Guiné-Bissau > Região de Bafatá > Bambadinca > 23 de fevereiro de 2008 > Visita a Bambadin5ca > Pe. Antonio Grillo com o tradicional barrete balanta
(Fonte: blogue "Igreja Católica na Guiné-Bissau > 19 de junho de 2014 > Faleceu Pe. António Grillo, com a devida vénia)
Guiné > Zona leste < Setor L1 (Bambadinca) Xime > CCAÇ 12 (1973/74) > Samba Silate > Pós 25 de abril de 1974 > Ruinas da casa onde nasceu o guerrilheiro referido por A. M. Sucena Rodrigues (1951-2018) ( no poste P14055). Ao fundo, à direita, devidamente sinalizada a vermelho, pode ver-se a cruz que, segundo esse guerrilheiro, foi erigida antes da guerra [nos anos 50], por um tal missionário que lá viveu e que ele chamava padre António [Grillo, acrescentamos nós]. (Foto do álbum do A. M. Sucena Rodrigues, ex-fur mil da CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74).
Foto (e legenda): © A. M. Sucena Rodrigues (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem cvomplementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Foto (e legenda): © A. M. Sucena Rodrigues (2014). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem cvomplementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
Carta manuscrita, enviada pelo Padre António Grillo ao Amílocar Cabral, datada de Acerenza (Potenza, Itália), 20 de julho de 1963. Foi recebida em 5 de agosto de 1963.
(1963), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_36402 (2023-8-2)
Transcrição da carta manuscrita (revisão / fixação de texto: LG)
20-VII-63
Exmo. Sr. Engenheiro Cabral: Também jornais africanos têm publicado [a notícia de ] a minha prisão. Penso que o senhor [estará ] bem imformado do meu caso do qual lhe falarei com pormenores quendo o senhor me [anviar] o seu endereço.
Mais dois padres italianos foram expulsos mas somente eu passei [pelas ] prisões de Bissau e de Lisboa. Agora me encontro em Itália.
Não calhará ao senhor de vir [a] Itália ? Saiba qeu estou aqui e me faria uma grande prazer avisar-me da sua vinda.
Cumprimentos e desejo [de sucessos ] para o seu partido. Padre António Grillo, Itália - (Potenza) Acerenza.
Citação:
(1970), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34635 (2023-8-2)
Citação:
(1970), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34633 (2023-8-2)
Último poste da série > 2 de agosto de 2023 > Guiné 51/74 - P24528: Efemérides (403): Foi há 53 anos, em 1 de julho de 1970, que o papa Paulo VI teve um breve encontro, "no final da audiência geral semanal", com Agostinho Neto (MPLA), Amílcar Cabral (PAIGC) e Marcelino dos Santos (FRELIMO)... A notícia só foi dada no dia 5, na imprensa portuguesa, e originou uma dura nota de protesto do governo de Marcello Caetano que "chama a Lisboa o seu embaixador, um gesto diplomático de forte desagrado, geralmente antecedendo o corte de relações diplomáticas".
(1970), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34635 (2023-8-2)
Citação:
(1970), Sem Título, Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34633 (2023-8-2)
Fonte: Casa Comum | Fundação Mário Soares | Arquivo Amílcar Cabral (com a devida vénia...)
1. Alguns dos missionários italianos do PIME - Pontifício Instituto para as Missões Exteriores, no território da Guiné, tiveram problemas com as "autoridades portuguesas" durante a guerra colonial: o primeiro caso terá sido o padre Antonio Grillo (1925-2014), que esteve na missão católica de Bambadinca e que era particularmente acarinhado pelos balantas de Samba Silate, uma enorme tabanca, com quase duas mil almas, que terá sido destruídas pelas NT no princípio da guerra, no subsetor do Xime, obrigando a população a procurar refúgio noutras zonas (e nomeadamente ao longo da margem direita do rio Corubal, entre a Ponta do Inglês e a mata do Fiofioli) (segundo a versão do nosso camarada Alberto Nascimento, contemporâneo e testemunha dos acontecimentos, ex-sold cond auto, CCAÇ 84, 1961/63).
