quarta-feira, 6 de fevereiro de 2019

Guiné 61/74 - P19473: Efemérides (297): Tragédia do Che-Che, dia 6 de Fevereiro de 1969 - 47 miúdos pereceram nas águas do Rio Corubal (José Martins)


Guiné - Zona Leste - Sobreviventes da tragédia de Cheche, no Rio Corubal, na retirada de Madina do Boé

Foto (e legenda): © Paulo Raposo (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em mensagem do dia 6 de Janeiro de 2019, o nosso camarada José Marcelino Martins (ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 5, "Gatos Pretos", Canjadude, 1968/70), lembra o dia 6 de Fevereiro do já longínquo mas inesquecível ano de 1969, como ele próprio diz, uma data indelével para os combatentes da Guiné e familiares dos militares que sucumbiram na catástrofe durante a travessia do rio Corubal.


No cinquentenário da Passagem do Corubal

Todos temos uma, ou mais, datas que são indeléveis. Para mim, e para muitos que estavam nas imediações do destacamento do Che-Che, junto ao rio que divide a zona sul de Nova Lamego e o Boé, é o dia 6 de Fevereiro do ano de 1969.

Foi nessa fatídica tarde que, quando se cumpria a parte mais difícil da retirada das tropas que ocupavam Madina do Boé e o destacamento do Ché-Che, se deu um dos maiores desastres militares da guerra que ocupou mais de um décimo da população portuguesa.

Passados 50 anos, ainda não há consenso sobre o que aconteceu, nem será agora que iremos tecer teorias para encontrar a causa: essa é a que consta, se constar, dos relatórios da "Operação Mabecos Bravios”.

Foram 47 “miúdos” que sucumbiram nas águas do Corubal, que, vindo da Guiné Conacri, atravessa toda a zona do Boé, para casar com o Geba, que vem do norte, das terras do Senegal, e entrarem, de braço dado, no Atlântico depois de banharem Bissau.

O mais velho tinha 28 anos e os 3 seguintes tinham, 27, 26 e 25 anos, sendo naturais da então província e já com alguns anos de guerra. Com 24 anos pereceram 4 militares, com 23 anos foram 25, e os mais novos, com 22 anos, 14 militares.

Passados estes anos, meio século, já “perderam” a patente; “perderam” o número de identificação, “perderam” o direito a pertencer a uma Unidade Militar. Agora são HERÓIS NACIONAIS e pertencem ao BATALHÃO CELESTIAL DO EXÉRCITO PORTUGUÊS, que conta, cada vez mais, com novos membros que, terminada a sua comissão de serviço regressaram às suas terras, e foram por sua vez partindo.

Os seus nomes permanecerão escritos, em letras de ouro, na Galeria dos Heróis. 
São de militares de origem europeia ou guineense e soldados milícias africanos:

Adul Embalo 
Adulai Silva 
Alberto da Silva Mendes 
Alfa Jau 
Alfredo António Rocha Guedes 
Américo Alberto Dias Saraiva 
Aníbal Jorge da Costa 
António de Jesus Silva
António Domingos Nascimento 
António dos Santos Lobo 
António dos Santos Marques 
António Marques Faria 
António Martins de Oliveira
Augusto Caril Correia 
Augusto Maria Gamito 
Avelino Madail de Almeida 
Carlos Augusto da Rocha 
Celestino Gonçalves Sousa 
David Pacheco de Sousa 
Francisco da Cruz 
Francisco de Jesus Gonçalves Ferreira 
Gregório dos Santos Corvelo Rebelo 
Indique Embuque 
Joaquim Nunes Alcobia 
Joaquim Rita Coutinho 
Joel Santos Silva 
José Antunes Claudino 
José da Silva Coelho 
José da Silva Góis 
José da Silva Marques 
José de Almeida Mateus 
José Fernando Alves Gomes 
José Ferreira Martins 
José Loureiro 
José Maria Leal de Barros 
José Pereira Simão 
José Simões Correia de Araújo 
Laurentino Anjos Pessoa
Luís Francisco da Conceição Jóia 
Manuel António Cunha Fernandes 
Manuel Conceição Silva Ferreira
Manuel da Silva Pereira 
Octávio Augusto Barreira 
Ricardo Pereira da Silva 
Tijane Jaló 
Valentim Pinto Faria 
Victor Manuel Oliveira Neto.

