quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

Guiné 61/74 - P22959: Agenda cultural (798): Apresentação do livro "Guerra, Paz... e Fuzilamentos - Guiné 1970-1980" da autoria de Manuel Bernardo, dia 15 de Fevereiro, pelas 15h00, na Livraria-Galeria Municipal Verney, Rua Cândido dos Reis, 90 - Oeiras. A obra será apresentada pelo Coronel Tirocinado Comando Raul Folques

C O N V I T E


GUERRA, PAZ... E FUZILAMENTOS - GUINÉ 1970-1980

Da autoria do Cor. Manuel Amaro Bernardo

BARROSO da FONTE

Por ocasião dos 28 anos da inauguração do Monumento Nacional aos Combatentes do Ultramar, situado junto ao Forte do Bom Sucesso, em Belém, Lisboa, chega aos escaparates das melhores livrarias do país, a obra: GUERRA, PAZ... E FUZILAMENTOS - GUINÉ 1970-1980.

Assina este livro de livros, o Coronel Manuel Amaro Bernardo que nasceu em Faro, em 1939 e que é «um oficial reformado do Exército Português. Desde 1977, passou a fazer investigação sobre a História Contemporânea mais recente, tendo publicado nove livros até 2013». Extratos desses livros relacionados com a Guiné, mais aditamentos posteriores, reaparecem, em 472 páginas, algumas das quais já faziam parte de outra obra com idêntico título, em 2007.

Não conheci pessoalmente este meu coetâneo, ele do quadro permanente e eu miliciano. Mas a sua vasta obra, coerente, patriótica, disciplinada e rigorosa sempre me alentou a formar e a formatar essas virtudes culturais e cívicas que me nortearam, como jornalista e autor, nestes 68 anos de militância ininterrupta que completo em 24 deste mês. Na minha biblioteca pessoal, exposta ao público, na Cidade Berço, que chegou a ter vinte e três mil títulos, antes de enviar partes para Timor, Câmara de Montalegre e associações periféricas, consegui adquirir, cerca de um milhar de obras de militares de todas as ideologias. Prefaciei várias, editei dúzias (como editor) e como recensor literário, li muitos mais.

Confesso que uma leitora que pessoalmente não conheço mas que me privilegia com a sua amizade e a qual considero, uma espécie de anjo da guarda de todos, frequenta, em Lisboa, os centros culturais recomendáveis para as apresentações de livros.

A Editora Âncora, por exemplo, pegou no programa «Fim do Império» que foi criado pelo Coronel Manuel Barão da Cunha, quando foi funcionário da Câmara Municipal de Oeiras, no sector Cultural.

A maior parte dos livros dos militares de Abril, quer do quadro quer milicianos, primam pela entrega das obras que nos últimos 25 anos se têm publicado. Os amigos do livro, já conhecem os locais das apresentações. E, mal sabem de mais um, logo partilham essa presença, mesmo à distância.

Com mais esta obra assim aconteceu. Acabei de ler, reler e anotar elementos para uma recensão. Manuel Amaro Bernardo, Alberto Ribeiro Soares, Jorge Golias, Jorge Lage, Manuel Barão da Cunha, todos coronéis da Guerra do Ultramar, são figuras de alto nível intelectual e académico que aprecio ter à mão para reconhecer que todos fizemos parte do mesmo ciclo. Esse ciclo prejudicou a todos, quer os profissionais das armas, quer os milicianos. Aqueles viram interrompidas as suas carreiras às portas do generalato. No meu caso que foi o de muitos milhares, que atrasaram os seus cursos superiores o seu casamento, a reconstrução das suas vidas familiares. Nunca, alguém, corrigiu esta aberração. Mas ela existe desde que a democracia ficou institucionalizada. Esse quisto, quicá furúnculo gangrenoso, é irreversível

Compensações? Somente os 310 ex-políticos e juízes que durante toda a sua vida receberão, mensalmente, pensões de luxo, entre 883 e os 13.666 euros. Mas estas verbas, conhecidas por «subvenções mensais vitalícias» nada têm a ver com os restantes rendimentos do trabalho profissional desses sortudos.

Este livro de um comentador bem documentado, obriga a uma reflexão sobre os 48 anos de democracia em construção. Edição da Âncora - programa Fim do Império.

