quinta-feira, 1 de março de 2018

Guiné 61/74 - P18368: (Ex)citações (330) O "meu querido mês de julho de 1969"... e a "justum bellum", de Mamadu Indjai, contra os colonialistas e os "cães" dos colonialistas (Luís Graça)


Foto nº 1 >  No rescaldo do ataque a Candamã, na madrugada de 30/7/1969: granadas de canhão s/r, e de RGG, 1 granada de mão, munições, restos de fardamento, etc,


Foto n.º 2 > Em Mansambo, o Henrique Cardoso, alf mil, cmdt do 1.º Gr Comb, 2.ª cmdt da CART 2339 (1968/69)



Foto nº 3 > A tabanca de Candamã, transformada em "alvo militar" pelo Mamadu Injdai...

Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CART 2339 (Mansambo, 1968/69) > Candamã


Fotos: © Henrique Cardoso  (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1. Em todas as guerras as grandes vítimas são sempre as criança, as mulheres e os velhos que não podem pegar em armas... E logo seguir os combatentes,  os que pegam as armas, convencidos de que lutam por uma causa justa ("justum bellum")... E depois ainda os combatentes que lutam contra a sua própria guerra, os combatentes sem causa, arrebanhados para a guerra, como eu e tantos outros, de um lado e do outro... Quantos dos que morreram nas guerras, sabiam por que lutavam e podiam morrer? 

Este foi "o meu querido mês de julho de 1969" em que tive o primeiro contacto, brutal, com a guerra e as suas insanáveis contradições... Foi aqui que comecei a perceber que não se pode fazer uma guerra sem tomar partido e sem odiar... É preciso "objetivar" o outro, o "inimigo"... Não há guerras justas, muito menos sem ódio... O resto é ideologia...

Amílcar Cabral falava, não poucas vezes, dos "cães dos colonialistas"... Amílcar Cabral usou, não poucas vezes, esta expressão racista, referindo-se aos guineenses que não tomaram partido pela sua causa, o seu partido... (É verdade que ele sabia fazer a distinção entre os portugueses e o "regime colonialista" português; mas também é verdade que, não poucas vezes,  se referia a nós, "tugas", em sentido depreciativo, se não mesmo racista...).

Para os comandantes e demais combatentes do PAIGC, seguindo esta ordem de pensamento (único), o termo "cães dos colonialistas"  tinham um sentido explicitamente racista e um alvo concreto: os fulas, os manjacos e outros grupos étnicos,  menos permeáveis ao apelo da  "guerra de libertação", da "justum bellum"...

O comandante biafada (ou mandinga, não sabemos ao certo...) Mamadu Indjai levava a peito a "justum bellum": um "cão" dos colonialistas bom, era um "cão" morto... Infelizmente, alguns dos meus soldados fulas também partilhavam a teoria inversa: um balanta bom era  um balanta morto... Cada um tinha a sua "justum bellum" e os seus ódios de estimação...

O meu papel, como graduado da CCAÇ 12, na minha esfera de ação muito limitada, foi  impedir que, em situações-limite,  os meus "mamadu indjai" fulas, fardados com a farda do exército do meu país, levassem a teoria à prática... O verdadeiro Mamdu Indjai, biafada ou mandinga, comandante do PAIGC; esse, nunca se coibiu de praticar a teoria...

Dizem os cronistas que terá sido ferido três vezes em combate. À quarta, sucumbiu sob o pelotão de fuzilamento dos triunfadores da "justum bellum"... Mas Amílcar Cabral já não estava lá para ver... Já estava no olimpo dos deuses e dos heróis... A história (ou uma certa historiografia...) encarregou-se  de o 'santificar'... Em boa verdade, ele teve, apesar de tudo, a sorte dos criadores que não sobrevivem às suas criaturas...


2. Confirmei a sequência dos acontecimentos na história do BCAÇ 2852 (1968/70), Cap. II, pag. 90, bem como na história da minha CCAÇ 2590 / CCAÇ 12 (Bambadinca, 1969/71).

As coisas andavam "feias e bravas"  lá para aqueles lados dos regulados a norte do Corubal, depois da retirada de Madina do Boé em 6/2/1969...  O "chão fula" ficou desguarnecido a sul e sudeste, incluindo o setor de Galomaro (vd. carta de Duas Fontes ou Bangácia, nome do sede do posto administrativo que, com a guerra, terá perdido importância, em detrimento de Galomaro):

Na madrugada de 30 de Julho de 1969, eu estava em Candamã, ainda as armas dos defensores da tabanca fumegavam ... O espetáculo dessa madrugada ficou-me na memória e inspirou-me um poema que vou sucessivamente revendo...

Eis o filme desse mês (só registo a actividade da guerrilha que, haveríamos de saber mais tarde, era comandada pelo Mamadu Indjai, na zona de acção da CART 2339, Mansambo, 1968/69):

(1) No dia 1 de julho, às 20h00, um Grupo IN, estimado em 30 elementos, flagelou à distância o destacamento de Dulombi, a sudeste de Galomaro / Duas Fontes... durante duas horas (!). Os camaradas do PAIGC utilizaram Mort 60, LGFog, Metralhadoras Ligeiras e armas automáticas. Causaram 1 morto e 7 feridos, todos civis. Retiraram na direcção Norte...

(2) Em 10, um outro grupo IN, em número não estimado, emboscou um grupo de 4 civis de Dulombi, a partir de uma árvore, em Paiai Numba [, a sul de Padada, vd. carta da Padada]. Só dois dos civis conseguiram regressar a Dulombi, para contar o sucedido...

(3) Quatro dias depois, a 14, por volta das 16h05, um bigrupo (equivalente a um Gr Comb nosso, reforçado, c. 40 homens) - que presumivelmente se dirigia a Dulombi - reagiu a uma emboscada nossa em (PADADA 2E4), com Mort 60, LGFog e armas automáticas durante cerca de 35 minutos... Antes de retirar para Sudoeste, o IN causa às NT 1 morto, 2 feridos graves (1 civil), 3 feridos ligeiros, além de danos materiais num rádio CHP (de mal o menos)...

(4) No dia seguinte, às 20h00, um grupo IN (estimado em cerca de 40 elementos) atacou as tabancas de Cansamba e Madina Alage, durante 60 minutos, com Mort 60, LFog e armas automáticas mas, desta vez, felizmente, sem consequências... O IN retirou na direcção da tabanca de Samba Arabe, levando consigo um elemento da população...

