com a devida vénia...)


1. Mensagem de um nosso leitor (e camarada) que não quer ser identificado, por razões que me apresentou e que eu aceitei como válidas, estando esta situação prevista nas regras originais do nosso blogue. 

Será apenas identificado pela última letra do alfabeto, Z (*). Tenho os contactos de telefone e endereço de email. Vive na região Centro.


Data: 27 de Março de 2014 às 03:07

Assunto: Capelães militares expulsos

Caríssimo Luís Graça.

Antes de mais, permite-me que me apresente. Sou [Z...],  ex-Alf.Mil. da 2ª CCaç. do BCaç. 4513 (Aldeia Formosa-Nhala-Buba - 1973-74), actualmente reformado.

Hesitei bastante antes de me decidir por este contacto, duvidando se valeria a pena. Mas, tudo vale a pena, vale sempre a pena... Isto, porque, li ontem (dia 25 de Março) no Blog que tão bem "comandas", e que visito diariamente desde que o descobri por acaso, há já uns anos, li, dizia, o seguinte: [vd. poste P12897]: «Em toda a história da guerra colonial, no CTIG, houve dois casos de capelães militares que foram "expulsos"», a propósito das referências ao Padre Mário da Lixa. 

Ora, acho que vale a pena corrigir esta afirmação e pôr em dúvida se, estaremos nós, hoje, em condições de saber quantos padres e não padres terão sido subtilmente, (ou com mediatismo como é o caso do Padre Mário da Lixa), afastados do território da Guiné sem deixar rasto. 

É preciso ter presente que a PIDE agia sem espalhafato e com muito profissionalismo. O caso que conheci de perto, o do Alf Mil Capelão que integrava o meu Batalhão no início, e que ainda não vi referido no Blog, é um indício de que podem ser muitos mais os padres que "desapareceram", ou foram afastados.

 Este que cito, e com quem me dava muito bem, "desapareceu" da noite para o dia, literalmente. Ao princípio, com ingenuidade e a medo, alguns ainda perguntavam: «Viste o Capelão? O que é que lhe aconteceu?». Mas a compreensão veio rápida e também o silêncio tácito e sensato. Todos pensaram: «O caso não me diz respeito». Caso abafado!

Tudo isto aconteceu apesar de, no dia de apresentação do Batalhão ao General Spínola em Bolama e na reunião que se lhe seguiu com ele e com todos os oficiais, ele lhe ter dito: «O nosso Alferes pode falar à vontade, dizer o que pensa, porque daquela porta - e apontou - não sairá uma palavra. (O Cmdt do Batalhão, enfiado, transpirava e bufava...). 

O General, antes, interpelara-me a mim. Queria saber o que eu pensava da nossa presença em África, da nossa acção na Guiné, do contributo dos militares naquela sociedade, etc. E eu, cobardemente, (sensatamente?), recitei-lhe a cartilha oficial, a que me ensinaram, sem introduzir originalidades nem virtuosismos, enfim, pensando que era o que ele queria ouvir (e não era), mesmo se o meu pensamento estava nos antípodas do que lhe dizia, devido à minha sólida politização, muito anterior à entrada para o Exército. 

O General ouviu-me em silêncio (e eu a ler-lhe o pensamento: «Mais um idiota!»), e depois interpelou o Alf Capelão. Quando este começou a falar, sem tibiezas e com uma audácia a roçar o desaforo, para as circunstâncias e para a época, eu não sabia onde me havia de enfiar... Foi então que o Gen. Spínola o interrompeu para o pôr à vontade, como citei antes. E ele continuou, pondo em dúvida o colonialismo e a legitimidade de tudo quilo que a maioria entende por legítimo, natural, a ordem das coisas..., mas também questionando o estado social da colónia, em pleno século XX, depois de 500 anos de colonização. 