Foram estes os nomes que foram escritos no impresso de mensagem e apresentados ao Comandante da Unidade, que assim autorizava o seu envio para o batalhão e deste, para o Comando-Chefe.

Pouco tempo depois, foram enviados pelo radiotelefonista que, após cada nome parava. Não apenas para respirar, mas sobretudo para limpar mais uma lágrima que não conseguia reprimir.

6 de Janeiro de 2019
José Marcelino Martins
____________

Nota do editor

Último poste da série de 17 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19203: Efemérides (296): No 1º centenário da Grande Guerra: fomos revisitar o Diário de Lisboa, de 5 de abril de 1924: a mediatização do herói. o Soldado Milhões

20 comentários:

Anónimo disse...

Caro Camarada José Martins.

Bom dia.

Obrigado pelo teu testemunho e por mais uma HOMENAGEM aos camaradas milicianos que pereceram naquela data no Rio Corubal, na tragédia da "Jangada de Ché-Che".

Na lista, com a indicação dos nomes por ordem alfabética, não consta o do ANTÓNIO JESUS SILVA, da CCAÇ 2405. Não sei se os editores podem fazer o favor de o incluir.

Com um forte abraço.

Jorge Araújo.

Carlos Pinheiro disse...

E o Comandante da Operação no dia 10 de Junho foi homenageado no terreiro do Paço...

Carlos Vinhal disse...

Caro Jorge Araújo
Já tínhamos dado pela omissão que referes, só que o Luís publicou o poste antes de eu proceder à devida correcção.
Muito obrigado.
Abraço
Carlos Vinhal
Coeditor

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... citando: «Comandante da Operação no dia 10 de Junho foi homenageado no terreiro do Paço».
1.- qual o nome do comandante?
2.- qual o nome da operação?
3.- qual o ano do citado "10 de Junho"?
4.- qual a "homenagem" referida?

José Marcelino Martins disse...

Os seus nomes permanecerão escritos, em letras de ouro, na Galeria dos Heróis. São de militares de origem europeia ou guineense e soldados milícias africanos:
Adul Embalo ■ Adulai Silva ■ Alberto da Silva Mendes ■ Alfa Jau ■ Alfredo António Rocha Guedes ■ Américo Alberto Dias Saraiva ■ Aníbal Jorge da Costa ■ António de Jesus Silva ■ António Domingos Nascimento ■ António dos Santos Lobo ■ António dos Santos Marques ■ António Marques Faria ■ António Martins de Oliveira ■ Augusto Caril Correia ■ Augusto Maria Gamito ■ Avelino Madail de Almeida ■ Carlos Augusto da Rocha ■ Celestino Gonçalves Sousa ■ David Pacheco de Sousa ■ Francisco da Cruz ■ Francisco de Jesus Gonçalves Ferreira ■ Gregório dos Santos Corvelo Rebelo ■ Indique Embuque ■ Joaquim Nunes Alcobia ■ Joaquim Rita Coutinho ■ Joel Santos Silva ■ José Antunes Claudino ■ José da Silva Coelho ■ José da Silva Góis ■ José da Silva Marques ■ José de Almeida Mateus ■ José Fernando Alves Gomes ■ José Ferreira Martins ■ José Loureiro ■ José Maria Leal de Barros ■ José Pereira Simão ■ José Simões Correia de Araújo ■ Laurentino Anjos Pessoa ■ Luís Francisco da Conceição Jóia ■ Manuel António Cunha Fernandes ■ Manuel Conceição Silva Ferreira ■ Manuel da Silva Pereira ■ Octávio Augusto Barreira ■ Ricardo Pereira da Silva ■ Tijane Jaló ■ Valentim Pinto Faria ■ Victor Manuel Oliveira Neto.
Foram estes os nomes que foram escritos no impresso de mensagem e apresentados ao comandante de Canjadude, que assim autorizava o seu envio para o batalhão e deste, para o comando chefe.

