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segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8967: (Ex)citações (153): Comandante da Companhia de Instrução de Milícias, em Bambadinca, por dois meses (Luís Dias)

1. Comentário de Luís Dias [, aqui em Bambadinca, ´no último trimestre de 1973, junto a um caça-bombardeiro T6,] ao poste P8950:
Eu já não apanhei o Paulo Santiago em Bambadinca. Encontrava-me com o meu Gr Comb de reforço ao Batalhão de Piche, quando fui nomeado para comandar a Companhia de Instrução de Milícias, em Bambadinca.

Tive como segundo comandante um dos meus furriéis e 1º cabos como comandantes de pelotão, oriundos de diversas unidades. Foi uma temporada de cerca de 2 meses para preparar os pelotões militarmente para serem colocados em diversas tabancas, embora já não me recorde, para onde foram e qual era a origem dos seus elementos.

Foi um tempo agradável, de que gostei particularmente e pude conviver com a malta da CCS do BART 3873. O quartel era também maior e com outra filosofia que a que eu não estava habituado, quer no Dulombi, quer nas sedes dos Batalhões de Galomaro, de Piche e de Bolama, onde estivera antes.

Creio que a carreira de tiro era onde tu referes [,  junto à ponte do Rio Udunduma, ] e tenho uma foto dela, mas não sei se dá para identificares. Recordo-me que também conheci na altura o Tenente Comando Jamanca, que comandava a CCAÇ 21, que intervinha na zona. Mais tarde iria intervir na área de Canquelifá, em conjunto com o BCA [, Batalhão de Comandos Africanos,].

Tinha um sargento na área administrativa que também fazia fotografia e onde muitos jovens africanos iam tirar o retrato (!!!). Isto admirava-me porque eram jovens, mas em idade de combater e, como se sabe, a maioria servia nas milícias, ou então nas fileiras do PAIGC.

Eu,  por brincadeira,  costumava dizer-lhes:
- Então onde é que ficou a kalash ou o roquete? Atrás de uma palmeira na bolanha?

Eles riam, mas...acho que muitas das vezes acertava. O quartel era aberto à população.

Não tive problemas com o pessoal, porque tinha uns óptimos instrutores, gente aplicada e isso foi manifesto no exercício final para os graúdos de Bissau verem - um golpe de mão, muito bem executado.

A única chatice foi que treinámos os milícias com as G3, e muito perto do fim foram-lhes entregues FN FAL, o que nos obrigou a um trabalho suplementar sobre esta arma. Ainda por cima, tive uma discussão com o responsável pelo Armamento (um Major)que afirmava que as armas eram novas e eu dizia-lhe que elas foram foi pintadas de novo, mas as coronhas, ainda em madeira, tinham inscrições feitas pelas nossas tropas com dizeres referentes a Angola. Calei-o.

Um abraço
LD
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Nota do editor:
 
 

domingo, 30 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8966: Blogpoesia (163): Fado da 'Orion' (José Pardete Ferreira)

1. Mensagem de J. Pardete Ferreira:

Data: 30 de Outubro de 2011 15:26
Assunto: Fado da Orion

 Caro Luís, o prometido é devido:

O Fado da Orion foi escrito em Homenagem ao Comandante Faria dos Santos. A LFG passou mais de um ano acostada ao molhe do Pi(n)djiguiti porque tinha cedido a Batarda um dos motores.

Quando o recebeu de volta ou ele foi substituído por um novo, já não posso precisar, fez uma viagem experimental e de contrabando "a acreditar nos praticantes da má-língua" e, de seguida,  foi o navio almirante da ida a Conacri, sob o Comando de Faria dos Santos, mais tarde Comandante do porto e, em seguida, Governador Civil de Aveiro.

Poeta e grande amigo, recebia a jantar e bem um pequeno número de amigos na torre, onde, no final, a poesia expulsava o álcool.

Ele foi, igualmente, a nossa chave de acesso à Base Naval de Bissau onde, às quintas-feiras, havia jantar melhorado e aberto a convidados.

2. Blogpoesia  > Fado da "Orion"
por José Pardete Ferreira


[, LFG Orion, a navegar no Rico Cacheu, em 1967, foto à esquerda; crédito fotográfico:  Manuel Lema Santos]






Tristes noites de Bissau,
Neste clima tão mau,
Passá-las não há maneira,
Sem comer arroz, galinha.
Ou então ir à "Marinha"
Aos "jantares da quinta-feira"!

Às vezes um Comandante,
Bom amigo, bem falante,
Obriga uma pessoa,
Com uma grande bebedeira,
Pensar que o Ilhéu do Rei
Fica em frente de Lisboa.

Refrão

Ser marinheiro
De "LFG' no estaleiro,
Sem motores nem cantineiro,
Junto ao cais sem navegar,
E esperando,
A comissão foi passando,
Ai!, os amigos engrossando,
Com o Geba a embalar.

Quando vinha dessa Terra
E voltava à minha Serra,
Nem eu queria acreditar !
Virei-me ainda p'ra ver,
O meu Adeus lhe lançar
E também lhe agradecer:

Com meu suor derramado
No teu chão, tão maltratado,
Deixo-te votos amigos
E, também, as minhas preces,
'squecendo rancores antigos,
Por ti, Guiné, que mereces.

Refrão...

(1ª parte e Refrão escritos em Bissau em Novembro de 1970. 2ª parte escrita em Setúbal na madrugada de 15 de Dezembro de 1997. Para ser cantado com a Música do "Fado do Cacilheiro" do Maestro Carlos Dias).

J. A. Pardete Ferreira
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Nota do editor:

Guiné 63/74 - P8965: Memória dos lugares (160): Bissau, bairro do Cupelom, Pilom ou Pilão... (António Graça de Abreu)




1. O nosso Camarada António Graça de Abreu (ex-Alf Mil, no CAOP 1, Teixeira Pinto, Mansoa e Cufar, 1972/74), enviou-nos uma mensagem com uma parte do seu Diário da Guiné sobre o Pilão.

Bissau, 16 de Dezembro de 1973


Ontem fui às p...!

Nestes dias em Bissau, com tanta tropa à solta, anda tudo num magnífico regabofe. Para estes homens, o fim da Guiné é a loucura. Aqui no “Biafra”, de madrugada ainda havia alferes a cair de bêbados, entrando pelos quartos em gritarias e choradeiras de pasmar. Não deixavam ninguém dormir.

Ontem o meu serviço foi fazer companhia ao alferes Tomé, meu antigo companheiro de quarto em Teixeira Pinto e em Mansoa. Era o seu último dia na Guiné, embarcou hoje para Lisboa no avião dos TAM e passou comigo as horas da derradeira festa guineense.

Fomos os dois até lá baixo à cidade, depois jantámos, bebemos bem e, entre pesaroso e alegre, o Tomé desatou a contar-me as suas aventuras com uma prostituta cabo-verdiana que o andava a encher de ilusões, ou o Tomé a ela. 