Era um valente. E não apenas intelectualmente: vi-lhe dar um murro nos queixos a um soldado que apalpou o rabo a uma adolescente estudante de Bolama que seguia à nossa frente no passeio, que ele até voou!. Ficámos amigos e com muito respeito mútuo: ele era padre católico e eu ateu empedernido. Desapareceu depois de uma distribuição clandestina de panfletos à tropa sobre, creio, a má alimentação que era distribuída aos soldados, (ou a toda a tropa?).

Há uns anos comecei na Net a fazer tentativas de o encontrar, mas em vão. Nem do seu nome já estou certo, apenas me recordando que era Mário. Daí que tenha entrado em contacto com o Padre Mário da Lixa, nome que já conheço há muitos anos, mas apenas o nome, na esperança de que fosse ele próprio, (tinha muitas reservas), ou que me soubesse dar pistas. Ele foi muito amável comigo, mas não me pôde ajudar. Foi então que dei conta do desfasamento das nossas passagens pela Guiné. Desisti.

Muito mais teria para dizer, mas acho que já me excedi. Poderás, se o entenderes, fazer uso deste texto, (ou eliminá-lo), desde que não seja referido o meu nome. 

Porquê? Porque fiquei mal impressionado e muito preocupado quando, em tempos li no Blog referências a um "caso" que foi mediático e que se passou na minha Companhia, entre os alferes e o capitão e, desde aí, fiquei sempre a pensar que, pese embora a nobreza e os objectivos do Blog, e de ser um veículo honesto para o reencontro das pessoas e das ideias, também pode permitir intromissões despudoradas e mal informadas (intencionadas?), que foi o que se passou no caso da minha Companhia. 

Senti-me visado. Vi pessoas vangloriar-se de actos que não praticaram e outros fazerem críticas sem conhecimento de causa. Tudo foi mais complexo do que as pessoas pensam. E mais melindroso. As pessoas que opinaram não sabem, por exemplo, que a dada altura esteve eminente um acto da maior violência, que poderia ter "descambado" e provocado muitos mortos. Porque o caso gerou partidários e, no envolvimento, vieram ao de cima as piores qualidades humanas, traduzidas em vinganças, traições e cobardias, mesmo de quem não se esperaria. Imperou o bom-senso, felizmente. 

Sei do que falo porque estive directamente envolvido. (Foram precisos 40 anos para eu falar assim abertamente. E não sei se a despropósito). No Blog, apenas um veio a terreiro, honesto e sem papas na língua pôr os pontos nos iis: um furriel miliciano da minha Companhia, que não citarei. E ninguém falou mais no assunto. Por tudo isto, prefiro "não dar a cara". Não esquecerei o assunto mas não quero polémicas. E não só eu, pelos vistos... De toda a Companhia, que eu saiba, apenas um antigo camarada "dá a cara". Não é por acaso.

Caro Luís Graça. Repito que podes simplesmente apagar este relato sem qualquer melindre da minha parte. A menos que aches que traz alguma novidade em relação aos capelães afastados.

Se o entenderes, podes usar este mail para dizer alguma coisa.

Um abraço deste admirador do teu excelente trabalho (bem coadjuvado é certo),
o ex-combatente,  Z [...]


 2. Caro camarada:

Obrigado pela tua desassombrada e oportuna mensagem... Agradeço-te igualmente a sinceridade das tuas palavras. Devo dizer-te, desde já, que quero publicar o teu poste, sem te identificar pelo nome (conforme teu pedido)... É mais um contributo, importante, para este dossiê, delicado, que tem a ver com a "santa aliança" Estado Novo-Igreja Católica, nomeadamente em África e durante a guerra colonial...

Tens toda a razão em contestar a minha afirmação segundo a qual «em toda a história da guerra colonial, no CTIG, houve dois casos de capelães militares que foram "expulsos"... Em boa verdade, eu não me exprimi de maneira clara, concisa e precisa: queria eu dizer que apenas conhecia "dois casos", de que o blogue, de resto, já se tinha feito eco... No fundo, o que eu queria é que aparecessem mais depoimentos sobre os "nossos capelães", e eventualmente mais casos como os do Mário de Oliveiraário e do Arsénio Puim... Falamos de testemunhos em primeira mão, como o teu...

