quarta-feira, 23 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7986: Memórias do Chico, menino e moço (Cherno Baldé) (24): Versos da juventude (Kiev, 1987/90; Bissau, 1990) (Cherno Baldé)


1. Mensagem do nosso amigo Cherno Baldé [, foto à esquerda, em Kiev, Ucrânia, quando jovem estudante], com data de 21 do corrente, enviada já ao fim do dia:

Estimado amigo e irmão Luís Graça: Hoje ao entrar no blogue da Tabanca Grande, deparei-me com o vosso convite por ocasião do Dia Mundial da Poesia e nesse âmbito aproveito enviar alguns versos da minha juventude que espero ainda tenham algum sentido poético e possam interessar para publicação.

Com um grande abraço de saudação para si e aos demais editores da TG.


2. Versos de juventude (1987/1990), de Cherno Baldé 




Pensar

Acontece-me pensar…Pensar…pensar…
Como aos poetas, sonhar.

No denso sepulcro da memória,
No despertar inadiável da vida,
O caminho ainda longo.
Acontece-me querer voltar ao passado longínquo da origem.


Sempre presente em silêncio.
No passo das minhas pegadas, mal varridas pela erosão do tempo,
Medir a força das lianas, razões de tropeço na caminhada.

Acontece-me pensar, acontece-me querer voltar 
Aos tempos primeiros da infância,
A altura daquelas montanhas agrestes, sulcadas pela corrente de suor, 
Do meu corpo na luta,
Uma vista de olhos passar a Baobab que eterniza a tabanca,
Berço dos meus sonhos, 
Sentir no corpo e na alma a brisa que embalou a infância, 
A voz da floresta em pranto e o gosto amargo das raízes violadas.

Lá, mais para oeste …
De El-miná ou Ouida,
De Badagry ou N´goré.
O caminho do mar,
Em ondas lacrimosas da viagem sem regresso.

(Kiev, Dezembro de 1987)
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Quando puder julgar 
A mente que não soube amar
Na certeza divina da origem genuína,
Quando puder julgar o passo desmedido do intruso
Destruindo sonhos alheios ainda agora nascidos.
 
Quando puder julgar o brilho feroz d´espada,
A tirania herdada e todo o sucesso da obediência forçada.

Enquanto puder lembrar-me do caminho percorrido,
O vento eterno, parte do destino ainda não esquecido.

Enquanto é tempo para as lágrimas soltas no santuário profano
Que criou o mito da verdade eterna,
Enquanto é tempo para isolar,
Enquanto é tempo para (re) criar 
O vírus da loucura, sentença suprema do espírito rebelde.

Enquanto houver sangue no corpo ainda escravo,
Enquanto houver razão, o olhar preso no horizonte,
Enquanto houver luz… 
Enquanto houver luz… 

(Bissau, Dezembro de 1990)
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SERÁ QUE BASTA?

Será que basta …? 
Ser homem…? 
O harém pedindo presença, 
A liberdade do poiso perverso, 
Basta o corpo e as formas 
Ao sabor do tempo irreal? 
Basta o preceito do olhar ausente 
Pedindo prazer para não sofrer? 
Basta…? 
O espaço mítico criado 
Para preencher o vazio ideal? 
Será que basta…? 
Será que basta…? 

(Kiev-1989) 
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OBSERVADOR 


Observador, 
Espectador, 
Nos parques,
O mundo a renascer 
Em cada primavera.

Nas ruelas, 
Em compassos lentos 
Dos pares e dos sonhos floridos.

E tu desvairado, aonde vais? Ao “magazin" (1)? 
Não! Eu vou para Magadan (2), 
Ainda antes do Buran (3), 
Antes do voo e das vozes do mundo, 
Que estão por nascer. 

(Kiev, Abril de 1990) 
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Notas do autor: 

1- Magazin – Loja, mercearia de produtos de primeira necessidade 
2- Magadan – Localidade Russa situada algures na Sibéria oriental 
3- Buran – Vaivém Espacial Soviético inaugurado em finais da década de 80 

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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P7985: Ser solidário (103): Assembleia-Geral Ordinária da Associação “Tabanca Pequena" (Matosinhos), em 2 de Abril de 2011, na Maia, antecedida de almoço de solidariedade


1. Recebemos da tertúlia da Tabanca Pequena, com sede em Matosinhos, o seguinte pedido de divulgação da sua próxima Assembleia-Geral:


ASSEMBLEIA-GERAL ORDINÁRIA
da
Associação “TABANCA PEQUENA-GRUPO DE AMIGOS DA GUINÉ-BISSAU - Apoio e Cooperação ao Desenvolvimento Africano”

CONVOCATÓRIANos termos do artigo 22º dos Estatutos, convoco a ASSEMBLEIA-GERAL ORDINÁRIA prevista no artº 21º, nº 2 – 1º parte – dos mesmos Estatutos, que terá lugar no dia 02 de Abril de 2011, sábado, no Salão anexo ao “Bar/Restaurante do Jardim Zoológico da Maia”, sito na Rua Padre José Pinheiro Duarte, nº 161, na Maia, (ao lado da Junta de Freguesia da Maia - Rua da Igreja), pelas 15,00 horas, com a seguinte:


ORDEM DE TRABALHOS:
Ponto Um – Informações do Conselho de Administração;
Ponto Dois – Apreciação e votação do Relatório e Contas do Conselho de Administração, e do Parecer do Conselho Fiscal referentes ao ano de 2010;
Ponto Três – Assuntos Diversos.