(5) A 20, pelas 20h00, tocou de novo a vez à tabanca de Cansamba, flagelada por um grupo de 30 guerrilheiros, durante 20 minutos, sem consequências... Retirou na mesma direcção (Samba Arabe)...

(6)A 24, às 00h45, é atacado o destacamento de Dulombi, da direcção SSW. O IN, estimado em 60 elementos, utiliza LGFog e armas automáticas.

(7) Nesse mesmo dia, às 17h20, o aquartelamento de Mansambo é flagelado, a grande distância, com Mort 82, a partir da direcção sudoeste. Sem consequências. Na outra ponta do Sector L1, o Xime é flagelado, às 19h45 por canhão s/r.

(8) Meia hora depois, a sul de Madina Xaquili, a cerca de 1 Km, um grupo IN não estimado reagiu a forças da CCAÇ 2445, causando 6 feridos ligeiros, entre os quais 2 milícias. Simultaneamente, este destacamento é flagelado à distância, com Mort 60 e LGFog. Há apenas danos numa viatura GMC. O IN retira na direcção de Padada. Três Grupos de Combate da CCAÇ 12 (na altura, ainda CCAÇ 2590) tiveram aqui, nesse dia, o seu baptismo de fogo... em farda nº 3 (!).

(9) No dia seguinte, à 1h20, é atacado o destacamento de  Quirafo, durante 3 horas (!), por um grupo estimado em mais de 100 elementos, que utilizam 3 Canhões s/r, 3 Mort 82, vários Mort 60, RPG 2 e 7, Metr Lig e outras armas automáticas... Felizmente, há apenas 1 ferido, mas as instalações do destacamento ficam praticamente destruídas, bem como os rádios DHS e AN/RC-9 e quatro G-3... O arame farpado fora cortado em vários pontos... Quirafo, na altura é guarnecido por um pelotão da CCAÇ 2406.

(10) A 26, há uma nova flagelação do Xime, às 17h45, da direcção Sul. Com Canhão s/r e Mort 82 durante 10 minutos. No Xime está a CART 2520, com menos dois pelotões (um destacado em Galomaro e outro - duas secções - na Ponte do Rio Udunduma).

(11) No dia seguinte, 27, às 16h50, Mansambo volta a ser flagelado, à distância, durante 10 minutos, com Mort 82. Sem consequências.

(12) Em 28, por volta das 22h30, o destacamento e tabanca de Madina Xaquili vai conhecer o inferno: durante 1 hora e meia, é atacado de todas as direcções, por um grupo de cerca de 60 elementos, com Mort 82, Mort 60, LGFog e armas automáticas. Há dois feridos. Na altura era defendido pelo Pel Mil 147.

(13) A 29, às 10 da manhã, um grupo IN reagiu, durante 10 minutos, a um patrulha nossa, a 200 metros a SW de Dulombi, que acabava de sair na sequência do rebentamento de uma mina A/C. O IN, que utilizou Mort 60, LGFog e armas automáticas, causou 2 feridos civis.

(14) A 30, às 18h00, Mansambo sofre nova flagelação à distância, da direcção SW, durante 20 minutos, com Canhão s/r e Mort 82. Sem consequências.

(15) A fechar o mês (quente) de julho de 1969, é a vez da tabanca em audodefesa de Candamã [, já no limite leste da ZA da unidade de quadrícula de Mansambo,] conhecer o inferno: a 30, às 3h40, um numeroso grupo IN (80 a 100 elementos) ataca a tabanca, até de madrugada, durante 2 horas e 20 minutos, utilizando 2 Canhões s/r, Mort 82, 3 Mort 60, LGFog, Metralhadora Pesada, Pistolas-Metralhadoras e Granadas de Mão Defensivas, causando um 1 ferido grave e 4 feridos feridos às NT e 2 mortos, 3 feridos graves e vários ligeiros à população civil... Valeu o comportamento heróico dos homens - menos de  pelotão - de Mansambo!...

Registe-se para a história: o 1.º pelotão da CART 2339, comandado pelo alf mil Henrique Cardoso foi quem, com a população civil, defendeu a bela tabanca de Candamã... Por feitos muito  menos heróicos, distribuíram-se a torto e a direito muitas cruzes de guerra durante a guerra colonial...
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Notas do editor:

(*) Vd. poste de:

26 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18357: Efemérides (269): 30 de julho de 1969, quando o famigerado comandante Mamadu Indjai (, um dos carrascos de Amílcar Cabral), quis pôr Candamã, a última das duas tabancas do regulado do Corubal, a ferro e fogo... Recordando um raro e precioso vídeo sobre uma tabanca fula em autodefesa, da autoria de Henrique Cardoso, ex-alf mil da CART 2339 (Mansambo, 1968/69), que vive hoje na Senhora da Hora, Matosinhos

5 de outubro de 2016 > Guiné 63/74 - P16562: (De)Caras (47): Ainda o enigma dos ferimentos de Mamadu Indjai [N'Djai] e a missão do Bobo Keita na mata do Fiofioli (Jorge Araújo)

 4 de setembro de 2016 > Guiné 63/74 - P16444: Manuscrito(s) (Luís Graça) (95): Por aqui passou Mamadu Indjai, o terrível

(**) Último poste da série >  15 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18321: (Ex)citações (329): Da Restauração da Independência de 1640 à guerra na Guiné (1963/1974). Batalhas em campos e tempos desiguais (José Saúde)

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18367: Fotos à procura de... uma legenda (101A) : A técnica de construção da estrutura superior das moranças fulas... (Cherno Baldé / Luís Graça / António Rosinha / Armando Tavares da Silva)



Desenho manual da fase inicial de construcao de uma palhota
Infografia: Cherno Baldé (2018)




Foto nº 1


Foto nº 2

Foto nº 3


Guiné > Região de Bafatá > Setor L1 (Bambadinca) > CART 2339 (1968/69) > Candamã > Reconstrução de moranças, depois do ataque de 30/7/1969. Fotograma de "slides", do Henrique Cardoso, retiradas, com a devida cortesia, do seu vídeo, disponível aqui, no You Tube / Henrique Cardoso.

Fotos: © Henrique Cardoso (2012). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Foto nº 4

Guiné > Zona Leste > Região de Bafatá > Subsector de Galomaro > Madina Xaquili > Junho de 1969 > A morança que foi destinada ao Fernando Gouveia quando foi destacado para Madina Xaquili, para reforçar o sistema de autodefesa.

