sábado, 24 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19227: Os nossos seres, saberes e lazeres (294): Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (13): À despedida, uma sentida homenagem a Toulouse-Lautrec (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 5 de Setembro de 2018:

Queridos amigos,
Se gostava de Toulouse-Lautrec, fiquei seu amigo incondicional. É certo que ao longo das últimas décadas conversava com ele em Bruxelas, no Museu de Ixelles, que alberga uma coleção riquíssima de cartazes deste mestre, em exposição permanente. Mas conhecer o Museu de Albi é uma possibilidade, talvez única, de ser confrontado com a evolução do seu génio, desde uma arte um tanto convencional até ao seu traço caraterístico que atravessa o universo de entretenimento e pândega da Paris do seu tempo, são registos únicos, não convencionais, em que pela primeira vez na história das Belas-Artes a cortesã e a meretriz são retratadas como seres humanos nossos irmãos.
E aqui acaba a viagem a Toulouse, segue a Holanda e a Bélgica, a seguir uma semana em Cotswolds, região de Oxford, e mais adiante se verá.

Um abraço do
Mário


Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (13): 
À despedida, uma sentida homenagem a Toulouse-Lautrec

Beja Santos



O viandante sentir-se-ia mal se não voltasse a Albi, um tanto fora de horas, de Toulouse-Lautrec só se pode dizer muitíssimo bem, ninguém lhe regateia o génio. O viandante guardara um acervo de imagens daquela visita a este impressionante museu, doía-lhe a alma se não a partilhasse convosco. Já se sabe tudo sobre este aristocrata, que era um tanto disforme, desproporcionado entre cabeça, tronco e pernas, que cedo descobriu o gosto pelas Belas-Artes, que foi para Paris e não se deu bem com o classicismo, logo descobriu Van Gogh, seu ponto de referência. Paris será o seu teatro do mundo, percorrerá a cidade febricitante, sobretudo à noite, no mundo dos cabarés, dos bailes, dos prostíbulos. O que o viandante começa por reter são os seus primeiros trabalhos, uma fortíssima atração por desenhar cavalos e pintá-los. Já era um génio sem discussão, embora sem notoriedade.





Henri-Marie-Raimond de Toulouse-Lautrec nasceu belo e sadio mas ganhou uma insólita aparência, na adolescência, as pernas não se desenvolveram normalmente. Enquanto convalesce de acidentes com as pernas, observa manobras militares, desenha a movimentação dos soldados, os cavalos ganham vida nas suas telas. Foi uma meteórica preparação para a sua arte futura, tal como os retratos que lhe saíram das mãos.


Mesmo no apogeu, o retrato é fonte de atração, o captar perfis, o que aqui se vê é ainda um tanto estático, austero, escurecido. A sua pintura irá ganhar luz, embora admire Manet, Rénoir e sobretudo Degas ele irá preferir, ao arrepio do impressionismo, tonalidades claras, finas pinceladas de cor crua. É o seu caminho artístico, nitidamente pessoalíssimo.




Nem sempre o que pinta é uma sofrida humanidade noturna, Toulouse-Lautrec gosta da pândega, ele e os amigos apreciam fantasiar-se com trajes exóticos, ele é doido por festas e bailes. Irá mesmo trabalhar nas artes gráficas e vale a pena recordar que para muitos críticos de arte o melhor do seu talento ficou plasmado nos cartazes. Aqui acaba o rol de imagens que se retivera desse génio que pintou cavalos, cabriolés, mulheres sentadas, bailes, artistas, bailarinas, interiores de bordéis, e sempre retratos nessa Paris feita festa, onde ele participou vezes sem conta, à beira do precipício, preparando a sua morte precoce. Tem para si o viandante que tudo fará para um dia destes regressar a Albi, só para voltar a conversar com Henri de Toulouse-Lautrec.



Atravessa-se o parque, a caminho do canal do Midi, há que levantar a trouxa no hotel e apanhar transporte até ao aeroporto. Mas o viandante não resiste, regista uma escultura daquele tempo em que era corriqueiro encontrar-se a melhor arte nos jardins e alegra-se com o facto de que a vida vibra, e que o bom tempo ajuda a que gente de todas as idades baile no coreto. Haja festa!



