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quarta-feira, 10 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4499: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (7): O Jorge Cabral e o Vacas de Carvalho apanhados pela PE... (Mário Fitas)

10 de JUNHO de 2009, DIA DE PORTUGAL > Encontro Nacional de Combatentes, em Belém, junto ao Forte de Bom Sucesso 1. Texto e fotos de Mário Fitas É claro! Nem sempre tudo corre com a postura conveniente destes actos.Pois é!... o nosso amigo Cabral, com a sua parelha Vacas de Carvalho, foi a Missirá e vieram, cada um, com a sua bajuda. Só estas Aves poderiam fazer isto! Mas a história complicou-se porque as Bajudas pertenciam... à PE [Polícia do Exército]. Resultado, foram revistados e no Saco Azul, bem visível nas mãos do Vacas de Carvalho, foram encontradas duas rações de combate, só que embaladas em pequenas caixas. Segundo algumas bocas dos mirones tabanqueiros que se juntaram, seriam também de cor azul. Narrei apenas o que ouvi, e as fotos foram-me emprestadas por um retratista que por ali andava, pois eu não intervi em nada. Por este motivo peço ao chefe da Tabanca, que seja tomada em conta este acto, e que para o próximo evento deste tipo, a estes senhores Tabanqueiros, seja atada a farinheira com um cordel. Com a saudade de um momento bem vivido e o desejo que o próximo Encontro da Tabanca tenha não o mesmo êxito, mas maior ainda que o ano passado. Como sempre, o velho e amigo abraço do tamanho do Cumbijã, Mário Fitas _________ Nota de L.G.: (*) Vd. último poste desta série > 10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4498: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (6): E até ao dia 20, na Qta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria...(Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4498: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (6): E até ao dia 20, na Qta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria...(Luís Graça)

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > Da esquerda para a direita, João Parreira, Piedade, Miguel, Giselda, Mário Fitas e Mário Dias (o mítico comando, que hoje se dedica à composição musical: tem uma cantata de hora e meia para estrear!... Venha o coro, a orquestra e o mecenas!)

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > A antiga enfermeira pára-quedista Piedade e o Amílcar Mendes (da 38ª CCmds)

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > Virgínio Briote e o Francisco Silva, hoje, médico, ortopedista no Hospital Amadora-Sintra... Esteve no Xitole, com o Joaquim Mexia Alves, e depois em Jembembém, na região de Farim (onde lhe coube substituir o comandante de um Pel Caç Nat, morto na parada por um dos seus homens)...

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > A Alice encontra um amigo meu, de infância, e meu conterrâneo, a viver de há muito em Fafe... O Jaime Bonifácio F. Silva foi Alf Mil, pára-quedista, do BCP 21, em Angola (1969/71)... Veio às 4h da manhã, de autocarro,com um grupo de ex-combatentes de Fafe... É leitor do nosso blogue. Está a fazer a história dos rapazes da sua terra natal (Seixal da Louirnhã) que fizeram a guerra colonial: mais de três dezenas...

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande >O nosso camarada António Paiva com a Giselda, a Piedade e o Miguel... O Paiva passa por ser "condutor de ambulâncias" do Hospital Militar de Bissau, mas a história parece que está mal contada (pela curta conversa que tivémos os dois)

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > De costas, o Silvério Lobo, de Matosinhos e o Mário Fitas... Em frente o Amadu Pete Jaló (do pelotão de artilharia de Guileje, 1973) e o Xico Allen (que está de malas aviadas para a Guiné-Bissau, onde vai trabalhar!)...

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > A Alice e a Giselda

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > O Xico Allen, a Alice e o Hélder Sousa

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > Um país de costas voltadas para a sua história e o seu passado ?

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > A marinha também esteve presente... mas, na Tabanca Grande, sentimos falta dos nossos marinheiros...



... E para o ano há mais!!! O próximo encontro é no dia 20 do corrente, na Quinta do Paul, Ortigosa, Monte Real, Leiria, o nosso IV Encontro Nacional, anual... Membros ou não membros da nossa Tabanca Grande estão convidados a inscreverem-se, ainda a tempo até ao dia 15 de Junho.

Fotos e vídeo (14''): © Luís Graça (2009). Direitos reservados
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Notas de L.G.:

Vd. postes anteriores desta série:

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4493: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (1): Estes sons que ainda mexem connosco (Luís Graça)

10 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4403 - P4494: A Tabanca Grande no 10 de Unho de 2009 (2): Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum (Luís Graça)

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4495: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (3): O pira de Mansoa, ranger, praticante de desportos radicais... (Luís Graça)

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4496: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (4): O abraço de dois comandos, V. Briote (1965/66) e A. Mendes (1972/74) (Luís Graça)

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4497: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (5): Vieram de muitos lados...(Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4497: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (5): Vieram de muitos lados...(Luís Graça)

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > Da esquerda para a direita: Jorge Cabral, António Pimentel (que veio do Porto), Miguel Pessoa, António Graça de Abreu e Jorge Canhão

  Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > O Mário Fitas e o J. L. Vacas de Carvalho (uma família que mandou, pelo menos, três dos seus homens para a guerra)

  Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > Uma surpresa para o Miguel Pessoa: a presença de um dos elementos, guineense (à esquerda) que fazia parte da equipa de busca e salvamento que o resgatou em 26 de Março de 1973, na região de Guileje, depois de ter sido abatido por um Strela... No meio, o Mário Fitas e mais atrás o Fernando Chapouto...

  Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > Benjamim Durães e Amadu Djaló

  Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande > Virgínio Briote, Amadu Djaló e J. Colaço 

 Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados

Guiné 63/74 - P4496: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (4): O abraço de dois comandos, V. Briote (1965/66) e A. Mendes (1972/74) (Luís Graça)

Dois homens dos comandos que ainda hoje vivem, à sua maneira, a mística dos comandos: o Virgínio Briote, nosso co-editor, dos velhos comandos de Brá (1965/67) e o Amílcar Mendes, da 38ª CCmds (1972/74)... Tive o grato prazer de lhe dar, a este útimo, o Alfa Bravo (abraço) que nos faltava... Conhecíamo-nos apenas do blogue, dos mails, do telefone...

Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados
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Notas de L.G.:

Vd. postes anteriores desta série:

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4493: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (1): Estes sons que ainda mexem connosco (Luís Graça)

10 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4403 - P4494: A Tabanca Grande no 10 de Unho de 2009 (2): Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum (Luís Graça)

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4495: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (3): O pira de Mansoa, ranger, praticante de desportos radicais... (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4495: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (3): O pira de Mansoa, ranger, praticante de desportos radicais... (Luís Graça)

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande

Eduardo Magalhães Ribeiro: "o homem que chegou à Guiné, em 1974, e que acabou com a guerra"... Mito ? É a sua coroa de glória, a estória que um dia há-de contar aos seus netos... Em contrapartida, há quem - como o David Guimarães - o acuse do crime de alta traição à Pátria... De facto, foi ele quem arreou a última bandeira portuguesa... Em Mansoa, no dia 9 de Setembro de 1974... Na presença da Maria Turra e dos altos dirigentes do PAIGC, imaginem!... Ele, bem mais modesto, não reivindica para si senão o epíteto de Pira de Mansoa, pelo qual de resto é conhecido e tratado, carinhosamente, na Tabanca Grande...

É co-editor do nosso blogue, estagiário, periquito ainda, ... Prometeu-me nunca mais se envolver em polémicas sobre as Operações Especiais, os Rangers, e outros temas ditos fracturantes... Nas fotos vemo-lo com outros camarada como Mário Fitas, Silvério Lobo, Helder Sousa e um militar do pelotão de artilharia que estava em Guileje no dia 22 de Maio de 1973... Amadu Jaló, se bem fixei o nome... O Mário Fitas tomou notas da sua história e prometeu enviar-mas...

O Eduardo também fez parte, este ano, da organização deste evento, que são as comemorações do 10 de Junho, em Belém...

Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados

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Notas de L.G.:

Vd. postes anteriores desta série:

10 de Junho de 2009 >Guiné 63/74 - P4403 - P4494: A Tabanca Grande no 10 de Unho de 2009 (2): Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum (Luís Graça)

10 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4493: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (1): Estes sons que ainda mexem connosco (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4494: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (2): Cabral só há um, o de Missirá e mais nenhum (Luís Graça)


Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande.   Ei-lo, o mais desalinhado, quiçá o mais pacifista dos Homens Grandes da nossa Tabanca Grande, o autor das saborisíssimas estórias cabralianas.agora à procura de um editor, o Cabral mais Cabral da Guiné, o Jorge Cabral ele mesmo... Com o seu inseparável cachimbo... Não perde um 10 de Junho desde que deixou as terras de Fá, Missirá, Bambadinca... Nostalgias... Até ao dia 20, Jorge, em Ortigosa, Monte Real. 

 Fotos: © Luís Graça (2009). Direitos reservados 

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Guiné 63/74 - P4493: A Tabanca Grande no 10 de Junho de 2009 (1): Estes sons que ainda mexem connosco (Luís Graça)

Lisboa, Belém, Forte do Bom Sucesso > 10 de Junho de 2009 > Mini-encontro do pessoal da Tabanca Grande
Tínhamos marcado encontro às 11h15, frente ao Portão do Forte do Bom Sucesso, ali em Belém, junto ao Monumento aos Mortos do Ultramar... Neste pequeno vídeo, vemos e ouvimos a passagem de três helicópteros que, quase magicamente, nos fazem transportar para o cenário da guerra da Guiné...

Estes sons ainda hoje mexem connosco: havia o do helicanhão, que nos tranquilizava, nos aliava o stresse do combate; e havia os dos helis que vinham fazer evacuações Ypsilon... (in)confidências: Se não tivesse sido piloto de Fiat G-91, o Miguel Pessoa, aqui ao lado, queria ser piloto de helicanhão...

Estes sons são também familiares às nossas duas enfermeiras pára-quedistas, Giselda e Piedade... No vídeo ainda se vê o nosso camarada António Pimentel, da Tabanca de Matosinhos, e que esteve na Guiné, na CCS/BCAÇ 2851 (Mansabá, 1968/70)

Vídeo (26''): © Luís Graça (2009). Direitos reservados

Guiné 63/74 - P4492: Memória dos lugares (30): Porto Gole, CART 1661 (1967/68) (José Nunes / Abel Rei)







Guiné > Região do Oio > Porto Gole > Aqui, no estuário do Rio Geba, em 1456, chegou o primeiro português (e europeu), , o navegador Diogo Gomes

(i) Monumento construído pela CART 1661, c. 1968 > Na altura ficava em plena parada (vd. p. 170 do livro do Abel Rei, Entre o Paraíso e o Inferno; de Fá a Bissá...). Inscrição na base: "Para ti, soldado, o testemunho do teu esforço"... O secular hábito dos portugueses de deixar, pelo mundo, um 'marco' da sua presença ou passagem...

Foto: © Abel Rei (2009). Direitos reservados

(ii) Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > Em 2005, quando por lá passou o Jorge Rosmaninho, o mesmo monumento estava todo coberto de capim; são visíveis, na parte de cima do monumento, os efeitos da erosão do tempo (ou da acção depredatória dos homens ?...), vendo-se já os ferros, descarnados, da estrutura que era (é) em cimento...

De qualquer modo, há um certo entendimento, hoje, na Guiné-Bissau, de que estes vestígios da presença portuguesa devem ser conservados, tendo algum interesse historiográfico, cultural, socioantropológico e até turístico, num país onde o património edificado pelos portugueses (tirando algumas praças históricas como Cacheu e Bolama) é muito pobre...