Foto: ©  Fernando Gouveia  (2009). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


1.  Comentário de Cherno Baldé ao poste P18357 (*):

Quero desafiar a capacidade de observação dos antigos combatentes com a seguinte questão:

- Quem sabe ou quem é capaz de descrever a técnica que os Fulas do campo usavam na construção daquelas casas (palhotas) redondas onde viviam? Quem acertar dou um preéio.

 PS: Nas imagens vemos algumas casas (palhotas) com a estrutura já pronta, faltando cobrir com a palha [Fotos nº 1 e 2]

2.  Comentário do nosso editor LG [Tabanca Grande]:

Cherno, é um bom desafio...Mas eu não me atrevo a ser o primeiro a tentar responder-te... 

Passei algumas semanas em tabancas em autodefesa, sobretudo no tempo das chuvas... A (re)construção das moranças, a mudança do colmo, etc., era feita no tempo seco... E o tempo seco era o das grandes operações, quando íamos aos 'santuários' [ou 'zonas libertadas']  do PAIGC, uma vez por ano...



3. Comentário de António Rosinha:


Respondendo à pergunta sobre a técnica dos fulas na construção das cubatas redondas e o colmo de palha no telhado, não sei bem a que se refere o Cherno, sei que são abrigadas contra o calor, o frio e os ventos de qualquer direcção.

Com aquele telhado que fica a aba a 1 metro do chão, temos uma climatização o ano inteiro.

Mas já vi jovens cooperantes suecos a fazer adobe e a construir,  com esses tijolos, uma escola nos arredores de Bissau, e os guineenses sentados à sombra dos mangueiros a ver aquela "novidade", adobe.

Também já vi japoneses a fazer arroz numa bolanha de Bafatá, e balantas e fulas a assistir àquela novidade agrícola, o arroz.

Acho que os suecos e os japoneses já foram todos embora e os guineenses não continuem sentados.


4. Resposta do Cherno Baldé:

Caros amigos Luis e Rosinha,

A última imagem do Post mostra uma armadura circular feita de canas de bambu enrodilhadas e suportada por paus à volta com um diâmetro de mais ou menos 4/5 metros (onde os dois rapazes estão encostados) [Foto nº 2] . É este o sítio onde se começa a montagem/construção das estruturas que vão servir de cobertura às casas (Palhotas).

Para começar, escolhem as melhores canas de bambu e encostadas uma a uma a volta da estrutura circular, vão cruzá-las no meio do círculo onde serão atadas, formando desse modo a parte que, quando invertida ou levantada para cima , vai constituir o topo da casa, chamada de cabeça.

Assim, mais de metade desta estrutura de cobertura de colmos é colocada ainda no chão e amarrada com cordas de ramos de palmeira (ráfia), antes de a levantar, colocando a parte que estava em baixo para cima, e fazer subir em cima das paredes redondas (ou outra estrutura qualquer de Kirintins) que servirão de base de apoio à cobertura feita de palha ou de folhas de cibes, conforme as regiões do país e a disponibilidade da palha de cobertura que se podia encontrar na orla das bolanhas, que é cada vez mais rara.

À primeira vista parece simples, da mesma forma que, aos olhos do leigo, parece simples matar uma galinha e dividi-la em partes, mas os mais novos tinham que aprender com os mais velhos e respeitar os procedimentos e o ritual subjacente, sem o qual o trabalho não tinha o devido valor aos olhos da comunidade e dos seus valores.

Se calhar, todos acham que sabem fazer o trabalho elementar de matar uma galinha é de a dividir em diferentes partes!?

Nada mais errado. Da forma como os metropolitanos matavam galinhas no quartel, nenhum Homem grande Fula aceitaria consumi-la. Primeiro por razões religiosas sim, mas também porque não correspondia às normas locais de procedimento e de respeito à vida do animal.

Uma casa que fosse construida sem respeitar as regras ancestrais, também podia ser rejeitada pelos mais velhos e transformar-se num trabalho inglório.

Tenho a quase certeza que o "alfero Cabral",  de Missira, sabia esfregar mamas de Bajudas, mas não aprendeu a arte de matar uma galinha ou da construção de uma bela palhota, palhota de receber hóspedes ilustres, como aquela que reservaram ao Fernando Gouveia em Madina Xaquili ou ao Luís Graça em Saré Ganá com os respectivos mobiliários, sem esquecer a "turpeça" do chefe.


4. Comentário de Armando Tavares da Silva:

Caro Cherno: sim, a cobertura ou cabeça da habitação em forma cónica é montada ao nível do solo à volta da estrutura circular de bambú que se vê na imagem do lado direito e onde estão encostados os dois rapazes [Foto nº 2].

As canas de bambú serão atadas no meio, mas penso que esta operação não será feita ao nível do chão, pois, de contrário os rapazes não chegariam ao topo onde as pontas das canas irão ser atadas.
Mas acrescenta que esta estrutura é ”levantada ou invertida”, fazendo crer que esta fase da construção pode ser realizada de 2 maneiras. Em qualquer caso isto obriga a levantar a estrutura alguns metros acima do solo, para se poder construir por baixo as paredes da habitação. E isto, como é que é feito? Não será preciso mais gente?

Agradeço estes esclarecimentos.


5. Resposta do Cherno Baldé:

Caro Armando,

Obrigado pelo interesse sobre o assunto.

O topo da cobertura das casas que estão a ver, estavam no chão e no centro da estrutura circular, mas invertidas e na posição contrária daquela que se ve nas imagens. Mais de metade desta cobertura em canas de bambu deve ser montada no chão, em posição invertida, antes de se colocar em cima da parede da casa. Para a colocar, o indivíduo que estava a montar e amarrar as canas  precisava do apoio de um número determinado de pessoas para colocá-la em cima da parede, dependendo do tamanho da casa em construção.

A fase seguinte consistia em meter mais canas de bambu, agora de baixo para cima e fechar todos os espaços vazios. É isto que o rapaz da primeira imagem { Foto nº 1] está a fazer, estando em cima da cobertura a fim de prender solidamente com as cordas de rafia fabricadas a partir de ramos de palmeiras.

Espero ter ajudado a compreender o procedimento,


 6. Nova pergunta Armando Tavares da Silva:

Caro Cherno:

Peço desculpa mas ainda não compreendi bem o procedimento. Invertidas significa que a parte de cima (ou de fóra)  é a que vai ficar da parte interior da habitação? O atar da extremidade das canas de bambú é feito quando estas se encontram ao nível do chão (no plano do chão)? Qual a utilidade da estrutura circular? Como é que ela é utilizada na momtagem das estruturas de cobertura? Eu pensava que esta estrutura servia para nela se encostarem as canas de bambú de modo a serem atadas no topo.

