Casa Comum | Instituição: undação Mário Soares | Pasta: 05222.000.069 | Título: João Bernardo Vieira, João da Silva e Maximiano Soares da Gama | Assunto: João Bernardo Vieira [Nino], membro do Conselho de Guerra e do Bureau Político do PAIGC, João da Silva e Maximiano Soares da Gama| Data: 1963 - 1973 | Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral | Tipo Documental: Fotografias
Citação: (1963-1973), "João Bernardo Vieira, João da Silva e Maximiano Soares da Gama", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43797 (2024-2-6) (Com a devida vénia...Há um primeiro elemento, à esquerda do 'Nino' Vieira, que não está idenmtificado... O João da Silva é o terceiro elemento.
Casa Comum | Instituição: Fundação Mário Soares| Pasta: 07198.169.175 | Título: Guia de remessa | Assunto: Envio de 20 caixas com obuses de RPG 7 da delegação do PAIGC em Boké para o depósito de Candjafara. Guia assinada por Antero Alfama | Data: Quarta, 27 de Dezembro de 1967 | Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Guias de remessa (armas, viaturas, etc.) 1967-1971.| Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral | Tipo Documental: Documentos.
Citação: (1967), "Guia de remessa", Fundação Mário Soares / DAC - Documentos Amílcar Cabral, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_40398 (2024-2-6) (Com a devidfa vénia...)
1. Estamos a chegar ao fim. Estas são algumas das derradeiras páginas ("Depois do 25 de Abril, outros encontros", pp. 276/280) das memórias do Amadu Djaló (Bafatá, 1940-Lisboa, 2015), reproduzidas a partir do manuscrito, digitalizado, do seu livro "Guineense, Comando, Português: I Volume: Comandos Africanos, 1964 - 1974" (Lisboa, Associação de Comandos, 2010, 229 pp, il., edição esgotada) (*).
O nosso camarada e amigo Virgínio Briote, o editor literário ou "copydesk" desta obra, facultou-nos uma cópia digital. O Amadu Djaló, membro da Tabanca Grande, desde 2010, tem já perto de 120 referências no nosso blogue. Tinha um 2º volume em preparação, que a doença e a morte não lhe permitaram ultimar. As folhas manusctrias foram entregues ao Virgínio Briote com a autorização para as transcrever. Desconhecemos o seu conteúdo, mas já incentivámos o nosso coeditor jubiliado a fazer um derradeiro esforço para transcrever, em word, o manuscrito do II volume (que ficou, naturalmente, incompleto). O Virgínio Briote deu-nos "luz amarela" a esta nossa sugestão... Vamos estar atentos à nossa caixa de correio...
O autor, em Bafatá, sua terra natal, por volta de meados de 1966. (Foto reproduzida no livro, na pág. 149) |
(i) o autor, nascido em Bafatá, de pais oriundos da Guiné-Conacri, começou a recruta, como voluntário, em 4 de janeiro de 1962, no Centro de Instrução Militar (CIM) de Bolama;
(ii) esteve depois no CICA/BAC, em Bissau, onde tirou a especialidade de soldado condutor autorrodas;
(iv) regressou entretanto à CCS/QG, e alistou-se no Gr Cmds "Os Fantasmas", comandado pelo alf mil 'cmd' Maurício Saraiva, de outubro de 1964 a maio de 1965;
(v) em junho de 1965, fez a escola de cabos em Bissau, foi promovido a 1º cabo condutor, em 2 de janeiro de 1966;
(vi) voltou aos Comandos do CTIG, integrando-se desta vez no Gr Cmds "Os Centuriões", do alf mil 'cmd' Luís Rainha e do 1º cabo 'cmd' Júlio Costa Abreu (que vive atualmente em Amesterdão);
(vii) depois da última saída do Grupo, Op Virgínia, 24/25 de abril de 1966, na fronteira do Senegal, Amadu foi transferido, a seu pedido, por razões familitares, para Bafatá, sua terra natal, para o BCAV 757;
(viii) ficou em Bafatá até final de 1969, altura em que foi selecionado para integrar a 1ª CCmds Africanos, que será comandada pelo seu amigo João Bacar Djaló (Cacine, Catió, 1929 - Tite, 1971)
(ix) depois da formação da companhia (que terminou em meados de 1970), o Amadu Djaló, com 30 anos, integra uma das unidades de elite do CTIG; a 1ª CCmds Africanos, em julho, vai para a região de Gabu, Bajocunda e Pirada, fazendo incursões no Senegal e em setembro anda por Paunca: aqui ouve as previsões agoirentas de um adivinho;