(i) chegou à Guiné no início da década de 1950, integrado no PIME, na mnissão católica de Bambadinca;
(ii) foi detido pela então polícia política portuguesa, a PIDE, a 23 fevereiro de 1963, sob a acusação de atividades subversivas;
(iii) esteve preso em Bissau e depois em Lisboa;
(iv) acabou por ser libertado em 4 de julho de 1963 em homenagem, de Portugal, ao novo sumo pontífice, o Papa Paulo VI (1898-1978), que em 21 de junho de 1963 tinha sucedido a João XXIII, na cátedra de São Pedro;
(v) com a independência da Guiné-Bissau, o padre Grillo voltou a Bambadinca, onde trabalhou, de 1975 a 1986, associado ao PIME, regressando depois à Itália;
(vi) visitou Bambadinca em 2010, quatro anos antes de morrer;
(vii) foi dado o seu nome ao liceu de Bambadinca, criado em 2008, numa iniciativa conjunta da comunidade local, da Missão Católica de Bafatá e do Ministério da Educação, e com o apoio de benfeitores portugueses e italianos.
2. No Arquivo Amílcar Cabral, há pelo menos duas cartas do padre Antonio Grillo, dirigidas ao secretário-geral do PAIGC, que reproduzimos acima, datadas respetivamente de 20/7/1963 (manuscrita) e de 18/10/1970 (datilografada), a par de uma outra, de resposta, do Amílcar Cabral (datilografada, com data de 27/10/1970).
Na segunda carta, Grillo faz alusão ao encontro de Amílcar Cabral com o Papa Paulo VI (no Vaticano, em 1 de julho de 1970) e evoca, com saudade, os "meus balantas", de Samba Silate, Enxalé, Bambadinca ("de cuja missão fui afastado à força"), Finete, Ponta do Inglès, Ponta Luís Dias, Nhabijões ou Nha Bidjon, etc. (provavelmente também Mero, Santa Helena, Fá Balanta...).
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Notas do editor:
Último poste da série > 2 de agosto de 2023 > Guiné 51/74 - P24528: Efemérides (403): Foi há 53 anos, em 1 de julho de 1970, que o papa Paulo VI teve um breve encontro, "no final da audiência geral semanal", com Agostinho Neto (MPLA), Amílcar Cabral (PAIGC) e Marcelino dos Santos (FRELIMO)... A notícia só foi dada no dia 5, na imprensa portuguesa, e originou uma dura nota de protesto do governo de Marcello Caetano que "chama a Lisboa o seu embaixador, um gesto diplomático de forte desagrado, geralmente antecedendo o corte de relações diplomáticas".
12 comentários:
... anything goes, isn't it komrad?!
Antes do final da guerra, a tabanca de Samba Silate começou a ser reconstruída por população refugiada oriunda das áreas de controlo do PAIGC, no sector L1 (Bambadimca)... Balantas, naturalmente... Foi inclusive feito um reordenamento... Já depois do 25 de abril, houve uma flagelação a esta tabanca... Certamente por retaliação e para queimar os últimos cartuchos...
Samba Silate tinha a melhor, ou u uma das melhores bolanhas, do sector L1... No meu tempo (1969/71), o sítio era tão pacífico que nós nem sequer íamos em patrulhamentos. Estávamos focados na consrução e na segurança do grande reordenamento de Nhabijões (um dos amiores da Guiné), ali ao lado...
Ver poste de
20 DE DEZEMBRO DE 2014
Guiné 63/74 - P14055: Memória dos lugares (279): Samba Silate, no pós 25 de abril de 1974: As saudades que a guerra não conseguiu apagar mesmo nos guerrilheiros do PAIGC (António Manuel Sucena Rodrigues, ex-fur mil, CCAÇ 12, Bambadinca e Xime, 1972/74)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2014/12/guine-6374-p14055-memoria-dos-lugares.html
Na Guiné ha uma predominância italiana de missionários, e penso que a melhor aceitação é da parte dos balantas.
Até já deu padres balantas.
Não se notam (ou eu não notei)a doutrinação de protestantes IURD ou outras, ao contrário de Angola que conheci desde protestantes alemães e os doutrinados da UPA pelos americanos protestantes.
Mas notei em vários anos de colon, que tudo quanto era missionário internacional, todos tinham a mesma "cara" quando na minha presença: O descaramento deste que se julga dono disto! Quando eu sou mais capaz!
E todos eles se julgavam moralmente obrigados e muito capazes de substituir a presença do "tuga" "portuga", tal como pensavam o mesmo suecos, cubanos etc.
Eu como nunca levei a sério nem a colonização nossa nem a dos outros, nem a respectiva descolonização, e catequização, tenho pena de não ter vida e saude para continuar a ver essas caras que não saem da minha memória.
No Brasil, o principal divulgador da "piada do português", é brasileiro de origem italiana, que será italiano sempre: Ary Toledo.
