quarta-feira, 23 de julho de 2014

Guiné 63/74 - P13433: Memória dos lugares (272): Espectáculos em Galomaro no tempo do BCAÇ 2912 (1970/72) (António Tavares)

1. Em mensagem do dia 16 de Julho de 2014, o nosso camarada António Tavares (ex-Fur Mil da CCS/BCAÇ 2912, Galomaro, 1970/72), enviou-nos esta memória de Galomaro:

Espectáculos em Galomaro – 1970/72

A maioria dos cerca de 150 jovens que formavam a CCS/BCAÇ 2912 eram muito alegres. As suas comicidades contagiavam o mais sisudo dos camaradas. O contentamento destes jovens, por vezes, fazia esquecer o teatro de operações do CTIGuiné. Seria possível? Em Galomaro (COSSÉ) não faltaram as mais diversas festas cujos actores eram prata da casa.

Tínhamos um palhaço profissional, dono de um circo, que era muito estimado pelos guinéus. Fazia parte do grupo teatral da CCS que actuava em Galomaro e no Cinema de Bafatá, sempre com casa cheia de civis e militares.

Piadas da época nunca era problema quer para ele quer para os outros comediantes. OS MANGAS DO COSSÉ (CCS/BCaç 2912) onde actuassem tinham sucesso.

No futebol de cinco também eram bons. Nos torneios de Bafatá ficavam sempre classificados nos dois primeiros lugares.

O pessoal do COSSÉ, quer OS GALOS, nossos velhinhos, da CCS/BCaç 2851, quer OS MANGAS, eram populares e estimados pelas gentes de Bafatá.
Os GALOS eram famosos no futebol.

Volta e meia recebíamos a visita de um furriel miliciano do Destacamento de Fotografia e Cinema dos Serviços de Transmissões do Exército que acarretava os instrumentos necessários para a exibição de um ou dois filmes no quartel de Galomaro.
O civil Manuel Joaquim com a sua célebre camioneta e apetrechos para projecção cinematográfica também visitava a população de Galomaro e as tropas. Estas vestiam-se à civil para pagar o preço mais barato do bilhete de entrada no recinto de exibição do filme. Os militares pagavam segundo as classes.

Algumas imagens:

Com 59 dias no CTIGuiné ainda havia folia para recordar as marchas dos Santos Populares.

No pelado de Galomaro algumas das “vedetas” em jogo treino

“OS MANGAS DO COSSÉ” em palco.

Na imagem vemos, da esquerda para a direita: Isabel, Tino Costa, Eva Maria e Fernando Correia que, em 31/03/1971, visitaram Galomaro. O CMDT do batalhão agradece a visita.

No palco improvisado vemos o Tino Costa, Eva Maria e Fernando Correia em actuação.

Na parada do quartel a maioria da plateia da CCAÇ 2699 e da CCS do BCAÇ 2912 está a viver e a gostar do espectáculo de quarta-feira 31 de Março de 1971. Espectáculo que ajudava a manter o moral das tropas.

Em 1971 a Páscoa Cristã foi no dia 11 de Abril desde logo este espectáculo esteve incluído nessa festa. No verso das medalhas recebidas fica-nos, nestas fotos, a recordação, que é o mais relevante, de alguns dos camaradas feridos e mortos em combate de Maio de 1970 a Março de 1972.
Espectáculos associados a “UMA GUINÉ MELHOR”, a PSICO do COMCHEFE do Comando Territorial Independente da Guiné, nos anos de 1963 a 1974.

(Escrito de acordo com a antiga ortografia)

António Tavares
Foz do Douro, quarta-feira 16 de Julho de 2014
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Nota do editor

Último poste da série de 22 de Julho de 2014 > Guiné 63/74 - P13431: Memória dos lugares (271): Candamã, 19-9-69... Subsetor de Mansambo, setor L1 (Bambadinca): por lá passaram a CART 2339, a CCAÇ 2404, a CCAÇ 2590 / CCAÇ 12, etc.

2 comentários:

Anónimo disse...

A CCAÇ 2699 sediada em Cancolim,
também dispunha de uma "troupe",
que apresentou v´rias vezes no cinema de Bafatá.

Hilário Peixeiro disse...

Comandei a CCS/BCaç2851 de Janeiro a Maio de 1970 quando o Comando do Bat se encontrava em Galomaro. Participei como "Paulo Bento" no torneio de futebol de 5 de Bafatá com os meus Galos do Cossé onde,na verdade,jogavam militares de grande talento futebolístico, pelo que não me surpreende que tivessem deixado nome nesse aspecto. A minha principal preocupação como treinador era não admitir qq atitude anti-desportiva da parte da minha equipa. Talvez por saber isso um dos meus jogadores que andava a ser massacrado por um adversário do Esq. Rec., do recrutamento da Guiné, queixou-se ao árbitro que aquele indivíduo estava a ser violento com ele no modo como jogava. O jogador africano não gostou de modo como foi referido e disse: "indivíduo não! gajo que eu sou homem como você!"
Um abraço e obrigado por me recordarem os "GALOS DO COSSE´"
Hilário Peixeiro