A rapariga gostava dele, sempre que vinha de Mansoa a Bissau ia visitá-la, de sexta para sábado dormiu a noite toda em casa da beldade, a menina desembrulhava-se em bolanhas de ternura e desdobrava-se em arrozais de dignidade. Existiria qualquer coisa de verdade nesse relacionamento oblíquo. A rapariga deve ter adivinhado no Tomé um homem que não lhe comprara apenas prazer para vinte minutos e talvez tenha gostado dele. 

Ontem o Tomé foi-se despedir e levou-me para eu conhecer a pérola dos seus sonhos reais. A moça tinha bom aspecto, pequena, redonda, um rosto suave e sorridente onde não se adivinhava o labor da mais velha profissão do mundo. O Tomé abraçou-a, entrou na casa dela e dedicou-se de imediato aos prazeres carnais, ia pela última vez comer o chocolate claro da sua princesinha.




Eu fiquei cá fora, à espera, aí uns quarenta e cinco minutos encostado a um monte de sucata, a carcaça desfigurada de um carro velho. Entretive-me a olhar à volta. Estava no Pilão, um bairro de Bissau habitado por muita miséria e alguma prostituição. 

O lugar é sujo, tem pouca luz e dizem os entendidos que é perigoso à noite. Ontem, sábado, havia muita tropa branca a fazer as despedidas da Guiné, à procura dos últimos prazeres do sexo negro ou mulato para levarem como recordação para Portugal. As prostitutas do Pilão trabalhavam heroicamente. Na casa em frente, vi uma mulher aviar três gajos em pouco mais de meia hora, entravam, saíam uns atrás dos outros. Não sou propriamente um puritano mas tudo aquilo com exceção da rapariga do Tomé, parecia boa menina me deixou um travo a desgosto, desconforto e imundície.

Enquanto esperava, uma das prostitutas meteu-se comigo. Chegou saracoteando-se dentro de um vestidinho vermelho, dengosa, um perfume barato, meloso, agarrou-me no braço e disparou: 

Vá amor, vem f...! 

Disse-lhe: 

Não posso, já f.... 

Resposta pronta: 

Vai apanhar no c... !

Andei pelo Pilão a cirandar junto às putas mas não fui às putas, não faz parte dos meus hábitos. E não segui o interessante conselho da prostituta do perfume oleoso e reles.

Apanhar no c... também não faz parte dos meus hábitos.

Abraço,

António Graça de Abreu
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Nota de M.R.:

Vd. Também o último poste desta série em:

23 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8939: Memória dos lugares (159): Lugajole, 2004 - Memorial à declaração unilateral da Independência da Guiné-Bissau, localizado em Orre Fello (Rui Fernandes)

Guiné 63/74 - P8964: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (28): Quando os segredos da guerra se tornam em surpresas

1. Mensagem de José da Câmara (ex-Fur Mil da CCAÇ 3327 e Pel Caç Nat 56, Brá, Bachile e Teixeira Pinto, 1971/73), com data de 30 de Outubro de 2011:

Caro amigo Carlos Vinhal,
Junto encontrarás mais uma pequena e simples história das minhas andanças pela Mata dos Madeiros. Os segredos militares, quando bem usados, eram muitas vezes as bases dos sucessos e da disciplina. O Cap Mil Rogério Rebocho Alves usava-os com mestria ponderada.

Para ti e para os nossos camaradas vai um abraço imenso do
José Câmara


Memórias e histórias minhas (28)

Quando os segredos da guerra se tornam em surpresas

No regresso de Bissau a coluna da CCaç 3327 foi pernoitar ao Bachile, sede da CCaç 16. Ali, talvez por falta de instalações ou pela falta de lembrança de quem comandava, não éramos acomodados ou recebíamos instruções de defesa em caso de ataque. Nas poucas noites que ali pernoitei, sempre estranhei esse procedimento.

Independentemente dos motivos que me faziam sentir parte de uma outra guerra, chegada a hora do recolher, acomodei-me, juntamente com os meus camaradas, no alpendre de um dos edifícios ali plantados. A minha amante, como era seu costume, recolheu-se entre as minhas pernas, encostou o seu corpo ao meu e apoiou a sua cabeça no meu ombro. No nosso primeiro contacto surgira um sentimento profundo, aquilo a que bem poderíamos chamar amor à primeira vista. Os adornos, amarrados à minha cintura, pareciam sorrir daquele inocente amor, prontos para ajudar em qualquer pezinho de dança que acontecesse nas imediações.

José Câmara com a sua amante, par inseparável, algures na Mata dos Madeiros

A noite avizinhava-se longa, cheia de visitas indesejáveis. Estas, talvez deliciadas com o meu cheirinho natural e pela falta daquele perfume pestilento, com o qual normalmente me besuntava, eram de tal maneira agressivas que me faziam perceber que não estava necessariamente no paraíso. Mesmo assim sonhei, de olhos bem abertos, com chuvas torrenciais que me levariam a Teixeira Pinto e aos seus destacamentos. Chuvas que só tinham aparecido uma vez e que tardavam em reaparecer.

Passei em revista a minha ida a Bissau. Naquela cidade as pessoas, dentro do possível, tentavam passar pela vida. Eu, ali sentado contra uma parede, só podia fazer pela vida. Não podia aspirar a mais.

Pela manhã, a nossa coluna juntou-se à escolta matinal que viera do acampamento e rumámos à Mata dos Madeiros. Ali ainda não havia notícias quanto à nossa saída daquele lugar. Tínhamos entrado em compasso de espera.

Na noite de 10 para 11 de Junho fomos surpreendidos com outro temporal. Tal como acontecera no primeiro, fiquei extasiado com aquele espectáculo da natureza que tinha tanto de belo como de pavoroso. Os relâmpagos e os trovões deflagravam por todos os lados, o firmamento transformava-se numa autêntica bola de fogo e a chuva caía como um caudal. Esses elementos naturais chegaram repentinamente e com a mesma ligeireza se foram, dando lugar à lua e às estrelas.

Sempre confessei à minha madrinha de guerra o meu fascínio por esses dons da natureza. Desta vez não foi diferente. Mas estas chuvas trouxeram outra novidade, em tudo muito semelhante às primeiras, as que levaram os capinadores a regressar aos seus lares com as primeiras chuvas e às sementeiras do arroz.
Agora, com este novo temporal, foi a vez dos trabalhadores das máquinas recusarem continuar a trabalhar na estrada.
Sobre este assunto escrevi o seguinte:

Mata dos Madeiros, 11 de Junho de 1971
“Há algumas coisas novas por aqui, entre elas a proximidade da nossa saída deste sítio. A minha afirmação é bastante contingente pois que, formalmente, nada se sabe. Falar assim é proveniente da recusa dos trabalhadores das máquinas que estão a trabalhar na estrada, em continuarem os trabalhos.”