Agora é tomar o avião e regressar, Toulouse não lhe sairá da memória. E é bom que este aeroporto, de dimensão regional, exiba tapeçarias e outras obras de arte de grandes mestres, o viandante não se acanharia de ter em sua casa esta obra prodigiosa de Fernand Léger, é um realismo cheio de carinho, uma arte sonhadora de um tempo em que os operários pareciam destinados a criar um mundo novo, é uma cromática de viço, alegria e esperança.
E nada mais há a dizer, neste fim de viagem.
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Nota do editor

Último poste da série de 17 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19202: Os nossos seres, saberes e lazeres (293): Primeiro, Toulouse, a cidade do tijolo, depois Albi (12): O esplêndido Museu Arqueológico Saint-Raymond, em Toulouse (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19226: Parabéns a você (1530): Abel Santos, ex-Soldado At Art da CART 1742 (Guiné, 1967/69) e António Levezinho, ex-Fur Mil Inf da CCAÇ 12 (Guiné, 1969/71)


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Nota do editor

Último poste da série de 23 de Novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19222: Parabéns a você (1529): José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74)

sexta-feira, 23 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19225: Notas de leitura (1123): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (61) (Mário Beja Santos)

Edifício do BNU em Lisboa


1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 29 de Março de 2018:

Queridos amigos,
Enquanto o datilógrafo da alfândega de Bissau está a ser interrogado pela PIDE das suas ligações a panfletos enviados a funcionários e militares, aqui se fala da chegada do franco-guinéu de Sekou Touré que vem trazer dores de cabeça nas operações do BNU de Bissau e para a economia de toda a Guiné, e aproveita-se a circunstância para estabelecer um arco temporal à volta das propriedades rústicas do BNU na Guiné, uma insolvência medonha, em 1927, colocou o BNU como grande proprietário na região do Quínara, com a luta armada e o envolvimento persistente do PAIGC na região, quer o BNU quer a CUF aperceberam-se que era melhor transferir todos aqueles milhares de hectares para bem público, eram propriedades que não rendiam coisa nenhuma e em breve se transformariam em mato puro, havendo o risco de pagar impostos, sem fim feliz à vista.
Chegámos a 1961 e o gerente de Bissau transformar-se-á num importante cronista desconhecido, nem ele fazia ideia das informações que estava a lançar para o futuro do conhecimento histórico.

Um abraço do
Mário


Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (61)

Beja Santos

Entrara-se, pois, num período de grande intranquilidade, o gerente do BNU vai ter pela frente, e até 1964, uma intervenção que ele próprio não deve ter dimensionado a importância – vai tornar-se num repórter que acompanha de forma persistente o prelúdio e os primeiros anos da luta armada, como talvez mais ninguém, o governo do BNU irá receber informação privilegiada, através do diretor da PIDE em Bissau, o gerente dispõe de uma informação que nem muitos militares no teatro de operações.

Logo na carta de 8 de março de 1960 em que anuncia a prisão do datilógrafo dos panfletos do Movimento da Libertação da Guiné, dá conta do novo problema de moeda, e com relevo na vida da Guiné, a moeda própria de Sekou Touré, o franco guinéu, tinham sido emitidas notas de 1.000, 500, 100 e 50 francos e moedas de 10 e 5 francos:
“As notas e moedas começaram a circular em 5 deste mês. Conseguimos com algum esforço obter duas dessas notas, de 100 e 50 francos, que aqui juntamos, para apreciação de V. Exas.
Não queremos deixar de chamar a atenção de V. Exas. para alguns curiosos pormenores das referidas notas: a emissão é do Banque de la République de Guinée, entidade que, ao que sabemos, não existe, por enquanto; a data de 2 de Outubro de 1958 é a da independência daquele território; as assinaturas não são, como seria lógico, dos dirigentes do Banco, mas dos ministros da Economia Geral e das Finanças; a figura do frontispício é a de Sekou Touré.
Cremos ser nulo o valor intrínseco de tal moeda, pois desconhece-se o padrão monetário. O que sabemos é que tem curso forçado e não pode circular outra moeda, inclusive os antigos francos da emissão do Banque de l’Afrique Occidentale Française.
A criação de moeda própria, o seu curso forçado, a proibição de circulação de moeda estranha e a quase certeza do seu nulo valor porque se conhece a competente reserva de garantia e ainda a dúvida da sua aceitação no exterior, criou ao comércio fronteiriço desta Província um problema grave. As suas consequências hão-de projectar-se na economia local, atingindo fortemente o seu equilíbrio, já um tanto artificial.

