terça-feira, 26 de abril de 2016

Guiné 63/74 - P16020: Efemérides (222): O nosso camarada Carlos Cordeiro, na qualidade de aluno, investigador e professor da Universidade dos Açores, foi homenageado no passado dia 14 de Abril por esta academia, a que esteve ligado durante 40 anos (José Câmara / Carlos Vinhal)

O nosso camarada Carlos Cordeiro, na qualidade de aluno, investigador e professor da Universidade dos Açores, foi homenageado no passado dia 14 de Abril por esta academia, a que esteve ligado durante 40 anos.
Do evento damos notícia, alertados pelo nosso outro camarada açoriano, José Câmara, que nos enviou a notícia publicada no jornal Correio dos Açores, que aqui transcrevemos com a devida vénia.

O Professor Carlos Cordeiro no dia em que foi homenageado pela Universidade dos Açores onde estudou e leccionou

1 - Com a devida vénia ao Jornal Correio dos Açores, na pessoa do seu Director Américo Natalino Viveiros e à Chefe de Redacção Nélia Câmara, autora da reportagem, reproduzimos as páginas 18 e 19 daquele prestigiado diário açoriano, referentes à Homenagem da Universidade dos Açores ao nosso camarada e amigo Carlos Cordeiro.





Texto inserto na página 18 acima apresentada

Reconhecimento do trabalho enquanto investigador ultrapassa as fronteiras do país

Carlos Cordeiro homenageado pela escola que desenvolveu na Universidade açoriana

Autonomia e regionalismos estiveram sempre presentes na sua investigação e o seu trabalho enquanto historiador fez escola na academia açoriana 

Professor aposentado da Universidade dos Açores, Carlos Cordeiro foi ontem homenageado na academia onde estudou e leccionou durante 27 anos, tendo sido professor de várias gerações tanto do ensino secundário como universitário, de vários cursos, que ontem, e hoje, o recordam com carinho, pela amizade que dispensa a todos. Mas muitos foram também os mestrandos e doutorandos que o Professor Auxiliar com Agregação da Universidade dos Açores, onde concluiu o doutoramento e prestou provas de agregação, acompanhou como orientador no ramo de História. E como foram tantos os estudantes que receberam os seus ensinamentos, o anfiteatro C da Universidade encheu por completo, também com a presença de familiares, colegas, amigos e autoridades militares e civis. Uma homenagem de reconhecimento muito sentida, com Carlos Cordeiro visivelmente emocionado, acompanhado da mulher e filhas.

Mas quem melhor para falar do trabalho do historiador micaelense [um autonomista convicto], do que quem sempre esteve a seu lado a nível académico senão o orador da sessão, seu orientador, Luís Reis Torgal, da Universidade de Coimbra, que ao nosso jornal teceu rasgados elogios ao homem e à obra do homenageado. “Esta é uma homenagem justa, que me muito me orgulha participar, porque é uma homenagem a alguém que esteve sempre ligado a mim, do ponto de vista científico, institucional e pessoal. Desde o início da carreira de Carlos Cordeiro que estou ligado a ele. É uma figura que me marcou como colega, como meu orientando, nem sempre fácil, mas é certo é que ele levou sempre tudo a bom termo e, por isso mesmo, acho que é uma figura significativa da História e da história da universidade”.

Com a grandiosidade do trabalho académico feito por Carlos Cordeiro, Luís Reis Torgal, que é professor catedrático, lamenta que o homenageado não tenha “ultrapassado, devido a condicionalismos da Universidade, a categoria de Professor Auxiliar. Uma pessoa com a ca- Sessão de Homenagem: Carlos Cordeiro, João Luís Gaspar, Susana Serpa Silva e Luís Reis Torgal tegoria do professor Carlos Cordeiro merecia ser catedrático. Eu estive em todas as provas dele desde as provas iniciais para assistente, quando não havia ainda mestrado, e depois nas provas de doutoramento e agregação, e lamento que tenha terminado a carreira sem que a Universidade, não a Universidade dos Açores, mas no geral, porque não sabe agradecer aos professores que estiveram sempre nela, com ela e para ela, como é o caso de Carlos Cordeiro”.