A Assembleia-Geral reunirá á hora marcada estando presente a maioria dos sócios, e meia hora depois, com qualquer número.


OBS:
1. O Voto por procuração é exercido através de carta/credencial dirigida ao Presidente da Mesa, em que seja identificado o sócio seu representante, podendo ser-lhe enviada como de um email para a “caixa de correio electrónico” da Associação: tabancapequena@gmail.com ou para a “caixa” pessoal moutinhosantos@net.novis.pt
2. Os Estatutos da associação estão transcritos no blogue da associação: http://www.tabancapequenadematosinhos.blogspot.com/ (Post 267).

Leça do Balio e sede da Associação, 11 de Março de 2011

O Presidente da Mesa da Assembleia-Geral
(Eduardo Moutinho Santos)

Fonte: Tabanca de Matosinhos e Camaradas da Guiné (com a devida vénia...)
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Nota de M.R.:

terça-feira, 22 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7984: Memórias de Mansabá (22): A construção da estrada Cutia-Mansabá e a defesa dos seus pontões (José Barros)

1. Mensagem de José Ferreira de Barros* (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 18 de Março de 2011:

Caro camarada e amigo Carlos Vinhal:
Obrigado pela rectificação do nome da zona do pontão.

Junto uma fotografia de um dos pontões rebentado pelo IN. A esta distância já não consigo dizer se era o de Mamboncó ou algum dos anteriores.
Durante muito tempo foi o pão nosso de cada dia. Nós construíamos, eles destruíam, era o jogo do rato e do gato.

Já depois da estrada toda construída até Mansabá, o rebentamento do pontão de Mamboncó era frequente.

Ouve necessidade de ter naquela zona uma actividade operacional muito grande, sobre tudo emboscadas. Eram feitas por um Grupo de Combate que era rendido de oito em oito horas, durante muitas semanas. Foi um período muito desgastante para a nossa gente. Nesta actividade nunca tivemos feridos, mas houve muita “pólvora”.

Junto ainda duas fotografias da entrada de Mansabá que farás com elas e com a do pontão aquilo que bem entenderes.

Obrigado pela foto do memorial do meu Batalhão. Penso que foi construído na traseira do edifício do Comando.

Já agora, não te querendo maçar, gostaria de saber se a história do menino JM contada por um camarada que andou por aquelas andanças nos anos 65/67, não esteve em Mansabá com a CCav 1617 e por conseguinte com o BCav 1897.

Um grande abraço de amizade para ti e para todos os camaradas.
J.Barros


Um dos vários pontões existentes ao longo da estrada Cutia-Mansabá.

Tanto quanto me lembro, uma vez que não foi enviada legenda para esta foto, a casa que se vê à esquerda era o estabelecimento da Casa Gouveia que tinha como gerente um cabo-verdiano que nos deixava nervosos sempre apanhava boleia nas nossas colunas para se afastar de Mansabá. Dá para perceber. Lá ao fundo na confluência da estrada para Farim, ficava o abrigo do Castelo.
Fotos © José Barros (2011). Direitos reservados  de José Barros
Legendas de CV

Localização do Memorial do BCAV 1897, localizado junto ao Refeitório dos Praças que no tempo desta Unidade talvez ainda não tivesse sido construído.
Foto © César Dias (2011). Direitos reservados.
Legenda de Carlos Vinhal
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)

Vd. último poste da série de 18 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7811: Memórias de Mansabá (10): Fotos da bolanha de Mansabá, a nossa praia (Ernesto Duarte)

Guiné 63/74 - P7983: Blogpoesia (129): O Futuro em construção (José Teixeira)

1. Mensagem de José Teixeira* (ex-1.º Cabo Enf.º da CCAÇ 2381, Buba, Quebo, Mampatá e Empada, 1968/70), com data de 22 de Março de 2011:


O Futuro em construção

Homem do mundo de hoje.
Geração rasca do ontem que já passou,
E de novo nada deixou.
Que procuras, quantas vezes, o saber,
No álcool, na droga.
No espaço,"vazio", dum café.
O prazer, pelo prazer, para sobreviver,
E não o SER para VIVER
A  Esperança, base da Fé.
Põe a mão, na mão do jovem em criação,
Para que sinta, o calor, a confiança, a calma.
Aprende com ele, a construir.
O SER.
Uma alma nova.
Para o Mundo que há-de vir.
Bebe as suas ideias.
Alimenta o seu cantar. O sorrir.
Dá força.
Alimenta suas veias,
Para que vá onde quer ir.
Fá-lo sentir que já é gente.
A fim de que tente...
...tente.
Sê o irmão mais velho, e não,
O “pai” carrancudo, cansado, velho, mudo.
De resposta seca. Vazia.
Contradição.
Para ti, ele tem de ser tudo,
Porque ele é o futuro em construção.

Zé Teixeira
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 14 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7783: Ser solidário (102): Sementes e água potável - Um projecto inovador (José Teixeira)

Vd. último poste da série de 22 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7982: Blogpoesia (128): Ai Guiné, Guiné (2) (Albino Silva)

Guiné 63/74 - P7982: Blogpoesia (128): Ai Guiné, Guiné (2) (Albino Silva)

1. Continuação da apresentação do trabalho em verso do nosso camarada Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), enviado em mensagem do dia 21 de Março de 2011:


AI GUINÉ GUINÉ ( 2 )

Nova Sintra, Fulacunda,
Enxundé e Jabadá,
Tite e S. João,
Jugudul e Bissá...

