domingo, 2 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P18971: Manuscrito(s) (Luís Graça) (144 ): Se tens galinha pedrês, não a mates nem a dês



















Marco de Canaveses > União das Freguesias de Paredes de Viadores e Manhuncelos > Candoz > Quinta de Candoz / Tabanca de Candoz > 1 de setembro e 2018 >  Alfaias agrícolas, coisas cada vez mais inúteis com a mecanização da agricultura, hoje uma arte e uma ciência...


Fotos (e legenda): © Luís Graça (2018). Todos os direitos reservados. [Edição: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]



Se tens galinha pedrês, 
não a mates nem a dês 

por Luís Graça



Como era simples a vida da camponesa
que ia ao monte buscar lenha,
a moinha, as pinhas, as giestas.
No carro de bois, que chiava pelo estradão.

Ou que, de saco à cabeça,
ia levar o grão de centeio
à azenha, lá longe, no Porto Antigo

onde abicavam os barcos rabelos...
Seguia,a pé, pela linha férrea do Douro, 
mas não segura...
E que abria as pernas, depois,
ao seu homem e senhor, seu amo,
no meio do campo de milho.

Que quadro,
que pintura,
que beleza,
tardo-naturalística,
o desta humilde cena portuguesa,

desta gente
sem rosto,
sem nome,
sem registo,
sem trilho,
sem a mística nem a estética 

do Movimento Nacional Feminino.


Porra e lenha,
é quanto a venha,
diz o meu home!


Como era simples e brutal
a vida da mulher do campo
no tempo em que ainda havia
a distinção socioantropológica
entre a cidade e o campo,
ou a diferenciação teológica
entre o céu, o purgatório e o inferno.

E havia o carro de bois, 

e o penso para o tourinho,
e a maçã, biológica, do paraíso perdido,
e o império colonial, 
e as campanhas de pacificação,
e a costeleta de Adão
e as criadas de lavoura que eram violadas
em cima da meda da palha de centeio.

Enquanto os bois gemiam
e as rodas do carro chiavam,

e o varapau voltejava,
e o senhor abade praguejava:
feiras e frieiras
é coçá-las e deixá-las.


Como eram imutáveis as leis
que regiam as relações

entre a terra e o sol,
entre presas e predadores,
entre machos e fêmeas,
entre fidalgos e rendeiros,
entre donzelas e donzéis,
entre soldados e capitães, 

entre operários e patrões,
entre ricos e pobres.
entre cabaneiros e os sem eira nem beira.

Se queres conhecer o vilão
mete-lhe o mando na mão.
E cada um tomava o seu lugar 
no desconcerto da nação
e no palco do teatro da vida e da morte. 

E ela levava, com a sua licença,  a vaca,
ao boi do povo para a emprenhar,
E, com a sua licença,  o porco à feira
para, com sorte, no regresso trazer
uns vestidinhos de chita 
para o dia da comunhão da filha da puta da canalha.

Como era estupidamente alegre e feliz
a infância, breve, dos rapazes e raparigas,
no tempo em que 
a sardinha era para três.
e sobrevivia o mais forte

e o pai era pai e patrão
e a mãe era mãe e pai,
quando o home partia para os brasis
ou outros eldorados que ficavam para além do mar,
ou simplesmente para lá das serras.
E o galo cantava
para a galinha pedrês.
e a vida fiava-se e tecia-se
linha a linha, em branco fio de linho, 

no tear da dor e da solidão.

Como era curta a vida, 

a esperança de vida,
e certa, tão certa, a velhice e a morte.
Muita saúde, pouca vida,
porque Deus não dava tudo,

lembrava o sino da igreja da aldeia, 
quando morria algum cristão.

E quem não poupa lenha
não poupa nada que tenha
,  

acrescentava, misógino, o rifão.
Ou noutra variante, 

quiçá feminista "avant la letre":
Se tens galinha pedrês,
não a mates nem a dês
.


Quinta de Candoz, 
setembro de 2008, versão revista em 21/7/2023 (LG)

______________

Nota do edtor;

Último poste da série > 17 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18853: Manuscrito(s) (Luís Graça (143): "No coração da escuridão" (filme de Paul Shrader, 2017): Quando a razão nos mata e a fé já não nos salva, o que nos resta ? ... Resta-nos a esperança.

sábado, 1 de setembro de 2018

Guiné 61/74 - P18970: Os nossos seres, saberes e lazeres (282): Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (1) (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70) com data de 28 de Junho de 2018:

Queridos amigos,
No início, o projeto tinha muito ambição: calcorreava-se de Aix-en-Provence até Marselha, na fase seguinte o passeio seria pela terra dos Cátaros e Albigenses, de Toulouse até Montpellier, juntavam-se as pontas da Gália ao tempo dos Romanos.
Houve que ser mais modesto, na 2.ª fase aterrou-se em Toulouse (entre nós Tolosa) à procura de joias preciosas da arte românica, seguiu-se para Albi, Carcassone, Pirenéus franceses, Pau, de novo Toulouse.
Não foi empreendimento arrojado, mas deu para ver e sentir belezas incomparáveis, se a Provença é magnífica a Occitânia não lhe fica atrás.