Anónimo disse...

As perguntas do João Abreu Santos, são pertinentes, e o Carlos Pinheiro disse que foi homenageado o comandante da operação!

Deve haver qualquer coisa que não bate certo, levar uma medalha por ser o responsável da morte de 47 pessoas?

É claro que nunca saberemos quem foi o responsável, isto é oficialmente, escrito na história da nossa guerra pelos historiadores, com provas dadas.

É claro que foi um erro tremendo, humano, porque todos somos humanos, e agora que passou meio século, qual o interesse em saber e acusar o responsável por tudo isto, (ou responsáveis!).
Julgo que o melhor é não falar mais no assunto, por muito que custe a muita gente, ninguém vai dar vida àqueles militares, que estavam no sitio errado, à hora errada.
É como num acidente de viação, do qual não temos nenhuma culpa, excepto estarmos lá.

Virgilio Teixeira

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... agradeço, ao veterano Virgílio Óscar Machado Teixeira, não apenas o seu assisado comentário como, principalmente, a digna evocação aqui trazida através do 'post' 19474; do mesmo modo, ao veterano José da Silva Marcelino Martins, (com a ressalva do m/desagrado pela qualificação de "miúdos", apesar de entre aspas... , porquanto miúdos - catraios, rapazolas -, são os da geração X que, trintões, ainda permanecem no aconchego da casa dos pais e, da vida - dura! -, têm levíssimas percepções através do que lhes chega, truncado, manipulado, pelos 'media' e/ou pela internet).
Quanto ao veterano Carlos Manuel Rodrigues Pinheiro - que em 1968-70 serviu em Bissau como 1Cb OpMsg na DelgSTM/QG e nunca andou por trilhos armadilhados nem cheirou cordite nem pó de picadas -, supunha eu que neste blogue se mantinham interditas "bocas" nem blasfémias, sequer insinuantes tentativas de difamação, para mais em matéria como a triste efeméride ora aqui revisitada.
Assim, exorto Carlos Pinheiro a responder ao que lhe perguntei; ou se retracte.

Valdemar Silva disse...

Virgílio
Não se fala mais no assunto?
Devemos lembrar sempre este assunto e com uma 'fome' de não haver
culpados do sucedido.
Quem autorizou que fosse feita a passagem de todos aqueles tropas e,
inclusive, viaturas na mesma jangada? Com certeza que não foi o soldado
básico, ou se calhar até seria a desculpa. Aprendemos na tropa que tem
de haver sempre alguém responsável de qualquer incidente e esse alguém
é o da patente mais alta que dá a ordem/responsável de execução.
Até num simples acidente auto, entre uma viatura da tropa e um carro civil,
o tropa mesmo sem culpa nenhuma leva uma porrada por não ter 'evitado' o
acidente.
Penso que 'o Comandante foi homenageado no 10 de Junho' é metafórico por não
ter havido um responsável.
Ab.
Valdemar Queiroz

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... citando:
- «'o Comandante foi homenageado no 10 de Junho' é metafórico por não ter havido um responsável.»
?!
Como disse?
Saberá, Valdemar Queiroz, o nome do aludido oficial que, supostamente, teria sido "homenageado" em Lisboa perante tropas em parada num '10 de Junho', e qual o eventual nexo de causalidade - se algum -, entre a tragédia fluvial ocorrida no dia 06Jun1969 e um agraciamento (qual?) por desempenho em teatro-de-operações?
Se desconhece em concreto, além de em bom rigor nada contribuir para o assunto em presença, esse juízo de intenções configura pública injúria agravada.



Valdemar Silva disse...

Caro Abreu dos Santos.
Julgo que o Carlos Pinheiro se referiu em sentido figurado. Ele o saberá.
Eu apenas aludi o sentido metafórico, o mesmo que figurado, por julgar ser essa
a ideia dele.
Mas, de facto deveria ter havido um responsável pelo sucedido e não me recordo, ainda hoje, ter sido encontrado.