Fá Mandinga e Geba,
Xime, Bajocunda, Enxalé,
Chamarra, Aldeia Formosa,
Piche e Madina do Boé...

Cacine, Infada, Bissá,
Guileje, Gadamael
Cussará, Nova Lamego,
Canturá e Gandembel...

Bambadinca, Xitole,
Catió, Empada, Cabedu,
Mansoa, Bigene, Guidage,
Saltinho, Tite e Gabú...

Bonco, Cuntima, Pirada,
S. Vicente, João Landim,
Piche, Canquelifá,
pois na Guiné era assim...

Cadique, Cacine, Bolama,
Madina Xaquili, Cansissé,
Sedengal e Buba, Missirá,
Galomaro e Cheche...

Havia tantas aldeias,
tantas tabancas enfim,
espalhadas naquele mato
mas que existiam, sim...

Ainda me lembro, Guiné,
tantas coisas aí ver
e sentir constantemente
a tua terra a tremer...

Gostava por onde passei
entre capim e bolanhas,
em tabancas e em fontes,
e ver as pretas com suas manhas...

Ó Guiné, teu Oceano
com bom peixe para pescar
e nas bolanhas bom marisco
que era somente apanhar...

Gostava de falar de ti,
ó Guiné, é com agrado,
pois parece que ainda vejo
água por todo o lado...

Teus rios eram bastantes,
em alguns também passei
em canoas que por lá havia
e que nelas naveguei...

Rio Cacheu e Mansoa
como o Geba e Corubal,
Rio Grande de Buba,
Cacine, Cumbijã e Tombali...

Assim o Rio Cacheu
era grande tio sim
além de banhar Cacheu
Bigene, Binta e Farim...

Um outro Rio Mansoa
outro rio que não só
ia até Teixeira Pinto
e também perto de Có...

(Continua)
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Notas de CV:

(*) Vd. primeiro poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7980: Blogpoesia (127): Não há poesia nos ares... (J.L. Mendes Gomes)

Guiné 63/74 - P7981: (In)citações (28): Melhoria do porto fluvial de Cabedu, no extremo da península de Cubucaré, na margem direita do Rio Cacine (AD - Acção para o Desenvolvimento)


Guiné-Bissau > Bissau > AD - Acção para o Desenvolvimento > "Foto da semana > Título da foto: 
Vamos melhorar o Porto de Cabedu  > Data de Publicação:  20 de Fevereiro de 2011 >  Data da foto:  23 de Janeiro de 2011 > Palavras-chave: Infraestruturas Rurais > Legenda:


"A tabanca de Cabedu  [há mais de 40 referências a Cabedu, no nosso blogue] situa-se no extremo da península de Cubucaré, junto ao rio Cacine [margem direita,] tendo por isso uma saída preferencial de contacto com o resto do país, o seu porto marítimo.

"Por estrada a situação é tão difícil que são poucos os veículos que chegam a estas paragens e, durante a época das chuvas, ela fica interditada, sob pena de se ficar atolado vários dias.

"Com a melhoria deste porto, não só haverá melhores alternativas para os doentes, como para comercializarem os seus excedentes, dos quais se destaca o arroz, a fruta, o coco e o peixe".

Foto (e legenda): Cortesia de  © AD - Acção para o Desenvolvimento (2011). Todos os direitos reservados
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Nota do editor:

Último poste da série >  15 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7948: (In)citações (30): O Cherno Aliu Djaló, actual Califa de Quebo-Forreá, agradece aos nossos camaradas Vasco da Gama e Arménio Estorninho as fotografias do Cherno Rachide, seu pai e antecessor (Pepito)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7980: Blogpoesia (127): Não há poesia nos ares... (J.L. Mendes Gomes)

1. Mensagem do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes (ex-Alf Mil da CCAÇ 728, Os Palmeirins de Catió, (Como, Cachil e Catió), 1964/66), com data de 21 de Março de 2011:

Caros Amigos
Aqui vos mando, em anexo, a minha participação.
Um grande abraço
JMG


NÃO HÁ POESIA NOS ARES…

Ó carros,
Loucos e fumarentos,
Em desatino,
Pelas estradas;

Ó cigarros roucos
Que amortalhais de morte,
Os lábios rubros,
Talhados
Para a sorte de amar;

Ó atrevidas chaminés,
Sem fim, céu acima,
Que aspergis venenos,
Nos prados e nas boninas;

Ó esgotos, negros,
Pestilentos, como serpentes,
Das cloacas das oficinas,
Que vazais mixórdias,
Sem vergonha,

Nas correntes da água
Que escorria pura,
Das cumeadas albas
Da montanha,
P’rós oceanos;

Ó naves traiçoeiras
Que navegais escondidas,
No oceano infindo
Para lá das nuvens, bentas,
E devorais, sedentas,
As nascentes cristalinas
Das brisas meigas;

Ó central atómica,
Alapada,
Na toca dum deserto
Ou, arrogante,
No ventre da cidade…

És bomba de veneno
Que mata
A humanidade…
Medonha,
Como um relâmpago…

Ó obscuros caldeirões da química,
Tapados da hipocrisia
Do progresso, sem limites,
Onde o sábio, ignorante,
Pensando que tudo sabe,
Extermina, cego,
A sua vida e a do futuro…