Um abraço do
Mário


Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (1)

Beja Santos

O viandante faz-se acompanhar de um Guia Michelin datada de 1989, certo e seguro com desatualizações, à cautela procurar-se-á invocar o que o valor patrimonial é insuscetível de estar alterado. A viagem aqui começa, antigamente falava-se em Languedoc Roussillon Midi Pyrénées, hoje o termo da região administrativa é Occitanie (Occitânia, em português). Toulouse é uma aglomeração de grandes proporções, aqui teve origem a indústria aeronáutica francesa, e recordam-se dois nomes que a literatura do século XX acolhe no seu panteão: Saint-Exupéry, o autor do Principezinho e Jean Mermoz, o pioneiro da aviação que estabeleceu a primeira ligação com a América do Sul. Toulouse é uma cidade com muito tijolo. O viandante vem com o propósito de ver alguns monumentos de renome mundial, antes de partir para Albi, e no final da viagem reservou tempo para uma deambulação mais cuidada.



A primeira impressão é o colorido do tijolo, o viandante começa o passeio à volta do Canal du Midi, um empreendimento gigantesco que permite a ligação do rio Garona ao Mediterrâneo, projetado no século XVII, entra pelos boulevards e procura o centro histórico.



A primeira escultura tem a ver com o resistente que morreu num campo de concentração na Alemanha, a segunda fala por si, glória aos heróis de vários bairros da velha Tolosa do Império Romano, quem foi martirizado pelas suas ideias e pelo seu patriotismo, quem caiu de arma na mão na trincheira ou no campo de batalha não pode ser esquecido.



O monumento emblemático de Toulouse é a Basílica Saint-Sernin (poderemos traduzir por São Saturnino), primeiro bispo de Toulouse. Houve uma modesta basílica no século V, mas a excecional popularidade do mártir tolosano falou mais alto, a afluência dos peregrinos era enorme. E foi assim que apareceu entre os séculos XI e XII o mais espetacular templo românico que há na Europa. A sua nave central é impressionante, ao fundo há um magnífico claustro. Felizmente que em meados do século XIX andou por aqui o famoso arquiteto Viollet-le-Duc, que procedeu a uma série de restauros que garantiram a formosura primitiva do templo.



As obras de Saint-Sernin duraram de 1070 até ao século XVI, mas as torres ocidentais jamais foram acabadas. Vê-se que é um edifício perfeitamente coerente, é um caso raro em que se respeitou integralmente o projeto inicial. Pela sua estrutura, Saint-Sernin pertence à família das igrejas chamadas “de relíquias e de peregrinação”, e por isso tem esta ampla nave flanqueada por naves laterais, um amplo cruzeiro, um couro majestoso e profundo rodeado de um deambulatório de onde irradiam capelas. Tem 115 metros de comprimento e 64 de altura, medida pelo cruzeiro. É por isso que é a maior igreja românica do mundo.


O acesso à basílica é feito sobretudo por três portas, veja-se a beleza deste tímpano, dentro das estritas linhas românicas. Os capitéis, tanto no interior como no exterior, são de uma enorme beleza, são livros em pedra, falam dos suplícios infernais, da Ascensão de Cristo no meio dos anjos, mostram Apóstolos, leões, Adão e Eva expulsos do Paraíso, a Anunciação e a Visitação, são necessários vários dias de visita para absorver tanto esplendor românico nesta construção de fé onde os peregrinos vinham pedir consolação e salvação das suas almas.



Pode-se fazer a visita no deambulatório, andar no exterior à volta, visitar capelas ou a sacristia, pode-se andar demoradamente no cruzeiro ou a estudar os capitéis. Aqui se vê uma porta do Renascimento, a chamada fachada principal, em seu derredor decorrem obras de beneficiação, e veja-se a belíssima torre.
Voltaremos a esta igreja de peregrinação, pela sua invulgar simplicidade e porte majestoso.