Abraço

7. Resposta  final do Cherno Baldé:

Caro amigo Armando,

Tenho umas fotos que vou tentar recuperar e enviar-te via  Blogue da Tabanca Grande, pois acho que não consegui explicar convenientemente, mas com a imagem será mais facil. Se quiseres, poderás indicar um contacto de e-mail para poder enviar-te directamente, caso consiga recuperar a tal imagem que tinha numa máquina fotográfica [, vd infografia acima]. (**)

Um abraço,
Cherno Balde

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Guiné 61/74 - P18366: Agenda cultural (631): Lisboa, Bairro Alto, Teatro do Bairro, hoje, 28, às 21h30: Lançamento do álbum de estreia do músico e compositor lourinhanhense Diogo Picão, "Cidade Saloia"



Cortesia da página oficial do Diogo Picão.


1. Álbum "Cidade Saloia":

"É o meu álbum de estreia.

"Gravado com músicos de várias nacionalidades residentes em Lisboa, este disco espelha o meu interesse por vários estilos musicais, e a influência das viagens na minha escrita, e na maneira de observar o mundo rural e citadino. É composto por doze canções autorais.

"O concerto de lançamento será no dia 28 de Fevereiro, às 21h30, no Teatro do Bairro com o apoio da Sociedade Portuguesa de Autores.

"Disponível nas plataformas digitais e em formato físico por encomenda no site."


2. Diogo Picão  tem página também no Facebook.

Apresenta-se de maneira bem humorada e originail:

(...) Nascido no oeste [, Lourinhã, distrito de Liosboa], apaixonado pelo sul, com a cabeça virada a norte. A leste mas orientado pela música. Canta, toca saxofone, e percute o que lhe aparecer à frente.
Chama-se Diogo Picão e gosta da canção mas nunca se nega a uma livre improvisação.

 (...) Influências: Cantautores Portugueses e Brasileiros, Música de Intervenção, Samba, Bossa Nova, MPB, Jazz, Blues, Salsa, Son Cubano, Música Clássica Indiana.

Press contact: Joana Garcia
email: joana@constroisons.com
telefone: +351 218 404 062
telemóvel: +351 961 357 906


3. Sinopse do espetáculo, hoje, no Teatro do Bairro [ Rua Luz Soriano, 63 (Bairro Alto),1200-246 Lisboa, Portugal]

Diogo Picão, um dos autores de canções mais promissores da sua geração, apresenta-nos agora o álbum de estreia Cidade Saloia.

Nascido na vila da Lourinhã, começou a aprender saxofone na Escola de Jazz de Torres Vedras, seguindo depois para a ESMAE, no Porto. Mais tarde viajou pela América Latina, território que influenciou fortemente as suas composições.

Filho de professora primária [, a trabalhar há muito em Macau], desde cedo se habituou a divertir com as palavras. O jogo completou-se quando as juntou à música. Em Lisboa, encontrou a sua mais recente morada, povoada de músicos em trânsito, com quem partilha e descobre afinidades musicais. 

Cidade Saloia é um disco que usufrui dessa família alargada. Composto por doze canções da sua autoria, todas em português excepto uma em espanhol, o disco conta com a participação do seu trio (Olmo Marín, Anders Perander e Matteo Bowinkelmann) e a de vários convidados incluindo Salvador Sobral, com quem partilha a interpretação da canção Sem Respostas.

Fonte: Bilheteira FNAC (com a devida vénia)


4. Comentário do editor:

O Diogo é meu conterrâneo e meu amigo. É filho e sobrinho de amigos meus, de uma grande família que deu combatentes para a(s) guerra(s) de África, pelo menos dois, das  minhas relações,  o tio paterno José F. Oliveira Picão (que esteve em Canquelifá, na Guiné, 1973/74) e o tio materno Jaime Bonifácio Marques da Silva, do BCP 21 (Angola, 1970/72), nosso grã-tabanqueiro.

É um jovem músico de grande talento, cantor, saxofonista, compositor, que merece o apoio da nossa Tabanca Grande. Eu vou lá estar esta noite do Teatro do Bairro, no Bairro Alto, a aplaudi-lo.

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Nota do editor:

Último poste da série > 28 de fevereiro de 2018 >  Guiné 61/74 - P18364: Agenda cultural (630): Seminário "Nos Mares da Memória", 4ª feira, dia 7 de março, às 15h00, em Paço de Arcos, Escola Superior Náutica Infante D. Henrique... Aberto a todos os que se interessam pela história dos portugueses nos mares da Terra Nova e da Gronelândia.

Guiné 61/74 - P18365: Historiografia da presença portuguesa em África (110): Um estudo desconhecido sobre a etnia Manjaca em O Mundo Português, por Edmundo Correia Lopes (1) (Mário Beja Santos)




1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Dezembro de 2017:

Queridos amigos,
Há quem suponha que foi preciso esperar pela vida do Governador Sarmento Rodrigues e o seu colaborador Teixeira da Mota para que se tivessem encetado os estudos etnológicos, antropológicos e etnográficos. Se é verdade que é a partir deste período que ganham profundidade tais estudos, eles são anteriores.
Cientistas de renome como Bernatzik tinham publicado estudos como o da originalidade da cultura Bijagó e Bernatzik chegou mesmo a dizer, no início dos anos 30: "É um trágico destino, na Guiné Portuguesa, o de uma cultura africana que em nada lhe fica atrás dos outros famosos ramos oeste-africanos. Um feliz acaso permitiu que esse mundo brilhante ainda se nos patenteasse no momento, podia dizer, do seu ocaso".
E também se encontram em Boletins Oficiais do Governo da Guiné respostas a questionários de inquérito que eram pedidos aos administradores. Mereciam uma nova visita, é de elementar justiça. Reconheça-se que estes trabalhos de Edmundo Correia Lopes têm um sabor de novidade, põem mesmo em cheque os trabalhos de caráter racista que era frequentes em certas escolas antropológicas da época.

