Citação:
(1941), "Diário de Lisboa", nº 6853, Ano 21, Sexta, 19 de Dezembro de 1941, Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_25120 (2024-5-12)
Fonte: Casa Comum | Fundação Mário Soares |Pasta: 05768.032.08354 |Título: Diário de Lisboa | Número: 6912 |Ano: 21 | Data: Sexta, 20 de Fevereiro de 1942 | Directores: Director: Joaquim Manso | Fundo: DRR - Documentos Ruella Ramos | Tipo Documental: IMPRENSA| (Com a devida vénia...)
(1942), "Diário de Lisboa", nº 6912, Ano 21, Sexta, 20 de Fevereiro de 1942, Fundação Mário Soares / DRR - Documentos Ruella Ramos, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_26731 (2024-5-12)
Timor Leste > Dili > Palácio do Governo > 2023 > Foto do Jornal Tornado, "on line" (Jornal global para a lusofonia), 23 de junho de 2023 (com a devida vénia)
A porção ocidental da ilha de Timor, com capital em Kupang, pertence hoje à República da Indonésia. A porção oriental, com capital em Díli, pertencia a Portugal desde o século XVI. Quando os primeiros mercadores e missionários portugueses aportaram na ilha de Timor em 1515, encontraram populações organizadas em pequenos estados, reunidos em duas confederações: Servião e Belos, que praticavam religiões animistas. O islamismo, cuja religião predomina na Indonésia atual, não tinha chegado a Timor, e nem o mesmo o budismo que, sobretudo no séc.VIII, imprimiu a sua marca em Java.
No 3º quartel do século XVI chegaram a Timor os primeiros frades dominicanos portugueses, através dos quais se vai desenvolvendo uma progressiva influência religiosa, ao mesmo tempo que se vai estabelecendo a dominação portuguesa. A evolução cultural processou-se em sentido oposto ao que se verificou nas atuais ilhas indonésias de Java, Sumatra e nas costas de Kalimantan e de Sulawesi, onde o islamismo se estendeu cada vez mais.
Em 1651, os holandeses conquistaram Kupang, no extremo oeste da ilha de Timor, e começam a penetrar até a metade de seu território.
Durante a Segunda Guerra Mundial, as forças Aliadas (australianos e holandeses), reconhecendo a posição estratégica de Timor, estabeleceram posições no território tendo-se envolvido em duros confrontos com as forças japonesas. Algumas dezenas de milhar de timorenses deram a vida lutando ao lado dos Aliados.
Entre 1945 e junho de 1974, o governo indonésio, em obediência ao Direito Internacional, afirma na ONU e fora dela que não tinha quaisquer reivindicações territoriais sobre Timor Oriental (Leste).
A Revolução de 25 de Abril de 1974, que restaurou a democracia em Portugal, consagrou o respeito pelo direito à autodeterminação das colónias portuguesas. Visando promover o exercício desse direito, foi criada em Díli a 13 de maio daquele ano a Comissão para a Autodeterminação de Timor.
- a UDT (União Democrática Timorense), que preconizava "a integração de Timor numa comunidade de língua portuguesa";
- a ASDT (Associação Social-Democrata Timorense) depois transformada em FRETILIN (Frente Revolucionária de Timor-Leste Independente) , defendia o direito à independência;
- e a APODETI (Associação Popular Democrática Timorense), propunha a "integração com autonomia na comunidade Indonésia".
Em 1975, com a dissolução do império colonial português, aumentaram os movimentos de libertação locais. Em maio de 1975, um projecto das autoridades de Lisboa foi apresentado aos principais partidos Timorenses e, depois de ouvi-los, publicou-se em 11 de julho a lei que previa a nomeação de um Alto Comissário português, e, em outubro do mesmo ano, a eleição de uma Assembleia Popular para definir o seu estatuto político. O diploma previa um período de transição de cerca de três anos.
Desde janeiro de 1975, já estava em marcha um programa local de progressiva descolonização, através de uma Reforma Administrativa, a qual levou à realização de eleições para a administração regional do Conselho de Lautém.
A Indonésia, a pretexto de proteger os seus cidadãos em território Timorense, invade a parte Leste da ilha e rebaptiza o território de Timor Timur, tornando-a sua 27ª província. Recebeu o apoio tácito do governo norte-americano que via a Fretilin como uma organização de orientação marxista.
Após a ocupação do território pela Indonésia a Resistência Timorense consolida-se progressivamente, inicialmente sob a liderança da FRETILIN.
Aproximadamente 1/3 da população do país, mais de 250 mil pessoas, morreram na guerra.