(Continua)
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Nota do editor

Último poste da série de 25 DE AGOSTO DE 2018 > Guiné 61/74 - P18952: Os nossos seres, saberes e lazeres (281): De Aix-en-Provence até Marselha (13) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18969: Parabéns a você (1491): Manuel Joaquim, ex-Fur Mil AP Inf da CCAÇ 1419 (Guiné, 1965/67)

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Nota do editor

Último poste da série de 28 DE AGOSTO DE 2018 > Guiné 61/74 - P18959: Parabéns a você (1490): António Barbosa, ex-Fur Mil Cav do Pel Rec Panhard 1106 (Guiné, 1966/68) e José Corceiro, ex-1.º Cabo TRMS da CCAÇ 5 (Guiné, 1969/71)

sexta-feira, 31 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18968: Em busca de... (289): Camaradas de armas do ex-Fur Mil João António (1950-2010) do Batalhão do Serviço de Material da Guiné (Brá, 1972/74), de quem vai ser inaugurada uma exposição de pintura na Associação 25 de Abril, em Lisboa (Dulce Afonso/A25A)

JOÃO ANTÓNIO (1950-2010)
Ex-Fur Mil do BSM da Guiné (Brá, 1972/74)

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1. Mensagem enviada ao nosso Blogue por Dulce Afonso, membro da Direcção da Associação 25 de Abril, com data de 29 de Agosto:

Boa noite, caro Carlos Vinhal 
Estou a contactá-lo por sugestão do Carlos Matos Gomes, devido ao assunto de que poderá tomar conhecimento no email mais abaixo.

Se for possível encontrar alguns antigos camaradas do João António, através dos vossos contactos, e divulgar a inauguração da exposição referida, seria ouro sobre azul :) 

Envio desde já o convite para a mesma, para que façam a divulgação que entenderem, e informo que este mesmo convite estará disponível no Facebook da Associação 25 de Abril a partir desta 6ª feira, dia 31/08. 

Agradeço antecipadamente toda a ajuda que puderem dar e gostaríamos muito de contar convosco na inauguração da exposição. 

Abraço, 
Dulce Afonso 
Direcção A25A

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2. Pedimos à Dulce Afonso que recolhesse mais elementos sobre o João António para facilitar a sua identificação pelos seus camaradas de armas.

O João António (1950-2010), natural de Leiria, foi Furriel Miliciano no Batalhão do Serviço de Material da Guiné, sediado em Brá, entre 19 de Abril de 1972 e 12 de Maio de 1974.

Dele aqui ficam estas quatro fotos do seu tempo de Bissau, para que os seus camaradas contemporâneos o possam reconhecer e visitar a exposição dos seus trabalhos de pintura, organizada pelas suas duas filhas, Carla e Patrícia, que pode ser visitada entre 7 e 21 de Setembro na Associação 25 de Abril. 

 João António, tendo como fundo uma parede com ilustrações de sua autoria

 João António junto a uma barreira

 João António, o primeiro, em cima à esquerda

João António, o 4.º a contar da esquerda, com alguns dos seus camaradas

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3. Sobre a exposição dos trabalhos de pintura de João António, a inaugurar no próximo dia 7 de Setembro, na Associação 25 de Abril, publicamos para já o convite, uma vez que iremos dar o devido destaque ao evento em poste a publicar oportunamente.

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Nota do editor

Último poste da série de 26 DE MAIO DE 2018 > Guiné 61/74 - P18681: Em busca de... (288): Helga dos Reis, nascida há 46 anos, em 6 de janeiro de 1971, em Ponta Consolação (Nhinte), que fica entre Bula e Binar, e a cujo parto assisti eu e o 1.º cabo enf Afonso Henriques, já falecido... Faço um apelo à Rádio Viva de Bula... (António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639, Bula)

Guiné 61/74 - P18967: Notas de leitura (1096): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (49) (Mário Beja Santos)

Imagem retirada do livro “Uma Apoteose - duas visitas - uma despedida”, comemorativo do período de governação do engenheiro Raimundo Serrão, com a devida vénia.


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 9 de Fevereiro de 2018:

Queridos amigos,
Continua a luta renhida para manter a capital da Guiné em Bolama, o gerente de Bissau do BNU é demolidor, com aqueles argumentos era como se pedisse a transferência imediata, o Sul da Província era pobrete em negócios. Bem elucidativo é o documento respeitante à participação da Guiné na I Exposição Colonial, que iria decorrer no Porto, é um descasca pessegueiro aos empreendimentos agrícolas, alguns deles muito vistosos, sempre na mira da exploração da mão-de-obra.
Chega entretanto à Guiné Luís Carvalho Viegas, nome incontornável, irão registar-se mudanças, o novo governador vem com várias incumbências, melhorar as condições do funcionalismo, preparar Bissau para ser capital, o que só ocorrerá ao tempo de Vaz Monteiro. Ver-se-á a seu tempo que o gerente do BNU vai arrasar Carvalho Viegas, tratá-lo como dissoluto, um reles distribuidor de prebendas.
É um dos textos mais chocantes que encontrei no Arquivo Histórico do BNU.

