sexta-feira, 20 de janeiro de 2023

Guiné 61/74 - P23999: Notícias lusófonas (1): Extintos, na Guiné-Bissau, os feriados nacionais de 3 de agosto (revolta do Pijiguiti, em 1959) e 23 de janeiro (o início da luta pela independência, 1963) (VOA Português, 20/1/2023)

1. Com a devida vénia ao portal "VOA Português"

BISSAU — O Governo da Guiné-Bissau retirou da lista de feriados nacionais três dias com uma forte carga política: 23 de Janeiro, dia que marca o início da luta armada, 8 de Março, Dia Internacional da Mulher, e 3 de Agosto, que assinala a revolta e a repressão dos trabalhadores pelo exército colonial em Pindjiguiti.

A decisão é anunciada dois dis antes da celebração dos 50 anos do assassinato do líder da luta pela independência da Guiné-Bissau e Cabo Verde, Amílcar Cabral, nesta sexta-feira, 20.

No primeiro decreto do ano, publicado na quarta-feira, 18, o Executivo diz que a "crise financeira e alimentar que tem sacudido o mundo impõe uma nova dinâmica, abre novas perspectivas que assentam na cultura de produção e da produtividade, o que certamente “seria contraproducente com tantos feriados nacionais para um país em vias de desenvolvimento, como o nosso”.

Ainda, o Governo afirma que a nova realidade "obriga a Guiné-Bissau, enquanto membro de várias organizações internacionais, regionais e sub-regionais, à observância das obrigações daí decorrentes".

Nem o decreto, nem qualquer nota do Executivo adiantaram os motivos que levaram à escolha desses três feriados.

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12 comentários:

António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Registemos a decisão de um governo independente num país independente. Não se esqueçam de que somos estrangeiros e Guiné-Bissau é um país com outro hino, outra bandeira, outra estrutura politica-social. Em suma, um país que constrói diariamente a sua história como quer e deseja.
De qualquer modo esta é mais um degrau na comicidade que começou nas recentes jornadas comemorativas do nascimento do Amílcar Cabral.
Volto a recordar que sou estrangeiro e nada tenho a ver com o que os dois países - Cabo Verde e Guiné - fazem ou deixam de fazer. De qualquer modo, haver um jornal de prestígio e circulação, que traz para a primeira página o atentado ao Amílcar é algo intolerável.
Mas não comecemos digladiar-nos e a trocar opiniões azedas por este motivo. Não merece!

Um ab.
António J. P. Costa

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Talvez por essa razão que apontas, hoje não houve a efeméride da morte dos 50 anos do AC... Só por curiosidade mórbida, é que se podia repetir, "ad nauseam", a pergunta sem resposta: "Quem mandou matar o AC ?"... Há quem precise de vender livros e jornais... A nós aqui compete-nos contar as nossas histórias, antes que venha alguém contá-las, abusivamente, em nosso nome... Boa noite, Tó Zé.

PS - Ah!, e bebamos um copo à nossa, em véspera do dia de São Sebastião que antigamente nos protegia da fome, da peste e da guerra... Cá na terra, ainda se celebra o santo... E a propósito de comes & bebes, fica um pensamento, que é atribuído a Cícero: "Os homens são como os vinhos: a idade azeda os maus e apura os bons"...

Vou oferecer amanhã, ao meu filho que faz anos, uma obra deliciosa e divertida, que levou 6 anos de trabalho de investigação à sua autora, Deana Barroqueiro, profesora do ensino secundário reformada e autora de romances históricos de sucesso (n. 1945, nos EUA, mas portuguesa de alma e coração): "História dos Paladares", vol. 1: Sedução, vol. 2: Perdição... (O 1º volume foi agraciado com o Prémio de Melhor Livro de Literatura Gastronómica, 2021, pela Academia Internacional de Gastronomia, que tem a sua sede... em Paris!... Ainda dizem que os franceses são chauvinistas...)