Valdemar Queiroz

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... de modo algum me poderia ater à "atribuição de culpas", sim e exclusivamente a imediatas responsabilidades directas e relacionadas com a tragédia fluvial ocorrida no Corubal: a quem interessar possa, faça favor de ler (ou reler), os 'post' DXXVI/12Fev2006, 5778/07Fev2010 e 5861/21Fev2010.

Quanto ao mais:

1.- Oficiais presentes na jangada que adernou:
- José Alberto Ponces de Carvalho Aparício, capitão de infantaria, comandante da CCac1790;
- José Miguel Novais Jerónimo, capitão miliciano de infantaria, comandante da CCac2405;
- Manuel da Silva Oliveira, alferes miliciano de infantaria, comandante de pelotão da CCac1790;
- Jorge Lopes Maia Rijo, alferes miliciano de infantaria, comandante do 1º pelotão da CCac2405;
- Rui Manuel da Silva Felício, alferes miliciano de infantaria, comandante do 3º pelotão da CCac2405.

2.- Testemunhos (na margem norte do Corubal):
- Paulo Enes Laje Raposo, alferes miliciano de infantaria, comandante do 4º pelotão da CCac2405.

3.- Responsável directo pela sequência logística daquela travessia fluvial: "Alf Mil Diniz"; (? seria o alferes milº engª n/m 07149565 Carlos Manuel Ribeiro Fernandes Dinis, desde 11Mai68 colocado no BEng447 ?).

4.- A Op Mabecos Bravios teve 'de facto', como 2º comandante - 'acting' -, um oficial com a patente de major (cuja concreta identificação até este momento desconheço).

5.- O comandante 'de jure' da retirada das NT de Madina do Boé, foi Hélio Augusto Esteves Felgas, então coronel desde 18Nov1968 comandante do CmdAgr2957 aquartelado em Bafatá; (o qual em Out69 regressou à Metrópole agraciado com a Medalha Comemorativa das Campanhas das Forças Armadas, legenda "Guiné 68-69"; em 14Jan70 foi agraciado com a Medalha de Ouro de Serviços Distintos, com palma; e em 03Jun70 agraciado com o oficialato da Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor Lealdade e Mérito, com palma, condecoração que sete dias depois lhe foi imposta no Terreiro do Paço, pelo PR almirante Américo Thomaz).
Nenhum dos três citados agraciamentos, continha - nem poderia conter! -, qualquer conexão com a Op Mabecos Bravios.

Sobre o tema em apreço, fica, pois, 'QED', que "comentários" (?!) marginais revelam, se não má-fé, um qb de ignorância atrevida e apenas visam manchar a honorabilidade de pessoa falecida, sem que por qualquer forma hajam contribuído para quaisquer clarificações relativas a uma funesta 'casualty of war' nem dignificação das memórias de quem pereceu em campanha. E o que está em "apreciação de causa", é, singelamente, apenas isso mesmo: respeito perene por quaisquer nossos inditosos camaradas-d'armas.

Disse.

António J. P. Costa disse...

Bom dia Camaradas

Este assunto foi comentado em 3 posts, o que pode dar uma certa dispersão de opiniões.
Por mim, sou avesso ao "nacional-porreirismo" que, em última análise conduz a certo conformismo com o sucedido...
Concordo, em absoluto, com as considerações do João Carlos Abreu dos Santos. Isto é uma "casa de gente séria" e, por isso temos de fazer uma certa guerra às afirmações não fundamentadas ou que não traduzam a opinião, bem assumida por quem fala.
Neste caso, poderemos estar perante certezas, convicções ou expressão de raciocínios lógicos e demonstráveis.
"Bolas para fora e penalties marcados com a cabeça" deverão ser evitados.

Um Ab.
António J. P. Costa

Anónimo disse...

Com os pertinentes comentários em 3 postes sobre esta 'efeméride', aliás, muito triste efeméride, ficamos todos a saber mais alguma coisa sobre a catástrofe/tragédia, numa operação de abandono de 2 aquartelamentos.
Nunca deveria ter acontecido, aliás, a própria guerra poderia ter sido evitada, como a mortífera 2ª guerra mundial.