Um abraço do
Mário


Hospital Militar e Civil de Bolama 
Fotografia de Francisco Nogueira, retirada do livro “Bijagós, Património Arquitetónico”, Edições Tinta-da-China, 2016, com a devida vénia.


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (49)

Beja Santos

Em 1932, a Associação Comercial de Bolama enviara ao Governo da Colónia, e este ao Ministro das Colónias, um longo ofício a defender a permanência de Bolama como capital.
Instado a pronunciar-se sobre o documento, escreve o gerente da filial de Bissau em 13 de dezembro desse ano:
“Não nos surpreendeu o que a Associação Comercial expôs porque, sentido que a cidade de Bolama, a pouco e pouco, vai perdendo o seu valor prático na colónia, a tudo se agarra para manter a vida de uma terra que há muito vem vivendo artificialmente e que, uma vez transferida a capital da colónia, perde a razão de existir.
E tanto assim é, que ainda há dias tivemos conhecimento pelos jornais de Lisboa que a Associação Comercial de Bolama, a propósito da extinção do lugar de Capitão de Porto de Bolama escreveu ao Exmo. Ministro das Colónias no sentido de ser criado de novo esse lugar ou ser para ali transferida, de Bissau, a Repartição dos Serviços de Marinha da Colónia, com o fundamento de que Bolama era um dos melhores aeroportos de África Ocidental.
Parece que, realmente, o porto de Bolama, como aeroporto, não é mau; mas tem o inconveniente de não irem lá hidroaviões, por circunstâncias estranhas, certamente, há boa vontade da Associação Comercial.
Isso, porém, não a preocupa.
O que a preocupa e pretende dar a Bolama uma vida que não pode ter, sem se importar com os encargos que a sua fantasia pode acarretar ao Estado, como não se importa com os encargos que a modificação da organização dos serviços das Dependências da Guiné possa acarretar ao Banco”.

É um extenso documento em que o gerente de Bissau vai procurando desmontar a argumentação dos comerciantes bolamenses, e tece um quadro bastante cru da atividade da filial de Bolama:
“Tem o seu movimento limitado a operações de empréstimo sob penhores, que não são feitos pelo comércio a alguns descontos de letra da praça, e pouco ou nada mais (…). A praça de Bolama vale tão pouco oficialmente, que não tem condições para sustentar a organização de estabelecimento bancário, por modesta que seja a sua organização”.

1932 é também o ano em que volta a vir à tona as dificuldades da Sociedade Agrícola do Gambiel. Nesta documentação avulsa, o Arquivo Histórico do BNU conserva um acervo de cartas que dá alguma claridade à ascensão e queda de uma das maiores promissoras sociedades agrícolas que se instalara na Guiné nos anos 1920 e 1930.
Logo em 1927, a filial de Bissau refere-se ao empreendimento para Lisboa nos seguintes termos:
“É detentora de uma extensa concessão compreendida entre as regiões de Bambadinca e Geba, na qual se acham instaladas as fábricas de destilação, escritórios, hangares, moradias de pessoal, etc., possuindo também uma edificação na Avenida Central de Bissau. Grande parte dos seus actuais bens pertenciam à Companhia de Fomento Nacional, da qual é sucessor, pela aquisição que fez por compra, em condições vantajosas, de todo o activo e passivo daquela.
Se bem que até há pouco tenha sempre apresentado como principal entrave aos seu desenvolvimento a obtenção de mão-de-obra indispensável, podemos sem receio de contestação afirmar que a principal razão das suas dificuldades residiu sempre na falta de matéria prima para a sua destilação, originada especialmente pelas cheias do rio Geba que lhe destruíram nos últimos anos dezenas de hectares das plantações de cana sacarina.
Relativamente à falta de mão-de-obra, não acreditamos que ela exista na Guiné. Factos diários nos confirmam esta afirmação. Dirigimos há cerca de oito meses a fábrica de cerâmica, e mantemos há anos as obras nos nossos edifícios, dispondo sempre de pessoal indispensável, sem ter necessidade de requisitar às autoridades administrativas. Pagando-se convenientemente e tratando o indígena bem, creiam V. Exas. que os braços não faltam nunca. O ponto difícil da questão é saber se remunerando o indígena com um justo valor do seu esforço haverá muitas empresas que possam com êxito e probabilidade de resultados manter quer as suas indústrias quer os seus trabalhos agrícolas. A Gambiel é das poucas que está em condições de suportar este encargo.
Ainda a este respeito, falando em tempos com o ex-Governador Velez Caroço, com quem variadas vezes trocámos impressões sobre a Gambiel, nos foi afirmado que a falta de mão-de-obra nesta empresa teve sempre origem no deficiente e irregular pagamento feito aos trabalhadores”.

