quinta-feira, 27 de agosto de 2020

Guiné 61/74 - P21298: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (15): A famigerada iguaria sueca, Surströmming, arenque fermentado, ou melhor, "podre"... (José Belo,. régulo da Tabanca da Lapónia)


A famigerada iguaria sueca, Surströmming, arenque fernentado, ou melhor, podre... 

Foto: Alibaba.com, com a devida vénia... (Uma caixinha de menos de meio quilo, deste Roda ulven surstromming, custa à volta de 24 / 27 USA dólares...)


 

José Belo, em "assuecamento" há 40 anos


1. Mensagem do José Belo, régulo da Tabanca da Lapónia:

Date: terça, 18/08/2020 à(s) 10:55
Subject: Culinária EXTREMA e ...típica sueca


Prometendo, e garantindo, uma longa pausa nesta série de "assuecamentos" vários, aqui segue um texto sobre uma verdadeira curiosidade alimentar sueca por muitos desconhecida e, atrevo-me a escrever, iincrível!

Os que o apreciam,  consomem-no em finais de Julho,  princípios de Agosto, no curto período do ano em que as condições metereológicas permitem festas ao ar livre. Festas entre familiares e amigos com forma de participação quase... religiosa.

Devido às quantidades de cerveja e vodka consumidas ( e acabarão por compreender que desta vez justificáveis) terminam sempre "bem" ou "mal", consoante as sensibilidades dos participantes.

O prato típico referido chama-se em sueco Surströming.que mais não quer dizer que... "Arenque fermentado"!  (Literalmente fermentado em fronteiras de podre!)

De tal modo fermentado que as bonitas latas amarelas em que é vendido apresentam-se sempre amolgadas pelos gás da fermentação do peixe no seu interior.

Os mais ignorantes das realidades relacionadas  com esta fermentação cometem sempre um erro que irão lamentar o resto da vida. Ou sejaM abrir a lata dentro de casa!

O cheiro adocicado a peixe podre torna-se de tal modo intenso que não é suficiente abrir todas as portas e janelas da casa. Fica impregnado no interior durante semanas.

Os que vivem em apartamentos citadinos, ao organizaram tal festa,  sentem-se sempre obrigados de avisar todos os vizinhos no prédio pois o cheiro espalha-se pela escada e elevadores.

E, atenção, isto não é história de Lapão a gozar c'a malta.

Um dos métodos recomendados aos citadinos ....abram sempre as latas estando estas colocadas debaixo de água, num alguidar ou balde!

Ajuda o desgraçado que o faz a não apanhar com a verdadeira explosão de gás mal-cheiroso que surge do primeiro orifício da abertura, porque quanto ao cheiro que surge da lata depois de retirada da água a diferença não é nenhuma.

Os que desconhecem a verdadeira intensidade do odor (normalmente incautos turistas) são obrigados a rapidamente abandonar a festa para vomitarem incontroladamente.

Os outros? Bom,  os filetes de arenque enlatado são prateados e apetitosos  como as nossas sardinhas .
Servem-se misturados com pequenas batatas frescas cozidas com manteiga e natas,acompanhados de cebola finamente picada.

São colocados sobre longas fatias de pão não levedado que se enrola cuidadosamente em volta destes ingredientes.

Muita cerveja e muitíssimos SKÅL com vodka que sempre acompanha cada golada da referida cerveja.
Depois de mais de quarenta anos posso garantir que se sobrevive a estas festas e que é possível passar-se a gostar deste arenque fermentado, para não escrever...podre!

As quantidades de cerveja consumidas?
As quantidades do vodka que as acompanha?
As sempre lindas suecas na festa?

Facto é, o arenque fermentado digere-se facilmente não provocando problemas gastrointestinais.

Para os mais "técnicos": a preparação deste tipo de arenque efectua-se em enormes barricas de carvalho onde o peixe fermenta durante longo período de tempo (o peixe inteiro e não limpo).

Junta-se sal, mas em quantidades tais que não prejudiquem a fermentação.

Posteriormente enlatado é vendido a alto preço em duas variantes: O arenque em filé ou o arenque inteiro não limpo das suas entranhas.

Os amadores compram o arenque fermentado em filé. os de "barba dura" consomem-nos inteiros.
 
Entre Lusitanos, creio que só os verdadeiramente PERVERSOS conseguem consumir os inteiros.

Um abraço do J. Belo

PS - Vd. aqui noYou Tube o vídeo "Jamie Oliver enjoys Surströmming" 

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Nota do editor:

Último pposte da série > 17 de agosto de 2020 > Guiné 61/74 - P21263: No céu não há disto... Comes & bebes: sugestões dos 'vagomestres' da Tabanca Grande (14): No "Chez Alice", as ostras da Lagoa de Óbidos

13 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

José, fico com água... na boca. Gostava de provar... o teu arenque pobre...

Temos uma iguaria relativamente parecida aqui no nosso Oeste Estremenho: a "caneja de infundice"...

Estou à espera de uma ocasião.. histórica,para a provar. É só para iniciados. Há um confraria da "Caneja de Infundice", e um dos confrades é filho do cor Jorge Parracho, um capitão de Guileje [CCAÇ 3325[, que vive em Mafra...Já nos encontrámos em jantares dos confrades da aguardente vínica DOC Lourinhã. O filho do Jorge Parracho é um fã da caneja de infundice

Tens aui um artigo sobre este prato piscatório, também raro e exótico... E dou também conhecimento desta iguaria ao João Crisóstomo que é da terra da tua avó e adora estes nossos petiscos...