(iii) Guiné-Bissau > Região do Oio > Porto Gole > 2005 > Placa em bronze com o brazão da CART 1661 (Porto Gole, Enxalé, Bissá, 1967/68). Dizeres, inscritos na chapa: Coragem, Esperança.

Fotos (ii e iii) : © Jorge Rosmaninho, autor do blogue Africanidades (2009). Direitos reservados


1. Comentário de José Nunes, ex-1º Cabo, BENG 447, Brá, 1968/70:


Camarada, eu estive em Porto Gole em Março/Abril de 1968, nesse tempo o Comando ficava na Habitação existente, e servia de alojamento aos Oficiais e Sargentos. O restante pessoal ficava no celeiro e nos abrigos, construídos, e nos abarracamentos construídos junto da casa maior.

O monumento existente, evocativo da chegada dos Portugueses ao local , estava capinado e servia de referência a quem subia o Geba. Apopulação estava alinhada, formando uma rua até ao cruzamento da estrada que ía pra Mansoa e para Enxalé.

De frente para o Geba junto ao monumento, a pista ficava do lado direito; no esquerdo, no pequeno vale com laranjeiras e uma horta, ficava o poço onde nos abasteciamos de água.

Na altura a Companhia que lá estava tinha pessoal em Bissá e em Enxalé, salvo erro era uma Companhia de Artilharia. Já não recordo o seu número, mas sei que tinha um número considerável de baixas. Foi quando apareceram as primeiras minas incendiárias que fustigavam as colunas de reabastecimento a Bissá. Tnho algumas fotos lá tiradas com a malta, impecável.

Em Porto Gole foi onde vi a maior jibóia na Guiné, morta quando se ía buscar lenha pra fazer a comida. Foi aqui que tentaram envenenar toda a Companhia, deitando no poço toda o tipo de restos de vacas mortas, tripas, peles... O poço era tapado com tampo de madeira e na base do gargalo havia um buraco pra enfiar a mangueira da bomba, foi por aí que introduziram tudo, nas barbas de um posto de sentinela, mas pela horta era fácil.

As flagelações eram feitas do cruzamento, na altura foi construido aí um posto avançado,pra evitar as flagelações. Durante a minha estada nunca fomos atacados.

José Nunes
Beng 447
Brá, 68/70

2. Comentário de L.G.:

Zé Nunes, essa companhia era a CART 1661 (Fev 1967 / Nov 1968) que esteve em Fá Mandinga, Enxalé e Porto Gole... Segundo o diário do Abel Rei (que eu vou ter o prazer de conhecer pessoalmente no nosso próximo encontro, em 20 de Junho, na Ortigosa, Monte Real), em Março/Abril de 1968 ele estava em Porto Gole, embora parte do seu Grupo de Combate estivesse no Enxalé.

Em 8 de Abril de 1968, há o registo de um ataque a Porto Gole, durante 45 minutos, com armas ligeiras e pesadas, mas sem consequências, por um grupo IN estimado em 50 elementos (1 bigrupo). Já n~´ao devias estar lá, se não lembravas-te, de certeza... Nessa altura já havia gerador eléctrico e estava-se a construir um fortim, certamente a cargo do BENG 447... Também já havia pista de aviação... O destacamento de Bissá era frequentemente atacado. Zé: Não queres partilhar connosco essas fotos que tens de Porto Gole, um sítio mítico para todos nós, tugas ?

Tens razão, a CART 1661 teve manga de baixas: 17 mortos (12 por accionamento de minas) e 25 feridos, não se incluindo nestas nestas baixas as da Polícia Administrativa (6 mortos e 7 feridos) nem as do Pel Caç Nat 54 (5 mortos e feridos). (Fonte: Abel Rei, 2002).

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Notas de L.G.:

(*) Vd. poste de 9 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4488: Tabanca Grande (151): Jorge Rosales, ex-Alf Mil, Porto Gole, 1964/66, grande amigo do Cap 2ª linha Abna Na Onça


Vd. também 13 de Março de 2009 > Guiné 63/74 - P4023: Memória dos lugares (19): Porto Gole, 1966, muito antes das tristes valas comuns... (Henrique Matos)

terça-feira, 9 de junho de 2009

Guiné 63/74 - P4491: Fauna & flora (21): Surucucus (Lachesis muta muta) que cantavam nas praias dos Bijagós (Joaquim Mexia Alves)

Fonte: Wikipédia (2009). Copyleft 

1. Mensagem de J. Mexia Alves, com data de 8 de Junho de 2009. 

Meus caros camarigos, 

Ainda a propósito de cobras e outros rastejantes, lembro-me que quando estivemos em Bolama a fazer o IAO, (embora pareça não é o "aiólinda"), houve uma semana em que fomos acampar mais para perto das praias, junto a uma tabanca de Bijagós que se chamava, salvo o erro, Pujunguto. 

Foi aí que provei vinho de caju e que fui agraciado com uma valente diarreia devida á ingestão de tal bebida, se assim lhe podemos chamar. 

Mas aí também contaram-nos a história de que, nas noites de mais calor e com luar, se fossemos á praia poderíamos ouvir as surucucos, (julgo eu que era isto que lhe chamavam), a cantar, ou seja, pela descrição era mais assobiar. 

Lembro-me de termos ido numa surtida nocturna às praias, mas ou não estava calor, (o que seria difícil porque estávamos em Janeiro), ou porque não havia luar, não me lembro de ter ouvido nenhum cantar, ou assobiar, "rastejante". 

Talvez fosse uma grande "peta", mas mais tarde, no meio da Guiné, alguém me referenciou a mesma história, pelo que das duas, uma: ou caiu na mesma "conto", ou era verdade e eu é que não ouvi nada! 

Alguém ouviu alguma vez o tal cantar ou assobiar, ou pode constatar a veracidade desta história? 