Um abraço do
Mário


Um estudo desconhecido sobre a etnia Manjaca (1)

Beja Santos

Tem-se aqui repetidamente falado da publicação O Mundo Português, da Agência Geral das Colónias, apresentava-se como revista de cultura e propaganda, incluía discursos das figuras gradas do Estado Novo, artigos de divulgação histórica, pequenas reportagens e até ensaios. Figuras importantes do modernismo português como Stuart, Bernardo Marques e Diogo Macedo, emprestaram a sua colaboração ao nível gráfico. Entre Maio e Novembro de 1943 apareceu em O Mundo Português um conjunto de artigos sobre a etnia Manjaca assinados por Edmundo Correia Lopes. Encontramos no Google os seguintes elementos sobre o autor: Edmundo Correia Lopes (1898-1948), filólogo e etnógrafo, distinguiu-se como estudioso africanista, e desde cedo a cultura das colónias portuguesas despertou nele um profundo interesse. Formado em Letras, publicara já um repositório de música tradicional, fruto do seu apego à cultura popular, quando embarcou para o Brasil em 1927 e se fixou no Rio de Janeiro e em São Paulo, tendo percorrido Pernambuco, o Ceará e a Amazónia. Faleceu no arquipélago dos Bijagós, onde integrava uma missão etnográfica ao serviço do Centro de Estudos da Guiné Portuguesa.

Vamos ressaltar alguns dos aspetos mais interessantes do seu trabalho.

O autor reconhece que não foi bem sucedido com o estudo da língua dos Bijagós, e aproveitando a vinda a Lisboa de um grupo de Manjacos, sentiu-se atraído pela sua cultura e civilização, e daí o punhado de notas etnográficas decorrentes da sua investigação. Oiçamo-lo: “Que eu não tenha podido encontrar uma linguagem dos Manjacos expressões próprias para designar Norte e Sul, que os Mandingas designam “lua à direita e lua à esquerda”, deve-se à perda de memória dos meus informadores ou corresponde a uma deficiência da cultura? Que “dívida” empregue, do mesmo modo, uma expressão da nossa língua, a ponto de que a forma de depoimento nos pleitos da espécie levados ao conselho dos anciãos seja A deberul (devem-lhe) é caso para meditar. As dívidas não foram um presente novo da civilização. Existiam antes de 1914 (o ano de Teixeira Pinto), ocasionando até essa data a escravização dos insolventes".

“Ajuramentar”, “poder”, “mandar”, “coblar injudi” (receber indemnização) são expressões a que é difícil encontrar o correspondente vernáculo na linguagem falada pelos Manjacos que vieram a Lisboa. Para o autor dá-se como comprovado que as respostas linguísticas só poderão ser encontradas no estudo do meio. E termina o seu primeiro texto dizendo que o declínio das culturas negras na Guiné Portuguesa envolve toda a etnografia da colónia portuguesa pelo que o seu trabalho procurará estudar a cultura dos Manjacos nas seguintes vertentes: língua; vida material; clã e família; folclore e vida espiritual.

Falando da língua, começa por observar:
“Embora os Manjaco sejam um grupo mais numeroso que os Papel, destes, por estarem em contacto há muito com os centros dos europeus (Bissau e Cacheu), proveio o primeiro conhecimento da língua e o seu batismo. Os Brame falam também um dialeto Papel. Tão irmãos de língua e de raça são os Manjaco dos Bayum que consideram, como dos Bahuula (Brame) que despreza; e eles próprios não reconhecem, segundo me parece, a designação de Manjaco na sua língua.
A língua Papel, hoje falada por mais de uma centena de milhares de nativos na nossa Guiné, pertence ao grupo atlântico ocidental, e cita vários cientistas para relevar que o Banhum, o Nalu, o Balanta, o Landumâ e o Bijagó estaria em oposição ao Felupe, ao Papel e ao Beafada". 
Volta a recordar que o seu contacto com a língua Bijagó tinha sido muito penoso e espraia-se em minudências filológicas, disserta sobre a identificação das vogais e das consoantes, prefixos de classe, conjugações, etc, e termina dizendo: 
“Posso ficar por aqui. Não procurarei fazer uma gramática, que muita incompleta e errada deveria ser. Para o fim a que estas notas se destinam, pode ser que elas sejam boas. Consola-me das dúvidas e possíveis erros os muitos dias de trabalho que poupei ao estudioso que queira voltar a atenção para uma língua cujo conhecimento, como o das outras da nossa colónia da Senegâmbia, se impõe já de há muito, como uma obrigação da cultura nacional. Por isso me apresso a publicar resultados obtidos mais pelo gosto da pesquisa e do exercício que obedecendo a qualquer outro propósito”.



O investigador é bastante mais acessível no texto que dedica à vida material. Começa por dizer que o prestígio da realeza Manjaca irradiou do regulado de Bassarel, aquele de cuja confirmação dependia a escolha de todos os outros régulos. Era também o único de cujo poder emanavam direitos de sucessão familiar. Era dado que o régulo de Bassarel era escolhido pelo irã. Falando da propriedade, diz-se que os Manjacos conhecem a propriedade coletiva e a propriedade individual da terra. O régulo não pode ser o dispensador da terra, senão em relação ao usufruto que tem dos bens da reinança. É uma espécie de arrendamento. Cultivam o arroz que com o azeite de palma é a base da economia dos Manjacos da Costa de Baixo. É trabalho dos homens lavrar a bolanha no princípio da estação das chuvas para a cultura do arroz, tocando às mulheres semear, o quintal é lavrado pelos homens onde semeiam mancarra, inhame, batata ou feijão. No registo que faz da habitação, cita Vítor Hugo de Menezes que fora administrador da antiga circunscrição civil da Costa de Baixo. Refere a casa coletiva dos solteiros, a existência no andar térreo de uma cozinha e de que existem casas de planta retangular comparáveis às habitações palafíticas dos Felupes, determinadas pela mesma razão geográfica dos nossos palheiros do litoral, podendo mesmo filiá-las na influência Felupe. Estas casas de planta retangular têm três compartimentos: o da frente é destinado a tudo quando não seja dormir ou não vá invadir a parte do fundo, onde ficam as divisões das camas; por baixo do teto, fica o celeiro onde são recolhidas as provisões. O teto apoia-se em estacas enterradas no solo. À direita da porta levanta-se do solo um pau pequeno para exibir em rude escultura a imagem de um antepassado.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 21 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18341: Historiografia da presença portuguesa em África (109): I Cruzeiro de Férias às Colónias do Ocidente (Cabo Verde, Guiné, São Tome e Principe, Angola), no vapor "Moçambique", de agosto a outubro de 1935... A iniciativa foi da revista "O Mundo Português", sendo o diretor cultural do cruzeiro o jovem Marcelo Caetano (1906-1980), então com 29 anos, e que só voltaria a estes territórios em abril de 1969, com 62 anos, mas já então na qualidade de chefe do governo

Guiné 61/74 - P18364: Agenda cultural (630): Seminário "Nos Mares da Memória", 4ª feira, dia 7 de março, às 15h00, em Paço de Arcos, Escola Superior Náutica Infante D. Henrique... Aberto a todos os que se interessam pela história dos portugueses nos mares da Terra Nova e da Gronelândia.





