Guiné > Zona leste > Paúnca > Junho de 1974 > Primeiras manifestações de regozijo entre militares das NT e guerrilheiros do PAIGC, ainda antes do cessar-fogo oficial, celebrado entre as duas partes.
Guiné > Zona leste > Paúnca > Junho de 1974 > O J. Casimiro Carvalho abraça um guerrilheiro do PAIGC.
Fotos: © José Casimiro Carvalho (2007). Direitos reservados.
Depois das cartas do corredor da morte (de que saíram seis postes), publica-se mais umas tantas que o nosso ranger escreveu e enviou doutros sítios por onde passou, ainda no 2º semestre de 1973 e depois no 1º semestre de 1974... Ele estava de passagem em Bissau, quando aconteceu o 25 de Abril (**). Mas foi em Paúnca que conheceu (e confraternizou com) os seus antigos inimigos...
Carta, Cumbijã, 16/3/74
Querida mãe:
(…) Mandem-me sem falta marcadores, marca EDDING 2000, 2 pretos e uma de cada cor até perfazer 10. OK? Obrigado.
(…) Já estou bom da perna, agora ando a fazer um serviço para o capitão, pois sou o único graduado que está apto para fazê-lo (fazer mapas para mandar para o Quartel General, por causa do meu jeito para o desenho). Já fui bastante elogiado pela Directora do M. N. Feminino, pois fiz desenhos em cartazes de boas vindas e levou-os para publicar numa revista. (…)
Carta, Cumbijã, 20/3/74
(…) Hoje já bebi umas 13 ou 14 cervejas, fiz uma coluna e amanhã outra, já ando estourado.
Daqui a uns 15 ou 20 dias devo ir para outro destacamento chamado Nhala, é sempre a aviar, pareço um nómada. Um beijo.
[Segue-s eum croquis, em que o nosso camarada assinala as seguintes posições: Aldeia Formosa batalhão – sede)/ Buba / Nhala / Mampatá / Colibuía / Cumbijã]
Carta, Nhala, 10/4/74
Paizinho:
Como deve ter notado, mais uma vez mudei de destacamento. Agora estou em Nhala, temporariamente. E até que não é mau, música estereofónica, de um aparelho de alta fidelidade, bons quartos, casas de banho com retretes (bacias), comida boa, bajudas, etc.. E isto em pleno mato.
Mas, é claro que tudo se paga e eu vim para aqui para fazer contra-penetrações, emboscadas e protecção à estrada… Bem, um padeiro faz pão, um tipógrafo imprime e um soldado anda com a namorada na mão e anda no mato!!
Carta, Bissau, 30/4/74
Querida mãezinha:
(…) Isto aqui anda a ‘ferver’. Os africanos andam aos montes na cidade e partem montras e há porrada. Acabou a DGS e eles andam loucos de alegria, só querem é apanhar ex-membros da extinta DGS., que estão a ser evacuados da Província.
Andam com cartazes deste génerio:
Abaixo a repressão
Abaixo a DGS
Viva Spínola, pai do nosso povo
Liberdade ao nosso povo, etc
Andam às centenas. Tropas às centenas (armadas até aos dentes) patrulham a cidade dia e noite, até dormem nas ruas com ração de combate. Parece Belfast. À noite não me atrevo a ir à cidade. É por isso que estou a escrever-lhe senão levava mais uns dias.(…)
Carta, Nova Lamego, 8/5/74
Queridos pais:
Cá estou a caminho do meu novo destino que, segundo dizem, é um local sem ataques nenhuns. Até dizem: 'Vais passar umas férias'.
Para já vim de avião até N. Lamego, que é uma cidade mais ou menos relativamente perto de Bafatá, que é a segunda melhor cidade da Guiné. E aqui tem a melhor pista de aviação (a segunda melhor) da Guiné.
O meu destino é Paúnca, situado a 50 km daqui, e para onde seguirei de coluna auto.
[Desenho do NordAtlas, avião em que viajei]
Como disse, vou para um Grupo de Combate duma companhia de pretos, durante uns 5 meses, até acabar a comissão. Ando muito optimista pois sou um dos VELHINHOS cá da Guiné e aqui sou o mais VELHO (18 meses e tal)...
'Isto é que é viajar e conhecer mundo', há-de pensar o pai, mas aqui é um calor, pior que em Bissau, e andamos sempre sujeitos. Bom, até à próxima um beijo. (...)