Abraço camarigo para todos,

2. O Joaquim Mexia Alves, sobre este assunto "Surucucuiano", já havia deixado o seguinte comentário na mensagem "Guiné 63/74 - P4477: FAP (29): Encontros imprevist...":

Meus caros camarigos,

Se há jibóias ou não na Guiné, não vou eu afirmar, mas que no Mato Cão comi um bife de facochero, frito em banha de uma dita cuja, que para mim era em tudo uma jibóia, no tamanho a na "pelagem", disso não tenho eu dúvidas.

Julgo até que num qualquer post meu sobre o Mato Cão, já publicado está referenciado esse "manjar dos deuses"!

Abraço camarigo para todos.
 
Joaquim Mexia Alves 

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Nota de M.R.: 

Vd. último poste da série em: 


Guiné 63/74 - P4490: Em busca de... (76): Pessoal da CART 2714, Mansambo, 1970/72 (Guilherme Sousa, ex-Soldado Condutor Auto, França)

Guiné- Bissau > Região Leste > Mansambo > 1996: Monumento erigido pela CART 2714 ("Bravos e Leais"), pertencente ao BART 2917 (Bambadinca, 1970/1972). É o único que restava de pé em 1996.


© Humberto Reis (2005)

O nosso Camarada Humberto Reis fez-nos chegar o seguinte apelo, via e-mail, com data de 7 de Junho de 2009, com o título Monumento de MANSAMBO, que lhe foi dirigido pelo ex-Soldado Condutor Auto Guilherme Sousa , que se encontra emigrado em França desde 1972:

Bom dia,

Eu, Guilherme Sousa, fui Soldado Condutor da CART 2714 e prestei serviço na Guiné, entre 1970/ 72, precisamente no acampamento de Mansambo, que fazia parte de Bambadinca, aonde estava a sede do nosso BART 2917.
Desde que regressei da Guiné emigrei para França.
Ao navegar um pouco pela internet encontrei no blogue do senhor Luís Graça, uma foto do acampamento de Mansambo aonde esta o Sr. Reis, de pé, ao lado do nosso monumento à CART 2714, que eu ajudei a construir.
Gostava muito de encontrar colegas da CART 2714, para eventuais encontros de convívio.
Talvez o senhor me possa ajudar.

Desde já muito obrigado.
Guilherme Sousa.
França: telef. 0033386951938 ou 0033670611957.

O Humberto Reis respondeu-lhe, com data de 8 de Junho de 2009, também via e-mail com o mesmo título: Monumento de MANSAMBO.

Sr. Guilherme Sousa,

Exactamente no blogue "Luís Graça & Camaradas da Guiné" encontra notícias da 2714, que eu conheci em Mansambo, até Março de 1971, quando me vim embora da CCAÇ 12 (a companhia de intervenção do sector de Bambadinca).

Cumprimentos,

Humberto Reis

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Nota de M.R.:

Vd. último poste da série em:

Guiné 63/74 - P4489: Convívios (145): Convívio anual da CCAV 8350 “Piratas de Guileje” (1972/74), na Covilhã (Casimiro Carvalho / Magalhães Ribeiro)


Os Piratas de Guileje (CCAV. 8350 - 1972/74), levaram a efeito mais um animado e amigável almoço/convívio, no passado domingo, dia 7 de Junho, na Covilhã. 


Após a concentração das "tropas", seguiu-se uma Missa Solene em Memória dos Camaradas já Falecidos. 


Finda a missa partiu-se para o esperado repasto, onde marcaram presença perto de noventa pessoas, tendo tudo decorrido no meio de muita alegria e conversa, na airosa, acolhedora e agradável Quinta das Flores. 


Entre os "Piratas" estiveram presentes os Cor. Coutinho e Lima e Vieira da Silva, os Alferes Reis e Seabra e os Furriéis Casimiro Carvalho, Bilhau, Silva, Neves, etc. 

Como convidados estiveram o Capitão Vasco da Gama - que foi Comandante da célebre Companhia os Tigres de Cumbijã (CCAV. 8351 - 1972/74) e o nosso  camarada Magalhães Ribeiro (da CCS do BCAC. 4612/74). 

Sobre a forma fraterna como foram recebidos e tratados pelos "Piratas", tanto um como outro, apresentaram os seus melhores agradecimentos a todos os convivas. 

Quanto ao "abastecimento", não faltaram os tradicionais aperitivos, a que se seguiu um excelente bacalhau à moda da casa e um bom pedaço de pernil assado no forno, bem regado com bons vinhos. 

O "remate" final fez-se com uma deliciosa sobremesa fria e apetitosas cerejas da Gardunha. 

Para terminar o "assalto" não faltou o habitual de aniversário e um bem confeccionado bolo, regado com uma ou outra taça de champanhe. 

Pela alegria estampada nos rostos das pessoas bem se pode dizer que, para o ano, haverá mais e melhor. 

P.S. - A nota mais triste do convívio, de que me apercebi durante a festa toda, foi sem dúvida nenhuma, a ausência do nosso Capitão Quintas que, segundo soube tem a esposa muito adoentada, motivo este que, obviamente, originou a sua falta neste maravilhoso encontro.  

Aproveito esta oportunidade para deixar aqui, mais uma vez, os melhores votos dos Piratas presentes, para que a sua querida esposa recupere, o mais rapidamente possível, de todos os males que a afligem. 












           
(Esquerda) Foto do conjunto - (Direita) Cor. Vieira da Silva, Fur. Milº Casimiro Cravalho, Cor. Coutinho e Lima, Alf. Milº Seabra, Alf. Milº Reis e Cap. Vasco da Gama (CCAV. 8351) 












           
(Direita) Aspecto geral do almoço - (Esquerda) Mesa de "comando" 












               


(Esquerda) Os Fur. Milº Casimiro Carvalho, Silva e Bilhau - (Direita) Elementos do 4º Grupo de Combate - O primeiro de pé, do lado esquerdo, é o Soldado Borges (Chaves), que foi o penúltimo homem a abandonar o local da terrível emboscada - de 4 de junho de 1973 em Gadamael Porto -, onde faleceram 4 "piratas". Recordo que o último a abandonar o fatídico local foi o Casimiro Carvalho.