Sobre isso Carlos Cordeiro remeteu-se ao silêncio, embora emocionado pelas palavras daquele que foi o seu mestre proferidas ao nosso jornal e a uma vasta plateia. Quanto à homenagem, declarou que o significado da mesma “é ter aqui os meus colegas, os meus alunos, os meus orientandos, os meus camaradas (antigos combatentes no ultramar), o meu Reitor… Pois quiseram vir demonstrar a sua amizade e reconhecimento pelo meu trabalho”.

Reitor reconhece a obra de Carlos Cordeiro 

João Luís Gaspar, enquanto Reitor da academia açoriana, ao Correio dos Açores não quis personalizar a questão de a Universidade, no geral, não reconhecer, como disse Torgal, o trabalho profícuo dos seus docentes-investigadores, mas opinou: “Sem querer particularizar, posso dizer apenas que as universidades necessitam de rejuvenescer. Temos pessoas extraordinárias que trabalharam connosco e precisamos de sangue novo. Esse é um dado que o Ministério [Ensino Superior], hoje em dia, reconhece e que nós esperamos ver efectivado nos próximos anos, uma vez que o Ministério já disse que vai, com uma política diferente, dar a oportunidade à universidade para que possa fazer escola. E o professor Carlos Cordeiro, como outros, fez escola na casa. É preciso gente nova que os siga, com novos projectos e novas ideias”.

O Reitor da Universidade dos Açores admitiu ser “com todo o gosto” que marcava presença na cerimónia de homenagem a uma figura ligada à História açoriana. “Não tive o privilégio de trabalhar com o professor estes anos, mas a qele reconheço uma actividade científica muito grande, acima de tudo na construção do edifício universidade que somos hoje. Celebramos agora 40 anos de existência e o professor Carlos Cordeiro, como aluno e como professor, está aqui desde o princípio e, portanto, por este facto, o nosso reconhecimento”.

Nélia Câmara

************

Texto inserto na página 19 acima apresentada


A História da Região foi escrutinada sob o ponto de vista histórico por Carlos Cordeiro
O legado do homenageado é uma investigação sólida sobre os Açores

Na cerimónia foi também lançada a obra “História, Pensamento e Cultura – Estudos em homenagem a Carlos Cordeiro”, com coordenação dos historiadores Manuel Sílvio Alves Condes e Susana Serpa Silva. E é esta historiadora da academia açoriana a primeira responsável pelo evento que faz questão de dizer que “esta organização foi uma decisão da área de História do Departamento de História, Filosofia e Ciências Sociais da Universidade dos Açores que decidiu homenagear quem, durante 27 anos, deu muito de si não só ao ensino superior, formando gerações de alunos e orientando numerosos mestrandos e doutorandos – fazendo escola – como também é uma figura marcante no domínio da História dos Açores em temas que são essenciais à nossa História, como a questão da Autonomia e dos Regionalismos. Esta cerimónia é, digamos, de uma área científica a um dos seus elementos e que também foi, durante quatro anos, Director do Departamento”.

Questionada Susana Serpa Silva sobre as características que diferenciam o homenageado, sublinhou que “o professor Carlos Cordeiro tem o valor que não desmerece o dos outros colegas, mas ele sempre foi uma pessoa que soube granjear uma relação de grande amizade e abertura com os seus alunos e com os colegas. Teve, de facto, um papel, muito importante como professor, como investigador e deu muito à história contemporânea dos Açores”.

Já no que toca ao legado, a professora não tem dúvidas de que Carlos Cordeiro “tem toda uma obra publicada que é bastante significativa”, garantindo que os colegas usam os trabalhos publicados pelo homenageado, pois ele é “uma pessoa reconhecida a nível nacional e internacional e é, de facto, uma pessoa marcante na história da própria universidade e esta universidade insular e atlântica foi construída com o esforço de todos os docentes, dos alunos, das equipas reitorais mas também pelo professor Carlos Cordeiro”.