[No verso da carta, tipo PS ]
Chequei aqui e fui para o Bar. Logo a seguir explode um recipiente com petróleo e um soldado vem a correr a arder, parecia um archote, quase que me queimava. Acontece cada uma
Carta (dactilografada), Paunca, 14/5/1974
Maninha:
(…) Hoje passou-se uma episódio engraçado comigo (‘engraçado’, agora, claro). Vou contar-te:
Fomos fazer uma escolta a uns trabalhadores e quando chegámos ao destino fui um bocado à caça para passar o tempo. Andei por lá umas duas horas e, de repente, ouço umas rajadas de espingarda automática. A minha reacção foi logo dar uma cambalhota em frente e esconder-me atrás de uma árvore. Depois dei uma rajada para chamar a atenção dos meus homens, mas como não obtivesse resposta, comecei a chamar o soldado africano que tinha vindo comigo. Ele respondeu e eu perguntei-lhe quem é que tinha dado a rajada.
- Talvez foi alfere – disse ele e eu segui para onde estava o alferes e o resto da malta. E, realmente, fora o alferes, por brincadeira, que tinha dado a rajada. Foi uma risota, mas na altura não achei graça nenhuma.
A comida aqui não é nada má, o que só em si representa muito, não achas, queridota ? Só falta aqui electricidade durante o dia e ventoínhas (…)
Aerograma, Paunca, 20/5/74
[Remetente: José Carvalho, Fur Mil, CCAÇ 11, 'Os Lacraus']
[Croquis com as seguintes posições: Nova Lamego / Pirada / Paúnca]
Mamãe:
(...) Acabou a Polícia de Choque também ?
Ontem estive de Sargento de Piquete e fui guardar um recinto onde havia batuque. Olha, é bonito, os fulas a lutar género luta greco-romana, eles muito fortes e ao som da batucada, até vibrei.
Não tenho feito nada, é só dormir, não saí nenhuma vez para o mato pois aqui agora é raro e isso só por si vale muito. É menor o perigo que corremos (...)
Aerograma, Paúnca, 20/5/74
Paizinho:
(...) Vou pô-lo ao corrente, mais ou menos, do que se passa por aqui:
Há 8 dias fomos informados que daí em diante não podíamos fazer fogo de armas pesadas, a não ser em caso de ataque ao quartel. No mato, mesmo que encontremos um Grupo IN, só abrimos fogo se eles abrirem, e neste caso [devemos] tentar acabar com o tiroteiro, logo que possível.
A aviação não bombardeia. Quando foi formado o Governo Provsório, o presidente do Senegal, Senghor, enviou o seu avião pessoal a Lisboa para ir buscar o representante da Junta [de Salvação Nacional], e tentar um acordo prévio de cessar-fogo, do qual ficou assente [o seguinte]:
O PAIGC anulou todas as opreações de grande vulto (como a de Guileje) que estavam planeadas para o fim da época seca, ou seja, 'agora'... Portugal, por sua vez, compromoteu-se a não abrir fogo sobre guerrilheiros do PAIGC, prioritariamente... Portanto temos praticamente um cessar-fogo não oficial, que será oficializado em Londres no dia 25, entre Aristides Pereira e Portugal.
Isto está a correr pelo melhor, não acha ? Nós andamos todos contentes, se bem que isto a mim não me vai beneficiar, quanto ao fim da comissão que se avizinha.
Salário mínimo: 6000$00! Essa era boa!
Da BBC,Londres: ouvimos que um dos presos da DGS viu um agente a obrigar um preso a comer vidros partidos, entre outras torturas, antes de lhe tirar os olhos... E arrancavam unhas, etc., etc.
Nunca deixe de apostar no 75. É com o 23857. (...)
Guiné > Zona Leste > Paúnca > CCAÇ 11, os Lacraus > Junho de 1974 > O ex-Fur Mil Op Esp Casimiro Carvalho no meio de dois dos seus soldados fulas. O cessar-fogo, a confraternização dos tugas com os seus antigos inimigos e a incerteza quanto ao destino dos militares guineenses ao serviço das NT estarão na origem da sublevação dos Lacraus em data que não sabemos precisar, possivelmente em Junho ou Julho de 1974. Não há registo epistelográfico deste grave incidente, em que os soldados africanos da CCAÇ 11 se amotinaram contra os seus oficiais e sargentos...
Foto: © José Casimiro Carvalho (2007). Direitos reservados.