Ó vinte séculos de existência,
Dum mundo farto,
De beleza e de riqueza,
A navegar, como navio, louco,
Em liberdade,
P’la mão do homem!…

Ó mar revolto,
Sem maresia…
Ó mar, sufocado…
Sem poesia
Quase morto…
Em agonia!
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 17 de Novembro de 2010 > Guiné 63/74 - P7298: Cartas, aos netos, de um futuro Palmeirim de Catió (J.L. Mendes Gomes) (6): Funchal, 1964: As minas e armadilhas de Cúpido

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7979: Blogpoesia (126): Macau, na foz de um rio de pérolas (António Graça de Abreu)

Em tempo:
Recorrendo ao facebook, página do nosso camarada Joaquim Luís Mendes Gomes, completou-se o poema publicado neste poste que chegou incompleto ao nosso Blogue.
Carlos Vinhal
22MAR2011

Guiné 63/74 - P7979: Blogpoesia (126): Macau, na foz de um rio de pérolas (António Graça de Abreu)






Excerto de um longo poema, Japónica, inserido no último livro do nosso camarad António Graça de Abreu,   A cor das cerejeiras (Lisboa: Vega, 2010,  pp. 31 e 47-49).... (Com a devida vénia).

Ao poeta, que está neste momento na China, a Tabanca Grande manda um especial Alfa Bravo,  neste dia mundial da poesia.


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Nota de L.G.

Guiné 63/74 - P7978: Blogpoesia (125): O cuco sabe que o Sol voltará ao Monfurado (José Brás)




1. Comentário do nosso camarada José Brás* (ex-Fur Mil, CCAÇ 1622, Aldeia Formosa e Mejo, 1966/68), autor do romance recentemente apresentado, Lugares de Passagem, deixado no Poste 7971**:

Amiga alentejana (acho que é)
Em homenagem ao seu poema

Cumprimentos
José Brás



O cuco

Ninguém avisou o cuco
que o Inverno batia ainda forte
nas encostas do Monfurado
a vinte e um de Março do ano corrente
ninguém escondeu o calendário
ninguém lhe atrasou o relógio
ninguém lhe mostrou o céu pesado
e a luz baça sufocando o montado
em cada sobreiro um novelo
a desfazer-se e a refazer-se nas cordas da chuva

Ninguém lhe disse que o Sol estava de férias
algures a sul tisnando corpos
espelhado no corpo do mar
ninguém lhe disse
da falta de sentido de um canto como o seu
imprevistamente ecoando
nos vales da serra
no desábito das memórias
e canta
ainda assim ou chora
de ter chegado aqui em tempo tão bravio

O cuco sabe
que o Sol voltará ao Monfurado
sei que o cuco sabe que o Sol voltará
expulsando o chumbo e iluminando os dias
fantasiando de luz as noites do seu canto
e a minha secreta esperança de infinito
não sei se o cuco sabe que lhe sei da voz
e do eco do seu canto
não sei se o cuco sabe
que não lhe sei do sentido mais profundo
do tempo exacto
do espaço do voar

sei
apenas
que o cuco canta no Monfurado
a vinte e um de Março
de todos os anos

In "Lugares de Passagem"

PS
e já cantou hoje

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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 11 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7764: Obrigado pelas mensagens amistosas que recebi (José Brás)

(**) Vd. poste de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7977: Blogpoesia (124): Eternidade (J. Belo)

Guiné 63/74 - P7977: Blogpoesia (124): Eternidade (J. Belo)


1. Contributo do J. Belo (nosso camarada, autor do blogue Laplland to Key-West), para o Dia Mundial da Poesia, enviado a meio da tarde:

ETERNIDADE

Os mortos? 
Os mortos estão bem. 
Não têm memória.
Não planeiam sonhos sempre adiados.
Não conhecem a saudade.
Não têm remorsos, 
Pois nem sequer podem mentir!    

Os mortos? 
Se lágrimas tivessem, choravam os vivos!   

J. Belo

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Nota de L.G..

Último poste da série > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7976: Blogpoesia (123): 21 de Março, O Dia da Poesia (Joaquim Mexia Alves)

Guiné 63/74 - P7976: Blogpoesia (123): 21 de Março, O Dia da Poesia (Joaquim Mexia Alves)

1. Mensagem do nosso camarigo Joaquim Mexia Alves*, ex-Alf Mil Op Esp/Ranger da CART 3492, (Xitole/Ponte dos Fulas); Pel Caç Nat 52, (Ponte Rio Udunduma, Mato Cão) e CCAÇ 15 (Mansoa), 1971/73, com data de 21 de Março de 2011, a propósito do Dia Mundial da Poesia que hoje se comemora:


O DIA DA POESIA

Pergunta-me o Luís
na sua amizade,
se tenho algum poema,
alguma rima,
algum sentir
expresso em verso,
que da arte,
pobre de mim,
estou escasso.

E eu sentado,
olho a caneta,
aquela que me conhece,
e escreve tudo o que eu sinto,
para suavemente,
num falar muito calado,
lhe perguntar,
o que quer dizer,
a quem me interroga,
sobre versos,
sobre fado,
sobre o viver,
que nos é dado…
ao escrever.