Carlos Cordeiro como historiador tem trabalho reconhecido nos Açores, em Portugal continental, nas comunidades mas também a nível internacional, com incidência na sua investigação sobre autonomia e regionalismo. As suas obras de investigação e artigos publicados na imprensa regional e ensaios nas revistas de especialidade também revelam o seu pensamento. É autor de “Insularidade e continentalidade: os Açores e as contradições da Regeneração 1851-70” (1992), “Na Senda da Identidade Açoriana”, (Antologia de Textos do Correio dos Açores), (1995), “Nacionalismo, Regionalismo e Autoritarismo nos Açores durante a I República”, (1999) (coord.) , “Autoritarismos, Totalitarismos e Respostas Democráticas”, (2011).

Do seu vasto currículo refira-se, a saber: “investigador integrado do Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX da Universidade de Coimbra e Director do Centro de Estudos de Relações Internacionais e Estratégia da Universidade dos Açores”.

Coordenador do Mestrado em Relações Internacionais da Universidade dos Açores, integrou a Comissão Científica do Dicionário da República e o Comité Organizador do Congresso Histórico Internacional “I República e Republicanismo”.

Nélia Câmara


************

Comentário do editor:

Confidenciou-nos o Carlos:
"Foi uma sessão muito bonita mesmo. Tive lá a família, colegas da Universidade (mais trabalhadores do que docentes, segundo me pareceu), colegas da escola primária e industrial, antigos alunos e orientandos, camaradas Antigos Combatentes, amigos de todo o lado mesmo. 
Foi uma prova imensa de amizade e de, sei lá, carinho, camaradagem. 
A sala cheia. O reitor fez uma intervenção muito simpática, oferecendo-me a medalha dos 40 anos da Universidade, porque lá estou, como aluno ou professor há 40 anos, tirando três em que fui professor do ensino secundário. 
Foi isto: amizade!"

Quanto ao livro:
"O livro está muito bom mesmo. São 27 colaborações de colegas, a maior parte do centro de que faço parte da Universidade de Coimbra. 
São 594 páginas."

A tertúlia do Blogue congratula-se por esta homenagem ao Homem e ao Professor Carlos Cordeiro, que temos a honra de contar como camarada e amigo desde há alguns anos.
Para ele vão os nossos parabéns e os votos de que continue a fazer o que mais gosta, investigar e ensinar História.

CV
____________

Nota do editor

Último poste da série de 25 de abril de 2016 Guiné 63/74 - P16017: Efemérides (221): Tempos passados ou como recuar a 24 de Abril de 1970, data de embarque do BCAÇ 2912 com destino à Guiné (António Tavares, ex-Fur Mil)

6 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns ao Prof. Carlos Cordeiro e ao José Câmara pela apresentação deste trabalho, que insere o que foi publicado nos jornais.
Um abraço para ambos.
BS

Anónimo disse...

Caro BS,
Os parabéns assentam como uma luva no Prof. Dr. Carlos Cordeiro. O meu contributo para este trabalho foi muito limitado. Ao Carlos Vinhal, que para mim tem sido muito mais que um amigo, se deve esta bela apresentação.
Agradeço as tuas palavras.
Abraço transatlântico.
José Câmara

Anónimo disse...

Obrigado, camarada Beja Santos. O nosso camarada José Câmara faz-me sempre destas coisas bonitas e tem um belo compincha no nosso Carlos. Nestas ocasiões fico sempre sem saber o que dizer (o mesmo aconteceu na sessão!!!). Somente muitíssimo obrigado.
Um grande abraço.
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Obrigado, camarada Beja Santos. O nosso camarada José Câmara faz-me sempre destas coisas bonitas e tem um belo compincha no nosso Carlos. Nestas ocasiões fico sempre sem saber o que dizer (o mesmo aconteceu na sessão!!!). Somente muitíssimo obrigado.
Um grande abraço.
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Peço desculpa ao camarada Belarmino Garcia por ter confundido as suas iniciais com as do camarada Beja Santos. Fui alertado pelo nosso amigo Carlos Vinhal.
Muito obrigado, camarada Belarmino Garcia.
Um abraço,
Carlos Cordeiro

Anónimo disse...

Belarmino Sardinha, queria dizer. Desculpe, camarada Belarmino.
Abraço,
Carlos Cordeiro