Essa recusa, melhor a saída destes últimos trabalhadores da estrada, deixou-nos apreensivos. Sabíamos que sem civis ficaríamos mais vulneráveis. Compreendíamos isso, mas nada se poderia fazer. A nossa ordem de marcha tardava a chegar, ou se existia e alguém sabia dela, neste caso o nosso comandante de companhia, mantinha muito bem o segredo.

Escrever à minha madrinha de guerra não era um passatempo, mas uma necessidade

Por incrível que pareça, na correspondência seguinte, não voltei a tocar na saída da CCaç 3327, diria iminente, da Mata dos Madeiros.

No dia 15 de Junho de 1971, escrevi à minha madrinha de guerra aquele que foi, sem saber que o era, o último aerograma que escreveria no acampamento da Mata dos Madeiros. Sobre a situação militar foi isto que lhe escrevi:

“Cá vai mais este bate estradas ao teu encontro para uma pequena conversa, dando assim algumas notícias minhas. Estas são poucas e sem interesse, daí o serem breves. Por aqui tudo continua bem, felizmente.
Mais uma saída para o mato, sem problemas na ida e no regresso. Isso, por si só, é motivo suficiente de regozijo; aliás, nem poderia ser de outra maneira.”

No dia 16 de Junho de 1971, dois grupos de combate, sendo um deles o meu, saíram normalmente para mais uma acção de patrulha e emboscada com a duração de 24 horas. Como todas as outras que fizéramos antes, esta também correu bem. A surpresa estava reservada para o nosso regresso, na manhã do dia 17.
Ao entrarmos no acampamento, como vinha na frente com a minha secção, reparei de imediato que algo de anormal se passava no acampamento, sobretudo, não vi os grupos preparados para nos substituir no mato. Apesar das minhas observações quase nem tive tempo para perguntar o que se passava.

Que teria sido de mim, de nós, sem a sua protecção

As ordens breves e rápidas voavam por todos os lados. Passar de imediato pela cozinha de campanha, beber o café, levantar nova ração de combate, preparar as malas pessoais, carregá-las nas viaturas, acima de tudo não destruir nada no acampamento. Tudo cumprido sem confusões, sem rasgos de alegria, disciplinadamente. Nessa altura, apenas sabíamos que tínhamos cumprido uma missão e que iríamos embalar noutra.

Ao fim da manhã, a coluna da CCaç 3327 punha-se em marcha a caminho de Teixeira Pinto. Para trás ficava a Mata dos Madeiros, um acampamento intacto, as antenas de rádio montadas e alguns dos nossos camaradas das Transmissões, entre eles o Fur Mil João Nunes Correia, agora protegidos apenas e só por uma das outras forças de intervenção.

Aquilo que deveria constituir um motivo de alegria, a nossa saída daquele inferno, acabava por ser um motivo de grande preocupação. Tudo levava a crer que a nossa missão na Mata dos Madeiros ainda não tinha terminado.
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Nota do Editor

Vd. último poste da série de 24 de Julho de 2011 > Guiné 63/74 - P8597: Memórias e histórias minhas (José da Câmara) (27): Algumas fotos de Tite

Guiné 63/74 - P8963: As músicas pop/rock anglo-americanas mais em voga em 1972/73 e que eu ouvia no mato (III e última parte) (Luís Dias)


Guiné > Zona leste > Setor de Galomaro > Dulombi > CCAÇ 3491 (1971/74) > Em primeiro plano, o Gen Spínola e o Cap Mil Pires, comandante da CCAÇ 3491, na inaguração do Quartel do Dulombi, em 27 de Abril de 1972. Em 2º plano, o Alf Mil Dias.

Foto (e legenda): © Luís Dias (2011).  Todos os direitos reservados. 



1. Continuação do texto de Luís Dias (*):


As músicas pop/rock anglo-americanas mais em voga em 1972/73 e que eu ouvia no mato (III e última parte)

por Luís Dias

ANO DE 1973



10 CC – “Rubber bullets”, um tema interessante sobre uma revolta numa cadeia e a repressão a surgir feita de balas de borracha, foi o segundo single desta banda que se lançara na música com este nome em 1972, embora os seus principais membros viessem de outros grupos, nomeadamente, dos Mindbenders. O seu maior êxito iria surgir em 1975, com o tema “I´m not in love”.


ALICE COOPER – “No more Mr. nice guy” e “Billion dollar babies” são temas da evolução desta banda que foram sucessos.


AMERICA – “Don´t cross the river” foi mais um bela canção deste grupo vocal.


BILLY JOEL – “Piano man” é o primeiro sucesso deste cantor/compositor e pianista nova iorquino, retirado do álbum com o mesmo nome, saído também em 1973. Muitos outros grandes sucessos se seguiriam, mormente:”The entertainer”, “Just the way you are”, “The stranger”, “Honesty”, “You maybe right”, “It´s still rock´n´roll to me”, “This is the time”, “Uptown girl”, (de 1983, em cujo teledisco entrava a lindíssima super modelo Christie Brinkley, na altura esposa do cantor e que era famosa pelo anúncio ao Martini, em que entrava de patins num elevador, com uma bandeja com a bebida) “We didn´t start the fire”, “New York state of mind”, “Good night Saigon” e “River of dreams”. Billy Joel retirou-se da produção de álbuns em 1993, dedicando-se a concertos ao vivo. Produziu 13 álbuns de originais, 4 álbuns ao vivo, 11 colectâneas de êxitos e 59 singles.


BLACK SABBATH – “Sabbath bloody sabbath”. A banda continuava em grande estilo e este tema foi a grande música do seu trabalho com o mesmo nome. A partir deste álbum o sucesso manteve-se em termos de concertos ao vivo, mas os temas que foram saindo não tiveram o êxito dos temas dos álbuns produzidos até 1973. O grupo continuou a fazer originais até 1995, com mudanças constantes na composição dos membros da banda.


BOB DYLAN – “Knockin´on heaven´s door” é uma das músicas mais importantes deste fabuloso cantor e foi composta para o filme do realizador Sam Peckinpah, “Pat Garret & Billy The Kid”. Mais tarde, Eric Clapton teria um grande êxito com esta mesma composição.


BOB MARLEY – “I shot the sheriff”- Um grande tema e um grande êxito para o cantor jamaicano, um dos monstros da música Reggae. Morreu de cancro em 1981 e o seu enterro na Jamaica foi uma cerimónia digna de qualquer chefe de estado. “Lively up yourself”, “Get up, Stand up” e o fabuloso “No woman, no cry” são temas que ainda mexem com os amantes da boa música. Eric Clapton também pegou no tema “I shot the sheriff” e fez dele um sucesso.


COCKNEY REBEL –“Sebastian”: O tema mais conhecido desta banda, que em 1975 adoptaria o nome de Steve Harley & The Cockney Rebel. Praticando um Art Rock/Glam Rock, o grupo nunca atingiu grande fama, embora tivesse um grande núcleo de fãs na Grã-Bretanha.