Falas-me do capelão do BCaç 4513 (Aldeia Formosa, Nhala, Buba, 1973-74),.. Que desapareceu sem deixar rasto, e cujo primeiro nome seria Mário...Vamos tentar descobrir o seu paradeiro, E para isso é importante a divulgação da tua mensagem. Não é habitual publicarmos mensagens sem identificação do autor, mas eu entendo a tua relutância e o teu melindre em dar a cara...Preciso, em todo o caso de saber em que data e em que poste foi abordado ou comentado o caso que referes:

(... ) Porque fiquei mal impressionado e muito preocupado quando, em tempos li no Blog referências a um "caso" que foi mediático e que se passou na minha Companhia, entre os alferes e o capitão e, desde aí, fiquei sempre a pensar que, pese embora a nobreza e os objectivos do Blog, e de ser um veículo honesto para o reencontro das pessoas e das ideias, também pode permitir intromissões despudoradas e mal informadas (intencionadas?), que foi o que se passou no caso da minha Companhia. 

Senti-me visado. Vi pessoas vangloriar-se de actos que não praticaram e outros fazerem críticas sem conhecimento de causa. Tudo foi mais complexo do que as pessoas pensam. E mais melindroso. As pessoas que opinaram, não sabem, por exemplo, que a dada altura esteve eminente um acto da maior violência, que poderia ter "descambado" e provocado muitos mortos. 

Porque o caso gerou partidários e, no envolvimento, vieram ao de cima as piores qualidades humanas, traduzidas em vinganças, traições e cobardias, mesmo de quem não se esperaria. Imperou o bom-senso, felizmente. Sei do que falo porque estive directamente envolvido. (Foram precisos 40 anos para eu falar assim abertamente. E não sei se a despropósito). (...)

Sobre o teu BCAÇ 4513 (e as suas várias companhias), temos apenas 18 referências... e não me lembro do tal "caso" (de insubordinação ?) a que te referes. É natural, o blogue tem 10 anos, 13 mil postes, 652 camaradas registados, fora os "visitantes", e mais de 45 mil comentários... Tens que me ajudar a identificar essa "cena"... de eu não me lembro:

(...) No Blog, apenas um veio a terreiro, honesto e sem papas na língua pôr os pontos nos iis: um furriel miliciano da minha Companhia, que não citarei. E ninguém falou mais no assunto. Por tudo isto, prefiro "não dar a cara". Não esquecerei o assunto mas não quero polémicas. E não só eu, pelos vistos... De toda a Companhia, que eu saiba, apenas um antigo camarada "dá a cara". (...)

Sim, o ex-1º cabo cripto José Carlos Gabriel, 2.ª CCAÇ / BCAÇ 4513 (Nhala, 1973/74)... Há outro camarada, o Fernando Costa , ex-fur mil trms, mas esse pertenceu à CCS/BCAÇ 4513 (Aldeia Formosa, mar73 / set74)...

Sobre os nossos capelães, há dois Mário Oliveira, o da Lixa (1967/68), que esteve em Mansoa, e um outro que andou por Catió (1971/72)... E este último era tenente miliciano...  Mas nenhum deles é do teu tempo.

Se tiveres um telefone fixo, diz.me, que eu ligo-te... De qualquier modo, vou ter um intervenção cirúrgica, a partir de 3ª feira, dai 1 de abril... e devo ficar uma semana no "estaleiro", sem poder editar o blogue... Mas os coeditores continuam de serviço... Se me quiseres contactar (ou responder por esta via), fico-te grato. Gostaria de publicar, até lá, o teu texto.... Tens os meus contactos: . Diz-se se posso (e devo) referir a tua companhia e batalhão omitindo o teu nome e posto... Concordas ?