(x) em finais de outubro de 1970, começam os preparativos da invasão anfíbia de Conacri (Op Mar Verde, 22 de novembro de 1970), na qual ele participaçou, com toda 1ª CCmds, sob o comando do cap graduado comando João Bacar Jaló (pp. 168-183);
(xi) a narrativa é retomada depois do regresso de Conacri, por pouco tempo, a Fá Mandinga, em dezembro de 1970; a companhia é destacada para Cacine [3 pelotões para reforço temporário das guarnições de Gandembel e Guileje, entre dez 1970 e jan 1971]; Amadu Djaló estava de licença de casamento (15 dias), para logo a seguir ser ferido em Jababá Biafada, sector de Tite, em fevereiro de 1971;
(xii) supersticioso, ouve a "profecia" de um velho adivinho que tem "um recado de Deus (...) para dar ao capitão João Bacar Jaló"; este sonha com a sua própria morte, que vai ocorrer no sector de Tite, perto da tabanca de Jufá, em 16 de abril de 1971 (versão contada ao autor pelo soldado 'comando' Abdulai Djaló Cula, texto em itálico no livro, pp.192-195) ,
(xiii) é entretanto transferido para a 2ª CCmds Africanos, agora em formação; 1ª fase de instrução, em Fá Mandinga , sector L1, de 24 de abril a fins de julho de 1971.
(xiv) o final da instrução realizou.se no subsector do Xitole, regulado do Corunal, cim uma incursão ao mítico Galo Corubal.
(xv) com a 2ª CCmds, comandada por Zacarias Saiegh, participa, em outubro e novembro de 1971, participa em duas acções, uma na zona de Bissum Naga e outra na área de Farim;
O Antero Alfama perguntou-me quem eu era, como me chamava. Eu estava acompanhado por um furriel da nossa companhia, a CCaç 21, e no grupo também se encontravam alguns furriéis, cabos e soldados de Bambadinca, negros, da nossa companhia africana.
Abri a conversa assim:
− A nossa maior preocupação é que nós somos irmãos, andámos na guerra durante muitos anos, houve um muro entre nós que foi agora derrubado. Precisamos de falar com vocês, para nos aproximarmos.
No local estava muita gente e cada vez se juntavam mais pessoas. Então fomos para outro lado, com aquela gente toda atrás de nós.
Antero olhou-me e disse:
− Olha, Amadu, nós não temos militares, o que temos é guerrilheiros. Amanhã, para formar o Exército da Guiné vocês vão ser precisos. Têm formação militar completa, o que os nossos homens ainda não têm.
O que acabava de me dizer podia ser verdadeiro, mas pareceu-me mais uma saída política. E a conversa, que foi muito amigável, terminou com a promessa de nos voltarmos a encontrar.
No segundo contacto fui com o alferes Sada Candé [da CCAÇ 21] ao Xime [onde estva aquartelada a CCAÇ 12], tivemos conhecimento que o Antero Alfama ia lá estar e fomos procurá-lo. Encontrámo-lo, falou connosco e recebeu-nos com boas maneiras.
Depois Alfama foi para Bafatá fazer reuniões com a população e pediu-me, a mim e a outro companheiro meu, que servíssemos de intermediários entre ele e a população. Não tinha ainda suficiente confiança no povo, desconfiava que podia estar gente ligada à DGS que o pudesse matar.
Quatro anos depois, já depois da independência, Antero disse-me que não podia fazer nada por nós, que o Buscardini[1] e o Constantino Teixeira não estavam de acordo com as ideias dele e que tinha pedido transferência para Cabo Verde.
Cassama, um soldado nosso do esquadrão de Bafatá, tinha tido a sorte de, tempos atrás, ter ganho a lotaria nacional e pediu para sair da tropa. Com o dinheiro que lhe saiu, comprou uma carrinha[ de caixa aberta] aberta e passou a utilizá-la no transporte de pessoas e cargas entre Bafatá e Cambajo, na fronteira.
Um dia encontrou o alferes Demba Chamo Seca e disse-lhe que tinha estado com o comandante João [da] Silva[2] e que ue lhe tinha dito que precisava de falar com alguns oficiais dos Comandos africanos.