Sabem V. Exas. que toda a actividade comercial da fronteira – relativamente grande e influente – se exerce tendo o franco senegalês como moeda circulante. Sabem V. Exas. que boa parte das mercadorias importadas têm o seu mercado e o seu escoadouro na fronteira, em quase todas as fronteiras do nosso território, originando a entrada maciça de grandes quantidades de francos-notas. Esses francos são enviados para Lisboa e aí convertidos em escudos metropolitanos e outras divisas, para liquidação de boa parte do total de importação. São esses invisíveis movimentos de coberturas que sustêm o desequilíbrio da balança de pagamentos e contribuem, em larga medida, para aliviar a posição cambial do comércio e, portanto, do fundo cambial. Além do que traz à praça quantioso movimento, apreciáveis receitas aduaneiras e bons lucros – mesmo para nós.
Toda esta benéfica actividade se contrairá enquanto se não souber o valor real do papel-moeda emitido pelo senhor Sekou Touré e a audiência que terá nos mercados monetários da Europa.
E assim, a novel Republica vizinha continuará a projectar na nossa Província a sombra má da sua nefasta propaganda, agravada, agora, com um acontecimento que – apesar de previsto – atinge desastrosamente um elemento vital da nossa economia – o comércio fronteiriço”.

É preciso agora estabelecer um arco temporal, que vai de 1927 até ao momento em que o BNU oferece as suas propriedades ao governo da Guiné, em 1973. Recorde-se que só a insolvência de Victor Gomes Pereira, no Sul, fez transferir para o BNU uma quantidade indescritível de hectares de terra, que se distribuíam pelas áreas administrativas de S. João, Tite, Fulacunda e Buba, tudo somado era uma área global de aproximadamente 44 mil hectares, num conjunto de seis blocos.
Logo num documento datado de 4 de abril de 1957 intitulado “Breves considerações sobre as propriedades do BNU", assinado por José Telles Ribeiro, se enunciavam as caraterísticas destes blocos, deste modo:
“Os três primeiros blocos, na sua totalidade na área do Posto Administrativo de S. João revelam-se fundamentalmente constituídos por solos do tipo ‘solos vermelhos’, cujas características principais são a sua fácil drenagem, aspecto cinzento-escuro e arenoso à superfície até 30 ou 40 centímetros e daí para baixo vermelhos de textura argilosa. Estes solos, no aspecto químico, podem-se considerar os mais equilibrados da Província.
Os terrenos destes três blocos, ocupados quase exclusivamente por indígenas das tribos Biafada e Mancanha estão fortemente submetidos à cultura do amendoim, revelando já nítidos sintomas de cansaço. O revestimento florestal é quase inexistente, dominando o aspecto de savana aberta.
O quarto bloco, com uma área de aproximadamente 38 mil hectares, é fora de dúvida o que maior interesse oferece, já pela sua elevada extensão, já pela conservação da fertilidade do solo. Nestas propriedades encontra-se já uma maior diversidade de tipos de solos, indo desde os vermelhos aos amarelados, caracterizando-se estes últimos por uma maior capacidade e o aparecimento da couraça laterítica. O revestimento florestal é mais intenso que nos anteriores. O solo, menos sujeito à agricultura indígena, em virtude de uma mais baixa densidade populacional, aparenta ainda um aspecto de riqueza orgânica que lhe garante, sem dúvida, uma boa fertilidade.
O quinto bloco é a propriedade ‘Ilha do Fogo’, com uma área bastante reduzida e completamente isolada das restantes propriedades, tem como principal particularidade uma extensa mancha de palmeiras espontâneas.
O sexto bloco é a propriedade de ‘Santana’, totalmente ocupada por floresta aberta, tem o particular interesse de, dada a sua situação geográfica na margem do Rio Grande de Buba poder vir a constituir um porto de drenagem para as futuras produções das restantes propriedades.