Aqui vai o link do artigo:

https://lifestyle.sapo.pt/sabores/noticias-sabores/artigos/caneja-dinfundice-o-prato-da-ericeira-que-nenhum-restaurante-quer-servir

Abraço. Luis

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O sitio da Confraria da Caneja d' Infundice:


https://confrariadacaneja.pt/caneja-dinfundice-2/


Estou à espera que me convidem... LG

Anónimo disse...

Joseph Belo (por email)
27 ago 2020 22:10


Caro Luís

Desconhecia a existência da especialidade da Ericeira.

Curiosamente a origem da mesma é contada como proveniente de um esquecimento de um pescador em relação ao peixe.

As origens do arenque fermentado também se diz terem sido resultantes de um esquecimento de pescadores Vikings que se teriam deixado alguns barris cheios de arenque em praia finlandesa do Báltico aquando do seu apressado regresso à Suécia.

Na próxima estação de pesca, depois do degelo do Báltico ,resolveram ir buscar os barris esquecidos para os voltar a usar.

Foram então contactados por habitantes locais que teriam consumido os harenques já bem fermentados por meses de abandono nos barris, perguntando-lhes se teriam mais para vender em troca de peles de animais .

E será esta a lenda sobre a origem.

Um abraço

Valdemar Silva disse...

J. Belo
Ia informar, precisamente, o Luís sobre a 'caneja de infundice' ser típica da Ericeira.
É das tais coisas só provando muitas vezes se passa a gostar até passar a pitéu.
A empresa onde trabalhei teve uma Colónia de Férias durante uns anos na Ericeira, e por isso iam provando da 'infundice'. Comer sem cheirar e chorar por mais.
Quanto ao arenque, das várias vezes que estive na Holanda (não já jeito dizer Países Baixos) comi arenque seco e 'cru' e gostei, mas ouvi falar da especialidade desse 'podre'.
Estranho, e agora com o defeso da captura da sardinha, não aparecer por cá o arenque como aconteceu com o salmão.

Bom apetite

Valdemar Queiroz

Valdemar Silva disse...

J. Belo
Esqueci-me, então esse arenque 'podre' em vez de acompanhado com cerveja e vodka não dá para experimentar com vinho branco de Flädie, umas vinhas perto de Lund aí para o sul da Suécia.
Parece que os donos dessas vinhas estão sempre à espera de visitas 'batidas' em boa vinicultura para provar e dar opiniões.

Ab. e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Zé e Valdemar, é por causa da caneja e do arenque de "infundice" (e do peixe da bolanha...) que os nossos povos (os portugueses, os suecos, os guineenses...) dizem:

"O peixe e o hóspede ao fim de três dias fedem"...

feder | v. intr.

fe·der |ê| - Conjugar
(latim foeteo, -ere, ter cheiro fétido, cheirar mal, repugnar, ser insuportável)
verbo intransitivo
1. Cheirar mal.

2. [Figurado] Causar enfado, ser importuno.


"feder", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2020, https://dicionario.priberam.org/feder [consultado em 28-08-2020].

Tabanca Grande Luís Graça disse...

... Não confundir com o FEDER... acrónimo de Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional, que tem por objetivo fortalecer a coesão económica e social na União Europeia colmatando os desequilíbrios entre... as regiões.

Anónimo disse...

Essa do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional ainda cheira mais a podre que o arenque fermentado.

Mas sem dúvida que as instituições econômicas da União são especialistas em FEDER os países da Europa do Sul!

Um abraço
J.Belo

Anónimo disse...

Com pronúncia alentejana ainda soa melhor!

J.Belo

Anónimo disse...

Camaradas, vocês são os últimos moicanoseis... Não vos poderei acompanhar este fim de semana... Em plena leziria ribatejana, não apanho a minha rede móvel... VouE dedicar à netarde e à natureza... E voltar à escrita manual...vim a Porto Alto ao Continente, onde há capitalismo há logo rede... daqui vos escrevo...Mas volho para os nossos bangalós... E os meus chaparro se centenários. Onde não há Net há cavalos,gado bravo, garças,cegonhas, flamingos...e manga de melgas e mosquitos
Não se pode ter tudo... Aqui é só infundice como na Guiné...Mantenhas. Luis











Anónimo disse...

Desculpem as gralhas, detesto usar o teclado do telemóvel. Já agora tomem nota do restaurante da Companhia das Lezírias, que é a maior exploração agrícola do paisso, que duas dezenas de milhares de hectares: "A Coudelaria"..
Mas para esta noite trago petisco da Lourinha: um balde ostras e sapateira recheada...E uma caixa de vinho branco de cinco estrelas, aqui do nosso Oeste. Mas a Companhia das Lezírias também está a produzir grandes pomadas... O Catepereiro, por exemplo.Comissão medo de passar sede, trouxe 8 garrafas para o fim de semana... Bebo um copo à vossa. Parti o saca rolhas, vim aqui comprar outro. Um arma preciosa em tempo de guerra... Luis

Anónimo disse...

Ah!, e muito importante o abre-ostras! Duas ferramentas que não há no céu, o saca-rolhas e o abre-ostras. LG

Valdemar Silva disse...

Luís
Companhia da Lezírias conheço a entrada/saída do lado de Samora Correia.
Há anos estive nas Festas de Samora Correia, meteu largada de touros pelas ruas da Vila
a minha sorte foi saltar para o muro do lado esquerdo dessa entrada Companhia, não fora isso
tinha levado umas valentes cornadas no mínimo.
Bom passeio, cuidado com tinto desses lados (15º) e nada de passeios pela bolanha não vá aparecer algum touro curioso.

Áb. e saúde da boa
Valdemar Queiroz