Barroso da Fonte

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Nota do editor

Último poste da série de 23 DE JANEIRO DE 2022 > Guiné 61/74 - P22932: Agenda cultural (797): Museu do Aljube, Resistência e Liberdade, Lisboa: exposição temporária, de 13/1 a 20/3/2022: "A Guerra Guardada: Fotografias de Soldados Portugueses em Angola, Guiné e Moçambique (1961-74)

7 comentários:

Valdemar Silva disse...

Barroso da Fonte, o quer dizer com o fim de ciclo que a todos prejudicou?
Sendo que a muitos milhares atrasaram os seus cursos superiores, o casamento, reconstrução da vida familiar, por serem mobilizados para a guerra no ultramar?
Já a muitos outros foram interrompidas as suas carreiras às portas do generalato por serem mobilizados para guerra no ultramar ou por a guerra ter acabado?
Do prejuízo dos milicianos percebe-se perfeitamente, e até dos simples soldados, agora quanto ao prejuízo dos militares profissionais é mais confuso perceber.

Saúde da boa
Valdemar Queiroz

Antº Rosinha disse...

Valdemar, houve tanta gente que se adaptou tão bem, mas tão bem àquela guerra! que até se repetiam comissões.

E houve outros que se adaptaram tão bem, mas tão bem no pós-guerra que de sargentos ainda chegaram a majores!

Ai Valdemar, Valdemar, até de milicianos sargentos e oficiais... do que tu te (me) lembras.

Claro que na Guiné não seria muito apetecível, evidentemente.

Antº Rosinha disse...

Valdemar, houve tanta gente que se adaptou tão bem, mas tão bem àquela guerra! que até se repetiam comissões.

E houve outros que se adaptaram tão bem, mas tão bem no pós-guerra que de sargentos ainda chegaram a majores!

Ai Valdemar, Valdemar, até de milicianos sargentos e oficiais... do que tu te (me) lembras.

Claro que na Guiné não seria muito apetecível, evidentemente.

Valdemar Silva disse...

Rosinha, quer dizer (ou queres dizer) que foram prejudicados nas carreiras às portas de generalato por ter acabado as comissões na guerra ?

Ai António Rosinha, António Rosinha eu a pensar que o grande prejuízo tinha sido o transporte marítimo da CCN e da CNN

Abraço e saúde da boa
Valdemar Queiroz

Manuel Bernardo - Oficial reformado disse...

Os combatentes Rosinha e Queiroz parece não saberem que pelo menos as gerações de oficiais saídos da AM em 1959, 1960 e 1961 (pelo menos estas) foram obrigados a cumprir 4 comissões por imposição até ao final da guerra em 1974/75. Por isso muitos (como eu) integraram o contestatário Movimento dos Capitães (que eclodiu e se alastrou nos três territórios africanos em guerra, além do Continente), que a partir do inicio de MAR74 se juntou aos oficiais do QP oriundos de milicianos para derrubar o regime de Marcello Caetano. Este nunca quis negociar, que era a maneira de acabar com aquele tipo de guerra...
Fico agradecido ao Luís Graça pela divulgação feita.

Valdemar Silva disse...

'...os profissionais das armas....viram interrompidas as suas carreiras às portas do generalato...,'
Quer dizer não fora a guerra, as carreiras dos profissionais das armas (oficiais do QP) não eram interrompidas para atingir o generalato?
E '...foram obrigados a cumprir 4 comissões....'.
Então aquela guerra de mais 13 anos até prejudicou, em termos de carreira, os próprios Oficiais do QP.
Confesso que não sabia.

Valdemar Queiroz

Manuel Bernardo - Oficial reformado disse...

Apenas esclareço que o acesso ao generalato é e era limitado pelos quadros orgânicos. E aquela guerra pouco tinha que ver com generais, pois o essencial eram os comandantes de companhia, que a partir de 1970 iam sendo escassos no QP, por falta de candidaturas à Ac. Mil. Assim passaram a ser os milicianos a "tapar" as necessidades existentes para continuar a guerra. E foram os capitães "velhinhos" (como eu) com dez anos ou mais nesse posto, a levar a contestação ao rubro em 1974... e ao derrube do governo marcelista.