ELTON JOHN – “Candle in the wind”, “Crocodile rock” e “Saturday night it´s all right for fighting”, com estes temas Elton continuava a sua ascensão para o estrelato e iriam consagrá-lo como um dos grandes compositores da música moderna.


EMERSON, LAKE & PALMER – “Still you turn me on” e “Jerusalem”, ambas do album “Brain salad surgery” do ano de 1973 foram os temas do momento para este grupo.


GENESIS – “I know what I like”, “Firth of fifth” e “The battle of epic forest”, foram os temas mais importantes do excepcional álbum “Selling England by the pound”, sendo que o primeiro tema era dos mais apreciados pelos fâs da banda e foi, sem dúvida, um grande sucesso comercial. Em 1974 sairia o álbum colocaria os Genesis como uma das mais importantes bandas da cena rock – o “The lamb lies down on Broadway” – em que se salienta as músicas “The lamb lies down on Broadway”, “Counting out time”, “The carpet crawlers” e “The lamia”.


Em 1975 a banda deu um concerto memorável no pavilhão de Cascais (em que tive o privilégio de estar presente) e regressou ao nosso país, em 1990, para um concerto no Estádio de Alvalade (em que também estive presente).


GENTLE GIANT –“In glass house” foi uma das mais populares canções desta banda inglesa de Progressive Rock/Jazz Rock/Symphonic Rock, que se iniciara em 1970, sendo que em 1973 lançaram o seu quinto trabalho. A banda nem sempre foi muito bem acolhida, embora os seus membros fossem excelentes músicos. Produziram 11 álbuns de originais, 5 ao vivo e 6 compilações.


JIM CROCE – “Which way are you going” é, do meu ponto de vista, uma das melhores músicas deste cantor/compositor, falecido num desastre de aviação nos Estados Unidos, neste mesmo ano. É também uma das músicas mais importantes da cena rock internacional.

“Which way are you going? Which side you will be on? Will you stand and watch, while all the seeds of hate are sown”


“Qual é o caminho por onde vais? De que lado é que tu estás? Ficas parado a olhar enquanto as sementes do ódio estão a germinar”.


“One hand on the bible, one hand on the gun”  (Uma mão na bíblia e a outra mão na arma).

“´Cause you love the baby, but you crucify the man” (Amas a criança, mas crucificas o homem).

JOHN LENNON –“Mind games”, de um dos mais prestigiados elementos dos “FAB FOUR”, ou seja dos Beatles, era o tema preferido do seu álbum com o mesmo nome. John Lennon, após a separação dos Beatles, inicia uma carreira a solo que obteve grandes êxitos, em especial com temas como: “Peace a chance”, “Instant kharma”, “Mind Games”, “Imagine”, “Bless you”, “What ever gets thru´the night”, “Just like starting over” e “Woman”. O músico viria a ser assassinado a tiro, pelo fanático Mark Chapman, com 4 tiros pelas costas, em 8 de Dezembro de 1980.


LED ZEPPELIN –“The song remains the same” é o tema principal do album deste super grupo de Blues Rock/Folk Rock/Hard Rock/Heavy Metal, saído neste ano.


A banda formou-se em 1968, em Inglaterra, com os músicos: Robert Plant (Vocalista), Jimmy Page (Guitarrista), John Paul Jones (Baixista/Teclista) e John Bonham (Baterista). A batida rítmica, o som da guitarra, o timbre do vocalista, tornaram-nos precursores do Hard Rock e Heavy Metal. É considerada a melhor banda dos anos 70 e uma das melhores de toda a história do rock. Venderam 300 milhões de discos em todo o mundo, sendo que 111,5 milhões deles o foram nos EUA. Se os Beatles influenciaram a década de 60, o mesmo se pode dizer dos Zeppelin na década de 70. A banda terminou em 1980, após a morte do seu baterista Bonham. Em 2007 os membros sobreviventes e o filho do falecido Bonham (Jason Bonham) reuniram-se para um concerto na O2 Arena, em Londres.


A discografia da banda consiste em 9 álbuns de estúdio, 3 álbuns ao vivo, 9 discos de compilações, 19 singles e 2 vídeos álbuns.


Os meus temas predilectos são: Álbum Led Zeppelin (1969): “Good times, bad times”, “Babe I´m gonna leave you”. Álbum Led Zeppelin II (1969): “Whole lotta love”, “Heartbreaker”. Álbum Led Zeppelin III (1970): “Immigrant song”, “Since I´ve loving you”. Álbum Led Zeppelin IV(1971):”Black dog”, “Rock´n´roll”, “Stairway to heaven”. Álbum Houses of the holy (1973): “The song remains the same”. Álbum Physical graffiti (1975): “Kashmir”. Álbum Presence (1976):”Nobody´s fault but mine”. Álbum In through the outdoor (1979): “In the evening”, “All my love”.


MIKE OLDFIELD –“Tubular bells” é uma obra musical deste excelente músico multi-instrumentista que tendo sido gravada no ano de 1972, apenas saiu em 1973, aquando do lançamento da editora Virgin Records.

Em 1983 o tema “Moonlight shadow” iria ser um êxito à escala mundial, mas irá ficar na história da música rock, essencialmente, pela obra “Tubular bells”.


PAUL McCARTNEY & THE WINGS –“My love”, "Band on the run” e “Live and let die” (música do filme de James Bond do mesmo ano), foram os temas mais importantes deste importante músico, o ex-baixista dos Beatles, no ano de 1973. Sir Paul é um dos maiores compositores da música rock, segundo as revistas da especialidade. Quer nos Beatles, quer com os Wings, quer a solo, Paul construiu algumas das mais belas composições da música moderna. Não nos esquecemos da fantástica música dos Beatles “Yesterday”, considerada a canção com mais diversas “covers” de todos os tempos e as que compôs a solo como: “Baby I´m amazed”, “Another day”, “Mary had a little lamb”, “My love”, “Live and let die” (usado como tema de um filme de James Bond), “Jet”, “Bando on the run”, “Silly love songs”, “Mull of Kintyre”,”Ebony and Ivory” (com Stevie Wonder),”Tug of war”, “Say say say” (com Michael Jackson), “Pipes of peace”, “No more lonely nights”, “We all stand together” e “Spies like us”.


PAUL SIMON – “Kodachrome” e “Take to the mardigras” são temas importantes da carreira a solo deste compositor/cantor.


PINK FLOYD – “The Great gig in the sky”, “Breathe”, “Time”, “Money”, e “Us and them”, 4 maravilhosos temas do mais importante álbum destes extraordinários músicos, “The Dark side of the moon”.