Mas louvo as considerações em especial do João Carlos Abreu dos Santos, porque as acho mais sensatas, não tirando méritos a outros comentadores.
Não gosto da acusação fácil, atirar a pedra e esconder a mão, temos de dar a cara, sem medo nem vergonhas.

Ab.

Virgilio Teixeira

Valdemar Silva disse...

p.s. Afinal, o então Coronel Hélio Felgas foi o comandante 'de jure' da retirada das NT de Madina do Boé e foi condecorado no 10 de Junho no Terreiro do Paço, mas não foi o Comandante da Operação.(entendido? Carlos Pinheiro)

Valdemar Queiroz

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... supunha eu (mas, enfim, "a pensar morreu um burro"...), que havia colocado ponto final à minha intervenção, cívica, na matéria em apreço.
No entanto, porque a minha pessoa foi citada, cumpre-me agradecer a amabilidade das palavras que os veteranos António José Pereira da Costa e Virgílio Teixeira, me dirigiram.
Porém, este meu 'comentário' - que gostaria fosse derradeiramente explicativo -, é motivado pela insistência de Valdemar Queiroz em estabelecer, subliminarmente, um falso nexo causal entre a Op Mabecos Raivosos e a atribuição da Torre e Espada ao oficial superior Hélio Felgas.
Antes do mais, segue-se a minha declaração de desinteresses: não cumpri serviço militar na Guiné; não conheci nem servi sob as ordens do citado oficial; não tenho qq interesse pessoal na matéria; sequer procuração, seja de quem fôr, para me pronunciar sobre o assunto em apreço; e jamais aceitei ou aceitarei acolher recados, directos e/ou indirectos, vindos seja lá de onde...
1.- Ao comando militar do sector de Bafatá, havia sido pelo CCFAG acometida a responsabilidade de organizar a retirada das NT de todo o território para lá da margem sul do Corubal;
2.- Em consequência, e após o próprio comandante coronel Hélio Felgas se ter deslocado ao aquartelamento da CCac1790, onde permaneceu a ponto de "assistir" à habitual morteirada das horas de almoço das NT, e estar presente na última celebração de Missa em Madina do Boé, regressou a Bafatá, tendo entretanto feito parte do percurso, entre Madina do Boé e a margem sul do Corubal, a pé!;
3.- Aquele cmdt do CmdAgr2957, no interim, delegou a supervisão da execução - note-se, execução - da citada Op, em um militar com a patente de major (cujo até este momento ainda não logrei obter identidade e, por isso, se pertenceria ou não ao mencionado CmdAgr);
4.- Face ao exposto, considero estulta a repetida tentativa de correlacionar: a) consequências da Op Mabecos Raivosos (seja, desguarnecer todo! o território além-Corubal que ficou quase terra-de-ninguém à disposição do IN, cuja decisão coube exclusivamente ao CCFAG), com o cmdt do sector de Bafatá; b) consequências funestas, resultantes de comprovada inépcia executiva - se não mesmo prepotência - por parte de um oficial superior, major [nome, pf], das quais sobrelevam mortes por afogamento de mais de quatro dezenas de militares e, ainda hoje, subsistem traumas vários entre familiares, camaradas-d'armas directos e/ou indirectos, para além de tal acontecimento se manter "ao serviço" de certos-e-determinados sectores que dele se servem como arma-de-arremesso e propósitos difusos, de todo em todo atribuíveis a actos eventualmente irrefectlidos por parte do então cmdt do sector de Bafatá.

O então CCFAG, é falecido por idade avançada; o então cmdt do sector, também.
Os mortos, não se defendem. Compete-nos, a nós, sobrevivos, manter a dignidade histórica de quantos não se negaram a servir quando a Pátria chamou.

Melhores cumprimentos.

Anónimo disse...