Documento dactilografado, Paunca, 7 de Junho de 1974
Informação,
Ontem, tropas brancas entraram num destacamento armado, de inimigos, começando por travar um diálogo amistoso que só contribuía para a tão desejada paz. Daí se concluiu que o PAIGC, como nós, só deseja a paz, e ficou combinado que, hoje, tropas africanas integradas nas nossas fileiras iriam também travar diálogos com elementos inimigos para melhor se entenderem e saberem as aspirações de cada um.
Hoje, portanto, 30 elementos da nossa tropa dirigiram-se a esse destacamento dentro do nosso território, mas perto da fronteira, onde encontraram uma colossal emboscada armada pelo PAIGC. Os nossos deixaram as armas nas viaturas como prova de confiança, e dirigiram-se ao inimigo ao qual apertaram as mãos e iniciaram acaloradas trocas de impressões e troca de algumas peças de fardamentos e foram obsequiados pelo pseudo inimigo com algumas latas de ração de combate com o emblema do PAIGC e galhardetes e emblemas do Partido.
Em toda a história mundial parece que é a primeira vez que se dá um golpe de Estado neste género (na Metrópole) e antes mesmo de um cessar fogo oficial, dois inimigos armados juntos no campo de batalha a confraternizar, como aconteceu nestes últimos dias.
Pessoalmente digo que ando até emocionado com estes momentos tão importantes na vida da minha Nação e para um futuro melhor da Juventude Portuguesa que tombou e tombaria no campo da honra em defesa de um ideal fascista, que felizmente, devido a um punhado de valentes idealistas, foi derrubado e desestruturado completamente, com a integral ajuda e apoio do grande povo português. “O POVO É QUEM MAIS ORDENA…”.
Amanhã está prevista a visita aqui, a Paunca, de elementos do PAIGC (armados), o que significará mais uma etapa a favor da paz e do conhecimento dos ideais de ambas as partes. Sinto-me em grande euforia por ver chegar o momento tão desejado por todos os jovens portugueses que aqui lutaram, que aqui perderam a vida e que aqui viram morrer companheiros de luta e das horas de ócio… “Quantas lágrimas derramadas aqui e além mar”, mas o fim aproxima-se
Amanhã, segundo está previsto, virão os nossos inimigos e eu irei vê-los e… talvez, quem sabe ?, abraçá-los, por que eles melhor do que eu lutaram por um ideal, por um chão que era deles, e sobretudo eram soldados como eu, uns obrigados outros por idealismo
[Assinado] UM MILITAR COM ESPERANÇA
Carta, SPM 5668, Paunca, s/d (carimbo ilegível) [8/6/1974]
Olá, mãezinha:
(….) Hoje veio aqui um grupo do PAIGC em 2 viaturas russas, armados até aos dentes e mais uma vez houve troca de saudações e cumprimentos, já nem se fala em Guerra! Que coisa!...
Passo os meus dias na cama, donde me levanto às 11 horas ou meio dia, e quando me levanto antes é para ir até ao café comer um bife com mostarda, pão e uma cerveja (19$00) que sabe pela vida HUM! HUM!...
(…) Já não faltam 25, nem 24, nem 23, nem 22, nem 21, nem 20, já só faltam 19, DEZANOVE!!! É muita ridagem (?) para um homem só. Mas um Ranger aguenta firme, com coragem e decisão, pois não é no fim que se desanima, não é ? 15,28 valores não se conseguem a dormir.
Os doces souberam-me pela vida e os chocolatinhos também. Jarama Nani, muito obrigado em língua fula.
Quando eu for embora só quero uma feijoada de chispe até cair para o lado e na outra refeição um frango assado só para mim. Ah! Leão, que vais matar saudades da vida caeira.
Vou ensinar-lhe algumas frases em fula:
No Pinda - Bom dia
No Nhaluda - Boa tarde
No Kirda - Boa noite
Fanko - Calou, cala-te
Tenko - Quieto
Mussa - Dói
À Nani ? - Entendido ?
Parte - Dá
Jaur - De nada
Anko à Babá - És um burro
Jango - Amanhã
Fabjango - Depois de amanhã
Anki - Ontem
IV [Parte]
Ouvi dizer por alto que a minha companhia avai embora em fins de Setembro, mas não sei ao certo e também ouvi dizer que vamos sair daqui de Paúnca dentro do mês de Agosto, para outro local que até pode ser Bissau, mas a minha situação é só de aguardar notícias.
Agora estamos num país estrangeiro - República da Guiné-Bissau - reconhecido por 80 países e agora pelo nosso também. Andamos todos contenets com esta situação e que queremos agora é ir embora. Os africanos já entregaram o material de guerra todo, que está a ser encaixotado para seguir para Bissau e a seguir vamos nós! Que melhor fim de comissão podia esperar ? (...)