A banda de Progressive Rock/Psychedelic Rock, teve o seu início em 1965, fundada por: Roger Waters (guitarra baixo e voz), Richard Wright (teclista), Nick Mason (baterista) e Syd Barrett (guitarrista e voz). Em 1967 surgiu o seu primeiro álbum, “The piper at the gates of down”, onde se incluíam os singles, “Arnold Layne” e “See Emily Play”.

Devido a doença Syd é substituído em 1968 por David Gilmour, embora ainda tome parte no segundo álbum (a única vez que os Pink são 5 elementos), “A saucerful of secrets”, de 1968. Seguem-se os álbuns: “More” (1969”, “Ummagumma” (1969), “Atomic heart mother” (1970), “Meddle” (1971), “Obscured by the clouds” (1972), “The dark side of the moon” (1973), “Whish you were here” (1975), “Animals” (1977), “The wall” (1979). Nesta altura Rick Wright abandona a banda e na gravação do álbum “The Final cut” (1983), é substituído por Andy Bown (órgão) e Michael Kamen (piano).

Em 1985 Roger Waters, uma das figuras mais importantes da banda entra em litígio com os outros membros e abandona o grupo, que continuam a tocar usando o nome de Pink Floyd o que foi contrariado em tribunal por Waters, tendo no entanto a formação restante conseguido o acordo. Em 1987, Richard Wright retorna ao grupo e é lançado o álbum “A momentary lapse of reason”, seguindo-se em 1994 o álbum “Division bell”.


A banda Pink Foyd é uma das mais extraordinárias rock bands de todos os tempos, com 200 milhões de discos vendidos, influenciando muitos outros músicos. O álbum “the dark side of the moon” manteve-se no Top 100 de vendas por mais de uma década.Temas como: “If”, “Echoes”, “Atomic heart mother”, “Stay”, “The Great gig in the sky”, “Breathe”, “Time”, “Money”, e “Us and them”, “Shine on your crazy diamond”, “Whish you were here”, “Pigs on the wing 1”, “Another brick in the wall”, “Comfortably numb”, “Run like hell”, “Not now John”, “Learning to fly”, “The dogs of war”, “On the turning away”, “What do you want from me”, “Take it back”, “Coming back to life”, “High hopes”, “A great day for freedom” e “Keep talking” são conhecidos à escala mundial.


Tive a alegria de assistir ao 1º concerto dos Pink Floyd em Portugal (22 de Julho de 1994), com 60 000 pessoas (mais 60 000 no segundo, a 23/7), realizado no Estádio de Alvalade.


Em 2 de Julho de 2005, a banda reuniu-se novamente para um show no “Live 8”, em Londres, contando também com a presença de Roger Waters. Era a primeira vez em 24 anos que voltavam a tocar juntos. A banda tocou um conjunto de quatro canções consistindo em "Speak to Me/Breathe/Breathe (Reprise)", "Money", "Wish You Were Here" e "Comfortably Numb", com Gilmour e Waters dividindo os vocais. No final da performance Gilmour agradeceu "muito obrigado, boa noite" e começou a sair do palco. Waters chamou-o, e então a banda deu um abraço colectivo, que se tornou uma das imagens mais famosas do “Live 8”.


PROCOL HARUM – “A rum tale” – O último tema interessantes desta banda, integrado no álbum “Grand hotel”. O Grupo tocaria em Portugal em Fevereiro de 1973, no Pavilhão de Cascais.


QUEEN – “Keep yourself alive” tema do primeiro álbum de originais de uma banda que veria a ser líder no mercado comercial da música internacional, especialmente devido à voz forte e empenho visual do vocalista Freddie Mercury.


RICK WAKEMAN – “The six wives of Henry VIII” foi o primeiro disco de originais deste famoso teclista inglês, que tocou com os “Strawbs” e com os famosos “Yes”. O álbum seria muito bem recebido e originou que o músico continuasse a produzir discos a solo, entre os quais: “Journey to the centre of the Earth”; “The myths and legends of King Arthur and the knights of the round table”; “Lisztomania”; “No earthly connection”; “White rock” e “Criminal record”.



ROBERTA FLACK – “Killing me softly with his song”, ofereceu-lhe um “Grammy” no ano seguinte e foi das músicas mais ouvidas desta cantora de R&B/Soul/Jazz.


ROGER DALTREY – “Giving it all away” tema do primeiro trabalho a solo do vocalista da famosa banda “The Who”, que conseguiu algum êxito nas “Charts” internacionais.


ROGER McGUINN – “The water is wide” é um dos temas do primeiro registo a solo do guitarrista e vocalista dos “Byrds”, famosa banda norte-americana de Country Rock/Folk Rock dos anos 60.


ROLLING STONES – “Angie” foi um estrondoso “hit”, de uma das mais importantes bandas de Blues Rock, da cena musical internacional. O seu nome dispensa quaisquer apresentações, pois, a par dos Beatles, foram dos grupos mais conhecidos e com maior produção musical que se conhece. A discografia dos Rolling Stones, banda inglesa, consiste em vinte e nove álbuns de estúdio, dez álbuns ao vivo, trinta e uma compilações, dezasseis álbuns vídeo, cinquenta e sete videoclips e noventa e dois singles oficiais. ´

 O seu produto vendeu milhões de discos e os seus temas, tais como: “I can´t get no, satisfaction” (um hino da geração de 60), “Tell me”, “Carol”, “Time is on my side”, “Lady Jane”, “Mother´s little helper”,”She´s a rainbow”, “Sympathy for the devil”, “Street fighting man”, “Angie”, “Gimme shelter”, “Live wiht me”, “You can´t always get what you want”, “Midnight rambler”, “Brown sugar”, “Tumbling dice”, “It´s only rock´n´roll, but I like it”, “Honky tonk women”, “Fool to cry”, “Emotional rescue”, “Where the boys go”, “Start me up”, “Waiting on a friend”, “Undercover of the night”, “Harlem shuffle”, “Rock and a hard place”, “You got me rocking”, “Anybody seen my baby?”, “19th nervous breakdown”, “Let´s spend the night together”, “Ruby Tuesday”, “Paint it black”, “Under my thumb”, “Jumpin´jack flash”, “As tears go by”, “Out of time”, “Bitch”, “Rough justice”, serão para sempre lembrados no “Hall of rock music”.


STRAWBS – “Part of the union” foi o maior sucesso desta banda inglesa de Folk Rock. Canção de intervenção sobre as greves e o papel dos sindicatos.


STYX – “Lady” é um dos mais reconhecidos temas desta banda norte-americana, dos irmãos Panozzo e do seu principal vocalista Dennis DeYoung. O tema pertence ao seu segundo álbum – “Styx II” – e iria ser um grupo de muito sucesso, principalmente nos EUA, reconhecido pelos seus temas melódicos, pelas estruturas vocais e pela conceptualidade que aplicavam na maioria dos seus álbuns. Iniciada em 1972, a carreira dos Styx irá prolongar-se até 2005, embora com diversas alterações nos seus membros. Produziram 15 álbuns de estúdio, 6 álbuns ao vivo, 6 discos de compilações e 37 singles. Entre os seus temas mais famosos podemos incluir, para além de “Lady”: “Lorelei”, “Come sail away”, “Fooling yourself”, “Babe”, “Too much time on my hands”, “Rockin´the paradise”, “Mr. Roboto”, “Don´t let it end”, “Show me the way” e “Paradise”.