Texto de Casimiro Carvalho 
Ex-Furriel Op Esp/RANGER 

Fotos e legendas: © Magalhães Ribeiro (2009). Direitos reservados. 
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Nota de M.R.: 

Vd. último poste da série em: 



Guiné 63/74 - P4488: Tabanca Grande (151): Jorge Rosales, ex-Alf Mil, Porto Gole, 1964/66, grande amigo do Cap 2ª linha Abna Na Onça



O soberbo Rio Geba, junto a Porto Gole. Do outro lado, a margem esquerda. Mais à frente, para leste, o Rio Corubal vai desaguar no Rio Geba. No tempo do Jorge Rosales (1964/66), os fuzileiros deitavam a bóia e prendiam a LDG - Lancha de Desembarque Grande, que vinha de Bissau... No Geba era eles que impunham a ordem e a lei... Mas em Ponta Ponta Varela, na marge eswuerda, entre a Ponta do Inglês e o Xime, já havia ataques, do PAIGC, à navegação de cabotagem. Na foto, encoberto pelo capim, o marco comemorativo do V Centenário da Descoberta da Guiné (1446-1946). Porto Gole foca na na margem direita do Rio, na estrada Bissau - Nhacra - Mansoa - Porto Gole - Bafatá (No tempo do Jorge Rosales, já estava interdito o troço Mansoa- Porto Gole). (LG) 

 Foto: © Jorge Rosmaninho, autor do blogue Africanidades (2009). Direitos reservados 


1. Texto de L.G.: 

LIgou-me estar tarde, por telefone, mais um camarada, o Jorge Rosales, de 69 anos, residente em Monte Estoril / Cascais, e que esteve em Porto Gole (1964/66)... Tem falado ao telefone com o Henrique Matos (*), que esteve a seguir a ele em Porto Gole (1966/68). 

Falei-lhe do Abel Rei (1967/68), que é mais novo, e que ele naturalmente não conhece... O seu objectivo era, muito simplesmente, o de poder ainda inscrever-se , a tempo, no nosso IV Encontro, em Ortigosa, o que eu assegurei automaticamente. É o nosso participante nº 96.

 É pai da Doutora Marta Rosales, minha colega (ISCTE e FCSH/UNL). Aqui vai, muito sumariamente, uma primeira apresentação do nosso novo camarada, que tem muitas fotografias do seu tempo de comissão e que vai levá-las, consigo, para o IV Encontro. 

Diz-me que era muito amigo do mítico Capitão de 2ª linha, o Abna Na Onça, chefe espiritual, poderoso, da comunidade balanta da região, a quem o PAIGC havia cometido o erro fatal de “matar duas mulheres e roubar centenas de cabeças de gado”. 

O seu prestígio, a sua influência e e o seu carisma eram tão grandes que ele sabia tudo o que se passava numa vasta região que ia de Mansoa a Bambadinca (nomeadamente, importantes informações militares, como a passagem de homens e armas do PAIGC). Jovem (teria hoje 72/73 anos se fosse vivo), era um homem imponente, nos seus 120 kg. 

Schulz tinha-lhe oferecido um relógio de ouro e uma G3 como reconhecimento pelos seus brilhantes serviços … Mais tarde, será morto, em Bissá, em 15/4/67, com seis dos seus polícias administrativos, todos eles residentes em Porto Gole… Nesse dia o destacamento é abandonado pelas NT: “ um dia trágico para quem estava no inferno de Bissá, como escreveu o Abel Rei no seu diário (Entre o paraíso e o inferno: de Fá a Bissá. Memórias da Guiné, 1967/68, editado em 2002, pp. 68/70) (**)… 

O Jorge Rosales pertencia à 1ª Companhia de Caçadores Indígena, com sede em Farim. (Havia mais duas, uma Bedanda e outra em Nova Lamego, acrescenta ele.) Ficou lá pouco tempo, em Farim, talvez uma semana. A companhia estava dispersa. Foi destacado para Porto Gole, com duas secções (da CCAÇ 556, do Enxalé) e outra secção, sua, de africanos. 

Tinha um guarda-costas bijagó. Parte dos soldados eram balantas. Possuíam apenas 1 morteiro (60) e 1 bazuca. A farda ainda era amarela. Ficou 18 meses em Porto Gole. Ia a Bambadinca jogar à bola com os de Fá. Foi uma vez a Bafatá, apanhar o NordAtlas. Lembra-se da piscina. 

Enquanto lá esteve, em Porto Gole, havia um certo respeito mútuo, de parte a parte. A influência de Cabral era evidente, fazendo a distinção entre o povo (português) e o regime (colonialista). Podiam deslocar-se num raio de 10 km…. Mas a ligação com Mansoa já se perdera. O troço já não era seguro. Em Mansoa estavam os respeitados Águias Negras (BART 645, que dominavam o triângulo do Óio: Olossato, Bissorâ e Mansabá) . Do lado do Geba, eram os fuzileiros que impunham a lei e o respeito. Lançavam uma bóia e fundeavam a LDG em frente a Porto Gole. 

Vinha quase tudo por rio: os frescos, a bianda, os cunhetes de munições… (excepto o correio, que era lançado do ar, de DO 27, e às vezes ir cair no tarrafo; em contrapartida, o correio expedido ia de LDG... Singularidades de Porto Gole que não tinha uma simples pista de terra batida, para as aeronaves). 