Um problema familiar imprevisto impediu a ida do Demba, mas ele apareceu à hora combinada, entregou-me a fotografia dele e disse que o que eu combinasse ele assinava também, que procedesse como se ele estivesse presente.
À minha frente estava um homem de aspecto afável, mais ou menos da minha idade, o comandante João Silva, um balanta muito prestigiado entre o PAIGC. Apertámos as mãos e convidou-me a acompanhá-lo.
Antes de mais, disse-lhe que me representava a mim e ao Demba, que por impedimento familiar não podia estar presente e entreguei-lhe a fotografia, conforme o Demba me tinha pedido.
Entrámos numa sala, eu, Cassama, o motorista que me tinha levado, o Maude Embaló, conselheiro, um comissário político que não me lembro do nome, o comandante João da Silva, o Pedro Nazi, responsável pela segurança da zona, e vários soldados armados do PAIGC.
Depois de ter dito o meu nome, que era alferes dos Comandos africanos, feita a minha apresentação, o João da Silva virou-me para o Pedro Nazi e disse-lhe:
− Então, já ouviste?! − e convidou-o a falar.
Durante alguns momentos houve ali uma hesitação, o militar, o João da Silva, queria que fosse o segurança a falar primeiro, o homem da segurança, o Pedro Nazi, queria que fosse o militar a abrir a conversa.
− Está bom. As minhas palavras… eu não tenho muito a dizer. Este camarada que está aí sentado nunca se lembrou que este dia chegava. Para mim, Pedro Nazi, um trapo no ombro não me engana para matar os meus irmãos. Branco não me enganava com dinheiro na mão para eu matar os meus irmãos. Os Comandos fizeram grandes crimes nas zonas libertadas. Se os Comandos entravam numa dessas zonas, essas zonas andavam a chorar três ou quatro meses, um pai que perdeu um filho, o filho que perdeu o pai, uma mulher que perdeu o marido, um homem que perdeu a esposa. Foram matanças, crimes! Os brancos têm número de militares superiores a nós, os brancos têm carros, carros de combate, aviões, mas Deus deu-nos razão e os brancos perderam a guerra, agora hoje está aí sentado para falarmos de Guiné! Ele nunca pensou, nunca passou pela cabeça dele que algum dia viria ter connosco para falarmos da nossa terra, da Guiné. Eu já falei o que tinha a falar.
Então quando João da Silva se estava a preparar para falar, eu, que fiquei muito chocado com as palavras do Pedro Nazi, disse:
− Desculpa, João, eu quero responder às palavras que ouvi.
− Camarada Pedro, é ainda muito cedo para falar da maneira que o camarada falou agora. Muito cedo. Nós não viemos cá saber o que se passou. Porque se nas zonas libertadas vocês apresentam mil órfãos, nós também vos mostramos órfãos aqui na zona. O chicote da guerra é comprido, muito comprido. Quando quer bater no inimigo também pode tocar em inocentes. Não levámos em consideração os órfãos e as viúvas que vocês fizeram cá. Foi a guerra. Tenho a certeza que as bombas que vocês lançaram em Bafatá, aquelas bombas mataram população inocente. A vossa ideia era matar militares, mas mataram civis. Nós, quando entrámos nas zonas libertadas, quando havia disparos contra nós, disparámos também e matámos civis. O povo das zonas libertadas não nos pode julgar porque sempre considerou os militares como criminosos e por isso quando viam tropa fugiam. E o povo das zonas urbanas também não vos pode julgar, nem considerar o PAIGC criminoso. Por isso, vamos deixar esta parte de lado, camarada.
Logo, João da Silva, gritou: "Viva PAIGC, viva PAIGC!" e as pessoas que estavam com ele gritavam: "Viva PAIGC!"...
E João da Silva continuou:
− Hoje fiquei satisfeito, já sei que nós vamos ter a independência [estavam a decorrer as negociações de paz, bilaterais, primeiro em Londres e depois em Argel] .
Com as palavras do comandante João da Silva fiquei mais satisfeito, mais aliviado, mas houve uma altura, quando estava a falar o Pedro Nazi, eu perguntei a mim próprio, por que é que eu tinha vindo. O Cassama, o motorista que me tinha levado e que estava sentado ao meu lado num banco comprido, quando comecei a falar, vi-o escorregar do banco para o chão e enfiar a cabeça entre as mãos.