Um alfabravo (ABraço). Luis

3.  No dia 30 de Março último, o nosso camarada Z... responmdeu-me nestes termos:

(...) Olá, caro amigo Luís Graça.

Fiquei muito contente ao abrir o Mail e ver logo que te deste ao trabalho de me responder.
É uma honra muito grande. Porque já sou teu amigo há algum tempo, mesmo sem o saberes nem me conheceres e porque tenho uma grande admiração (e respeito) pelo gigantesco trabalho que tens feito, mesmo ajudado, para manter em funcionamento este "veículo" que leva a todo o lado e a toda a gente uma mensagem, uma recordação, um abraço e muita divulgação. (***)

Como é possível? Como consegues ter tempo para me dar atenção em particular e ainda disponibilizar os teus contactos pessoais? Por tudo isto, espero que a "tal" intervenção cirúrgica não seja nada de especial... já agora, desejo-te uma rápida recuperação.

Ainda tentei à tarde ligar-te para casa, para te poupar o trabalho de leres estas linhas, mas não resultou. Eu também não me sentia muito à vontade para devassar a tua privacidade.
Sobre as questões colocadas, gostaria de as separar em duas partes: a questão dos alferes de Nhala [, sobre a qual peça reserva e é só para teu conhecimento].

Sobre a questão da publicação do texto sobre os Alferes Capelães, tem menos que saber: podes publicar todos os elementos menos o meu nome, embora para os daquela "guerra" seja facilmente identificável. Os Capelães que me referenciaste são anteriores à minha comissão. Já agora só mais uma curiosidade: tal como o Alf Capelão não chegou a sair de Bolama onde fazíamos o IAO, também o Cmdt. do Batalhão, Ten Cor Andrade e Sousa seria substituído (nunca soube as razões, ou não recordo), pelo Ten Cor. Carlos Ramalheira até ao fim da comissão. Cordelinhos do Spínola...

Não te roubo mais tempo. Muito gostaria de te dizer como, não "dando a cara", perco horas esmiuçando o "nosso" blog no prazer de rever as terras da Guiné e as suas gentes (tão maltratadas ainda hoje), rever caras conhecidas e rever amigos que não me conhecem. Outro deles, é o Mário Beja Santos, de quem já li tudo o que havia para ler, e que continuei a acompanhar no seu regresso à terra e às pessoas que ama, lá onde todos nós deixámos um pouco da pele, mas de onde trouxemos muito mais do que levámos.

Para me contactares, para além deste mail; fica com o meu telefone fixo e telemóvel [...]

Boa recuperação e um abraço.

Sempre ao dispor (...)

____________

Notas do editor:

(*) Vd. página II Série do Blogue > Como entrar para a Tertúlia dos Amigos e Camaradas, ex-combatentes, da Guiné (1963/74)

(...) Os autores são sempre identificados pelo seu nome (excepcionalmente, por pseudónimo, ou iniciais, em caso de razões ponderosas) e são responsáveis pelo que escrevem ou editam. O mesmo acontece [, utilização de pseudónimo ou iniiciais] com militares ou combatentes, de um lado e de outro, ainda vivos, cujo comportamento possa ser objecto de crítica, por razões criminais, éticas, disciplinares ou outras. (...)

(**) Sobre o Mário Oliveira, tenente miliciano capelão que esteve em Catió, ver aqui:

30 de janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1474: O capelão Mário Oliveira, de Catió, que ia a Bedanda (Mário Bravo)

28 de Janeiro de 2007 > Guiné 63/74 - P1469: Bedanda, manga de saudade ou uma dupla sinistra, o padre e o médico (Mário Bravo, CCAÇ 6)

12 comentários:

José Teixeira disse...