Tem vários amigos fuzos, desse tempo, incluindo o comandante Castanho Pais. Do outro lado, a nascente estava a CCAÇ 556, no Enxalé… Também conhece dois furrieís do Enxalé, de quem se tornou amigo. Também passou por Fá. E no final da comissão, esteve em Bolama, por onde passavam os periquitos… Conviveu com algumas companhias que, de Bolama, partiam para operações no continente… 

No seu tempo (Março de 1966), morreu em Porto Gole o Alf Mil António Maldonado, que o veio substituir. O Maldonado, de Coimbra, estava em Bolama. Eram amigos, tinham estado em Mafra. Tinham combinado revezar-se ao fim de um ano. O Maldonado vinha para Porto Gole e o Jorge ia para Bolam… No meio disto, há um coronel que vem dificultar o acordo de cavalheiros. Enfim, uma história que é preciso contar com tempo e vagar. O Maldonado é morto num ataque violentíssimo a Porto Gole, depois de as NT terem feito um ronco nas áreas controladas pelo PAIGC… Ferido, aguardou em vão o heli que só podia vir de manhã. A mãe do Jorge foi ao enterro, em Coimbra. O cadáver foi rapidamente trasladado, contrariamente ao que acontecia na época.  Esta morte abalou muito o Jorge Rosales, seu amigo. 

Voltando ao nosso IV Encontro, o Jorge está entusiasmadíssimo com a ideia de poder encontrar malta de Bambadinca, Xime, Enxalé, Porto Gole, Fá... Queixa-se de estar isolado, de não ter ninguém do seu tempo, até pelo facto de ter sido de rendição individual. Está reformado de uma dessas empresas que faziam o reabastecimento de combustível aos aviões, no aeroporto de Lisboa. Alguma malta da TAP e da ANA deve reconhecê-lo. Falei-lhe do Humberto Reis, do José Brás, do Alberto Branquinho, do Mário Fitas… Mas no aeroporto há milhares de pessoas a atrabalhar. 

Tem uma segunda habitação, no Couço, Coruche… Há muita rapaziada que passou pela Guiné. Anda com ideias de lá voltar, à Guiné, com mais malta do seu tempo… Quer fazer parte do nosso blogue, que acompanha diariamente (***). Já lhe dei as boas vindas à nossa Tabanca Grande, já o inscrevi na lista de participantes no nosso IV Encontro. Vai lá ter, não leva a esposa... Já actualizei o blogue. Abraço. Luís

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Notas de L.G.:



Guiné 63/74 - P4487: Agenda Cultural (16): Do Rui Gonçalves (Gravura, Lisboa, hoje ) aos Melech Mechaya (Música klezmer, Porto, 11 e 12, e Lisboa, 13)

Crónica´, de Salomé Paiva e Rui Gonçalves > Exposição de gravura > Inauguração hoje, 9 de Junho, às 1hh30, na Biblioteca Municipal Camões, Largo do Calhariz,. 17, 2º Esq. De 12 a 30 de Junho, sábado 27. Das 10h30 às 18h.


1. Amigos e camaradas:

Apontem na vossa Agenda (Cultural)... É inaugurada hoje, às 16h30, uma exposição de gravura em madeira, na Biblioteca Municipal Camões, em Lisboa, ao Chiado, que integra trabalhos do nosso Rui Gonçalves, estudante de Belas Artes, filho do nosso camarada GG, Gabriel Gonçalves, o Arcanjo, o tocador de viola, o cripto da CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71)...

E digo nosso, por que os filhos dos nossos camaradas nossos filhos são... Além disso, o Rui é também, de longa data, um colaborador do nosso blogue, a quem recorro, através do pai, quando preciso de alguns truques (por ex., transformar ficheiros áudio em vídeo)...

Vamos desejar-lhe bom sucesso para a exposição e passar por lá, quem puder...(malta de Lisboa, espero uma foto e uma legenda, no mínimo). Luís Graça

PS - GG, dá um Alfa Bravo especial, bem atabancado, ao teu rapaz... Espero poder passar por lá... e conhecê-lo pessoalmente (*).


2. Melech Mechaya, no Porto (11 e 12 de Junho) e em Lisboa (13)






Depois de 60 concertos em 2 anos, e após uma paragem de 5 meses para preparar o seu primeiro registo de longa duração, os Melech Mechaya são anfitriões de uma enorme festa mechaya, dia 13 de Junho, no carismático teatro A Comuna, em Lisboa , à Praça de Espanha,], que se prolongará com o dj set da DJ Raquel Bulha. Este regresso aos palcos celebra o lançamento de Budja Ba e assinala o arranque da digressão de apresentação do disco, que inclui palcos como o emblemático Festival de Músicas do Mundo de Sines e o Festival Spancirfest na Croácia. Dias 11 e 12 estarão no Porto (às 21h30, no Coliseu).

O disco tem o selo da Ovação e contém, entre várias novidades, alguns dos momentos fortes do espectáculo ao vivo, como a "Dança do Desprazer" (o primeiro single extraído do disco), o tema-título "Budja Ba", e o "Bulgar de Almada", tema que conta com a participação das Tucanas.

Depois de quase meio-ano em retiro criativo, os Melech Mechaya regressam com fome de palco e prometem muita festa, num novo espectáculo mais divertido e interactivo que nunca!


3. Em especial, para os amigos e camaradas do Grande Porto e da Grande Lisboa:

Os Melech Mechaya (grupo de música klezmer de que faz parte o João Graça, violino) estão a lançar o seu novo CD (Budja Ba - Deusa da festa, em hebreu)... Eles já têm, na nossa Tabanca Grande, alguns fãs e ao vivo ainda são muito mais divertidos (**)...

Na sua página na Net poderão ver a sua já sobrecarregada agenda, e em especial os próximos concertos em Junho e Julho, nomeadamente em Lisboa e no Porto... Apareçam, se estiverem por perto! No de Lisboa (13), pelo menos estarei... Nos do Porto, em especial no Coliseu (12), ainda não sei se posso... (11 e 12, nas FNAC; 12, às 21h30, no Palácio de Cristal).