1. Convite para a participação no seminário "Nos Mares da Memória", 3ª edição, a realizar no próximo dia 7 de março, 4ª feira, às 15h00.

Local: Escola Superior Náutica Infante D. Henrique (ENIDH), em Paço de Arcos, 
Av. Engenheiro Bonneville Franco (9,39 km).

Programa: apresentação de 2 obras editadas pela Fundação Gil Eanes;:

(i) "Os navios da pesca à linha", do canadiano Jean Pierre Andrieux;

(ii) "Heróis que o tempo não  apaga - Um conto real de vida", do nosso amigo capitão Valdemar Aveiro;

e ainda a projeção do documentário “Nos Mares da Memória - estórias de uma faina maior...", um filme de Rui Bela, com guião de Senos da Fonseca,

Aberto a todos os que se interessam pela história dos portugueses nos mares da Terra Nova e da Gronelândia.

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Nota do editor:


Guiné 61/74 - P18363: Parabéns a você (1398): José Rodrigues, ex-Fur Mil TRMS da CCAÇ 1419 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 27 de Fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18359: Parabéns a você (1397): Luís R. Moreira, ex-Alf Mil Sapador Inf do BART 2917 e BENG 447 (Guiné, 1970/71)

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18362: Agenda cultural (629): Conferência Internacional "Amílcar Cabral: O 'Combatente Anónimo' pelos Direitos Fundamentais da Humanidade". Lisboa, 1, 2 e 3 de março de 2018, Universidade NOVA de Lisboa, Instituto de História Contemporânea, Av Berna, 26 C


Organização: Instituto de História Contemporânea (IHC) da Universidade NOVA de Lisboa,
e Centro de Estudos Interdisciplinares do Século XX (CEIS20) da Universidade de Coimbra.

 A conferência procura "promover o diálogo entre os estudos mais recentes que exploram as inúmeras facetas de Amílcar Cabral". Infelizmente não conseguimos apurar se o evento é aberto ao público não académico, se há inscrições prévias, como é nornal,  etc. Lamentavelmente, os académicos funcionam às vezes "em circuito fechado", falando apenas uns para os outros... 

Tentei, esta tarde, ligar, em vão, para o nº de telefone do IHC: Tel.: +351 21 7908300 ext. 1545 / Email: ihc@fcsh.unl.pt.

Aqui  fica o programa do evento que nos pediram para divulgar. Aqui fica também a página do Instituto de História Contemporânea.da NOVA .


Amílcar Cabral: O “Combatente Anónimo” pelos Direitos Fundamentais da Humanidade

Conferência Internacional
Lisboa, Portugal
Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa
Salas Multiusos 3 e 2, Edifício I&D, Piso 4
1, 2 e 3 de março de 2018

PROGRAMA

1 de março, 5* feira


9:00h-9:30h – Sessão de abertura

9:30h-10:15h – Conferência inaugural

Julião Soares Sousa – Universidade de Coimbra; Universidade Nova de Lisboa
Amílcar Cabral, a “Justum Bellum” e o Direito (Jus) dos Povos Oprimidos à Solidariedade e à Felicidade

10:15h-10:30h – Coffee break

10:30h-11:30h – Painel I

Helena Wakim Moreno – Universidade de São Paulo
Amílcar Cabral na Casa dos Estudantes do Império: Circulação de Ideias, Atividade Política e Produção Literária

Luciana Bastos – Universidade de Lisboa
Entre Vários Fogos: O Lugar da Ideologia Marxista no Discurso de Amílcar Cabral

11:30h-12:30h – Painel II

Aharon Grassi – University of California
Amílcar Cabral as an Early Engaged Political Ecologist: Relational Studies of Lusophone Land, Production and Capital Circulation, 1948-61

Maria-Benedita Basto – Institut des Mondes Africains
(Título a definir)

12:30h-14:00h – Almoço livre


14:00h-15:00h – Painel III


Suzana Martins – Universidade de Coimbra; Universidade Nova de Lisboa; Escola Superior de Educação de Lisboa
Amílcar Cabral e a Construção da Unidade Contra o Colonialismo Português


Artemisa Monteiro e Basualdo Gomes – Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira
Processo de Mobilização para Adesão à Luta Armada do PAIGC


15:00h-16:00h – Painel IV


Branwen Gruffydd Jones – Cardiff University
The Weapon of Culture: Anticolonial Thought and Practice from Paris and Dakar to Havana and Algiers

Vincenzo Russo – Universidade de Milão
“A Resistência Continua!”: Amílcar Cabral e o Terceiro-Mundismo da Esquerda Italiana

16:00h-16:15h – Coffee break

16:15h-17:00h – Conferência final

Mamadou Kabirou Gano – Université Cheikh Anta Diop
Amílcar Cabral, Anthropologue de la Tension

2 de março, 6ª feira


9:00h-9:45h – Conferência de abertura

Mustafah Dhada – California State University
Amílcar Cabral as an Object of Academic Studies

9:45h-11:10h – Painel V

Luís Carvalho – Universidade Nova de Lisboa
Sofia Pomba Guerra, Uma Mulher Portuguesa na Oposição ao Colonialismo e a Relação de Amílcar Cabral com o Movimento Operário Português

João Manuel Neves – Université Sorbonne Nouvelle-Paris 3
Amílcar Cabral, o Homem: Um Testemunho de Tomás Medeiros


José Augusto Pereira – Universidade Nova de Lisboa
Amílcar Cabral e a Luta de Libertação Nacional nas Ilhas de Cabo Verde na Encruzilhada da(s) Memória(s)

11:10h-11:30h – Coffee break

11:30h-12:50h – Painel VI


Frank Gerits – Utrecht University; University of the Free State 
Amílcar Cabral, the Diplomat and the PR Threat (1964-1974)

Marcos Cardão – Universidade de Lisboa
Amílcar Cabral, PAIGC e os Black Panthers. História de uma Ligação Imaginária

Leonor Pires Martins – Universidade Nova de Lisboa
As Pequenas Biografias de Cabral


12:50h-14:00h – Almoço livre

14:00h-15:20h – Painel VII

Renata Flavia da Silva – Universidade Federal Fluminense
De Nunga a Himba: A Propósito do Homem Novo