Em 1996 José Ramos-Horta e o bispo de Díli, D. Ximenes Belo receberam o Nobel da Paz pela defesa dos direitos humanos e da independência de Timor-Leste.
Apesar disso, milícias pró-Indonésia continuaram a actuar no território, atacando inclusive a sede da UNAMET (os observadores das Nações Unidas) e provocando a saída do Bispo D. Ximenes Belo para a Austrália, e o asilo de Kay Rala Xanana Gusmão na embaixada inglesa em Jacarta. Os assassinatos, promovidos por milícias anti-independência, armadas por membros do exército indonésio descontentes com o resultado do referendo, continuaram.
As imagens despertaram protestos em vários países do mundo junto às embaixadas da Indonésia, norte-americanas e britânicas, e também junto às Nações Unidas, exigindo a rápida intervenção para cessar os assassinatos.
Finalmente a 18 de Setembro de 1999 partiu um contingente de "capacetes azuis" das Nações Unidas, uma força militar internacional composta inicialmente de 2500 homens, depois aumentados para 8 mil, incluindo australianos, britânicos, franceses, italianos, malaios, norte-americanos, canadianos e outros, além de brasileiros e argentinos.
Restauração da Independência
Em Portugal e em vários outros países organizaram-se campanhas para arrecadar donativos, víveres e livros. Aos poucos a situação foi sendo controlada, com o progressivo desarmamento das milícias e o início da reconstrução de moradias, escolas e do resto da infra-estrutura.
Fonte: Adapt. de Portal do Governo de Timor Leste (com a devida vénia...)
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Nota do editor:
(*) Vd. poste de 5 de maio de 2024 > Guiné 61/74 - P25480: Capas da Gazeta das Colónias (1924-1926) (8): Timor, "terra abençoada por Deus", que os portugueses só conheciam, em 1925, "através de uma tradição de má fama" (isto é, como "lugar de desterro")
4 comentários:
Escreve Jorge Silva Rocha:
(...) "Portugal tinha até então recusado o apoio militar para a defesa do território de Timor insistentemente oferecido por holandeses e australianos, confiante que estava na sua neutralidade. (...)
A atividade militar da colónia portuguesa estava então bastante longe de ser eficaz uma vez que a maior parte dos graduados europeus enviados para o território, era “desviada” para funções na administração local em virtude da inexistência de funcionários públicos capazes. Por altura da Segunda Guerra Mundial, a diminuta guarnição aí existente estava reduzida a uma Companhia de Infantaria indígena (Companhia de Caçadores de Timor) e a um Pelotão de Cavalaria também ndígena (da Fronteira), um dispositivo militar que, estabelecido oficialmente em finais da década de 1930, se podia considerar suficiente para a manutenção da ordem interna mas totalmente insuficiente e desadequado para suster qualquer ataque externo.
A Companhia de Caçadores de Timor estava aquartelada em Taibessi, a três quilómetros de Díli; em Maubisse funcionava a escola de recrutas eem Oecussi estava estacionado um destacamento daquela Companhia. O Pelotão de Cavalaria de Polícia da Fronteira tinha as suas forças distribuídas ao longo da fronteira com Timor holandês e o seu comando estava aquartelado em Bobonaro. Além deste dispositivo militar de 1ª linha estavam também organizadas nos diversos Regulados 7 do território um número significativo de forças voluntárias indígenas de 2ª linha designadas de moradores, que no passado tinham ajudado a debelar insurreições internas.
A guarnição militar da colónia tinha um efetivo total de três oficiais; sete sargentos e cerca de 30 cabos europeus, mestiços e indígenas; quatro soldados europeus e mestiços; cerca de 300 soldados indígenas." (...)
https://repositorio.iscte-iul.pt/bitstream/10071/29030/1/bookPart_59558.pdf
Como curiosidade, a espingarda Kalashnicov faz parte do Brasão de Armas de Timor-Leste, assim como do Zimbabué, Burkina Faso e Moçambique.
Valdemar Queiroz
Infelizmente, é uma arma odiosa, a Kalash, como todas as armas... Mas esta ainda mais... Alguém lhe chamou, à AK-47, "a máquina de matar preferida em todo o mundo"... Tenho pena que faça parte do "brasão de armas" de dois países lusófonos, Timor e Moçambique...
https://oxfamilibrary.openrepository.com/bitstream/handle/10546/114612/bn-ak47-260606-pt.pdf;jsessionid=46C4619552D4E98D1310FE540BB83D7B?sequence=3
As duas grandes armas, a Kalash e a Universidade Lumumba foram as duas grandes armas usadas em toda a África para tornar todo aquele continente africano um continente "Socialista" até ao ano dois mil.
A caduca Europa ultrapassada pela "direita" com muita pinta.
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