Atenção, a hora de abertura de portas no concerto do teatro da Comuna, em Lisboa, dia 13, é às 23h30...

O vídeo do concerto de lançamento está diponível em http://www.youtube.com/watch?v=SKK6B_gelA4

Para mais detalhes, vd. a página do grupo em http://www.myspace.com/melechmechaya

... Isto também faz parte dos nossos Seres, Saberes e Lazeres!

Felizmente que os nossos filhos têm tido, pelo menos até agora, a sorte de terem o tempo certo para fazerem o que devem fazer, nnos seus verdes anos (estudar, viajar, viver, aprender música, fazer arte,divertir-se... ). Tudo, menos a guerra que nos calhou na rifa, a todos nós!

Um Alfa Bravo. Bons feriados, bons santos, viva a preguiça (ds outros).

Luís Graça
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Notas de L.G.

(*) Há um ano e tal atrás (16/3/2008), recebemos a seguinte:

Caro Luís Graça: sou Rui Gonçalves, filho de Gabriel Gonçalves, seu camarada da Guiné. Estou a realizar um trabalho académico com um grupo de colegas para a disciplina de sociologia artística na Faculdade de Belas artes da Universidade de Lisboa, subordinado ao tema do monumento e a questão pós-colonial Portuguesa.

Pensamos em realizar um estudo sobre os memoriais feitos por soldados durante a guerra colonial (neste caso específico na Guiné-Bissau). Para isso precisamos da colaboração dos intervenientes, informações sobre a natureza dos memoriais, a história (como se criou essa tradição), os materiais, a função de memória/homenagem, quem os construía e questões estéticas.

Gostariamos de poder contar com a sua ajuda, assim como de todos os participantes do blog que nos possam fornecer informações relevantes, relatos e fotografias dos memoriais, assim como a possibilidade de contactar alguém que tenha feito parte da criação dos mesmos.

Muito obrigado, com os melhores cumprimentos

Rui Gonçalves

Um dia depois, eis a minha resposta:


Rui: Vamos ajudar-te... Essa questão também interessa-nos, a todos, mas também aos nossos amigos guineenses, e em especial à ONG AD, que está interessada em identificar, restaurar, preservar, conservar, estudar e divulgar esses memoriais, sobretudo no sul do país (Região de Tombali, sectores de Bedanda e Cacine).

Vou pôr o teu apelo no nosso blogue e pedir toda a colaboração possível... No nosso blogue (1ª e 2ª série) há já várias fotos de memoriais: pesquisa também em brazões... Vou passar a incluir a palavara-chave Memoriais.


O Rui não nos chegou a dizer se este trabalho foi bem sucedido, como eu esperava, e se teve alguma apoio por parte da nossa malta...

(**) Vd. 7 de Julho de 2008 > Guiné 63/74 - P3028: Eu, o Jorge Cabral, o António Graça de Abreu e... o Levezinho, no velho/novo Maxime, com os Melech Mechaya (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P4486: Vindimas e Vindimados (José Brás (2): Coágulos

1. Segunda história da série Vindimas e Vindimados do nosso camarada José Brás, ex-Fur Mil da CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68, baseada no seu livro "Vindimas no Capim"


COÁGULOS

Ninguém é novo demais, ou velho, para morrer.
Morre-se, simplesmente, na hora certa, no fim da vida, tenha-se ou não vivido muito, esteja-se ou não cansado disto e pronto para partir.

Morre-se de imprevisto, sem ninguém esperar, às vezes por uma coisinha insignificante, um momento de distracção, até parece.

A vida toda a correr bem, vendendo saúde, amigos no convívio, afectos... e, pumba. Uma escorregadela, um parafuso que salta, um travão que falha, uma curva apertada... uma veia, uma artéria que ninguém tinha visto apertada, uma gota de sangue, um coágulo que se intromete no fluir corrente... uma bala perdida.

Ou se morre, simplesmente, quando todos já o esperam, de doença descoberta e prolongada, acompanhada por médicos e tratamentos, o corpo exaurido, a alma esfrangalhada, sem forças nem vontade para continuar.

Ninguém é novo demais para morrer, repito.
A vida chega-nos sem que nada tivéssemos feito antes para a ter, oferecida, em berço d'ouro ou enxerga, e respirámo-la, sorvemo-la, agarramo-nos como náufragos desde o primeiro momento, incrédulos ainda de aqui estarmos, tão perto do nada do minuto precedente, do vazio que era o não ser... e enchemo-nos dela, ávidos, por um temor qualquer, imediato e instintivo, de regressarmos ao nada, ao limbo, à outra zona do não conhecer e do onde viemos.

Mais tarde julgámo-nos os donos do mundo!
Mamamos na teta, na da mãe e na da cabra. Trambolhões, escapamos duma, escapamos de outra. A vida corre e engrossa-nos a confiança, a certeza de que tudo corre sobre rodas, o sentimento de que o mundo é justo ou injusto; a convicção de que a água, correndo sempre para baixo, num sítio qualquer da corrente, podemos pará-la, podemos contê-la por momentos, inverter-lhe o fluir, levá-la de novo à nascente.

Ninguém é novo demais para morrer, trerepito!
A vida não se mede aos quilos, bem ou mal pesados, excessivos ou roubados no peso, nem nos anos que se contam na cédula pessoal, no B.I., no processo individual da empresa que nos paga os dias de trabalho, no caderno de recenseamento eleitoral, na ficha da polícia se já nos convocaram para entrevista em esquadra, ou mesmo que não.

Morre-se, simplesmente, quando Deus quer, dizia na minha aldeia o Manuel da Cruz, ou um tio se distrai, acrescento eu.

Como no caso da Guerra.