Em 14 de junho de 1928, escreve-se para Lisboa acerca do mesmo empreendimento agrícola:
“Esteve aqui há cerca de dois meses o Engenheiro Armando Cortesão que veio tratar de conseguir o exclusivo para a instalação que dezasseis máquinas para descaroçamento e prensagem de algodão nos principais centros do interior da colónia, e ainda, ao que nos informou, para estudar a forma de regularizar a situação da Gambiel”.
Mais se informava que o Engenheiro Cortesão se retirara para França, havia vultuosas responsabilidades da Gambiel com a Agência do BNU, dava-se como garantia dos débitos tanques e garrafões com cerca de doze mil litros de aguardente. Na mesma carta se informava que a Gambiel cessara a destilação de aguardente. Em 1931, de novo se informava Lisboa que a Gambiel ainda não liquidara integralmente os juros e outras despesas em atraso. Em janeiro de 1932 voltava-se a informar que a Gambiel entregara a aguardente como caução do seu débito. Temos depois o silêncio, é bem provável que a Gambiel, de que se depositara tantas esperanças como empreendimento agrícola modelo caminhava para a extinção.

No fim de abril de 1933, confirma-se que o Major de Cavalaria Luís António de Carvalho Viegas assumira o cargo de governador, o gerente de Bissau não se exime a dar as suas impressões pessoais:
“Ao senhor Governador, como é da praxe, apresentamos em devido tempo os nossos cumprimentos, tendo trocado com ele algumas impressões gerais.
Deixou-nos a impressão de uma pessoa de inteligência normal, mas bem-intencionado e animado de bons desejos.
Oxalá que tenha a força necessária para transformar a feição indisciplinada da colónia.
Quanto à transferência da capital para Bissau, cremos que não será tão cedo que esta justa aspiração se realizará”.

Era claro o investimento que o BNU fazia na Sociedade Industrial Ultramarina, o gerente de Bissau contacta os seus colegas em Cabo Verde, tanto em S. Vicente como na Praia. Vale a pena ler os seus comentários, fica-se com a dimensão de que o gerente bancário tinha olho para os negócios industriais.
Assim se informa S. Vicente os pormenorizados esclarecimentos sobre a colocação de telha fabricada pela Sociedade Industrial Ultramarina:
“Por este vapor remetemos três grades com telhas, como amostra.
O preço é de 1$00 por telha tomada na fábrica de Bandim – a três quilómetros de Bissau –, podendo ali ser carregada por qualquer palhabote. Pretende esta sociedade que a telha possa ser vendida nos portos dessa colónia ao mesmo preço por que a vende aqui.
Para tanto, o que convém é que os veleiros, fretados por conta da Sociedade ou de estranhos o sejam com frete redondo, para ser gratuito o frete da telha. Nestas condições, convém que venham carregados de sal, cobrindo este carregamento o frete de retorno. Se V. Sras. tiverem oportunidade de conseguir que qualquer dos vossos clientes se interesse por este negócio, agradecemos o favor de o promover”. 
E escreve-se deste modo para a Praia, depois de usar argumentação idêntica a que já se usou para S. Vicente:
“Está a Sociedade estudando o assunto a fim de fazer a operação por conta própria; no entanto, se V. Sras. tiverem de conseguir que qualquer dos vossos clientes se interesse por este negócio, agradecemos o favor de o promover”.