No fim do encontro, Cassama estava com pressa de sair dali.
- Vamos embora, vamos regressar. Tenho que levar os sapatos que o João da Silva me encomendou porque não lhe servem, tenho que trazer o outro número ainda hoje. Vamos, Amadu.
João da Silva, o Pedro Nazi e a comitiva acompanharam-nos até à fronteira. Apertámos as mãos e abraçámo-nos. Recordo que Pedro me recomendou coragem.
Este encontro ocorreu em fins de maio ou nos primeiros dias de junho [de 1994] .
[1] Nota do editor: António Buscardini, depois da Independência, foi considerado por muitos como um dos principais responsáveis (juntamente com Constantino Teixeira) pelas prisões e pelos fuzilamentos sumários que ocorreram durante 1975, de militares e civis que tinham colaborado com as tropas portuguesas.
Na sequência do golpe de 1980, que levou 'Nino' Vieira ao poder, esteve preso dois anos. Na altura em que foi detido, era o Secretário-Geral do Comissariado de Estado do Interior. Morreu de doença, pouco tempo depois.
[2] Do PAIGC, que tinha feito a guerra na zona nordeste, na fronteira com o Senegal.
10 comentários:
Julgo que este Antero Alfama vai mais tarde ser autarca no munícipio da ilha do Sal (talvez fosse a sua terra natal).
Amadu Djaló, apesar das suas reservas mentais, chama-lhe "um homem bom" que, talvez ingenuamente, pensava ser possível integrar o "Batalhão de Comandos da Guiné"... no futuro exército da República da Guiné -Bissau...
De qualquer modo manteve contacto com ele pelo menos 4 anos...
O Amadu Djaló parece ser um dos primeiros oficiais graduados 'cmds' a tentar fazer a ponte com os novos "senhores da guerra"...
Isto diz muito sobre a sua personalidade, os seus valores, a sua atitude ética face à guerra... Não terá sido motivado apenas pelo instinto de sobrevivência... Outros oficiais teriam até melhores ligações, pessoais, políticas e étnicas, com o PAIGC...
Gostava de ouvir a opinião de mais antigos comandos...(que infelizmente não escreveram ou não escrevem)...
Este Antero Alfama que o Amadu achava que era "bom pessoal", não consta da "nomenclatura" do PAIGC em Cabo Verde, não está na lista do "núcleo histórico" dos membros fundadores das Forças Armadas da República de Cabo Verde...
Porquê ? nâo era um "histórico" ? Caiu em desgraça ? Tornou-se dissidente ? Voltou a Cabo Verde antes de tempo (antes do golpe de 'Nino« Vieira, de 14/11/1980 ? Foi um mau guerrilheiro ?
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2022/12/guine-6174-p23935-antologia-88-cabo.html
MEMBROS DO NÚCLEO FUNDADOR DAS FORÇAS ARMADAS DE CABO VERDE
Primeira Unidade Combatente de Cabo-verdianos
1. Alcides Évora (Batcha)
2. Afonso Gomes*
3. Agnelo Dantas
4. Amâncio Lopes
5. António Leite
6. Armando Fortes
7. Armindo Ferreira
8. Estanislau João Ramos
9. Fernando dos Santos Rosa
10. Honório Chantre
11. Jaime Mota*
12. Joaquim Pedro Silva (Barô)
13. José Anselmo Corsino
14. Júlio César de Carvalho
15. Manuel Jesus Gomes
16. Manuel João Piedade
17. Manuel Maria dos Santos
18. Manuel Monteiro
19. Manuel Pedro dos Santos
20. Maria Ilídia C. Évora
21. Nicolau Pio*
22. Olívio Melício Pires
23. Osvaldo Azevedo
24. Pedro [Verona Rodrigues ] Pires**
25. Silvino Manuel da Luz
26. Sotero Nicolau Fortes
27. Wlademiro Carvalho*.
* Já faleceram (até à data da publicação do artigo publicado na Revista Militar, n.º 2461/2462, fevereiro/março de 2007, "Os Quarenta Anos das Forças Armadas de Cabo Verde", do então tenente-coronel Pedro dos Reis Brito, na reserva, entretanto falecido (1953-2014).