Os terrenos do BNU integram-se na designação de ‘Propriedades Perfeitas’ o que, segundo os termos do regulamento de concessões, garante ao proprietário o domínio directo, o domínio útil e a faculdade de venda; em contraste com a concessão por aforamento em que o foreiro tem exclusivo direito ao domínio útil, pertencendo o directo ao Estado e revertendo o terreno a este desde que não esteja devidamente aproveitado no prazo de tempo para tal fixado. Daqui resulta o alto interesse e valor das propriedades do BNU e a necessidade de os valorizar ao longo dos anos, mediante uma ocupação agrícola gradual em vez de a deixar ir desvalorizando pelo abandono das mesmas à acção devastadora do indígena.
Com base no conhecimento das condições ecológicas locais, consideramos preferenciais as seguintes culturas: caju (árvore bastante rústica, podendo ser semeada directamente no terreno definitivo, é a que se traduz numa ocupação mais económica, dada a inexistência de granjeios); coleira (com elevados rendimentos por árvore, poderia ser usada na ocupação dos terrenos mais ao sul); coqueiro e palmeira (viável nos terrenos baixos e húmidos, onde seja possível a obtenção de água superficial ou subterrânea); cafeeiro (embora não definitivamente estudado, parece admitir-se como provável de uma boa adaptação da variedade ‘robusta’).
Só assim se poderão valorizar terrenos agora sem valor e evitar por meio de uma acção técnica directa os efeitos devastadores da primitiva agricultura indígena”.

Mais tarde, o BNU encomendou a um perito de nome E. W. Boesser um trabalho nos terrenos seus pertencentes na região de Quínara, é um documento muito minucioso, seguramente que seria da maior utilidade ainda hoje a sua divulgação junto das autoridades guineenses.
Em 13 de dezembro de 1963, no relatório da visita de inspeção à Filial de Bissau inclui-se de novo esta preocupação com a agricultura no contexto económico da Guiné, vale a pena aqui reproduzir o texto introdutório:
“A agricultura, outrora a base da economia da Guiné, não pode hoje ser considerada como elemento efectivo do desenvolvimento desta Província. A situação criada à Região levou o agricultor a concentrar-se nos grandes centros comerciais ou em aldeamentos onde encontra a protecção das Forças Armadas mas depara-se com solos fracos, sem grandes possibilidades.
E ao natural afrouxamento das culturas tradicionais – milho, mandioca, sorgo e arroz – também não será completamente alheio o facto de, por razões de defesa, haverem sido chamadas largas centenas de homens para as milícias e que deixaram assim de prestar o seu contributo braçal à agricultura.
Não se torna por isso difícil explicar a necessidade em que se viu nos últimos anos a Província de, tradicionalmente exportadora de arroz, embora de quantidades reduzidas, passar a importar grandes quantidades deste cereal para sustento das populações.
As indústrias existentes, reflexamente, têm também na actual conjuntura uma muito menor influência na economia da região se atendermos a que a matéria-prima – a mancarra, o coconote e o próprio arroz, escasseou pelos motivos apontados.
Hoje pode-se afirmar que a Guiné encontra relativo equilíbrio orçamental no comércio importador, que passou a disfrutar de grande prosperidade, na medida em que se lhe proporciona um maior poder de compra trazido pela presença dos grandes efectivos militares. Tal situação, no entanto, provoca um desnível muito acentuado da sua balança comercial”.