E assim chegamos a 1934, pede-se a colaboração do BNU para a I Exposição Colonial Portuguesa, Lisboa fizera um conjunto de perguntas para apurar a viabilidade de incluir um pavilhão referente à Guiné, era preciso fazer um inventário das indústrias existentes e empreendimentos agrícolas. Convenhamos que a resposta terá sido recebida em Lisboa como muito desalentadora:
“Não foram nesta colónia criadas indústrias, sendo certo, porém, que com o dinheiro levantado no Banco por meio de descontos ou empréstimos caucionados, uns e outros feitos a firmas comerciais e a título comercial, se montaram na Guiné as indústrias de cerâmica, gelo e eletricidade, fábricas de óleo de palma e transportes de cabotagem.
A fábrica de cerâmica de Pereira Neves & Cª e as flotilhas dessa firma e da Sociedade Portuense, Lda., foram administradas directamente pelo Banco, depois dessas firmas terem liquidado contas com esta agência, entregando-nos os seus haveres e valores que mais tarde passaram para a Sociedade Industrial Ultramarina. São factos posteriores a 1925.
Quanto a auxílio prestado pelo Banco directamente à agricultura, também verdadeiramente o não há. Algumas firmas comerciais desviaram um pouco da sua actividade e dinheiro para a agricultura, mas as operações de crédito efectuadas realizaram-se a título meramente comercial.
De resto, na Guiné não há, praticamente, agricultura europeia com exploração organizada e metódica, como em outras colónias do Império.
Todas as tentativas agrícolas da colónia com essa preocupação – Companhia Estrela de Farim, Sociedade Agrícola de Fá, Sociedade Agrícola do Gambiel, Lda., Empresa Insular da Guiné e Companhia Algodoeira da Guiné Portuguesa – foram ou têm sido apenas sorvedores de dinheiro dos accionistas, e a única que ainda se mantém é a Sociedade Agrícola do Gambiel que explora exclusivamente culturas anuais – cana sacarina –, como outras pequenas agriculturas disseminadas pela colónia.
As firmas atrás indicadas, de que hoje só existe o nome, realizaram com esta agência apenas operações de utilizações de créditos mandados abrir em nossos livros”.

A Guiné, dito com total frontalidade, tinha muito pouco a mostrar na I Exposição Colonial Portuguesa, que se realizou no Porto, nesse ano, a Guiné deu brado, enviou o régulo Mamadu Sissé, um herói das campanhas de pacificação, a belíssima Rosinha, que ganhou o certame das vampes coloniais, e as Bijagós de peito ao léu e a ondular as saias de ráfia provocaram uma grande consternação às senhoras de bons costumes, que apresentaram queixa ao coordenador da exposição, Capitão Henrique Galvão.

Bafatá, a ponte sobre o rio Geba, 
Imagem do Arquivo Histórico do BNU, com a devida vénia.

(Continua)
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Notas do editor

Poste anterior de 24 DE AGOSTO DE 2018 > Guiné 61/74 - P18950: Notas de leitura (1094): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (48) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 27 DE AGOSTO DE 2018 > Guiné 61/74 - P18958: Notas de leitura (1095): Nó Cego, por Carlos Vale Ferraz; Porto Editora, 2018 (4) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P18966: Álbum fotográfico de António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71) - Parte VIII: Sangue, suor e lágrimas... mas missão cumprida!


Foto nº 52 


Foto nº 54


Foto nº 51


Foto nº 50


Foto nº 53


Fotos (e legendas): © António Ramalho (2018) . Todos os direitos reservados (Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné)



1. Continuação da publicação do álbum fotográfico do António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71), natural da Vila de Fernando, Elvas, membro da Tabanca Grande, com o nº 757.


Legendas (de 50 a 54, de um total de 55):

50. Atirei a uma gazela, ainda hoje se deve estar a rir, não lhe acertei!

51. Apanhado em flagrante de Litro (... a beber chá)

52. Tarefa diária obrigatória [, a piagem da estrada]

53. Retrato de família [ou de parte da família...]

54. Missão cumprida! Com o Vitor Simões, à esquerda, e eu a telefonar para... Bucelas!

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Nota do editor:

Último poste da série > 31 de julho de 2018 > Guiné 61/74 - P18885: Álbum fotográfico de António Ramalho, ex-fur mil at cav, CCAV 2639 (Binar, Bula e Capunga, 1969/71) - Parte VII: As chaimites chegam a Bissau em 1971

quinta-feira, 30 de agosto de 2018

Guiné 61/74 - P18965: (De)Caras (115): O Carlos Fabião que eu conheci (António Novais Ribeiro, ex-fur mil trms, Cmd Agr 2951, Cmd Agr 2952 e Combis, 1968/70)


O último Governador Geral e Comandante-Chefe, Carlos Fabião (1974)... Aqui na foto ainda capitão e depois major, comandante do Comando Geral de Milícias (1971-973), ao tempo de Spínola... Foto de autor desconhecido, reproduzida aqui com a devida vénia. In: Afonso, A., e Matos Gomes, C. - Guerra colonial: Angola, Guiné, Moçambique. Lisboa: Diário de Notícias, s/d., pp. 332 e 335


I. O António Novais Ribeiro, engenheiro, reformado, morador na Senhora da Hora, Matosinhos, contou-me, ontem, na Tabanca de Candoz, várias histórias do então major de operações Carlos Fabião. com quem trabalhou no âmbito do Comando de Agrupamento 2951 (e depois, 2952), em Mansoa, em 1968/60... 