Carta, Paúcna, 10/6/74
Querida mãezinha, começo já por falar naquilo que me enche a cabeça e o coração.
Outro dia forças nossas foram a um acampamento inimigo, dentro do nosso território, mas pertíssimo da fronteira. De ambos os lados não se abriu fogo e cumprimentaram-se e trcaram-se impressões. Entretanto, ficou assente que no dia seguinte iriam lá também elementos africanos ao nosso serviço para se encontrarem, inimigo com inimigo, trocando tiros por cumprimentos e palavras de amziade... Chegaram a trocar, até, peças de fardamento e foram obsequiados com emblemas do PAIGC.
Regressaram com o propósito de receberem alguns elementos inimigos, dentro do nosso quartel e no dia seguinte cá compareceu o comissário d PAIGC com mais 8 soldados armados, os quais, depois de algums palavras com população e militares, almoçaram connosco em grande confraternização.
Depois de tantos anos de luta até parece impossível, mas é verdade, já não há inimigos, mas sim amigos para a conquista da paz, a tão desejada paz.
Eu que os odiava, abracei-os, antevendo que, se todos farem gratos como eu, o meu irmão e milhares como ele virão a beneficiar. Esperamos entretanto que as conversações acabem para sabermos o resultado. Mesmo sem o cessar-fogo já não se ouvem tiros, penso que em nenhuma guerra se viu isto, inimigos de há dois dias a almoçar na mesma mesa e a rir.
Oh! Mãe, como eu desejava este momento!!!
Acerca de eu ter tido ou não problemas aqui, pode estar descansada que corre tudo às mil maravilhas (...).
Tenho um cinturão de guerrilhero do POIGC, um cantil e um saco de campanha, são recordações do princípio do fim da guerra. E tirei umas dezenas de fotografias deste tão histórico momento. Até há um pormenor importante, esses guerrilheiros e o comandante deles falaram do desejo de paz à população, debaixo da bandeira portuguesa. Depois eu mando as fotos (...).
Carta, Paúnca, 30/6/74
[Destinatária: Ana]
Olááááá!...Já não recebia correio seu há já muito tempo, lembra-se quando eu dizia 'Gosto mais da Ana que dos meus pais' ? Bem, isso já passou, mas só agora dou o valor (...).
Já vai para os 7 meses que saí daí e quse que não dei fé do tempo passar, pois basta não haver guerra que as preocupações acabam (...).
Tenho um macaquinho sagui e o sacana é espero que se farta! Eu às vezes compro rebuçados (drops) e ponho em cima da mesinha de cabeceira (...).
Agora é só tomar banho à chuva, é uma alegria, nem que sejam 4 da manhã, se chove levantamo-nos e.. chuva! (...)
ACerca do ataque que mencionou, realmente parece que houve qualquer coisa, mas sem consequências, mas não se sabe se foi o PAIGC (que se tem mostrado muito amistoso para connosco) pois parece que há agora aí outro partido qualquer, ou era um grupo de rebeldes do PAIGC que ignoraram a ordem de cessar fogo, pois nós até passamos agora por Eles armados e ningém abre fogo e já não fazemos patrulhas. Já cá estou há quase 2 meses e nem uma fiz.
Tenho encontrado cá muita malta do Porto e arredores, até o que eu vim substituir é do Porto. Ele deve aparecer por aí, é um camaradão, tratou-me muito bem, quando cá chegou e interessou-se em me ambientar com o sistema daqui.
Acerca do Ranger, pois claro, nunca se perde a calma, a esperança, não se desanima, não se perde o APETITE e ombros largos, força e peito feito, não faltam, sou ou não sou Ranger (15,28 valores ???. E já não faltam 50, só faltam 49 dias.
Carta, Nova Lamego, 11/8/74
Olá, como devem reparar já não estou em Paúnca, agora encontro-me aqui em N. Lamego, que já é um centro mais comercial e onde me sinto mais seguro, pois estou no meio de brancos...
Vou explicar como é que me encontro aqui: fui nomeado pelo comandante de companhia para acompanhar todo o material de guerra existente em Paúnca até N. Lamego (Batalhão) onde ficarei até a companhia ir para baixo. Deduzo que esse mesmo material deve ficar entregue ao Batalhão que tratará da sua evacuação para Bissau, depois (ou melhor, entretanto) seguiremos em avião militar para Bissau onde me juntarei à minha companhia, para seguir para Portugal em fins de Setembro (já está assegurado o embarque para Setembro, só se houver alteração ou atraso do barco - Niassa), onde, FINALMENTE, estarei com vocês para sempre e até poderei gozar férias com o papá.