Erica Bispo – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro
Cabral Vive: A Permanência do Discurso de Amílcar Cabral na Literatura da Guiné-Bissau

Jusciele Oliveira – Universidade do Algarve
”Nossa Inspiração Deve Vir dos Aspectos Positivos da Nossa Sociedade”: Discurso e Memória de Amílcar Cabral nas Representações Cinematográficas de Flora Gomes

15:20h-16:00h – Conferência final
Natalia Telepneva – Warwick University
Amilcar Cabral and the Socialist Countries: New Findings

16:00h-16:15h – Coffee break


16:15h-17:00h – Filme
Apresentação: Rui Lopes – Universidade Nova de Lisboa
Labanta Negro (1966) – Pierro Nelli

3 de março, sábado


9:00h-9:45h – Conferência de abertura

Ângela Coutinho – Universidade Nova de Lisboa
Amílcar Cabral e a Participação de Mulheres no Movimento Independentista Liderado pelo PAIGC (1963-1973)

9:45h-10:45h – Painel VIII


Redy Lima – Universidade Nova de Lisboa; Universidade de Lisboa; Instituto Superior de Ciências Jurídicas e Sociais
“Street Soldjas”: Uma (Re)Leitura do Pensamento de Cabral a Partir das Narrativas dos Jovens em Situação de Marginalidade em Cabo Verde

Davidson Gomes e Paulino Canto – Universidade de Cabo Verde
O Legado de Amílcar Cabral Reproduzido em Jovens Líderes Comunitários Cabo-Verdianos


10:45h-11:00h – Coffee break

11:00h-12:20h – Painel IX

Adilson Barbosa A. Neto – Universidade de Cabo Verde
A Integração Económica dos Estados da África Ocidental na Perspetiva de Amílcar Cabral: O Exemplo da Unidade Guiné-Cabo Verde

Sílvia Roque – Universidade de Coimbra; ISCTE-Instituto Universtário de Lisboa
Amílcar Cabral: Memórias Transgeracionais

Paulo Cunha e Catarina Laranjeiro – Universidade de Coimbra
Amílcar Cabral: Representações, Imagem e Memória no Cinema


12:20h-14:00h – Almoço livre


14:00h-14:30h – Painel X


José Neves – Universidade Nova de Lisboa
Apresentação do Projecto “Amílcar Cabral, da História Política às Políticas da Memória”


14:30h-17:00h – Mesa Redonda: Fontes e Preservação da Memória de Amílcar Cabral

Moderador: António Leão Correia e Silva – Universidade de Cabo Verde
Pedro Verona Pires – Fundação Amílcar Cabral
Alfredo Caldeira
Centro de Investigação Para o Desenvolvimento Amílcar Cabral
Leopoldo Amado

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Nota do editor:

Último poste da série >  18 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18330: Agenda cultural (628): Apresentação do livro "Guiné-Bolama, História e Memórias", da autoria de Fernando Tabanez Ribeiro, dia 26 de Fevereiro de 2018, pelas 15 horas, no Salão Nobre do Palácio da Independência, Largo de São Domingos, 11 em Lisboa (António Estácio)

Guiné 61/74 - P18361: Blogpoesia (555): "Simplesmente um homem", por Juvenal Amado, ex-1.º Cabo Condutor do BCAÇ 3872



1. Em mensagem de 23 de Fevereiro de 2018, o nosso camarada Juvenal Amado (ex-1.º Cabo Condutor Auto Rodas da CCS/BCAÇ 3872, Galomaro, 1971/74), autor do livro "A Tropa Vai Fazer de ti um Homem", enviou-nos este poema.


SIMPLESMENTE UM HOMEM

Olhem para o Homem
Não um ser incorpóreo
Não transparente
Mas sem forma precisa
Universal!

Um misto de todos os homens
Passivo e contemplativo
Ora agressivo e destruidor
Insaciável e benemérito
Misto dos tempos que correm
Mistura de uma alma antiga

Receptáculo dos antepassados
Continuidade justificável do presente
Única garantia da sua ascendência
Esperança na descendência

Não apagou o seu percurso
Trilhou o caminho, caminhando
Escravizou e recusou ser escravo
Fecundou a Terra
Nela gerou a continuidade

Viveu nas trevas mas via
Encandeado pela luz, ficou cego
Não decifra o que ouve
Não vislumbra o que vê
Na idade da razão pensou ter certezas
Certezas e enganos iludiram-lhe as passadas

Tropeçou…
Levantou as mãos em busca da salvação
Ignorante, destruiu a paisagem
Quer o regresso da Natureza
Busca a salvação
Efémero
Nunca procurou a solução

Juvenal Amado
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Nota do editor

Último poste da série de 25 de fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18353: Blogpoesia (554): "Pedra Maria", "Feira das ideias...", e "Filho da natureza...", da autoria de J. L. Mendes Gomes, ex-Alf Mil da CCAÇ 728

Guiné 61/74 - P18360: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XIX: Visita ao território, do Presidente da República Almirante Américo Tomás, com início em 2/2/1968 - II (e última) parte


Foto nº 12


Foto nº 13


Foto nº 14


Foto nº 15


Foto nº 16


Foto nº 17

Foto nª 18

Guiné > Bissau > 2 de fevereiro de 1968 > Início da visita do alm Améri o Tomás à Guiné, acompanhado da esposa, dona Gertrudes Rodrigues Tomás. e do ministro do ultramar. Silva Cinha.


Fotos: © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]

1. Continuação da publicação de um seleção de fotos do  álbum do nosso camarada Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69), e que vive em Vila do Conde, sendo economista, reformado. 

Virgílio Teixeira
II (e última) parte da visita presidencial à Guiné, iniciada em 2/2/1968, sendo governador e comandante chefe o gen Arnaldo Schulz (*)-

Esta visita presidencial teve uma extensa cobertura televisiva por parte da RTP. Ver aqui em RTP Arquivos a reportagem do dia 2/2/1968 (39' 49'').