E porquê,
pergunta-me ela,
qual a razão,
qual o motivo,
para escrever palavras,
que digam um sentimento,
vindo do coração,
ou então seja soprado,
às minhas orelhas moucas,
por um impetuoso vento.

São loucas, são loucas,
cantava a nossa fadista!

Mais louco sou eu então,
porque me julgo artista,
me penso versejador,
quando afinal apenas,
conto-vos este segredo,
quem escreve
é a minha caneta,
porque eu…
não sei escrever.

Mas antes que acabe o dia
esta caneta irritante,
quer dizer a não sei quem,
nuns versos,
num pobre instante,
que viver a alegria,
é escrever uns pobres versos
no Dia da Poesia.

Joaquim Mexia Alves
21 de Março de 2011
____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 Guiné 63/74 - P7967: (Ex)citações (134): A propósito do discurso do Presidente da República por ocasião da Cerimónia de Homenagem aos Combatentes no 50º Aniversário do Início da Guerra em África (Joaquim Mexia Alves)

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)

Guiné 63/74 - P7975: Blogpoesia (122): Ai Guiné, Guiné (1) (Albino Silva)

Mensagem de Albino Silva (ex-Soldado Maqueiro da CCS/BCAÇ 2845, Teixeira Pinto, 1968/70), com data de 21 de Março de 2011:

Boa Tarde Carlos Vinhal

Inicia-se mais uma semana, e tal como havia prometido aqui te envio este trabalho de 10 páginas que agora terminei de passar a limpo, pois já estava feito há muito tempo.

Sei que irás por certo passar uma vista de olhos, e então verás se vale apena ou não adicionar isto na nossa Tabanca.

Se achares que sim, deixo contigo a melhor forma de o fazeres, pois sei que o que fazem é sempre bem feito. Por isso só tenho de aceitar.

Um grande Abraço,
Albino Silva.


Guiné-Bissau > Região de Tombali > Faro Saradjuma (a 18 Km de Guileje que por sua vez está a 36km, de Iemberem > 10 de Dezembro de 2009 > 17h23 > A caminho de Bissau... Os meninos e o jogo da bola: uma imagem (quase) universal...
Foto: © João Graça (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados


AI GUINÉ, GUINÉ (1)

Oh Guiné ainda és linda,
quero para ti o melhor
e porque não te esqueci,
a saudade de ti é maior...

Guiné tu és pequenina,
eu achava com certeza
que tu Guiné eras pobre
mas bem rica em Natureza...

Teus rios, tuas bolanhas,
onde cheguei a nadar,
teu Oceano Atlântico
também te está a abraçar...

Essas águas eram quentes,
o teu peixinho era bom,
era rico teu marisco,
as ostras e o camarão...

Até teu povo era humilde
e, se não fosse forçado,
era simples,  convivia,
não era mal educado...

Nos tempos que eu aí estive,
eu fui obrigado então,
fui defender-te Guiné,
fui defender a Nação...

E quando aí eu estive,
para mim eras igual,
pertencias à Nação,
eras também Portugal...

Mas eu gostava de ti,
teu povo não desprezei,
fiz curativos, e muitos,
e nunca um tiro eu dei...

Como era bom Maqueiro,
numa Enfermaria eu estava.
atendendo toda a gente,
os guineenses curava...

Eu até admirava tanto
ver mulheres a trabalhar
na bolanha, na vianda,
e mesmo as fardas lavar...

Oh Guiné, lindo Bissau,
Capital, e dando a voz,
Tuas Ilhas, Arquipélagos,
tão lindo era Bijagós...

Ilha de Maio e Coracre,
Formosa, Galinhas e Bela,
Bubaque, Orango e Jete,    
Pecixe e Caravela...

Tantas bolanhas tu tens,
por algumas eu andei,
e com algumas bem cheias
também as atravessei...

Oh Guiné,  tuas aldeias
e tuas Vilas até,
lembro aqui alguns nomes
dessas terras da Guiné...

Oh Bissau,  és Capital
e ainda não me esqueceu
S. Domingos e Susana,
Varela, Ingoré e Cacheu...

Bassarel e Bachile,
Calequisse e Caió,
Jolmete, Bissum e Bula,
Jete, Pelundo e Có...

Bigene, Barro, Guidage,
Teixeira Pinto, Safim,
Bissorã e Quinhamel,
Mansabá e Farim...

N’hacra, Binar, Biambe,
Cútia e Mansabá,
Jubembem, Fajonquito,
Cantacunda e Bafatá...

(Continua)

Revisão e fixação do texto: Carlos Vinhal
O nome de algumas localidades foram rectificadas pelo editor, o que não invalida haver ainda alguma incorrecção.

____________

Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)

Guiné 63/74 – P7974: Blogpoesia (121): Canção ao Lavrador Desconhecido, de António Cabral (José Barros)

1. Neste Dia Mundial da Poesia, façamos um intervalo nas dolorosas lembranças de guerra, evitemos a troca comentários, aos comentários, e resolvamos os problemas pessoais e as diferenças não reprimíveis, recorrendo à troca de mensagens pessoais e directas. A tertúlia pode e deve ser evitada aos desmandos, venham eles de onde vierem.

Assim, passamos a apresentar a mensagem do nosso camarada e amigo José Ferreira de Barros (ex-Fur Mil At Cav, CCav 1617/BCav 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato, 1966/68), com data de 21 de Março de 2011:

Caro amigo Carlos Vinhal,
Sendo eu, um homem do teatro, não podia neste dia Nacional da Poesia, deixar de homenagear António Cabral poeta Transmontano-Duriense que canta o Douro - homem como ninguém.