Meus caros comentadores destes Postes sobre a tragédia do CHECHE:
Realmente e vendo bem, essa frase de '47 miúdos pereceram nas águas do Corubal...'! não acho boa.
Na minha opinião, e vou ser sincero, eu não me achava um 'miúdo' com 22 anos,23,24 ou mais anos. Estes dignos militares eram homens, já adultos, nem rapazes ou rapazolas. Os miúdos são da escola primária ou no extremo na secundária, são pessoas que não pegaram numa arma sequer.
Já não me agradam os 'comentaristas!' desportivos, quando se referem a um craque de futebol ou outra modalidade, de chamar 'uns miúdos' a homens já com 20 e mais anos. E às vezes são outros trintões a chamarem miúdos aos 'vintões' mas é para o que está, a comunicação social vai vivendo destes eventos.
Refletindo bem, e andei pelos dicionários a ver as palavras 'invocadas' aqui, e há uma certa semelhança entre 'comemorar' e 'evocar' quase se confundem, mas não sou nenhum especialista da lingua de Camões. Umas palavras – comemorar - podem trazer à lembrança mais coisas boas, e outras –evocar- coisas 'menos boas', acho eu! Em comum têm ‘trazer à lembrança’ é isso que nos move, lembrar sempre aquela tragédia.
Eu quando fiz o Poste, escrevi 'A minha Homenagem) foi aquilo que me veio à cabeça, mas vendo o dicionário, até não está muito perfeito o termo, mas percebe-se qual a ideia que nos vai na alma, e o Blogue, não é uma disciplina de 'Bom Português' desde logo porque eu escrevo à antiga e outros, já vão escrevendo com o 'Desacordo ortográfico, dito brasileiro!'.
Não é por isto que todos nós nos lembramos daquela tragédia, é por aquilo que não esquecemos, ficou no 'disco rígido'.
Culpados, agora, o que vai adiantar?
É como na nossa Caixa Geral de Depósitos, para não referir outros dramas nacionais.
Bem hajam todos pelos vossos contributos.
Virgilio Teixeira

João Carlos Abreu dos Santos disse...

... subscrevo, por inteiro, a recente e justa apreciação do veterano Virgílio Óscar Machado Teixeira.

Valdemar Silva disse...

Virgílio
Sabes, perfeitamente, quando nos referimos 'àquela rapaziada' não nos estamos a referir aos colegas de escola ou aos putos das brincadeiras lá da rua.
'Aquela rapaziada', neste caso, foram os homens de vinte e poucos anos que estiveram connosco na tropa e, depois, foram prá guerra na Guiné. Até dizemos 'vou ao almoço da rapaziada do Batalhão'.
Foi essa rapaziada que morreu afogada, quando a NT teve de retirar, ou arranjem outro termo militar, da zona de Madina do Boé, na Guiné.
Nessa da Caixa Geral de Depósitos vão ser arranjados culpados, assim espero, mais que não seja, vamos todos falar, escrever, telejornar, sobre o assunto, no caso do afogamento foi um 'desastre de guerra'.(ponto?) Acontecesse, agora, um casos desses, mesmo com todas as tergiversações, era badalado até ao exaustão e com toda a razão. Fico admirado por o 'não se fala mais nisso', quando o que devemos é falar sempre neste trágico acontecimento em que morreram afogados 47 rapazes com pouco mais de vinte anos.
Ab.
Valdemar Queiroz

nota: veterano vem do latim veterañu = «velho» (nós, já estamos a ficar velhos).

Anónimo disse...

Rapaziada sim, mas putos, não concordo.
Agora sim dizemos uns para os outros «aquela rapaziada» para nos referirmos a todos nós, uns mais velhos que outros, é uma forma de não parecermos tão velhinhos,,,

A CGD vai morrer solteira, olha para o que digo, está tudo metido até ao pescoço!
Ab.
Virgilio Teixeira

Valdemar Silva disse...

Pois, putos é calão mais utilizado cá por Lisboa.
Embora puto venha do latim putu = «menino, rapazinho».
Mas, a nossa rapaziada nada teve de putos, antes pelo contrário, grandes homens que
todos nós fomos.

Ab.
Valdemar Queiroz