Luís.
Creio que se trata do ex-Padre Carlos Borges de Pinho. Regressou tirou o "cabeção" casou. Foi chamado de novo para cumprir o serviço militar como alferes atirador. Entretanto deu-se o 25 de Abril. licenciou-se me Direito e trabalhou muitos anos na Soares da Costa. Creio que vive em Espinho.
Abraço
José Teixeira

Luís Graça disse...

Zé, obrifgdo pela tua dica, mas é preciso confirmar o nome e os factos... E se este homem (e nosso camaradea) foi o capelão original do BCAÇ 4513, era importante ewsclarecer o seu alegado "misterioso desapareecimenmto".... Foi expluso ? Foi demitido ? Demitiu-se ?


m 1972, o Abade de S. João de Ovar, Carlos Borges de Pinho, que deve ser o mesmo a que se referes:

Vê aqui este execrto de um blogue que encontrei na Net:

http://senhordospassosovar.blogspot.pt/2010/02/senhor-dos-passos-1972.html

(...) "Com igual brilhantismo, realçado pela serenidade do tempo, realizou-se no domingo, 12 de Março, a procissão dos Passos de Ovar, promovida pela Irmandade do mesmo nome. Após o sermão do Pretório na Igreja Matriz, organizou-se o majestoso cortejo religioso acompanhando a imagem do Senhor dos Passos grande número de homens escolhidos entre os melhores, envergando opas roxas de seda. Pouco depois deste sair da Igreja, novo cortejo saiu da capela de Santo António, à Praça, acompanhando a imagem de Nossa Senhora das Dores, até ao local do Encontro, onde foi pregado o respectivo sermão, e se reuniram os dois cortejos num só e seguiram até ao Calvário. Aí terminou tão significativo acto com o sermão apropriado. Foi pregador o Rev. Abade de S. João de Ovar, Carlos Borges de Pinho, que, nas três pregações leu e comentou as passagens do Evangelho de S. João referentes aos factos memoriados e na última fez delas a aplicação ao Povo de Deus. À passagem pelas capelas (monumentos de interesse nacional) o Orfeão de Ovar cantou, em polifonia, o versículo em que se recorda Jesus levando a sua cruz." (...)

Luís Graça disse...

Zé, outra coisa: falei ontem ao telefone com o nosso camarada Z... que andou em 1973/74 pelas mesmas terras que tu: Buba, Mampatá, Nhala....E que me fez esta confidência: "admiro imenso o Zé Teixeira e já li todos os quse todos soes seues escritos... É o meu autor favorito. A paixão com que fala das gentes de Mampatá é única"...

Vou-to apresdntar,. se ele mop autorizar... Não perdi a esperança de o trazer para o blogue, com paciêncai, tato, tempo e vagar...

O conflito que estalou na sua companhia, já depois do 25 de abril, deixou muitas fraturas e sequelas... É um fabuboso "case study" (estudo de caso) para o domínio psicossociológico da gestão e resolução de conflitos nos grupos e organizações... Mas o assunto parece ser tabu...




Luís Graça disse...


Também há aqui uma referência a um Dr. Carlos Borges de Pinho, antigo hoquista do CDUP - Centro Desportivo da Universidade do Porto...


http://nososdooqueidocdup.blogspot.pt/2011/03/jantar-de-confraternizacao-2522011.html


sábado, 26 de Março de 2011
JANTAR DE CONFRATERNIZAÇÃO 25/2/2011

Embora com um lamentável atraso, decorrente de motivos técnicos, aqui estamos a dar notícias do nosso anual Jantar de Confraternização.

Decorreu com o habitual espírito de união, camaradagem e boa disposição, querendo registar, com muito agrado, a presença de mais dois convivas, que, nos anos anteriores, e por razões das suas vidas pessoais, ainda nos não tinham dado o prazer da sua presença.

Trata-se do Dr. Carlos Borges de Pinho e do Arquitecto José Manuel Gigante, antigos hoquistas, que foram calorosamente recebidos por todos nós, esperando um dia, termos de encontrar uma sala com o dobro do tamanho. (...)