** Líder do Grupo
*** (LG) Falecidos depois da data do artigo (2007): (i) Joaquim Pedro Silva (Baró) (2019)
Aconselho que se releia a belíssima intervenção do jornlaista e politólogo Nuno Rogeiro, no lançamento do livro do Amadu Djaló, em 15 de maio de 2010....
SEXTA-FEIRA, 30 DE ABRIL DE 2010
Guiné 63/74 - P6282: Lançamento do livro do Amadu Bailo Djaló: Lisboa, Museu Militar, 15 de Abril (5): Fotos e agradecimento do Virgínio Briote e intervenção do Nuno Rogeiro
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2010/04/guine-6374-p6282-lancamento-do-livro-do.html
(...) Esta obra, relato de guerra e do pós-guerra, relato da paz e da pós-paz, é também o mapa deste desencanto, dos combates declarados inúteis, dos combatentes declarados redundantes, dos feridos declarados descartáveis, dos órfãos e viúvas declarados dispensáveis, dos mortos declarados inexistentes, por regulamento ou decreto.
Mas é também uma história, se bem que só esboçada, de reconciliações e de abraços. Abraços e reconciliações às vezes traídos.
O autor encontra-se, a seguir ao 25 de Abril de 1974, com o cabo-verdiano Antero Alfama, quadro do vencedor político, o PAIGC. Os compromissos feitos pelo último são de transição generosa, de integração de todos os guineenses, sem vinganças ou retaliações, sem tribunais especiais ou valas comuns, sem julgamentos secretos e tiros na nuca, sem o “N’kré vivé”, o processo de choques eléctricos, sem asfixia colectiva, em antigos depósitos de munições. Promessas rasgadas pelo processo “revolucionário” em curso em Bissau, mas sobretudo pela iluminação sanguinolenta de algumas vanguardas.
Não vale hoje a pena, se calhar, chorar mais sobre as vidas derramadas, nesse intervalo onde Portugal, independentemente de credos, doutrinas, regimes e pessoas, não fez tudo o que devia, para proteger os que combateram em seu nome.
Não valerá a pena chorar mais sobre o “incidente”, que levou à execução de centenas de comandos, milicianos, civis, em Farim, Cumeré, Portogole, Mansabá, a partir de 1974. (...)
Provavelmente o tal Antero Alfama era apenas "comissário político", mesmo assim mais importante, na hierarquia do PAIGC, do que comandante operacional...
Virgínio, a ideia que em tenho é que o pdoeroso Buscardini foi uma das vítimas do golpo militar deencadeado em 14/11/1980, pelo 'Nino' Vieira... Conheci a viúva em 2008. Mas tive a delicadeza de não abordar o assunto...
Suicídio ? Abatido pelos golpistas ? O PAIGC tinha entyrado numa espiral de violência fratricida... Mas, para muitos guineenses, os "filhos da Guiné" reconquistavam as rédeas do poder...
https://www.didinho.org/Arquivo/resistenciaemortedeantonioalcantarabuscardini.htm
Virgínio, reli este poste...
Vê a versão do Nelson Herbert, que estava nessa noite em Bissau...
(...) Foi igualmente a noite em que, a escassos metros da minha casa, e tendo como alvo uma residência vizinha, um violento tiroteio e explosões envolvendo disparos de tanques e de armas automáticas, punham fim à vida de António Buscardini [1943-1980], o ex-chefe da secreta do governo de Luís Cabral...
A noite mais longa... e de insónias ! (...)
QUINTA-FEIRA, 18 DE NOVEMBRO DE 2010
Guiné 63/74 - P7300: (In)citações (21): 14 de Novembro de 1980, uma data que mudou a vida do meu país e a minha (Nelson Herbert)
https://blogueforanadaevaotres.blogspot.com/2010/11/guine-6374-p7300-incitacoes-26-14-de.html
Caro amigo Luís Graça,
Quem morreu na prisão foi o Constantino Teixeira (Tchutchu), salvo erro, na altura seria o Comissário Principal (Primeiro Ministro). O Buscardini foi morto na noite do golpe de 14/11/80.
Cherno Baldé
Errata:
Para corrigir a afirmação no comentário anterior e dizer que na altura da sua prisão ocorrida no golpe de 14 de Novembro 1980, o Constantino Teixeira já não era o CP, cargo que ele tinha passado ao JBV (Nino) desde Setembro de 1978. O certo é que, segundo diziam, as suas relações não eram muito cordiais.
Cherno AB
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