Dizem-nos: - A Pátria está em perigo! Tens de a defender até ao sacrifício da própria vida - e lá vamos nós cumprir a sina, de saco na mão e arma ao ombro da coragem ou do medo, da sorte ou do azar, às vezes morrendo ou vivendo por pequenas coisas, por um quase nada.

Como aconteceu com o Dias, Soldado de Transmissões da minha Companhia de Infantaria, destacada na zona de Guiledje, numa terrinha chamada Medjo, rodeada de mata densa, bicharada, aquartelamentos do IN tão próximos que quase nos podíamos ofender de voz, pessoalmente gritada, de cá para lá e de lá para cá.

Ao Dias disseram que estava no tempo certo de largar a aldeia, o ofício de mecânico que começara a aprender mal saíra da primária, de agarrar no bornal e se fazer ao caminho da tropa.

Foi a primeira vez que largou a asa da mãe, passou a Serra da Neve e se afastou a Sul do mapa pendurado na escola do Caldeira.

Havia de lhe calhar, mais tarde, depois de andanças pela geografia do País, fechado nos muros altos de dois ou três quartéis, ordem unida, Mauser, AN-GRC9, o PRC-10, os Alfa, Bravo, Charlie, Delta, embarcar na Rocha do Conde de Óbidos, despejado, por assim dizer, cinco dias depois, em cascos de rolha.

Não vamos falar aqui das coisas interiores do Dias, das suas esperanças, do modo de ver a vida, do convívio com o anarca do Arnaldo, e com o outro, o da PSP que queria ser da PIDE e prender comunas, coisa que nunca chegou a saber o que era.

Nem falaremos da sua figura física de portuga das Beiras, aldeão, fazendo diariamente o caminho da aldeia à vila, e vice-versa, pendurado numa bicicleta de segunda ou terceira mão, para ir aprendendo sobre cárteres, pistons, velas, bobines e o diabo a sete dos motores de explosão.

Não falaremos destas coisas, embora eu lhas conheça bem, para não perdermos tempo com desimportâncias, porque importante mesmo seria ver-lhe a qualidade de soldado, no número de identificação que lhe gravaram na chapa dependurada do pescoço, picotada a meio para os fins que sabemos, na devoção com que se entregava ao saber sobre os emissores/receptores, no ar de submissão que trazia da aldeia e se acentuara sob as ordens dos senhores sargentos e oficiais.

Provavelmente porque a Guiné cansava mais do que outros lugares da nossa guerra, e talvez porque de Super-constelation se fazia em pouco mais de sete horas (mais tarde, em cerca de metade no Boing 727-100) quase todos os que conseguiam reunir meios para passar um mês de férias na terra, compravam o bilhete da TAP e faziam o seu baptismo de voo.

Cheguei à minha aldeia, no início de Julho, de gravador Sony nas mãos queimadas dos canos da G3 que no escuro da noite, soldados me passavam à vez, na boca de um abrigo feito de cibos, lata e terra (preferia morrer a céu aberto) e eu despejava por cima da paliçada, em inimigos que não via mas adivinhava pelo rastro das rastejante e pelas saídas de morteiros e canhões sem recuo.

Fim de Julho, festa de Verão na aldeia, banda de música no coreto, bailaricos, gado bravo no cercado, o forcado que era antes da partida, estão a ver a felicidade quase sólida ali nas mãos, mesmo que faltassem apenas dois dias para voltar a Mejo.

Na Segunda-Feira da festa, entre umas imperiais e uns tremoços, o carteiro entrega-me um telegrama que havia chegado da Guiné, curto, seco, violento.

"Dias morreu Xinxi-Dari. Ponto. Outro morto feridos outras secções. Ponto. Oliveira ferido grave Hospital Estrela. Ponto. Dá apoio antes voltares. Ponto. Loja".

Grande murro no estômago!

De repente desabou tudo sobre mim.

Olhava, tanto quanto me lembro e os amigos diziam depois, olhava de olhar parado, a gente à volta, falando comigo "o que é que foi pá diz lá porra" e, nada, niqueles, perdera a palavra.

O meu pai tirou-me o telegrama da mão e leu. Ficou parvo também mas não perdeu nem a fala, nem a ternura. Tirou-me da cadeira já as lágrimas me corriam abundantes.

O Dias era Soldado da minha Secção e morrera sem mim.
O Oliveira era da minha Secção e jorrara o seu sangue em Xinxi-Dari sem mim.
E os outros de quem não constava nome no telegrama, que eram da minha Companhia, haviam morrido sem mim.

Logo ali, à frente de todos, o meu pai garantia:

- Agora é que vais mesmo para fora. Já não voltas a essa terra de doidos. O Salazar que se f...

Naquele momento nem ripostei. No dia seguinte, bem cedo, autocarro da Bucelence, Lisboa, voltas e mais voltas na Estrela, um mundo de mortos-vivos, até que encontrei o Oliveira. Não iria morrer, pareceu-me, embora me tivesse afiançado que alguém na mata lhe apanhara intestinos. De mais importante para lhe dizer apenas a merda de um consolo vazio no estado de alma que tinha de lhe esconder. "Olha, Oliveira, daquilo estás safo!"

À noite, de novo em casa, poucas falas para trocar, o meu pai seguro de que me poria na fronteira e eu remoía ainda os pequenos nadas da tragédia.

Antes da cama tudo ficou claro entre nós. Medjo iria continuar a ser a minha Pátria por mais alguns meses. A mala já estava feita. O meu pai iniciou ainda a argumentação, mas calou-se com as lágrimas que me haviam rebentado de novo.

E nem precisei de dizer-lhe que me sentia miserável por ter deixado morrer aqueles amigos sem a minha presença de arma na mão.
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Nota de CV:

Vd. primeiro poste da série de 2 de Junho de 2009 > Guiné 63/74 - P4453: Vindimas e Vindimados (José Brás) (1): O Correio da Malta... e o enfermeiro, herói do dia