Recomendo vivamente. A edição é da Prime Books. Os portugueses deviam orgulhar-se do seu riquíssimo património gastronómico. E esta obra é um contributo para salvar, pelo menos, a memória das coisas boas que ainda temos, em matéria de comes & bebes... Não é um livro de receitas (se bem que tenha um meio milhar de receitas de época...), tem histórias saborosas, muitas de "pasmar", e uma coleção fabulosa de provérbios à volta do tema... Olha, acabo de ler este: "Sábio não é aquele que sabe de tudo, mas aquele que usa tudo o que sabe"...

Tabanca Grande Luís Graça disse...

Tó Zé, eu sei que a Guiné-Bissau e Cabo Verde são dois países "estrangeiros"... mas às vzes esqueces-te que temos na nossa Tabanca Grande guineenses e cabo-verdianos que foram camaradas nossos!...Camaradas de armas, entenda-se. Mantenhas. LG

PS - Fui hoje cortar ao cortar o cabelo ao João, que é o meu barbeiro aqui na Lourinhã e que há tempos descobri que também tinha sido "avezinha"... É do teu tempo, da malta das Anti-Aéreas, em Bissalanca, foste capitão dele... Manda-te cumprimentos. (Como vês, o Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande!)

Valdemar Silva disse...

O "F(u)MInhas" e os "TROIKAs" não gostam de feriados, e como não há feriados de santinhos foi o que se pode arranjar.

Valdemar Queiroz

Antº Rosinha disse...

Pelo menos parece que ainda se mantem o feriado em Bissau no 20 de Janeiro, assassinato de Amílcar Cabral.

Esquecem-se do aniversário natalício em Bafatá.

Quanto ao assassinato de Cabral, e o que vai ficar para a história vai ser

"Um texto do historiador e veterano de guerra russo Serguei Kolomnin faz um relato do que aconteceu na madrugada de 20 para 21 de Janeiro de 1973".

E também o julgamento dos "80 indivíduos são condenados à pena capital, seguindo-se as execuções, por grupos separados, em diversos pontos das Zonas Libertadas da Guiné".

Claro que os "Estudantes do império" como Pedro Pires, Mário Cabral e outros mantêm sempre a suspeição que os mandantes foi o português com Spínola à cabeça.

Ler o Expresso da Ilhas, (Caboverde)há 50 anos com a mesma tecla.

Mas como em Portugal, continua não só no futebol e nas universidades uma grande predominância de "Estudantes do Império", mas também na sociedade e na política, a história ficará escrita como eles entenderem.

Eles que foram o braço direito do colonialismo português durante 500 anos, sabem-na toda, e de que maneira, até aos jornais dão a volta quanto mais inocentes políticos.

Cumprimentos

António J. P. Costa disse...

Olá Camarada

Tenho pelas ex-colónias o mesmo respeito que tenho por outro país qualquer.
Nada me move contra elas. E farei os possíveis e os impossíveis para que o meu país nunca intervenha na vida política das ex-colónias.
Os guineenses que frequentam o blog já se devem ter apercebido disso.
Os portugueses que vieram da Guiné e foram "camaradas de armas" entendem o que quero dizer e diriam o mesmo que eu.

Um Ab. e bom FdS
António J. P. Costa

Antº Rosinha disse...

Confirmado por Pedro Pires o assassinato de Cabral a mando do Governo colonial, isto em Lisboa na tal sala Almeida Santos da Assembleia da República, portanto ao fim de 50 anos ficará ratificado em Lisboa, que foi o Governo Colonial o mandante.

As palavras são as seguintes:

...Se a morte trágica de Amílcar Cabral, com o seu assassínio vil e criminoso, comanditado pelo Governo colonial e organizado pelos sequazes da PIDE/DGS e demais agentes do colonialismo, planeado enquanto a última “solução militar”...

Pedro Pires não diz se foi o Governo da Guiné, Spínola, portanto, ou se foi o Governo de Caboverde, sim por que Caboverde fazia também parte da luta de Amílcar Cabral-

Aí o Governador era Antonio Adriano Faria Lopes dos Santos.

Será a única dúvida com que ficamos.

