quinta-feira, 19 de agosto de 2021

Guiné 61/74 - P22468: Fotos à procura de... uma legenda (154): A imagem da capa do livro de Pedro Marquês de Sousa, "Os números da guerra de África" (Guerra e Paz Editores, 2021)

 
Pormenor da imagem, reduzida a preto e branco, da capa do livro de Pedro Marquês de Sousa, "Os números da guerra de África: Angola, Guiné, Moçambique; mortos, feridos, armas e combates, custos, desertores". Lisboa: Guerra e Paz Editores, 2021, 384 pp.). (Com a devida vénia ao autor e editora...).


1. Comentários aos poste P22463 (*)

 
(i) Valdemar Queiroz:

Que me desculpe Pedro Marquês de Sousa, ilustre autor deste livro.

A imagem da capa do livro parece ser em instrução, "prá fotografia", ou não sendo, a escolha da fotografia para capa é de escolha propositada para demonstrar o que nunca se deveria fazer e evitar mortos entre os próprios militares (?).

Naquela estrada de campo aberto e plano, a coluna só podia ter sido atacada de um dos lados, por isso a NT só deveria estar do lado do ataque e não dos dois lados da estrada. Nem o IN e muito menos a NT queria ser atingida pelo seu próprio fogo. (**)

17 de agosto de 2021 às 23:32

(ii)  Tabanca Grande Luís Graça:

O Valdemar "não brinca em serviço", esta sempre no seu "posto de observação" e tem um "olho clínico" como poucos... Esta sempre atento ao pequeno erro ou lapso que escapa ao comum dos leitores.

Não sei de quem é a responsabilidade da escolha da capa. Muitas vezes é tarefa que o autor declina à editora...

O autor, que eu saúdo, não tem felizmente idade para ter andado nas "guerras de África"... Esta imagem não passa de uma encenação... O fotógrafo está em cima de um veículo... O que se vê ao fundo é uma autometralhadora ligeira Fox, com dois militares, o condutor e o apontador,  "de peito feito as balas"... Os "infantes" (tropa metropolitana e africana) "fingem" tomar posição na berma da picada, de um lado e do outro... Parece ser uma foto de Angola, tirada "na reinação" para o pessoal mandar às namoradas...

É a minha primeira leitura, feita às 5 da manhã, no "escritório" do WC...

18 de agosto de 2021 às 05:11

 (iii) Valdemar Queiroz: 

Luís, o mais certo é ser uma "reinação".

Mas, o tema do "Os Números da Guerra de África" é um assunto muito sério e quem ver a capa e não tenha sido periquito ao papagaio sabichão fica alarmado com um 'coitados, assim caiam que nem tordos'. Calhando até foi esta a ideia da capa.

A propósito daquele capim, numa operação com dois pelotões da minha CART 11, tivemos de caminhar em fila pelo meio do capim por um carreiro, que os nossos soldados fulas conseguiram descobrir só possível em tempo de seca. Não me lembro porquê, deixe de ver o pessoal que vinha atrás de mim e fiquei uns segundos à espera, depois nem os de trás apareciam nem conseguia ver os da frente. Fiquei perdido meia dúzia de segundos, meia dúzia de aflitivos segundos.

18 de agosto de 2021 às 13:09


 Capa do livro do tenente-coronel Pedro Marquês de Sousa, "Os números da guerra de África: Angola, Guiné, Moçambique; mortos, feridos, armas e combates, custos, desertores". Lisboa: Guerra e Paz Editores, 2021, 384 pp. Disponível nas livrarias a partir de 24 do corrente. (*)
____________

Notas do editor:

(**) Último poste da série > 24 de julho de 2021  > Guiné 61/74 - P22399: Fotos à procura de... uma legenda (146): Uma vez por todas, não havia nem há "jacarés" na Guiné-Bissau, mas "crocodilos" (e outros répteis)

9 comentários:

Tabanca Grande Luís Graça disse...

O militar que se vê do lado esquerdo, em primeiro plano, vai a correr com a arma em bandoleira, sujeito a tropeçar e cair... Há militares de boina e divisas e galões... Não era habitual nas saídas para o mato... As "amaralelinhas" viam-se ao longe... LG

Antº Rosinha disse...

Mais do que nunca deve ser divulgado o esforço militar e esforço político nacional e internacional de Portugal para não abandonar África "ao seu destino".

Estes livros que relatam a luta isolada portuguesa para não abandonar aquilo que se chamava "colonização de África", vão servir um dia para mostrar que aquela luta, foi a última luta de uma Europa decadente, para impôr uma civilização europeia em África.

