1. Mensagem do nosso camarada Carlos Vieira, ex-Fur Mil do Pel Mort 4580 (Bafatá, 1973/74), com data de 15 de Dezembro de 2017:
Caros camaradas:
Em continuação da minha colaboração, envio apenas por curiosidade algumas ementas da nossa messe de sargentos durante a viagem no paquete Uíge.
Qualquer semelhança entre esta viagem e um cruzeiro no Mediterrâneo é pura coincidência.
Cumprimentos,
Carlos Vieira
Pel Mort 4580
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Nota do editor
Último poste da série de 11 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16587: O cruzeiro das nossas vidas (25): O meu regresso a casa, no N/M Uíge (Manuel Resende (ex-alf mil art, CCAÇ 2585/BCAÇ 2884, Jolmete, Pelundo e Teixeira Pinto, 1969/71)
4 comentários:
Esta ementa comparada com a que comiam os soldados e praças que desembarcaram comigo do Angra do Heroísmo em 4 de Abril de 1974 não é pura coincidência.
Nunca tal nem sabia que existia tal diferença entre uma tasca e Gambrinos.
A diferença de alimentação e alojamento era abismal
Um abraço
Eu fui no «Alenquer», navio misto com apenas 6 aposentos duplos para passageiros.
Apenas com doze comensais, sendo 4 furriéis do exército e 8 marinheiros (duas guarnições LDM, que seguiam no convés) nunca tivemos um "repasto" semelhante.
Tenho correcção a fazer eu e o meu batalhão mais 3 companhias independentes madeirenses fomos no Angra do Heroísmo e regressamos no Niassa em Abril de 1974 . Em relação a este tipo de ementa a minha ignorância mantém-se.
No mato o ementa era a mesma para graduados e praças embora em cozinhas diferente, assim compreende-se que a qualidade das refeições nas messes fosse mais cuidada e com melhor apresentação.
Em Cancolim por exemplo o rancho era igual para todos proveniente da mesma cozinha
Ora bem....
Estas ementas mostram como as condições em que fomos transportados para o TO da Guiné, melhor dizendo para o CTIG, foram realmente muito diversas. Para os que foram em "barcos grandes" (Niassa, Uíge, por exemplo), para os que foram em "barcos pequenos" (Rita Maria, por exemplo), em "barcos de mercadorias" (como o Alenquer de que fala o José Martins ou o Ambrizete, em que eu fui), para os que foram de avião e para os diferentes tratamentos que 'beneficiaram' as diferentes 'classes' do diferentes transportes.
Já aqui relatei, salvo erro aquando da minha apresentação ou no artigo seguinte, de como fui no Ambrizete.
Também 6 cabinas duplas para 12 passageiros. 6 militares, 3 Furriéis TSF, 3 Furriéis TPF, 6 civis, dos quais uma Máe e três filhos e outros dois civis, um de idade mais avançada que já tinha sido emigrante em França mas que ia trabalhar para a Tecnil e o outro uma espécie de 'foragido', um mecânico de automóveis da região 'saloia' que se tinha 'envolvido' com a mulher dum padeiro e que com a 'coisa' descoberta tinha a sua mulher o o padeiro à procura dele para o 'aconchegarem'. Fugiu apenas com a roupa que tinha no corpo e uns tostões no bolso e lá foi à aventura para a Guiné, apoiado no 'velhote' da Tecnil. Tivemos que arranjar um estratagema, combinados com tripulantes, para lhe dar banho e tratar da roupa, que tresandava.
As refeições não eram nada más. Comemos sempre com o Sr. Cmdt do transporte ('barco'?, 'navio'?, não quero que o meu amigo Lema Santos me dê na cabeça). Não me lembro exactamente de que constavam as refeições mas afianço que foram boas.
O bom relacionamento que tivemos com a tripulação levou a que logo ao segundo dia nos tivessem perguntado, manhã cedo, se não queríamos um "mata-bicho". Naquele tempo, para mim, esse termo era utilizado por aqueles que, bem cedo, bebiam aguardente para 'matar os micróbios', como diziam. Mas naquele caso lá nos explicaram que se tratava de uma refeição de "sustância" para o pessoal que ia entrar no turno das 08:00 às máquinas. Fosse pela curiosidade ou por aventureirismo, a verdade é que alinhámos e, isso recordo bem,, pelo inusitado, nesse primeiro dia, foi arroz à valenciana, ainda antes do café da manhã.
Uma outra curiosidade de que tomei nota foi o facto de uma das ementas da viagem referir a data de 5 de Abril de 1973.
Exactamente o 1º aniversário do meu casamento.
Um dia atribulado. Passei boa parte dele no famigerado "Tribunal Plenário" do regime onde estive como testemunha abonatória de um camarada que foi detido em Moçambique e de que tinha sido colega no Instituto Industrial de Lisboa.
Hélder Sousa
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