Luís Graça disse...

Zé:

Tens de conhecer este camarada da 2ª C/BCAÇ 4513... Dou-lhe conhecimenmto desta mensagemn em BCC...

Por outro lado, tens de nos ajudar a fazer a história dos nossos capelães no CTIG... Há uma "cortina de silêncio" que é preciso rasgar!... 40 anos depois, sabemos pouco ou quase nada sobre eles, o seu papel, a sua postura, as suas histórias, o seus sitema de seleção e formação...

Vou publicar o testemunho do Horácio Fernandes (batalhão de Catíó, 1967/69), e que é meu primo... Ele já em tempos me tinha dado autorização para reproduzir umas 30 páginas do seu livro ("Francisco Caboz: a construção e desconstrução de um padre!")... Ele mora aí no Porto, tem 3 filhos, deixou o sacerdócio já depois do 26 de abril...

Tu tens excelentes contactos com a comunidade cristã aí do norte... Vou pedir a ajuda também do João Crisóstomo, do Armando Pires, do Augusto Baptista , do Mário de Oliveira, do o Arsénio Puim, estes três últimos capelães e membros do nosso blogue...

Precisamos de mais histórias, mais testemunhos...

Um abraço fraterno. Ainda não sei de posso ir à Páscoa, aí ao norte, como faço desde há quase 40 anos... "Safety, first", por causa da anca... O Francisco Silva fez um belo trabalho que não posso estregar... Logo to direi. Luis

José Carlos Gabriel disse...

Ao ler esta mensagem não pude deixar de escrever algumas palavras porque é com orgulho que leio algo relacionado com o meu Batalhão e em especial com a minha companhia.
Quanto ao caso do capelão muito sinceramente não me recordo de nada porque a idade não perdoa.
Já em relação ao assunto: "caso" que foi mediático e que se passou na minha Companhia, entre os alferes e o capitão e, desde aí, fiquei sempre a pensar que, pese embora a nobreza e os objetivos do Blogue, e de ser um veículo honesto para o reencontro das pessoas e das ideias, também pode permitir intromissões despudoradas e mal informadas (intencionadas?), que foi o que se passou no caso da minha Companhia.”
Penso saber ao que te estás a referir e se a memória me não atraiçoar a companhia até foi abrigada a formar.
Também li referências ao assunto menos próprias e no meu entender de alguém que não sabia do que estava a falar.
Muito poucos são os ex-camaradas que escrevem no Blogue sobre o BCAC 4513 e suas companhias.
Deixei de intervir mais no Blogue porque a minha vida está dividida entre dois países (embora reformado mas quando avós somos pais duas vezes) e sempre que tenho oportunidade no mínimo venho ler os comentários.
A minha desmotivação ainda foi maior quando depois de ter conseguido alguns contatos de ex-camaradas da 2ª CCAC houve um que me marcou pela negativa.
A resposta foi curta e fria resumindo-se mais ou menos a isto (não tenho muito interesse em recordar esse tempo e não criei grandes amizades).
Mantenho contato com alguns ex-camaradas da 2ª CCAC ainda que por correio eletrónico (embora com alguns estejamos á distância de 20Kms) os quais se resumem a menos dos dedos de uma mão.
Espero vir a ler mais comentários sobre o nosso Batalhão também para me ajudar a recordar algo que com o tempo se começa a dissipar.
Um abraço

José Carlos Gabriel
Ex-1º cabo Op. Cripto 2ª CCAC
Nhala

Luís Graça disse...

Tanto quanto julgo saber, esta é uma companhia "desavinda" e que nunca mais se voltou a encontrar, depois do seu regresso a casa... . E o homem que trouxe a discórdia. o estigma e o conflito, o capitão, já não está vivo há muito...

O Zé Carlos Gabriel é de facto o único elemento que até agora agora "representa" a 2ª C/BCAÇ 4513... Um grande abraço para ele e o meu apreço pelos seus esforços de "juntar mãos"...