Esta situação irá agravar-se no decurso da guerra, em 9 de julho de 1973 será entregue ao Governo do BNU uma informação sobre as propriedades rústicas do Banco, urgia tomar medidas para que o BNU se desembaraçasse daquele verdadeiro imbróglio:
“Possui a nossa Filial de Bissau, na circunscrição do Fulacunda, 17 prédios rústicos constituídos por térreos com área global de cerca de 1,2% da área total da Província.
Os referidos terrenos vieram à posse do Banco em 1927, por efeito de execução hipotecária relativa a um crédito concedido.
Em 1965, deu-se na Guiné início a trabalhos de promulgação de uma contribuição predial rústica que, se viesse a ser aplicada, nos obrigaria ao pagamento de 4.391 contos anuais. O Conselho do Banco deliberou então criar uma sociedade em Bissau, à qual seriam vendidas as propriedades, para devida exploração agropecuária.
Nem a prevista contribuição predial rústica chegou a ser promulgada, nem chegou a constituir-se uma sociedade em Bissau para exploração agropecuária, os terrenos mantiveram-se como propriedade do Banco.
Todavia, a continuação do terrorismo na Guiné criou situações delicadas, quer do ponto de vista emocional (dizia-se que o BNU era senhor de grande parte do solo da Província, que mantinha inexplorado…) quer do ponto de vista da limitação de soluções quanto ao aproveitamento e consequente venda dos terrenos, que vieram a ser objecto de ocupação e controlo por parte dos terroristas, enquanto se não levou a efeito determinada operação militar no sul da Província.
Em situação análoga se encontravam na Guiné cerca de 15 mil hectares de terrenos pertencentes ao grupo CUF que vieram a ser doados à Província em 16 de Abril de 1973, para serem explorados pelas populações em regime comunitário.
A partir do momento daquela doação, considerou-se a hipótese do Banco proceder do mesmo modo em relação aos seus terrenos. E, com efeito, quando da visita do Sr. Governador da Província à Metrópole, em Maio passado, ficou verbalmente assente que o Banco faria a doação dos terrenos, desde que para os explorar se constituísse uma cooperativa agropecuária.
Escreve-nos agora o Sr. Governador da Guiné a sua carta de 26 de Junho, enviando um projecto de minuta da respectiva escritura de doação (decalcada da escritura da CUF), bem como os resultados do estudo sobre a viabilidade da constituição de uma cooperativa agropecuária e dos respectivos encargos”.

E o autor da informação analisava a viabilidade e despesas da cooperativa, equacionava o auxílio monetário que porventura o Banco desejasse prestar ao arranque da cooperativa, sugeria-se que a doação dos terrenos devia ser feita sem aparatos de publicidade e sugeria-se um donativo de 6.830 contos para cobrir o investimento a efetuar, mas admitia-se que muito mais dinheiro seria necessário para o amanho de toda a área. Mas dada a complexidade da transferência de posse, o autor acabava por sugerir que só se deviam doar os terrenos e não conceder qualquer subsídio.

Não se conhecem dados ulteriores da doação, assim acabava a história do BNU como proprietário rústico da Guiné.

A partir de 1961, note-se bem, o gerente em Bissau, vai passar a mandar notícias num território que em breve deixará para o passado o sonho pacificador. Como vamos ver.

(Continua)

Edição de selo comemorativo do I Centenário da fundação do BNU

Imagem retirada do livro “Uma Apoteose – duas visitas – uma despedida”, 1953.

Visita do subsecretário do Ultramar, Raúl Ventura, imagem retirada do livro “Uma Apoteose – duas visitas – uma despedida”, 1953.
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Notas do editor

Poste anterior de 16 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19200: Notas de leitura (1122): Os Cronistas Desconhecidos do Canal do Geba: O BNU da Guiné (60) (Mário Beja Santos)

Último poste da série de 19 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19207: Notas de leitura (1122): “Lineages of State Fragility, Rural Civil Society in Guinea-Bissau”, por Joshua B. Forrest; Ohio University Press, 2003 (2) (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P19224: (D)o outro lado do combate (38): Carta de Lourenço Gomes, datada de Samine, 3 de março de 1965, dirigida a Luís Cabral, expondo a dramática situação da farmácia do PAIGC (Jorge Araújo)



Citação: (1960-1961), "Osvaldo Vieira, Constantino Teixeira, Lourenço Gomes e Armando Ramos em Conakry", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43591 (2018-10-26), com a devida vénia. [Há um quinto elemento, na ponta direita, que está por identificar]


Fonte: CasaComum, Fundação Mário Soares. Pasta: 05222.000.084. Título: Osvaldo Vieira, Constantino Teixeira, Lourenço Gomes e Armando Ramos em Conakry. Assunto: Osvaldo Vieira, Constantino Teixeira, Lourenço Gomes e Armando Ramos junto ao Secretariado Geral do PAIGC [A Direcção geral do PAIGC instalou-se em Conakry no mês de Maio de 1960]. Data: 1960-1961. Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Fotografias.