THREE DOG NIGHT – “Shambala” foi o sucesso deste ano para o grupo de “Pop Rock”/Blue Eyed Soul” de Los Angeles, que já era conhecido da cena rock desde 1968, em especial por interpretar músicas (“covers”) de outros músicos e que se tornaram grandes êxitos, pelas vozes deste famoso trio. Canções variadas como: “One”, “Mama told me not to come”, “Joy to the world”, “An old fashioned love song”, “Easy to be hard” (fantástica melodia do filme hair), “Black and white”, “Cyan”, “Celebrate” e “Seven separate fools”, são temas tornados interessantes pela interpretação dos TDN, que iriam continuar a produzir música até 1983.


T. REX – “20th century boy” e “Children of revolution” eram os temas na berra deste grupo de “Folk Rock”/”Glam Rock”, também conhecidos por Tyrannossaurus Rex. A banda movimentava-se envolta do seu vocalista Marc Bolan e terminou quando este morreu num acidente de carro em 1977. Outras músicas conhecidas eram: “Get it on”, “Ride a white swan”, “Hot love”, “Telegram Sam” e “Metal Guru”.



THE WHO –“Love reign on me”, “5.15” e “ReaL one” eram temas do duplo album conceptual “Quadrophenia” deste grande grupo inglês de estilos “Rock”/”Hard Rock”/”Art Rock”/”Proto Punk Rock”/”Psychedelic Rock” e a banda favorita dos grupos “Mods”. Os The Who já andavam na música desde 1965 e os seus concertos ao vivo era uma pedrada no charco, em especial com as “perfomances” do seu guitarrista, Pete Townsend a quebrar a guitarra e do baterista Keith Moon a partir também a bateria. Três dos seus principais álbuns foram utilizados para sonorizar filmes com o mesmo nome dos títulos dos álbuns: “Tommy” (não nos esquecemos das soberbas interpretações de Elton John no tema “Pinball wizzard” e de Tina Turner no “The acid queen”), “The kids are alright” e ”Quadrophenia”. Algumas das suas músicas inspiraram toda uma geração e eram perfeitas críticas sociais daqueles tempos: “Substitute”, “My generation”, “I´m a boy”, “Pictures of Lily”, “I can see for miles”, “Magical bus”, “The seeker”, “Summertime blues”, “I´m free”, “Baba o´Riley”, “The song is over”, “Behind blue eyes”, “Won´t get fooled again” (tema que viria a ser usado no genérico das séries CSI) e “Who are you”.


A banda era inicialmente formada por Roger Daltrey (Vocals), Pete Townsend (Guitarra), John Entwistle (Baixo) e Keith Moon (Bateria). Em Setembro de 1978 o baterista morre a dormir com uma “overdose” de um medicamento para combater o alcoolismo e é substituído pelo ex-baterista dos Small Faces e Faces, Kenney Jones. Kenney Jones deixa a banda em 1988, vindo a ser substituído por outros bateristas. Já em 2002, num hotel em Las Vegas, antes da Tour Americana, John Entwistle é encontrado morto no seu quarto, vítima de um enfarte causado por ingestão de cocaína.


A banda interveio nos famosos festivais de “Woodstock”, em 1969 e “The Isle of Wight”, em 1970 e foram os inspiradores de largas dezenas de rockers pelo mundo inteiro.


ZZ TOP – “La grange” é um dos excelentes temas da banda texana de Blues Rock/Hard Rock/Southern Rock, que lançara o seu primeiro álbum em 1971. O trio de barbudos são um grupo muito conceituado nos EUA, onde as suas músicas alcançaram os Top e temas como: “Sharp dressed man”, “Legs”, “Viva Las Vegas”,”Tube snake boogie”, “Gimme all your lovin´”, “Tush”, “Rough boy” e “Double back”, ainda hoje são canções muito estimadas pelos fãs. O grupo continuou a produzir álbuns de originais até 2003 e “Tours” até 2010.


Estas foram as músicas que, naqueles anos, foram a minha companhia ao longo da comissão. As músicas de intervenção ouvia-as com bastante à vontade na sede do batalhão, em Galomaro, sendo que, numa das vezes, o Comandante interpelou-me para me perguntar quem era o cantor, por acaso era o Zeca Afonso, e ele apenas referiu a sua excelente qualidade vocal, depois de lhe dizer o seu conhecido nome.

Não posso afirmar que tivesse uma música preferida pois elas são muitas e variadas, mas “Which way are you going?” de Jim Croce, era, indubitavelmente, um dos temas meus preferidos e apropriado ao que ali passávamos.


Um abraço, Luís Dias
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Nota do editor:

Último poste da série > 26 de Outubro de 2011 > Guiné 63/74 - P8950: As músicas pop/rock anglo-americanas mais em voga em 1972/73 e que eu ouvia no mato (Parte II) (Luís Dias)

sábado, 29 de outubro de 2011

Guiné 63/74 - P8962: Notas soltas da CART 643 (Rogério Cardoso) (26): Calções da ordem



1. Em mensagem do dia 28 de Outubro de 2011 o nosso camarada Rogério Cardoso (ex-Fur Mil, CART 643/BART 645, Bissorã, 1964/66) enviou-nos esta Nota Solta da CART 643:


NOTAS SOLTAS DA CART 643 (26)

CALÇÕES DA ORDEM


1965-Pista de Bissorã - DO 27


Sabemos perfeitamente que a rapaziada nunca gostou de cumprir o regulamentado pelas Chefias Militares. Estava na vulgarmente chamada "massa do sangue" gostar de fazer o contrário e deste modo marcar a
diferença.

Isto vem a propósito do uso de calções, que no meu tempo da chamada farda amarela, e que segundo o permitido, o seu comprimento deveria ficar a 4 dedos de travessa do joelho, ficando a meia também a 4 dedos de travessa, da parte inferior do referenciado joelho, assim deste modo a zona a descoberto seria muito reduzida.

Com o passar do tempo, a malta começou a encurtar os ditos calções, e se olharmos com alguma atenção no Blogue, com certeza aparecem alguns.

Do pequeno encurtar ao exagero foi um instante, cada um aparecia com os calções mais curtos, que mais pareciam "fatos de banho", uns largos na perna, outros apertados, enfim uma variedade que seria como
vulgarmente se diz - cada cor seu paladar.