Vd. também:


Guiné 61/74 - P18359: Parabéns a você (1397): Luís R. Moreira, ex-Alf Mil Sapador Inf do BART 2917 e BENG 447 (Guiné, 1970/71)

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Nota do editor

Último poste da série de 26 de Fevereiro de 2018 > Guiné 61/74 - P18354: Parabéns a você (1396): João Carlos Silva, ex-1.º Cabo Especialista MMA da FAP (1979/82)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

Guiné 61/74 - P18358: Álbum fotográfico de Virgílio Teixeira, ex-alf mil, SAM, CCS / BCAÇ 1933 (Nova Lamego e São Domingos, 1967/69) - Parte XIX: Visita ao território, do Presidente da República Almirante Américo Tomás, com início em 2/2/1968 - Parte I


 Foto nº 1


Foto nº 2


Foto nº 3

Foto nº 4


Foto nº 5


Foto nº 6


Foto nº 7


Foto nº 8


Foto nº 9


 Foto nº 10


Foto nº 11

Guiné > Bissau > 2 de fevereiro de 1968 > Início da visita do alm Améri o Tomás à Guiné >

Fotos: © Virgílio Teixeira (2018). Todos os direitos reservados [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


I . Anotações e Introdução ao tema:

Este conjunto de fotos numeradas aleatoriamente, sem critérios de qualquer ordem dos acontecimentos, refere-se à visita de Estado do Presidente da República de Portugal, Almirante Américo de Deus Rodrigues Tomaz, realizada à Guiné, com início em Bissau, a 2 de fevereiro de  1968, ainda no tempo do Gen Arnaldo Schulz.

[Vd. RTP Arquivos > Vídeo (4'  27'') > 28 de janeiro de 1968 > Lisboa, Cais de Alcântara, Almirante Américo Tomás, Presidente da República, parte para visita oficial às províncias ultramarinas da Guiné e Cabo Verde, É acompanhado pela esposa Gertrudes Rodrigues Tomás. Manuel Gonçalves Cerejeira, Cardeal Patriarca de Lisboa, membros do Governo, António Oliveira Salazar, Presidente do Conselho e membros do Corpo Diplomático em Portugal, foram apresentar cumprimentos de despedida.]


II. Descrição:

Américo Tomaz chegou ao Porto de Bissau a bordo do navio Funchal, tendo sido recebido por uma enorme multidão da população civil, e representantes dos 3 ramos das Forças Armadas, com especial relevância para a Marinha e Fuzileiros, bem como a Polícia Civil, a Policia Militar, a Força Aérea, os Comandos e o Exército em geral, além das entidades oficiais da época, entre eles o General  Arnaldo Schulz, Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné.

Feita a recepção, a comitiva percorreu de automóvel em primeiro lugar a Estrada Marginal do Porto de Bissau, depois outras ruas mais importantes, como a Avenida da República que leva até ao Palácio do Governador. Ao longo de todo o percurso nas bermas da estrada e ruas encontrava-se grande número de pessoas guineenses apoiando com bandeiras, danças e outros roncos o Presidente de Portugal Almirante Américo Tomaz.

A população recebeu bem o nosso Presidente da República, demonstrado por vídeos e pelas fotos de arquivo do Arquivo Histórico Militar, e pelas minhas fotos pessoais de minha autoria.

Não estive em todo o lado porque não era possível, as dificuldades de passar barreiras eram enormes, não entrei no cemitério onde se realizou uma cerimónia, mas ainda assim pude fotografar a 2 metros o Almirante Américo Tomaz, e esposa Gertrudes, Spínola, Ministro do Ultramar e tantas outras individualidades, incluindo os seguranças da PIDE.

Como já disse antes, cada uma vale o que vale, são histórias e acontecimentos com meio século de idade...

Havia imensa gente civil e militar – apesar de ser dia de semana (sexta-feira).

Pude acompanhar a comitiva,  graças à minha motorizada, que tinha sempre em Bissau para as minhas longas deslocações, por isso as fotos cobrem o espaço todo das ruas de Bissau.

Encontrava-me em Bissau, a acabar e fechar as minhas contas para entregar na Chefia de Contabilidade, dando assim termo à minha função no Batalhão. Por isso tive a oportunidade de fazer esta reportagem, que julgo ser de algum interesse histórico.

As viaturas civis em que se deslocavam os membros da comitiva toda, e entidades oficiais, julgo que terão chegado de Portugal, pois nunca mais as vi, a não ser apenas neste dia, no dia 02-02-68.

À consideração dos visualizadores que podem fazer as críticas que entenderem, pois sei que se trata de matéria sensível, que pode não agradar a todos, mas é a nossa história, e a história daqueles militares que prestaram as honras militares ao Chefe do Estado Português.

Como há dois acontecimentos importantes e com o mesmo tipo de festas, paradas, carros, e toda essa panóplia de acontecimentos, podem as fotos da visita de Caetano e Tomaz serem muito parecidas e até poderá dar-se o caso de uma ou outra estarem trocadas, mas o efeito é o mesmo, ou quase. Não altera nada em termos históricos.

Virgílio Teixeira

Em, 15-02-2018

«Propriedade, Autoria, Reserva e Direitos, de Virgílio Teixeira, Ex-alferes Miliciano SAM – Chefe do Conselho Administrativo do BATCAÇ1933/RI15/Tomar, Guiné 67/69, Nova Lamego, Bissau e São Domingos, de 21SET67 a 04AGO69».


III. Comentário do editor LG:

Tínhamos apenas, até agora, duas ou três referências ao almirante Américo Tomás, o último PR do Estado Novo. Chama-se a atenção para a excelente reportagem feita, por ocasião da visita à Guiné, por parte do nosso camarada Manuel Coelho. Na altura, escrevemos o seguinte:

(...) "Chegou a Bissau, no N/M Funchal e foi recebido, no Palácio do Governador e na Praça do Império, a "sala de visitas" da capital, com as honras que lhe eram devidas. O Manuel Coelho, misturado na multidão e no grupo dos fotojornalistas que fizeram a cobertura do evento, registou, para a posteridade, alguns aspetos da manifestação popular de boas vindas e de apoio. 

"Não faltaram os régulos, fardados a rigor, bem como grupos de músicos e dançarinos que mostravam a diversidade étnica da Guiné (mulheres fulas, homens balantas)... Naturalmente, que o regime da época quis tirar os dividendos políticos (e até diplomáticos) do sucesso desta visita, reafirmando o "patriotismo dos guinéus" e o repúdio pelo terrorismo do PAIGC. 

"A conjuntura político-militar era então delicada: Salazar ainda estaria no poder, até ao fatídico dia 3 de agosto de 1968, quando cairá da famigerada cadeira, no forte de Santo António, no Estoril, em período de férias. Portugal estava cada vez mais isolado no seio das Nações Unidas. E a herança (militar) de Schulz não era famosa. Seria substituída por Spínola, dentro de poucos meses." (...)
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