domingo, 31 de dezembro de 2017

Guiné 61/74 - P18160: (In)citações (113): Os Sexalescentes do Século XXI, por Miriam Goldenberg (Artur Conceição)

Com a devida vénia à sua autora, Miriam Goldenberg, reproduzimos este seu artigo que nos enviou o nosso camarada Artur Conceição, um incentivo para que em 2018 continuemos activos, ocupando o corpo e a mente, por exemplo enviando para o Blogue as memórias de guerra e as fotos que "preguiçosamente" vamos guardando só para nós.


Os Sexalescentes do Século XXI

Por Miriam Goldenberg

"Se estivermos atentos, podemos notar que está surgindo uma nova faixa social, a das pessoas que estão em torno dos sessenta/setenta anos de idade, os sexalescentes é a geração que rejeita a palavra "sexagenário", porque simplesmente não está nos seus planos deixar-se envelhecer.

Trata-se de uma verdadeira novidade demográfica, parecida com a que em meados do século XX, se deu com a consciência da idade da adolescência, que deu identidade a uma massa de jovens oprimidos em corpos desenvolvidos, que até então não sabiam onde meter-se nem como vestir-se.

Este novo grupo humano, que hoje ronda os sessenta/setenta anos, teve uma vida razoavelmente satisfatória.

São homens e mulheres independentes, que trabalham há muitos anos e conseguiram mudar o significado tétrico que tantos autores deram, durante décadas, ao conceito de trabalho.

Procuraram e encontraram, há muito, a actividade de que mais gostavam e com ela ganharam a vida.

Talvez seja por isso que se sentem realizados! Alguns nem sonham em aposentar-se. E os que já se aposentaram gozam plenamente cada dia, sem medo do ócio ou solidão. Desfrutam a situação, porque depois de anos de trabalho, criação dos filhos, preocupações, fracassos e sucessos, sabem olhar para o mar sem pensar em mais nada, ou seguir o voo de um pássaro da janela de um 5.º andar...

Algumas coisas podem dar-se por adquiridas.

Por exemplo: não são pessoas que estejam paradas no tempo: a geração dos "sessenta/setenta", homens e mulheres, maneja o computador como se o tivesse feito toda a vida. Escrevem aos filhos que estão longe e até se esquecem do velho telefone fixo para contactar os amigos - mandam WhatsApp ou e-mails com as suas notícias, ideias e vivências.

De uma maneira geral estão satisfeitos com o seu estado civil, e, quando não estão, procuram mudá-lo. Raramente se desfazem em prantos sentimentais.

Ao contrário dos jovens, os sexalescentes conhecem e pesam todos os riscos. Ninguém se põe a chorar quando perde: apenas reflecte, toma nota e parte para outra...

Os homens não invejam a aparência das jovens estrelas do desporto, ou dos que ostentam um traje Armani, nem as mulheres sonham em ter as formas perfeitas de uma modelo.

Em vez disso, conhecem a importância de um olhar cúmplice, uma frase inteligente ou um sorriso iluminado pela experiência.

Hoje, as pessoas na idade dos sessenta/setenta, estão estreando uma idade que não tem nome. Antes seriam velhos e agora já não o são.

Hoje estão com boa saúde física e mental; recordam a juventude mas sem nostalgias parvas, porque a juventude, ela própria também está cheia de nostalgias e de problemas.

Celebram o sol a cada manhã e sorriem para si próprios. Talvez por alguma razão secreta, que só sabem e saberão os que chegarem aos 60/70 no século XXI"
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Nota do editor

Último poste da série de 29 de dezembro de 2017 > Guiné 61/74 - P18152: (In)citações (112): Sobre a banda "Melech Mechaya": "Não fora a vertente cultural do blogue Luis Graça & Camaradas da Guiné e eu teria perdido cerca de hora e meia de êxtase musical. Por serendipidade"... (Ernestino Caniço, médico, ex-alf mil cav, cmdt Pel Rec Daimler 2208, Mansabá, Mansoa e Bissau, 1970/71)

2 comentários:

Anónimo disse...

Oxala !!!

Oxala possa, tambem, dizer a mesma coisa qd chegar a hora;
Oxala, entao, possa dizer q procurei e encontrei;
Que me sinto realizado e sem nostalgias parvas;
E que valeu a pena o sacrificio do caminho percorrido e;
Sem remorsos das palavras e meios utilizados;
Oxala possa dizer obrigado a todos os q ajudaram na caminhada;
E ainda dizer obrigado a previdencia ...!

Anónimo disse...

Cherno AB,

Abracos amigos