Também o uso de cuecas parecia ter os dias contados, sendo o calor o principal culpado.
As noites em meados de Abril de 1964, antes da ida dos Águias Negras para as bandas do Oio, eram passadas na esplanada do Bento, beber uma cerveja, um leite com chocolate ou outra bebida era o normal, além da cavaqueira.

A postura habitual era o traçar de pernas, e eis que com a eliminação da cueca e o encurtamento dos calções, por vezes os "apêndices" tentavam saltar para o exterior, talvez para apanhar um pouco de ar, o
fresco da noite, ou por outros motivos que só eles sabiam.

Aí começaram os problemas, pois a esplanada também era frequentada por senhoras, que estavam em grupo de amigos ou mesmo com os maridos militares sediados em Bissau.

O facto era reparado, havia as que achavam piada pelo descaramento, outras, na sua maioria, com um olhar reprovativo fuzilavam quem tinha esse descaramento.

A partir de então presumo que a PM tivesse tido algum trabalho, não sabendo nós qual o resultado final, motivado pela nossa ida para Bissorã, Mansabá e Mansoa, que durou praticamente até ao embarque para
a Metrópole em Fevereiro de 1966.

Rogerio Cardoso
Ex-Fur.Mil.-Cart.643-AGUIAS NEGRAS
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Nota de CV:

Vd. último poste da série de 14 de Julho de 2010 > Guiné 63/74 - P6731: Notas soltas da CART 643 (Rogério Cardoso) (25): O meu Irmão Álvaro

Guiné 63/74 - P8961: Notas de leitura (296): De campo em campo: conversas com o comandante Bobo Keita, de Norberto Tavares de Carvalho (Parte IV): Os 'Portuguis Nara' de Boké e de Conacri (Luís Graça)


Amílcar Cabral, 1966... Fotograma do filme documental Labanta Negro, do realizador italiano Piero Nelli, 1966, a preto e branco, 16 mm, 39' de duração... Passou recentemente no doclisboa2011, na retrospetiva 'Movimentos de Libertação'...


Foto de Luís Graça (2011).




1. Continuação da leitura do livro de memórias do Bobo Keita (BK), da autoria de Norberto Tavares de Carvalho (*)...
 

“Eu não fui mobilizado directamente pelo Partido” – confessa BK ao seu entrevistador, NTC. “Foi graças à minha actividade desportiva e sobretudo à conversa do Nkrumah no Gana [por ocasião do torneio de futebol de 1959]” (p. 58).

BK sabia da existência do PAIGC (ainda não existia,a  sigla era PAI - Partido Africano para a Independência), clandestino, mas não tinha contactos diretos com nenhum militante, em Bissau. “(…) Sabia que havia o Rafael Barbosa e que o meu primo Momo Turé fazia propaganda do Partido, mas não conversávamos sobre o assunto” (p. 59).

Já na clandestinidade e sob vigilância da PIDE (instalada em Bissau desde 1956), Amílcar Cabral tinha estado na capital da província, de 14 a 21 de Setembro de 1959,  para trabalho de organização política, com os seus colaboradores mais próximos (o seu meio-irmão Luís Cabral, Aristides Pereira, Rafael Barbosa e João Silva Rosa), instalando-se depois em Conacri.

Em todo o caso não se percebe muito bem, pela leitura do livro do NTC, como é que BK decide, uma bela manhã, partir para o sul com o objetivo de chegar a Conacri, e oferecer os seus préstimos a Amílcar Cabral que, em boa verdade, ele mal conhecia. 

BK, que era o sustento da família, despede-se, com a aparente naturalidade das gentes africanas, da sua querida mãe e dos seus 3 manos (dois dos  quais irão mais tarde ingressar no PAIGC, na fase da luta de guerrilha). Presume-se que BK tenha ocultado à família os seus propósitos.  Aparentemente ele ia para o sul fazer a “campanha da costura” (sci), numa altura propícia aos alfaiates, que era a colheita das nozes de cola.

Por outro lado, a sua saída de Bissau não parece ter sido um ato isolado… No dia 26 de Dezembro de 1960, “o primeiro grupo de colegas” (sic)  decide “organizar-se” e parte para o sul  (p. 60). Presume-se que BK se refira aqui a “colegas” do futebol e do Cupelom de Baixo. A 30, “foi a vez do meu grupo sair de Bissau” (p. 60).

Terá sido simples coincidência ou foi mesmo uma “fuga”, planeada e organizada, com a eventual cobertura do PAI (ainda muito incipiente= ? 

BK  não é claro a este respeito, nem o seu entrevistador aprofundou (ou mostrou interesse em aprofundar) esta questão. E, para já cometem a leviandade de façar em PAIGC, quando se trata ainda apenas do PAI...

Do “primeiro grupo” faziam parte craques da bola como o Julião Lopes, o Lino Correio (UDIB) e o João de Deus (primo do BK e também titular da seleção). Do outro grupo, além do BK, fazia parte o Ansumane Mané, “Corona”. Um e outro eram também jogadores da seleção. Ao todo eram apenas três, incluindo um “rapaz de Bissau”, não identificado.

Os três embarcam no porto de Bissau a caminho de Enchudé, frente a Bissau, no outro lado do Rio Geba, mas já na região de Quínara. Aqui apanham uma boleia, de carro, até  Sangonhá, região de Tombali, já na fronteira com a Guiné-Conacri. 

“Quem nos levou foi um dos condutores do
 [Álvaro Boaventura]”Camacho, um grande comerciante português instalado no sul”… Em Sangonhá, havia duas lojas, “a do Alfa Camará e a de um senhor mestiço que, segundo constava, colaborava com a PIDE” (p. 61).

O Alfa Camará era amigo do pai do BK. Não se se sabe se era simpatizante ou até militante do PAI. Muito provavelmente não, já que a mobilização no interior ainda não tinha começado. De qualquer modo, era um dos contactos do BK no sul. Ele já tinha levado, “em segredo”, as bagagens do BK, numa viagem anterior em que viera a Bissau abastecer-se (p. 61).

A escolha da rota do sul, para se chegar a Conacri, era aparentemente mais fácil do que a rota do norte, via Senegal. Para justificar a sua presença, perante as autoridades portugueses, BK apresentava-se sempre como alfaiate que ia fazer a “campanha de costura do sul”. O “Corona” era o seu “ajudante” (p. 60).

O grupo não entrou na Guiné-Conacri através do posto fronteiriço de Sangonhá. Daqui seguiu para Campaeane, na margem esquerda do Rio Cacine, a sul de Cacine. Dormiram na casa  de “um amigo que nos fora recomendado” (p. 61). Esse mesmo amigo levou os três, logo de manhã, para a “outra margem”, que já era território da Guiné-Conacri, a uma hora de distância.

Chegados lá, tiveram uma “agradável surpresa”, foram encontrar o grupo do Julião Lopes, que partira de Bissau a 26 de dezembro de 1960. (Este Julião Lopes será o futuro comandante da Marinha de Guerra da Guiné-Bissau,  depois da independência e até ao golpe de Estado de ‘Nino’Vieira, em 14 de novembro de 1980).