Ontem cheguei aqui, encontrei cá amigos, entre eles um vizinho daí e depois de jantar fui ao cinema (AO CINENA!!) ver o Ciccio Ingrassia e o Franco Franchi - 002 e o Cérebro Electrónico... Foi um fartote de rir, ri-me até partir a moca! Há tempo que já não via cinema...
Hoje de manhã fui conferir o material todo, fiz guias de entrega e depois fui dar umas voltas, regressei ao quartel, fui descansar até à hora do almoço (ovo, salsichas, batata frita e arroz), depois fui descansar com ventoínha, ouvir boa música (pareço um paxá)... Há pouco levantei-me e vim escrever (cumpro a minha obrigação), pois sei que tenho correio lá em Paúnca, mas ainda não o recebi.
Estou num café a beber um whisky, juntamente com um cabo que está sob o meu comando, que até é um gajo porreiro. Estou com muita responsabilidade (centenas largas de contos). Só uma Berliet custa 400 000$00 e tenho uma à minha responsabilidade (Quem eu vir a mexer-lhe, participo logo sem rodeios). (...)
_________
Notas de L.G.:
(*) Vd. o relato da história (conturbada) do nosso militar, o ranger J. Casimiro Carvalho:
25 de Março de 2007 > Guiné 63/74 - P1625: José Casimiro Carvalho, dos Piratas de Guileje (CCAV 8350) aos Lacraus de Paunca (CCAÇ 11)
[Depois da saída de Guileje e de Gandembel] (...) "Fomos para o Cumeré tirar outro IAO . Eu fui para Prabis com mais 12 homens, outros foram para Quinhamel ou Bijemita (??). Depois fomos para Colibuia-Cumbijã, e aí fui destacado para rendição individual, sendo transferido para Bissau a fim de tirar estágio de Companhias Africanas, e durante esse estágio deu-se o 25 de Abril.
"Fui então para Paunca, CCAÇ 11 – Os Lacraus, onde me mantive até ao fim da minha comissão. Não sem antes levar um susto de morte, pois os militares africanos da CCAÇ 11 sublevaram-se. Quando eu estava a dormir, ouvi tiros, vim em calções com a Walther à cintura até ao paiol. Quando lá cheguei, eles estavam a armar-se e a disparar para o ar e eu, quando os interrogava pelo motivo de tal, senti o cano de uma arma nas costas, ordenando-me que seguisse em frente (até gelei)… Juntaram todos os quadros brancos e puseram-nos no mato… assim mesmo.
(...) "Caminhámos muito, de noite, desarmados, e fomos até um acampamento de guerrilheiros do PAIGC, contámos a situação e eles mandaram um punhado deles a Paunca. Gritaram então lá para dentro:- Têm 5 minutos para se entregaram e restituir o quartel aos brancos ou destruímos tudo! - Eles, os fulas, entregaram-se.
"No fim, já de abalada, fomos ao paiol, juntámos todas as granadas e explosivos, e eu fui encarregado de os fazer explodir , ao redor de uma enorme árvore. Que cogumelo de fogo, impagável !" (...)
Vd. também:
29 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3376: Álbum das Glórias (48): Paunca, CCAÇ 11: Maio de 1974: a rendição da guarda (J. Casimiro Carvalho)
25 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3354: Guileje, SPM 2728: Cartas do corredor da morte (J. Casimiro Carvalho) (6): O nosso querido patacão
(**) Vd. postes anteriores da série de
22 de Novembro de 2008 > Guiné 63/74 - P3498: No 25 de Abril eu estava em... (4) Agrupamento de Transmissões, Bissau (Belarmino Sardinha)
1 de Outubro de 2008 > Guiné 63/74 - P3262: No 25 de Abril eu estava em... (3): Gadamael e depois Cufar (José Gonçalves, ex-Alf Mil Op Esp, CCAÇ 4152)
19 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2963: No 25 de Abril eu estava em... (2): Gadamael e a vontade de lutar do PAIGC também era pouca (Anónimo, Alf Mil Op Esp)
14 de Junho de 2008 > Guiné 63/74 - P2939: No 25 de Abril eu estava em... (1): Guidage (João Dias da Silva, CCAÇ 4150, 1973/74