Agora que se luta em África para evitar certos extremismos anti-europeus e que na própria Europa decadente já se sentem consequências muito nefastas, não deixemos apagar da história daquele esforço de um país que conviveu, muito ou pouco, 500 anos em África.

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Só os africanos (milícias ou militares do recrutamento local) usam quico camuflado... E esboçam uma tentativa de penetrar no mato. Os europeus não gostavam nada do capim. Mas também não ia de boina e distintivos para o mato...



Abílio Duarte disse...

Oh Valdemar!!! tu és foda...

Deixa os homens em paz.

Abílio Duarte

Valdemar Silva disse...

Duarte.
A rapaziada parece estática para a foto, até parece ouvir 'quieeeetos!'. O primeiro, à dta. frente, está com a mão no carregador em vez de no guarda-mão ou no gatilho, pudera sem rajadas ou um ouvir 'vai tua terra' não dá para ser instintivo.
Que me desculpem todos os fotografados, que devem ter uma idade respeitada e com certeza também tiveram chatices naquela merda da guerra que castigou a nossa juventude.
Vá, com certeza orgulhosamente, fazem parte da capa de um livro muito importante "Os números da guerra em África", de Pedro Marquês da Silva, e espero que todos os fotografados estejam de boa saúde e nesta hora a comentar 'aquele gajo da Guiné vá gozar com a sua prima ruiva'.
(O que será feito da minha prima ruiva?)

Abraço e saúde
Valdemar Queiroz

Fernando Ribeiro disse...

Eu até me sinto incomodado em comentar isto. Então não se está mesmo a ver que o que se vê na fotografia é uma brincadeira? Aquelas poses teatrais, com o pessoal a "disparar" para todos os lados, só enganam quem nunca esteve na guerra, nem sequer faz a mais pequena ideia de como ela era feita. Se fosse a sério, uma morteirada ali no meio matava toda a gente! O que se vê é uma fantochada. Talvez fosse uma fotografia para eles mandarem às namoradas, armados em Rambos.

Eu só não entendo é porque é que o Luis acha que esta fotografia foi feita em Angola. Porquê Angola?! Se as árvores que estão lá ao fundo forem uns chaparros, ela terá ter sido feita no Alentejo! Em Angola nunca vi autometralhadoras Fox. Nunca vi. Admito que houvesse, mas eu é que não vi. O que eu vi, foram dois blindados Panhard, que estavam virados para fora nos topos da pista de aviação de Zala. A pista passava pelo meio do quartel e os blindados protegiam a pista e protegiam o próprio quartel. Por outro lado, quando saíam para a picada (e, por maioria de razão, para a mata), as nossas tropas iam fardadas com o uniforme camuflado completo e sem falhas; não iam assim, uns de quico na cabeça, outros de boina e outros em cabelo. Eu não sei como era na Guiné, mas em Angola ninguém saía para a picada nesta figura.

Hélder Valério disse...

Caros amigos

Quanto à capa, já está escalpelizada o suficiente para todos entenderem que se trata de encenação para ilustração do tema...
Certamente o Autor não esperaria tão profunda e minuciosa (também não seria precisa muita minúcia, bastava ter "conhecimentos locais") leitura crítica da foto, mas acho que não se deve melindrar por isso pois todos os contributos, no sentido do enriquecimento de uma narrativa, devem ser bem recebidos.
O mais importante será o conteúdo.
E, para isso, teremos de aguardar mais um pouco. Depois se verá.
Na verdade, como tema, é interessante e útil.

Hélder Sousa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Hélder, é óbvio que este poste também é uma forma, aligeirada, bem humorada, de divulgar o livro do nosso tenente-coronel Pedro Marquês da Silva.

E é importante que a nossa Academia (começando pela Militar) faça cada vez mais e melhor investigação sobre as últimas guerras do Império (guerra de África / guerra do ultramar / guerra colonial...).

Pedro Marquês de Sousa disse...

Caros senhores ex militares/combatentes
Agradeço o vosso interesse. A Editora é que tratou de todo o grafismo (fotos etc) e eu apenas concordei...e não valorizei nem desvalorizei detalhes da foto de capa....
O mais importante do livro não é a capa...onde também consta o meu posto que eu não pretendia por nunca ter usado assim (noutros livros que editei) mas compreendi que para a editora a parte comercial também é importante...aliás se não fosse a Editora parece que até hoje as entidades oficiais nunca quiseram atualizar a quantidade de baixas. despesas, quantidade de meios e o seu elevado estado inoperacional (viaturas, aeronaves...) e outras estatisticas que mostram que a guerra foi muito diferente em cada uma das 3 frentes...sendo muito mais dificil na Guiné como se mostra no livro.

Obrigado pelo vosso apoio

Pedro MSousa