Continuo, no entanto, sem perceber se BK agiu sozinho,  por conta e risco, ou se beneficiou da eventual ajuda da “rede clandestina”  do PAI, que, na época, ainda deveria ser bastante “incipiente” em Bissau (para não dizer "inexistente" no sul, em Bissau ). 

De qualquer modo, BK chega a Conacri, são e salvo,  a 12 de Janeiro de 1961, doze dias depois de se ter despedido da mãe e dos irmãos em Bissau. Ele e os seus "colegas" da bola...

Antes disso, aos dois grupos (o do BK e do Julião Lopes), reagrupados em Canfandre, junta-se em Boké, um terceiro, também oriundo de Bissau. Formaram um equipa de futebol que ainda disputou algumas partidas. Os “Portuguis Nara” (expressão local, que queria dizer: 'São Portugueses'), com vários titulares da seleção de futebol da província portuguesa da Guiné, foram recebidos com entusiasmo pela população e pelas autoridades  da região de Boké,  não tanto pelo seu ardor nacionalista como sobretudo pelo seu talento futebolístico…

Chegados finalmente a Conacri, foram encaminhados para os serviços de imigração a fim de legalizarem a sua situação. Recorde-se que a Guiné-Conacri (República da Guiné) tinha-se tornado independente da França em 2 de Outubro de 1958, quase dois anos mais cedo que o Senegal (, que chegará à independência apenas a 20 de Agosto de 1960).

“Comunicaram então ao Cabral a nossa presença na capital guineense” (p.65)… 

BK conhecera o “senhor engenheiro” uns anos antes,  “quando era ainda muito jovem”… [ou seja, entre 1952 e 1956, quando Cabral trabalhou na sua terra como engenheiro agrónomo, com a sua esposa, Helena, portuguesa]. 

BK lembra-se de ele lhe oferecer “uma bola” e de organizar “pequenos torneios na Granja do Pessubé para os mais jovens” (p. 65).

Em Conacri, BK e os seus amigos passaram a ficar no “lar do Partido”, que ficava no bairro de Almame-La. Nessa época Cabral preparava os primeiros combatentes da futura “luta de libertação”. Ele próprio vai à China, em Agosto de 1960, pedir apoio, à frente de uma delegação que integra o Luciano N’Dau, o Dauda Bangura e o Joseph Turpin. 

Um segundo grupo segue, no 2º semestre de 1960,  para a China,  para formação político-militar, do qual faziam parte 10 futuros destacados dirigentes do PAIGC, hoje todos desaparecidos, uns em combate outros na "voragem da revolução" (com exceção de Manuel Saturnino da Costa, que é o último morrer,  "de morte natural",  em Bissau
 a 10 de março de 2021, aos 78 anos de idade.)… Aqui vão os seus nomes, por ordem alfabética: 

(i) Constantino dos Santos Teixeira (“Tchutchu Axon”);

(ii) Francisco Mendes (“Tchico Tê”) (1939-1978);

(iii) Domingos Ramos (morto, em combate, em Madina do Boé, em 11 de Novembro de 1966);

(iv) Hilário  Rodrigues “Loló” (comissário político, morreu em 1968, num bombardeamento da FAP, no Enxalé);

(v) João Bernardo “Nino” Vieira (1939-2009) (natural de Bissau; ex-Presidente da República, morrei assassinado em 2009);:

(vi) Manuel Saturnino da Costa (será 1º ministro entre 1994 e 1997);

(vii) Pedro Ramos (fuzilado em 1977, às ordens de ‘Nino’ Vieira, ao que parece, no âmbito do chamado "caso 17 de Outubro");  

(viii) Rui Djassi (comandante da base de Gampará, morreu em 1964, por afogamento na sequência de um ataque das tropas portuguesas);

(ix) Osvaldo Vieira (1938-1974; morreu, por doença, em 1974, num hospital da ex-URSS, e com a terrível suspeita de ter estar implicado na conjura contra Amílcar Cabral; ironicamente repousam os dois, lado a lado,  na Amura); era também conhecido como "Ambrósio Djassi" (nome de guerra);

(x) Vitorino Costa (morto, numa emboscada em 1962, antes do início oficial da guerra, por um grupo da CCAÇ 153 / BCAÇ 237, comandado pelo Cap Inf José dos Santos Carreto Curto; era irmão de Manuel Saturnino da Costa).

“Quinze ou vinte dias  depois da nossa chegada a Conacri  regressou da China este segundo grupo”, esclarece BK  (p. 66).

Os primeiros tempos em Conacri – estadia que se vai prolongar até Outubro de 1961 – foram passados com aulas de “preparação política de base”, dadas pelo próprio Amílcar Cabral … As aulas chegavam a prolongar-se até às tantas da noite. Cabral utilizava, para o efeito, a garagem da casa onde vivia. 

"Aí é que começamos a vida dura de militantes. Cabral dava aulas de conhecimento geral sobre a nossa terra, sobre os motivos porque resolvera lutar contra os Tugas, as injustiças, e dava exemplos práticos que toda a gente compreendia. Falava muito de independência e de liberdade" (p. 66).

À pergunta do entrevistador  NTC sobre se alguma vez o BK teve dúvidas ou quis voltar para trás (“e entregar-se aos tugas”), BK é firme e peremtório, mas sobretudo "politicamente correto" (aos olhos do seu entrevistador, também ele antigo militante do PAIGC, e também ele vítima do golpe de Estado de 'Nino' Vieira), como seria de esperar, de resto, de um homem que passou mais de 13 anos na dura luta de guerrilha:

“Houve momentos de incertezas, felizmente esses momentos foram passageiros. De dúvidas não posso falar. Sabe que eu tenho um princípio que é o seguinte: palavra dada é coisa sagrada. A luta foi difícil, mas nunca pensei em abandonar. Quanto aos desertores, a lei do Partido exigia que fossem executados… Era a lei militar” (p. 67).

Não tenho dúvidas que Bobo Keita, sendo um homem coerente, se tivesse jurado bandeira, nas fileiras do exército português e não se tivesse sentido injustiçado (como aconteceu com o 1º Cabo Miliciano Domingos Ramos, vítima de racismo, segundo o depoimento do seu amigo Mário Dias), nunca teria chegado a comandante do PAIGC... 

Bobo Keita, por outro lado - é bom recordá-lo - foi dos poucos guineenses que, opondo-se ao golpe de Estado do guineense 'Nino' Vieira contra o cabo-verdiano Luís Cabral, se exilou voluntariamente, em Cabo Verde, em 1998, para vir, ironicamente,  morrer no país dos  tugas, em 2009 (vítima de doença prolongada)...

Luís Graça,

Quinta de Candoz, Candoz, Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, 27/10/2011

(Continua)

[ Revisão / fixaçãod e texto: LG]