Infelizmente a situação não é única, passaram pelo TO da Guiné, salvo erro, mil unidades e subunidades... Nós temos 652 membros ds Tabanca Grande... Mesmo que todos fossem combatentes e estivessem vivos, dava 0,65 elementos por unidade... Ainda estamos longe de chegar aos mil... Isto é uma média estatística enganadora, porque há subunidades com vários elementos, enquanto muitas outras (nomeadamente pelotões de morteiro, pel reec daimler, pel caç nat, etc.) que não tem ninguém...

Mas esta é a realidade... A participação no blogue é inteiramente livre.

Luís Graça disse...

Tanto quanto julgo saber, esta é uma companhia "desavinda" e que nunca mais se voltou a encontrar, depois do seu regresso a casa... . E o homem que trouxe a discórdia. o estigma e o conflito, o capitão, já não está vivo há muito...

O Zé Carlos Gabriel é de facto o único elemento que até agora agora "representa" a 2ª C/BCAÇ 4513... Um grande abraço para ele e o meu apreço pelos seus esforços de "juntar mãos"...

Infelizmente a situação não é única, passaram pelo TO da Guiné, salvo erro, mil unidades e subunidades... Nós temos 652 membros ds Tabanca Grande... Mesmo que todos fossem combatentes e estivessem vivos, dava 0,65 elementos por unidade... Ainda estamos longe de chegar aos mil... Isto é uma média estatística enganadora, porque há subunidades com vários elementos, enquanto muitas outras (nomeadamente pelotões de morteiro, pel reec daimler, pel caç nat, etc.) que não tem ninguém...

Mas esta é a realidade... A participação no blogue é inteiramente livre.

José Carlos Gabriel disse...

Ainda sobre a 2ª C/BCAC 4513.
Se na verdade existe o estigma desta companhia muito se deve á fraca memória de alguns.
Muito aconteceu de bom nessa época e posso afirmar que não fui dos mais beneficiados.
Derivado á especialidade não podia sair do aquartelamento para fazer patrulhas e se alguém da 2ª CCAC ler estas palavras saberá ao que me estou a referir porque foram muitos os beneficiados.
Os estigmas só continuam a existir se forem alimentados e se alguns tiveram desavenças com o capitão eu até fui um deles mas nem por isso o deixei de respeitar enquanto meu comandante.
Cheguei ao ponto de o não autorizar a entrar no Centro Cripto porque estava a decifrar uma mensagem e tinha os arquivos abertos.
Estava a cumprir as normas de segurança impostas nestas situações e só depois de fechar todos os arquivos ele entrou.
Claro que fui ameaçado de levar uma “PORRADA” o que não veio a acontecer e nessa altura estava a pouco mais de 2 meses de vir de férias.
Também me recordo de outro episódio que se passou comigo numa altura em que estávamos com falta de géneros e já não havia vinho para o pessoal á vários dias.
Sem que tenha vindo qualquer reabastecimento um certo dia em que mais uma vez se estava a comer o celebre “RANCHO” apareceu vinho para toda a companhia.
Claro que o mesmo sofreu o milagre da multiplicação e foi batizado para chegar pra todos.
Por norma eu comia junto com o pessoal do posto de rádio que estava situado mesmo ao lado da messe de oficiais de onde emanava pela janela um belo cheirinho a carne.
Falei em voz alta que a comida nem para porcos servia e que o vinho tinha água misturada.
Eu sabia que os oficiais estavam a comer uns belos bifes e que não estariam a beber o vinho do batismo.
Mais uma vez tive problemas com o capitão mas nada de mais se passou e ainda não foi desta que levei a “PORRADA”.
Embora com estes acontecimentos menos agradáveis aconteceu um que na realidade me marcou pela positiva.
Quando fui para a Guiné tinha a minha filha pouco mais de 6 meses.
Qualquer doença que a mesma poderia ter só me era comunicada depois de curada.
Aconteceu ela ter tido um problema de pele e o capitão ao saber disso veio ter comigo e entregou-me um papel com um nome e morada onde a minha mulher se devia dirigir para os lados do Estoril ou Cascais dizendo ir da sua parte.
O nome indicado e pelo seu apelido seria de um seu familiar que era especialista nessa área mas felizmente não foi necessária a deslocação porque o problema nunca mais aconteceu.
Com isto não estou a defender seja quem for mas sim a querer dizer que embora em desacordo com algumas atitudes do capitão a minha avaliação das pessoas é feita pelo seu todo.
Se mais antigos camaradas se dessem ao trabalho de escrever mesmo que poucas palavras sobre os acontecimentos positivos da nossa companhia talvez este estigma já se tivesse dissipado no tempo.
Nem todos estarão de acordo com a minha posição mas não será por isso que deixarei de dar a cara em defesa da companhia que servi sempre que me seja possível.
Um abraço a todos os ex-camaradas.