Aqui fica um dos seus poemas e que eu logo à noite num encontro cultural irei recitar.
Não sei se poderá ou não ser publicado. Tu, saberás se pode ou ser publicado.

Um abraço amigo,
J.Barros


Alto Douro Vinhateiro, Património Mundial da Humanidade > Vila de Foz Coa  > Pocinho > Estação terminal da linha de caminho de ferro do Douro (Porto-Pocinho) > Pormenor dos azulejos da estação, da Fábrica Sant'Anna (fundada em 1741): a vindima... Foto gentilmente cedida por L.G. (Pocinho, 3/9/2010)

 
CANÇÃO AO LAVRADOR DESCONHECIDO

Se não fosse a trovoada,
se não fosse o desavinho,
se não fosse o oídio e o míldio,
se as carquejas dessem vinho…

Se herdasse a Quinta dos Frades,
se a lua me pertencesse,
se não houvesse ladrões,
se a minha avó não morresse…

Se tivesse menos filhos,
se tivesse mais dinheiro,
se isto fosse mesmo Douro,
se fosse ouro verdadeiro…

Se tivesse mais videiras,
se tivesse, se tivesse,
se me fizessem Ministro,
se a minha avó não morresse…

(António Cabral)
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(*) Vd. poste de 14 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 Guiné 63/74 – P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)

Guiné 63/74 - P7973: Blogpoesia (120): Mãe, granadas o que são? (Armor Pires Mota)




1. Neste Dia Mundial da Poesia, publicamos um poema de Armor Pires Mota (ex-Al Mil da CCAV 488, Mansabá, ilha do Como, Bissorã e Jumbembem, 1963 e 1965) autor de romances como Tarrafo, Guiné Sol e Sangue, Cabo Donato Pastor de Raparigas, A Cubana que Dançava Flamenco e Estranha Noiva de Guerra




Mãe, sabes o que são
lenços de adeus, versos e rima,
terra de espigas e pão
e vinhas de vindima.

- Mas granadas o que são?

É inútil fugir, mãe, fugir à sorte
e vou morrendo assim,
de granadas na mão,
mordendo a hora, o capim,

mesmo que não me queira a morte,
mesmo que não anoiteça até o fim!

De ódio no sangue que arde
e granadas na mão,
agora, altivo e forte,
logo medroso e cobarde.

 - Mas granadas o que são,
que não dão vinho nem pão ?

- Granadas: sangue na tarde…


Armor Pires Mota

Reproduzido com a devida vénia, de:
O tempo em que se mata, o mesmo em que se morre
(Braga: Editora Pax, 1974, pp. 18-19)
Livro esgotado, oferecido pelo autor, em fotocópia, à biblioteca da nossa Tabanca Grande, por intermédio do Mário Beja Santos

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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7972: Blogpoesia (119): Nada disto é fado (Luís Graça)

Guiné 63/74 - P7972: Blogpoesia (119): Nada disto é fado (Luís Graça)


Lisboa > Fundação Calouste Gulbenkian > Centro de Arte Moderna (CAM) > Retrato de Fernando Pessoa (1964), da autoria de José de Almada Negreiros (1893-1970) (com a devida vénia ao CAM)... Pessoa e Almada são dois nomes maiores da nossa modernidade (e identidade), que me apeteceu evocar aqui, no Dia Mundial da Poesia...  
Foto de L.G., 23/2/2011, 12h37... 

Foto: © Luis Graça (2011). Todos os direitos reservados

1. O dia 21 de Março foi proclamado, em 1999, pela UNESCO como Dia Mundial da Poesia, e o seu objectivo é a promover a leitura, a escrita, a publicação e o ensino da poesia através do mundo, a par da defesa da diversidade linguística da humanidade.



Nada disto é fado
por Luís Graça

Nada disto é fado, 
é apenas história (de)vida;
Ruas do ouro e da prata, 
de outrora, querida.
Colina acima, rua abaixo, 
no metro de Lisboa;
Ou no amarelo da Carris, 
a vida,  à toa.

A vida é um assalto 
à caixa de Pandora, meu amor;Beware of pickpockets
avisa o revisor…

Alcântara, a ponte de fogo, 
suspensa
sobre a tua cabeça, 
e a nossa raiva, tensa.

Em Almada, a teus pés, 
tens o estuário do Tejo,
Mas é na solidão do Terreiro do Paço 
que eu mais te desejo.
Compro castanhas, quentes e boas, 
com ternura,
enquanto a vida segue 
pelas ruas, sujas, da amargura.

Nada disto é fado, 
é apenas história (de)vida;Ruas do ouro e da prata, 
de outrora, querida.

Lisboa, 21/3/2011

[Letra originalmente escrita para a banda musical portuguesa Melech Mechaya]

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Nota de L.G.:

Último poste da série > 21 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)

Guiné 63/74 - P7971: Blogpoesia (118): A Primavera voltou (Felismina Costa)

1. Mensagem da nossa amiga tertuliana Felismina Costa* com data de 20 de Março de 2011:

Caro Editor e Amigo Carlos Vinhal,
Muito boa tarde, neste início de Primavera!

Com certeza já repararam, que sou uma amante das efemérides: sim, porque acho que elas registam datas que, vale a pena repensar.