Isto foi naquele colóquio dos dias 13 e 14 de Janeiro, claro que ninguém lhe pediu os testemunhos dos julgados e fuzilados que ao que consta foram 80 guineenses.

Cumprimentos.



António J. P. Costa disse...

Olá Camaradas

Li as 5 páginas do "Público" (pág 2 a 7) sobre as celebrações da morte do Amílcar. Começam por mais uma condenação à racismo tomando Amílcar como "modelo", mas em pacífico, claro. Depois vêm várias considerações sobre homem e as suas capacidades e, por fim a questão do assassinato demasiado romantizado, mas que diverge das considerações do Pedro Pires, mas o mais interessante é a confissão ao fim da pág 7 "Para um povo nascido a partir do Séc. XVII, nós não temos referências culturais como a África continental tem, não temos etnias, não sabemos a origem dos nossos antepassados africanos, perdemos uma parte da nossa ancestralidade no mar e, quando é assim a que nos agarramos?" Um bom naco de prosa que explica muita coisa... inclusive o número de reduzido de cabo-verdeanos na luta armada...
Leiam, se ainda puderem, estes textos, mas não esperem aprender qualquer coisa.
Fiquei a saber que o Amílcar "era uma pessoa de premonições" que casou no dia 20, chegou(?) à Guiné no dia 20, o pai faleceu-lhe a 20 e ele foi o "20º matado da lista dos africanos".
Terá sido alvo de 20(!) atentados. Alguém ouviu falar disto? Quem foram os hipotéticos assassinos? A descrição do assassínio é romanesca, com um diálogo com os homicidas já com um tiro no abdómen e um tiro de misericórdia dado por um soldado (qual?).

Um Ab. e bom domingo
António J. P. Costa

Carlos Vinhal disse...

E se é verdade que depois de "julgados" foram fuzilados 80 elementos do PAIGC, não há dúvidas de que ele tinha no partido muitos "amigos".
E ainda persistem na sua teoria de que foi a PIDE a congeminar o atentado.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

António J. P. Costa disse...

80 fuzilados!? Dassssssssse!
E por quem? Se havia tantos para matar o melhor era arranjar um grupo de fuziladores...
80 conspiradores não é uma conspiração, é uma sublevação. E de quantos?
Depois de ler os tais textos ainda fiquei mais baralhado. E aquela dos interrogatórios: quem foi interrogado? Por quem? O que perguntaram? Felizmente as cassetes "desapareceram". Assim fica tudo mais tranquilo e pode-se dizer o que quiser daqui por 100 anos...
Um Ab. aos Camaradas
António J. P. Costa

Carlos Vinhal disse...

Caro Pereira da Costa
Ouvi há poucas horas na RTP 3 o jornalista José Pedro Castanheira dizer que dos cerca de 600 militantes que estavam em Conacri no dia do assassinato do Amílcar Cabral, foram interrogados à volta de 500. Os considerados implicados foram julgados e levados para as zonas libertadas (?) onde forma fuzilados. Poderão ter sido entre 80 e 100. Curioso é não aparecerem valas comuns.
Carlos Vinhal
Leça da Palmeira

António J. P. Costa disse...

Pois é Camarada Vinhal

E o meu país anda metido nestas "cóbóiadas" e dá-lhes cobertura, divulgação e apoio.
Seria para rir, mas não é... É uma tristeza!... O meu país fazer figuras tristes.
600 militantes dos quais 500(!) foram interrogados. Isso quer dizer que 100 militantes não tiveram mãos a medir. Se calhar até fizeram horas extraordinárias a interrogar. Quem é que acredita num surrealismo destes? Se calhar interrogaram-se a si mesmos ou aos pares: "Ora agora interrogas tu, ora agora interrogo eu". O que era necessário era interrogar.
E os cabo-verdeanos que teriam a ver com isto? Se calhar foram de reforço ao interrogatório...
Depois de terem obtido a independência ainda gozam por cima!.
Agora é que é caso para dizer: "Tou farto deles!"
Um Ab.
António J. P. Costa