José Carlos Gabriel
Ex-1º Cabo Op. Cripto
2ª C/BCAC 4513
NHALA

José Marcelino Martins disse...

José Carlos Gabriel

Recordo que o Capitão-Comandante de Companhia, era o Chefe do Centro Cripto, pelo que tinha acesso ao mesmo em qualquer circunstância.

Na realidade ele podia pedir os arquivos do Centro Cripto sempre que quizesse, não acontecendo o mesmo se o comandante da companhia fosse um dos subalternos.

Não sei se de 1968/70 para 1974/74, as regras alteraram, mas estou convicto que não.

No meu tempo, no destacamento em que me encontrava. era "ocupado por duas companhias. Havia dois capitães, dois furriel de transmissões e dois criptos.

Todos, por comum acordo tinham acesso ao CC, sendo o serviço distribuido pelos Croptos e ajudados pelos FurTms (eu era um deles) na codificação e descodificação.

Ab. e 2WW

José Carlos Gabriel disse...

José Marcelino Martins

Não quis dizer na minha intervenção anterior que tomei a atitude mais correta.
Muito pelo contrário senti logo que tinha metido o pé na poça nas duas situações que comentei e das quais não tenho o menor orgulho de as ter proporcionado.
Mas tudo isto aconteceu num período em que corriam noticias nada favoráveis para as nossas tropas.
Felizmente ou não eramos nós os 2 criptos da companhia os primeiros a saber as boas ou más noticias.
Sei que nessa altura me encontrava psicologicamente em baixa e tudo isto não foi nem mais nem menos que o descarregar da ansiedade que sentia.
Como tantos outros ex-camaradas o termos ido para a guerra já com filhos foi muito complicado.
Um Alfa Bravo

José Carlos Gabriel
Ex-1º Cabo Op. Cripto
2ª C/BCAC 4513
NHALA

PS: Durante algum tempo não irei fazer qualquer comentário pois vou-me ausentar do país por alguns meses e o tempo vai ser pouco para dar atenção aos meus dois netos.

José Marcelino Martins disse...

Gabriel

Obrigado pela rápida resposta.
Podia ter havido alguma alteração e eu desconhecer.
Nem tudo sabemos, nem a isso somos obrigados.
E, quando frizei Capitão-Comandante, foi para diferenciar dos subalternos que, num dado momento um deles entrou no CCripto, onde me encontarva (de notar que a divisão eram separada por ponchos pendurados em cordas), entro, dizia um Alferes que queria consultar todas as mensagens recebidas e expedidas, invocando que, nesse momento, era comandante por ser o único oficial no destacamento.
Esse foi colocado no "olha da rua" à frente de uma pistola, porque resistiu.
Ameaçou que me dava uma porrada, mas acabou por ir apanhar "outros ares" e eu, de rendição individual, apanhei 24 meses no mesmo sítio: MATO.

Boa estadia e diverte-te com os netos.