Esta, de tão velha, não passa despercebida, pois invariavelmente o equinócio de Março, tráz-nos a Primavera sempre a 20 ou 21, e, ei-la que chegou.

Acordou luminoso este dia 20 de Março de 2011!
Uma muito ligeira brisa, não impede que se sinta o prazer imenso da Primavera que se anuncia, e eu, venho saudá-la, pois ela sempre me encantou.

O céu, de um azul criança, não alberga uma única nuvem neste começo de dia.

Respira-se uma calma gostosa no espaço envolvente e nas pessoas que por aqui circulam.
O espaço natural, com as suas elevações e as suas áreas planas, o doce e calmante correr da água, as aves, e as flores que pontualmente vão abrindo, falam da Primavera que vem chegando.
As árvores começam a renovar-se e mostram-nos um aprazível vestido verde, de desenhos caprichosos, maravilhosos e, cada dia, mais se evidência o modelo, de nervuras e recortes artisticamente desenhados.
Não raro, paro, observo... e encanto-me.

Saúdo a vida.
O prazer de viver, e tal como as aves, traço voos, onde a minha alegria é manifesta, exuberante!

Pretendo ser sempre assim
Feliz, com as pequenas (grandes coisas).

Segue uma pequena homenagem à mais bela das estações do ano.

A foto que segue, é de minha autoria, feita num recanto de luxuriante floração, nos jardins da Gulbenkian, e os personagens são: o meu filho João e a minha nora Cláudia.

Se tiver espaço e um pouquinho de tempo e achar que vale a pena publicar... faça favor, Sr. Editor.

E, aceite a minha gratidão.
Felismina Costa

Cláudia e João


A Primavera voltou!

A Primavera voltou!
Voltou a festa da vida
Neste Março glorioso…
Voltou verde, florida.
Voltou azul e dourada
Voltou luminosa e cálida
Acordando a madrugada.
E porque se sente bonita,
Airosa, cheia de graça,
Vai correndo a terra inteira
Dando cor por onde passa.
Ela grita pelos montes
Desde alta madrugada,
Ela desce pelos vales
Sem mostrar medo de nada!
Ela ilumina profundezas
Onde a luz pouco se mostra
E derrama sem usura
O próprio cheiro das rosas.
O cheiro das glicínias
As multicores das frézias,
Ela trepa pelos montes
Loucamente, sempre à pressa:
Ela vestiu árvores nuas
Deu cor às águas das fontes
Estendeu-se pelos prados
Subiu e desceu os montes…
E nas vulgares ervas rasteiras…
Ela explodiu em mil cores!
Depois, desenhou, nas asas das borboletas
Desenhos que ninguém faz!
Desenhos que ninguém pinta,
Porque ninguém é capaz!
E ela dançou e dançou
Nas asas da cotovia,
E ensinou-lhe a fazer o ninho
Em sítios que ninguém via…
Ela projectou no espaço
(para além do que os meus olhos viam)
Nuances de tanta cor…
Que a contá-las me perdia…
Ela enche a terra inteira
De uma risonha alegria!
E regressa cada ano
Sempre nova e sempre viva
Semeando a esperança
De termos todos os anos
A força do renascer
A embalar a nossa vida!

Felismina Costa
Março de 2009
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Notas de CV:

(*) Vd. poste de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7963: Blogpoesia (116): Neste dia 19 de Março, homenagem a meu Pai e a todos os Pais (Felismina Costa)

Vd. último poste da série de 19 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7964: Blogpoesia (117): Aromas de Camabatela, Quando cheguei a Luanda (2) (Albino Silva)

domingo, 20 de março de 2011

Guiné 63/74 - P7970: Álbum fotográfico de Vitor Raposeiro (7): O fotógrafo estava no Xime, na hora da partida do Alfero Cabral


Guiné > Zona Leste > Sector L1  (Bambadinca, ao tempo do  BART 2917 (1970/72) >  Xime > A partida do nosso Alfero Cabral, devidamente ataviado, para Bissau, terminada a sua nobre missão em terras da Guiné... Ele disse-nos há dias a data exacta, Junho ou Julho de 1971, mas não fixámos... O fotógrafo (V. R.) estava lá... O Jorge Cabral, conselheiro jurídico da nossa Tabanca Grande, é hoje advogado e especialista em direito penal... As peripécias da sua chegada a Bissau e partida para a Metrópole já foram objecto de uma das impagáveis estórias cabralianas. Dele já se disse que um dia  sonhou que podia ser fula entre os fulas, mandinga entre os mandingas, guinéu entre os guinéus, homem entre os homens e até louco entre os loucos... Moral da história: afinal, todos nós temos direito a um pouco de loucura e de humanidade, o que implica simplesmente pôr-nos na pele do outro (LG).



Guiné > Zona Leste > Sector L1  (Bambadinca, ao tempo do BART 2917, 1970/72) > Foto de 1971 ... O Vitor Raposeiro, em primeiro plano, julgo que a caminho de Bissau (ou de regresso a Bambadinca)... Não consigo identificar o seu companheiro de viagem, pelo Rio Geba abaixo (ou acima)...(LG)



Guiné > Zona Leste > Sector L1  > Bambadinca >  CCS/BART 2917 (1970/72) >  O Vitor Raposeiro, no seu quarto, com outros furriéis que não conseguimos identificar... A data deve ser de 1971 (LG).