Eu gostaria de as não esquecer. Carlos Fabião (1930-2006) não é um militar qualquer... O tempo dirá qual o seu lugar na história de Portugal. Aqui ficam. para já,  essas "pequenas histórias", que são  reveladoras do seu carater, sentido de humor, ar brincalhão, afabilidade, mas também da sua postura como militar... Dele se pode dizer que ninguém é feito de "uma só peça"... (Julgo que em Mansoa, em 1968/69, o Carlos Fabião ainda devia ser capitão e não major..).

Sobre o Carlos Fabião temos meia centena de referências.... Disse-me o António que o Carlos Fabião esteve 5 vezes na Guiné, a primeira como alferes ainda nos anos 50... Eu, pessoalmente, tinha a ideia que fizera 3 comissões de serviço na Guiné... Ainda não pude confirmar esta informação. De qualquer modo, era talvez o oficial do exercito português que melhor conhecia a Guiné e os guineenses. Recorde-se que, graduado em brigadeiro, ele foi  o último Alto-Comissário e Comandante-Chefe do CTIG, entre 6 de maio e 11 de outubro de 1974.

1. Um dia chegou ao pé do alf mil Novais (era assim que o António era tratado) e entregou-lhe um "aviãozinho de papel", pintado a cores e tudo:

- Novais, guarde-me aí na sua gaveta este aviãozinho.

- Para quê, meu major ?

- Quando vocêr tiver 53, eu vou de férias!

... E todos os dias lhe confiava um aviãozinho de papel, pintado às cores, até à véspera da sua idade de féris à metrópole...

2. Também era brincalhão, e gostava de pregar partidas aos seus subordinados, em especial aos 3 alferes (Novais, Torgal e Oliveira, este último já morreu, foi tripulante da TAP).

Recorde-se que o António Novais Ribeiro foi furriel miliciano de transmissões, entre 1968 e 1970, no Comando de Agrupamento 2951 (Mansoa), e no Cmd Agrup 2952 (extinto em 7 de janeiro de 1969, sendo o seu pessoal integrado no Combis - Comando de Defesa de Bissau). Trabalhou, nomeadamente com o, na altura, major inf Carlos Fabião. 

Teve também como camarada o  historiador Luís Reis Torgal [Luís Manuel Soares dos Reis Torgal], mais velho 3 anos, alferes miliciano. Em 1966, já  estava licenciado. No Cmd Agrup estava ligado às operações ou à secretaria, já não posso precisar. Os gabinetes estavam pegados. O do Torgal tinha um postigo, furado, e uma rede mosquiteira... Um dia o Fabião. chegou ao postigo e chamou pelo Torgal:

- Ó Torgal, abra lá o postigo!

- O quê, meu major ?

... Do outro lado da janelinha, o Carlos Fabião tinha um seringa com água... Borrifou a cara do Torgal...

3. O Carlos Gavião costumava mandar aprontar uma viatura e ir para as tabancas de Mansoa conviver com a população, em acções de "psico-social"...

E convidava malta  do comando de agrupamento para ir com ele... O Novais nunca foi, mas era lendária a sua coragem física e a sua empatia... Costumava distribuir aguardente de cana aos balantas cujas simpatias, soubemo-lo, íam mais facilmente para o Amílcar Cabral do que para o Spínola...

4. Também desenhava muito bem... Um dia fez um "boneco" com a chegada do Nuno Tristão à costa da Guiné, em 1446... 

O navegador português morreria pouco depois com uma flecha, possivelmente envenenada. Antes de morrer, o Nino Tristão ainda tem tempo, no "cartoon" do Carlos Fabião, de exclamar qualquer coisa como:

- Chego demasidafo cedo à Guiné e morro sem poder vir a ser o primeiro administrador da Casa Gouveia...

5.  Uma outra do Fabião:

O Cmd Agrup 2951 recebe uma mensagem Zulu ("Relâmpago"), secreta... O 1º cabo cripto decifrou-a, imediatamente, e logo a entrega da mensagem descofificada, em envelope fechada, ao alferes de transmissões paar ser entregue ao major de operações...