Rosinha, o Miguel Toriga, que escreveu páginas de antologia sobre a sua experiência de "mouro" no Brasil, aquando adolescente (a trabalhar numa fazendo de café de um tio transmontano, em Minas Gerais, nos anos 20), tem este apontamento "delicioso", um provérbio de maldizer, brasileiro, sobre o "outro" que vinha de fora:
(...) "As desgraças do Brasil
eram duas, agora são três,
a formiga cabeçuda,
italiano e portuguès" (...
In: Miguel Torga (São Martinho de Anta, Sabrosa, 1907- Coimbra, 1995), "A Criação do Mundo", Lisboa : Planeta DeAgostini, 2003, vol. I, pág. 136.
Rosinha, quando estive na Guiné não me dei conta dessas eventuais "rivalidades" entre missionários italianos e portugueses... Aliás, nunca vi (nem convivi com) nenhuns dceles, embora houvesse uma missão catõlica, uma igrejinha e uma pequena comuniddae cristã em Bambadinca...
E também náo me lembro de "ter visitado" a antiga (e controversa) tabanca de Samba Silate... Estive emn Nhabijões, destacado, a um escasso quilõmetro ou dois de Samba Silate n(onde já em 1962 há notícia de ter sido morto o chefe da tabanca)...
Mas és capaz de ter razão, os missionários católicos (portugueses, italianos e outros) também podem ser "chauvinistas"... E naquele tempo, pior, em que os italianos formavama a "nomenclatura" do Vaticano e o papa era italiano...
Afinal a Igreja é também uma organização e uma instituição, uma verdadeira multinaciobnal, competindo num "mercado global",,, Mas isso é outra questão que está fora do âmbito do noso blogue analisar e discutir... Mas a história da Igreja e das missões católicas na Guiné têm aqui cabimento... mesmo que alguns se melindrem ou incomodem com isso.
Luís Graça, só o que vejo, sinto,e pressinto, e vi que Torga não conheceu a verdadeira invasão europeia de italianos e alemães e portugueses na II guerra mundial e pós.
O português das nossas aldeias, analfabeto ou semi, a fugir à miséria e a fina flor italiana e alemã a salvar a pele e os seus bens.
Estes inventaram um novo Brasil em que o próprio Pedro Alvares Cabral entrava na piada.
As "caras" que eu vi, Luis Graça, para mim foi um gozo impagável que usufruí.
Tive pena de portugueses, evidentemente, cujos filhos escondiam que eram filhos de português.
Até que aquilo foi aliviando com banqueiros e retornados, Saramago, UE etc.
Luis Graça, as missões e missionários devem fazer parte da nossa guerra colonial e ultramarina, até porque sem eles não tinhamos chegado tão longe na vida.
Até porque sem eles nem haveria nem fé nem império.
Nem sabemos o que pensavam fazer o Pombal sem os jesuitas em Portugal os republicanos sem os missionários nas colónias.
Rosinha, deixa-me perguntar-te ( e tu és livre de responder): como vai ser tua saúde, vista lá do alto dos teus oitenta e tais... ?
Espero que melhor que a minha, que lá vai "remendada", como diz o povo...
85 daqui a um mês, fumar até aos 60 com o obrigatório enfarte.
Por tradição familiar já cá ando há 15 anos a mais.
A partir dos 60 alguns cuidados.
Penso que foi bom muito trópico, muito ar livre, vergar pouco a mola.
Bravo, camarada!... Já agora diz o dia do aniversário que é para a gente te contar os parabéns em coro!
Devo continuar a correr por fora, obrigado.
Rosinha, não posso aceitar as tuas "objecções" implícitas no teu comentário... Tu não corres "pelo lado de forA"... És membro de pleno direito da nossa Tabnca Grande, tens 139 referèncias no blogue Luís Grça & Camaradas da Guiné, és o ums dos nossos últimos "africaanistas", com uma grande eperiènciaia de vida e de trabalho, e uma verdadeira "sabedoria africana"...
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/search/label/Ant%C3%B3nio%20Rosinha
Queremos saudar os teus 85 aninhios!... EU quero!... (E haverá poro certo outros camaradas e amigos que me apoiaráo...)
Faz-me, pois, o favor de indicar a data...Claro que não é uma ordem, é um pedido do editor que te acolheu, de braços abertos, na nossa "tertúlia" em 26/11/2006 (bolas!, já lá vão 17 anos!).
Saúde e çlonga vida!... Luís
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