sábado, 25 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18952: Os nossos seres, saberes e lazeres (281): De Aix-en-Provence até Marselha (13) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 6 de Junho de 2018:

Queridos amigos,
Aqui finda o périplo iniciado na formosa Aix-en-Provence e que culminou por uma larga deambulação em Marselha. Como todos os viandantes, escutam-se diferentes opiniões quanto à mais-valia de qualquer cidade, este viandante não auscultou comentários altamente lisonjeiros à imponente cidade portuária e há até mesmo comentários veladamente xenófobos, para não dizer racistas, acerca da sua população ou das gentes que por aqui circulam. No entanto, a cidade é muito mais que uma lembrança do passado, dos seus hotéis luxuosos, da majestade graciosa do Porto Velho. Tem panorâmicas inigualáveis, como estar no ponto mais alto de Notre-Dame-de-la-Garde e ver para um lado um Mediterrâneo aparentemente infindável e virar as costas para as cordilheiras dos Alpes que parecem aqui descansar.
Inesquecíveis férias na Provença. Em junho, o viandante espera aterrar em Toulouse e visitar os territórios dos Cátaros e dos Albigenses e pela primeira vez na sua vida assentar nos Pirenéus sem ser de passagem.

Um abraço do
Mário


De Aix-en-Provence até Marselha (13)

Beja Santos

Regresso, em jeito de despedida, a Notre-Dame-de-la-Garde, a 162 metros de altitude, aqui foi edificada a igreja de peregrinação com o mesmo nome. As imagens falam por si, a cidade avança nas suas cores puras para o Atlântico, por detrás deste altíssimo ponto de peregrinação estão ao Alpes, guardam na sua cumeeira o último gelo do inverno. Aqui o viandante medita sobre o que já viu na imponente Marselha, surpreendeu-o as destruições ao tempo da II Guerra Mundial, os alemães derrubaram as construções do bairro em torno do Porto Velho, como medida de precaução; da cidade levaram judeus e oposicionistas, à partida, em agosto de 1944, houve mais destruições no porto. Mas aqui em cima respira-se a paz, a imensidão do casario aviva-se com o céu tão azul, que beleza e que tranquilidade!




A Basílica atual data do II Império, naquele momento do século XIX a França expande-se, o seu império colonial tornou-a próspera, e daí os meios para esta edificação em estilo romano bizantino. A igreja alta está ornada de mosaicos e de numerosos ex-voto, testemunhos eloquentes da fé popular. No ponto mais elevado, o campanário, está a estátua monumental da Virgem dourada, folheada a ouro nas oficinas Christofle.



Regresso à cidade, nova itinerância, pretendia-se visitar um museu de arte contemporânea que está em obras, contempla-se agora a Ópera, Marselha tem os seus pergaminhos na música operática. A primeira Ópera foi construída no início do século XVII, aqui, Lully criou uma academia de música, é um edifício gracioso, pena é que esteja tão entaipado, não permite ao viandante que expanda o olhar fora do cerco do casario. É uma construção do século XVIII, foi parcialmente destruída por um incêndio em 1919, da origem só conserva as paredes-mestras e a fachada principal e a sua colunata jónica. Foi reconstruída em Arte-Deco, o que trouxe originalidade a toda a composição.


A França digeriu sempre mal a sua derrota em 1940, os seus colaboracionistas, o seu antissemitismo, demorou décadas a enfrentar a realidade. E é nestas deambulações que encontramos lápides dessa realidade, tão dolorosa, a partida de judeus e oposicionistas para uma viagem sem regresso.


É nisto que o viandante se depara com uma exposição em que pontifica o vermelho, na casa do artesanato, onde primam diferentes valências, ora vejam a indumentária feminina, um instrumento musical e a elaboração de livros, é gratificante percorrer esta amostra tão graciosa, tudo tão bem exposto, sobre a égide do vermelho.





Está na hora de partir, dizer adeus a esta cidade com 26 séculos de história, encruzilhada de civilizações entre a Europa, África e Ásia, veio o viandante com tanto entusiasmo à procura do velho porto, das suas fortalezas, com destaque para o Forte de S. João, os seus bairros antigos, os seus museus, o panorama de Notre-Dame-de-la-Garde. Sucesso completo, não foi total por falta de acesso ao Parque Nacional Des Calanques, mais uma razão para voltar, e então nessa oportunidade partir de Marselha para a ilha rochosa de If, mundialmente conhecida pelo romance “O Conde de Monte-Cristo”, de Alexandre Dumas. O maciço des Calanques proporciona um espetáculo natural único, com as suas escarpadas agulhas rochosas de pedra calcária branca a precipitarem-se sobre o mar verde-azulado.
O viandante despede-se mostrando a rua onde viveu, daqui se vai para a artéria principal La Canebière, a espinha dorsal da velha Marselha, e na gare toma-se comboio até ao aeroporto.
Foram umas férias felizes, o viandante promete voltar.

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Nota do editor

Último poste da série de 18 DE AGOSTO DE 2018 > Guiné 61/74 - P18933: Os nossos seres, saberes e lazeres (280): De Aix-en-Provence até Marselha (12) (Mário Beja Santos)

2 comentários:

Anónimo disse...

Sem querer ferir ninguém, ao abrir esta página - a primeira - tem meia dúzia de postes e de alguns parabéns de aniversários.
Nesta página encontramos do nosso camarada Mário Beja Santos, 4 (quatro) Postes quase seguidos, de uma quantidade de milhares que já tem...
A minha pergunta sincera, a quem puder responder, é:
- A quem interessa as inúmeras, crónicas, sem quaisquer comentários?
- A quem interessa a publicitação de tantos livros que ninguém comenta? Será publicidade?
- A quem interessa milhares de fotografias de lugares e coisas que não interessam a ninguém, por falta de comentários?

- E tantas e tantas reportagens por tudo e por nada, e as centenas de fotografias de viagens e acontecimentos que não nos dizem respeito?
- Eu tenho milhares de fotos, da minha vida pós guerra, poderia encher aqui o Blogue para mais uns anos, mas francamente!

.. mal por mal, as minhas fotos das minhas férias na Guiné ainda valem mais do que tudo isto, e não disse tudo...

Pelo menos são fotos da Guiné, do qual este Blogue diz respeito, e não as imagens de França e por esse mundo fora, deste mundo actual que já todos sabem e podem ver na TV ou nos sites da Internet.

Já me conhecem, eu não gosto de estar a engolir em seco, mas todos os dias a abrir o Site e aparecem sempre as inenarráveis crónicas do Sr. Beja Santos e outros .....
Já chega, e tenho de manifestar democraticamente a minha opinião. Já sei que posso deixar de abrir o Blogue e não apanho com esta lavagem ao cérebro.

Isso não implica que não possa manifestar a minha chatice.

Talvez por isso não aparecem outros nomes de bloguistas a comentar coisas, são sempre os mesmos, uma dúzia e não passa disso.

Um dia eu teria de explodir, foi hoje mesmo, deve ter sido pela derrota de ontem...

Uma boa continuação,

Virgilio Teixeira
Ex-Alferes Miliciano do SAM, Guiné 67/69






Valdemar Silva disse...

Virgílio
Calma aí.
Quanto a Beja Santos não sei se tens acompanhado o que ele tem escrito neste nosso
blogue, senão, podes começar por exemplo pelo P17301, 01-05-2017.
Quanto a explosões, já chegaram as da guerra na Guiné.
Quanto a derrotas de ontem… paciência, por acaso foi com o Vitória de Guimarães, cidade onde nasceu o meu falecido pai.

Ab.
Valdemar Queiroz