O Novais procura, a correr, o Fabião. Em vão, vasculhou tudo o que era sítio no quartel de Mansoa...Esbaforido, já desesperado, acaba finalmente por o localizar, à entrada da porta de armas, vindo de uma tabanca ou coisa do género...

Exclamou o Novais, à beira de um ataque de nervos:

- Porra, meu major, onde é que o senhor se meteu ? Tenho aqui uma mensagem relâmpago para si, ando há duas horas à sua procura.

- Ó Novais, você sabe que a mensagem relâmpago tem o grau máximo de procedência, mas isso é para o cripto, e lá na tropa... Agora, na Guiné,  você tem 24 horas para ma entregar... Como só lá vão duas, ainda tem 22 horas de avanço...

Recorde-se aqui a classificação mensagens:

Z - ZULU ? = Relâmpago (No centro cripto, passava à frente de todas as outras; grau máximo de urgência)

O - OSCAR = Imediato (As primeiras a serem decifradas, caso não houvesse Zulus...)

P - PAPA = Urgente (Para se fazer...)

R - ROMEO = Rotina...(Como o seu nome indica, para ser ir fazendo...)

Quanto ao secretismo, as mensagens eram classificadas por esta ordem:

Reservada / Confidencial / Secreta / Nuito secreta

Explicação dada pelo  nosso camarada António J. Pereira da Costa: as mensagens têm ainda hoje 4 graus de precedência: Relâmpago, Imediato, Urgente e Rotina. A mensagem Relâmpago (Z) deveria chegar ao destinatário em 10 minutos.  As Imediato (O) demorariam cerca de 2 horas. As Urgente (P) já iam para as 4-6 horas.  Claro que as Rotina (R) eram como o combóio do espanhol. 

No que diz respeito à classificação de segurança ainda hoje temos as Muito Secreto, Secreto, Confidencial e Reservado.

6, Outra ainda que me contou ontem o António Novais Ribeiro, na Tabanca de Candoz... 

Por qualquer razão, o major Fabião queria dar uma "piçada" ao pessoal de transmissões do Cmd Agr... Ordena ao alferes de transmissões do Cmd Agrup 2951 (depois 2952):

- Novais, forme aí o seu pessoal.

- Sim, meu major.

- À minha direita... mas você coloca-se a meu lado, à esquerda.

- Sim, meu major, mas.. à sua direita, porquê ?

- É que vai tudo ser corrido à chapada...

[Texto: recolha, revisão e fixação: LG]
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Guiné 61/74 - P18964: Álbum fotográfico de Adolfo Cruz, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2796 (Gadamael e Quinhamel, 1970/72) - Parte I

1. Em mensagem de 21 de Julho de 2018, o nosso camarada Adolfo Cruz(*), (ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2796, Gadamael e Quinhamel, 1970-1972) enviou-nos 34 fotos, que vamos publicar em quatro postes, que retratam alguns dos momentos mais significativos da sua passagem por terras da Guiné.


Embarque no Carvalho Araújo em 31 de Outubro de 1970 no Cais Rocha Conde D’Óbidos, com viagem bem atribulada e cheia de “peripécias …, com escala em Cabo Verde, Ilha de S. Vicente, cidade do Mindelo – cenário lamentável !… 

Chegada a Bissau às 20:00h do dia 8 de Novembro de 1970 e fundeados até ao dia seguinte, com desembarque às 08:00h, com destino ao Depósito de Adidos. 

Primeira experiência inerente a cenário de guerra, com ataque vândalo e ameaçador (com faca) à tenda de campanha, ainda sem armas distribuídas.


Foto nº 1 - Bissau, Novembro de 1970


Foto nº 2 - Bissau, Novembro de 1970


Foto nº 3 - Bissau, Novembro de 1970 


Foto nº 4  Bissau, Novembro de 1970


Foto nº 5 - Bissau, Novembro de 1970


Foto nº 6  - Viagem para Gadamael Porto, em LDM


Fotos nº 7 - Viagem para Gadamael Porto, nosso destino de missão, em LDG, LDM, LDP E Batelão, meios possíveis de navegação pelo Geba e outros pequenos rios até ao cais de Gadamael.


Foto 8 - Gadamael: Material capturado ao IN aquando do “ataque ao arame” em 20 de Dezembro de 1970.

(Continua)
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Nota do editor

(*) - Vd poste de 8 DE ABRIL DE 2017 > Guiné 61/74 - P17222: Tabanca Grande (431): Adolfo Cruz, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 2796 (Gadamael, Vicente da Mata, Ome (Bijemita), Quinhamel, Biombo e Bissau, 1970/72)... Grã-tabanqueiro n.º 740