Guiné > Zona Leste > Sector L1  > Bambadinca >  BART 2917 (1970/72) > Quatro furréis velhinhos, da CCAÇ 12, a saber, e da esquerda para a direita: Joaquim Fernandes, Humberto Reis (com a língua de fora), Arlindo Roda e Tony Levezinho.. (LG).

Fotos: © Vitor Raposeiro (2009) / Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné. Todos os direitos reservados.

1. Continuação da publicação de uma selecção das  fotos do álbum do Vitor Raposeiro (ex-Fur Mil, Radiotelegrafista, STM, de rendição indiviual, que passou por Aldeia Formosa, Bambadinca, Bula e Bissau, 1970/72) (*). O Vitor acabou a sua comissão no conjunto musical das Forças Armadas no CTIG, em Bissau... Ainda hoje faz o gosto ao dedo, tocando guitarra eléctrica no conjunto 4 Sixties, de Setúbal.

[ Fotos: Selecção / edição / legendagem: L.G.]

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Guiné 63/74 - P7969: Tabanca Grande (271): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux de Enfermagem (CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73)

1. Mensagem do nosso camarada Delfim Rodrigues (ex-1.º Cabo Auxiliar de Enfermagem na CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73), com data de 25 de Fevereiro de 2011:

Boa tarde
Parece que nunca cheguei a enviar os meus dados para o blogue, se enviei fica em duplicado

Data de nascimento: 03/05/1949
Naturalidade: Ílhavo

Na tropa fui: 1.º Cabo Aux de Enfermagem
Estive na Guiné de Abril de 1971 a Março de 1973
IAO: Cumeré
Passei a comisão em Suzana e Varela

Actualmente trabalho em estudos de mercado (recolha de dados no Campo)

Em anexo:
Foto de 1972
Foto actual

III Encontro da Tertúlia > 17 de Maio de 2008 > Rui Alexandrino Ferreira, Idálio Reis, Virgínio Briote e Delfim Rodrigues escutam atentamente o António Batista (ao centro) o nosso morto-vivo do Quirafo.


2. Comentário de CV:

Caro Delfim, estão publicadas as tuas fotos que estavam em falta, embora uma boa parte dos camarigos te conheça pois és uma das habituais presenças nos nossos Encontros.

Se a tua vida profissional te permitir, não esqueças que podes e deves colaborar com o Blogue, contando as tuas experiências como Enfermeiro, Especialidade tão importante quanto digna pelos serviços relevantes prestados aos camaradas vítimas da guerra e populações civis onde a tropa estava integrada.

Deixo-te um abraço e um até breve, já que nos vamos encontrar no próximo mês de Junho em Monte Real.
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Nota de CV:

(*) Vd. poste de 27 de Outubro de 2007 > Guiné 63/74 - P2224: Tabanca Grande (38): Delfim Rodrigues, ex-1.º Cabo Aux de Enfermagem (CCAV 3366/BCAV 3846, Suzana e Varela, 1971/73)

Vd. último poste da série de 14 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7940: Tabanca Grande (270): José Ferreira de Barros, ex-Fur Mil da CCAV 1617/BCAV 1897, Mansoa, Mansabá e Olossato (1966/68)

Guiné 63/74 - P7968: O Nosso Livro de Visitas (108): Luiz Figueiredo, Fur Mil TSF, Pirada, Teixeira Pinto e Bissau, 1972/74

1. Mensagem de Luiz Figueiredo, com data de 18 do corrente:

Assunto: Camaradas da Guiné

Boa tarde. Os meus parabéns por saber que existe um blogue de tamanha categoria.

Chamo-me António Luiz Figueiredo e estive na Guiné Bissau no período 1972-74, como Fur Miliciano TSF, em Pirada, Teixeira Pinto e Bissau.

Neste blogue não vislumbro camaradas que possam, eventualmente, ter passado por essas regiões e, mais difícil se torna, uma vez que eu era de rendição individual.

Gostaria no entanto de participar neste blogue e tentar reencontrar velhos amigos. Apenas preciso de saber o que devo fazer para alcançar tal objetivo.

Na expetativa de notícias, as minhas saudações.

A. Luiz Figueiredo

2. Comentário de L.G.:

Meu caro camarada Figueiredo: Sê bem vindo à Tabanca Grande (como nós chamamos a este grupo de encontro, virtual, de antigos combatentes no T0 da Guiné). As nossas regras de convívio estão publicadas na coluna do lado esquerdo da página principal do blogue. Para ingressares no grupo, basta mandares duas 2 fotos digitalizadas, tuas  (uma actual e outra do teu tempo de Guiné), e contar uma história desse tempo: por exemplo, a tua recepção como "pira", o teu "baptismo de fogo", a viagem até Pirada... Tempos alguns camaradas da tua arma (transmissões) e até da tua  especialidade (TSF), e temos gente que passou pelos teus lugares de passagem, tanto Pirada como Teixeira Pinto, para não falar de Bissau (Clica nos links).  Como camaradas de armas que fomos, tratamo-nos por tu. Quando ganhares o estatuto de amigo, serás tratado por cama...rigo. 
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Nota de L.G.:

Último poste da série > 16 de Março de 2011 > Guiné 63/74 - P7953: O Nosso Livro de Visitas (107): Alguém desse tempo (1972 a 1974) se lembra do Cap Mil Joaquim Manuel Barata Mendes Correia?