domingo, 25 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19230: Blogpoesia (596): "Nossa terra, nosso País", "Negra e só nas terras d'África..." e "Sé de Lisboa", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

1. Do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Cachil, Catió e Bissau, 1964/66) estes belíssimos poemas, da sua autoria, enviados entre outros, durante a semana, ao nosso blogue, que publicamos com prazer:


Nossa terra, nosso País

Nossa terra tem castelos seculares e pontes romanas.
Tem palácios e catedrais.
Os Jerónimos e a Belém.
Mesquitas e horizontes siderais.
Tem limites e fronteiras.
Custaram sangue a traçar.
Um mar imenso. Tanta riqueza.
Terra fértil, pradarias.
Muito sol.
Um passado glorioso.
E um destino para viver.
Gente humilde muito nobre.
Uma língua muito rica.
Deu Camões e deu Pessoa.
Ensinou as Áfricas, pelas Ásias e o Brasil.
Muitos milhões.
Tem génios, na ciência e no saber.
Campeões. Maratonistas.
Bailarinos.
E tanto mais.
Para que serve tanta riqueza se o Povo é pobre e infeliz?

Ouvindo Lord of The Rings (Calm Ambient Mix by Syneptic)
Berlim, 22 de Novembro de 2018
9h21m
JLMG

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Negra e só nas terras d’África...

Tinha tranças pretas
Aquela moça morena
De olhos tristes.
Viu-o partir
Banhada em lágrimas.
Bendita a guerra que o fez chegar.
Durante dois anos,
Que feliz foi...
Um príncipe encantado,
Que se enamorou dela
E a fez sonhar.
Tantas noites belas,
Na tabanca em festa,
Mesmo de colmo,
Uma fogueira a arder,
Com batuque
Em chama.
À luz do luar.
No seu ventre de amor,
Nasceu-lhe um tesouro.
Seria moreno,
De olhos azuis.
Um rosto de cor,
Entre o branco e o negro.
Um botão a abrir,
Em primavera em flor.
Foi o fim da guerra
Que o fez partir.
Jurando promessas
De um dia voltar...
Cruel força do destino,
Tão fatal em os prender...
Como de cego em os separar!
Que será feito dela
E do fruto do seu amor?
Não há nada no mundo
Nem de dia,
Nem de noite,
Que os faça esquecer.
Ele, longe, no fim do mundo
E ela, negra,
Nas terras d’África...

Berlim, 22 3 de Novembro de 2013
15h2m 
Joaquim Luís Mendes Gomes

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Sé de Lisboa

Cátedra maior da igreja em Lisboa.
Templo sagrado, erguido em pedra, estilo romano, com rosácea colorida e luminosa.
Três naves em arco, com abóbodas de pedra bem cerzida, com uma leveza de encantar.
Altares sumptuosos, tecidos a oiro,
Onde se venera o sagrado, com humildade reconhecida.
Um órgão orquestral de mil tubos onde cabem todas as notas.
Alto coro majestático, donde ecoam vibrantes as vozes coloridas dos corais.
A pia sacra baptismal de granito, onde se abrem as portas eternas aos inocentes baptizandos.
Igreja-mãe das gentes de Lisboa, implantada na encosta luminosa frente ao Tejo.

ouvindo a guitarra de Carlos Paredes
(A neve anda mesmo a aparecer)
Berlim, 24 de Novembro de 2018
7h23m
JLMG
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Nota do editor

Último poste da série de 18 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19205: Blogpoesia (595): "Fardas e batinas...", "Romagem a Lisboa" e "Olho daqui Lisboa...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

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