Jorge Alves Araújo, ex-Furriel Mil. Op. Esp./RANGER, 
CART 3494 (Xime-Mansambo, 1972/1974); coeditor do blogue



GUINÉ: (D)O OUTRO LADO DO COMBATE > 

OS PROBLEMAS DO PAIGC NA LOGÍSTICA DE SAÚDE EM 1965 > ENTRE A LUCIDEZ E O DESESPERO DE LOURENÇO GOMES, RESPONSÁVEL PELA ÁREA DA SAÚDE NA FRENTE NORTE


1. INTRODUÇÃO

Porque a curiosidade se mantém, definida como interesse pessoal no aprofundamento da temática em título, volto de novo ao fórum para partilhar convosco mais uma pequena investigação concluída a partir das últimas narrativas tendo por questão de partida a «Logística nas evacuações dos feridos do PAIGC na Frente Norte». 

A primeira abordou o modo como se organizava o transporte dos guerrilheiros feridos no trajecto desde o interior do território [Região do Oio] até ao hospital de Ziguinchor, no Senegal – P18848, e a segunda descreveu o "protocolo" utilizado (o possível em função dos recursos) nas intervenções cirúrgicas na base do Sará – P19129.

Em ambos os casos, as narrativas foram reforçadas com imagens obtidas pela câmera do médico holandês Roel Coutinho, clínico que durante os anos de 1973/1974 cooperou com a estrutura militar do PAIGC em diferentes bases da região Norte, quer no apoio aos combatentes quer na ajuda humanitária às populações sob o seu controlo.

Recuando na fita do tempo até Março de 1965, dois anos após a guerrilha ter iniciado a luta armada em Tite (Janeiro de 1963), os dirigentes do PAIGC batiam-se com grandes dificuldades logísticas em todos as frentes, com destaque para a área da saúde. Para além da inexistência de estrutura clínica adequada, e qualificada, onde não era possível garantir qualquer consulta, prescrição ou tratamento em tempo útil a cada paciente, conceitos que fazem parte dos actos médicos, a falta de medicamentos necessários para cada uma das enfermidades era gerida com "pinças", por serem escassos e incertos. A forma mais comum de os obter era através do recurso ao endividamento, com compras a crédito (requisições), particularmente no circuito comercial (farmácias) existente nos locais mais próximos dos hospitais do PAIGC situados em Ziguinchor (Senegal), Koundara e Boké (Guiné-Conacri). [Vd. mapa a seguir.]




Porque esta situação se agravava/degradava diariamente, por efeito do crescente aumento do número de baixas - feridos e mortos - resultantes das actividades operacionais contra as NT, foram lançados diversos apelos a "Comités de Solidariedade" internacionais, incluindo as organizações da Cruz Vermelha, solicitando apoios urgentes nesta área, como provam os exemplos identificados no ponto 4.

2. ANTECEDENTES


Já em Julho de 1964, em documento elaborado por Lourenço Gomes, a quem tinha sido atribuída a incumbência de supervisionar as actividades do PAIGC na Frente Norte, enviado a Amílcar Cabral, aquele dava conta da estatística relacionada com os feridos e doentes existentes naquela zona sob a sua responsabilidade (ver quadro abaixo). 









Citação: (1964), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_35644 (2018-10-26), com a devida vénia.
Fonte: CasaComum, Fundação Mário Soares. Pasta: 07071.123.063. Assunto: Medicamentos. Enfermaria. Entrevista com Senghor. Prisão de Seco Camará. Em anexo: número de feridos e doentes em Casamansa e comunicado de guerra, assinado por Lourenço Gomes, referente ao dia 2 de Julho de 1964. Remetente: Lourenço Gomes, Samine [Frente Norte]. Destinatário Amílcar Cabral, Secretário-Geral do PAIGC. Data: Domingo, 12 de Julho [Agosto?] de 1964. Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Relatórios IV 1963-1965. Fundo: DAC - Documentos Amílcar Cabral.




Anexo 1 - Relação de doentes



Anexo 2 - Comunicado de guerra de  2/7/9164[, em vez do esperado extrato conta-corrente do mês de junho de 1964]


3.  CARACTERIZAÇÃO DA SITUAÇÃO EM MARÇO DE 1965


Em função das responsabilidades que lhe estavam atribuídas e perante as dificuldades em encontrar soluções para os diferentes problemas que lhe iam surgindo no âmbito das suas múltiplas actividades, tomou a iniciativa de caracterizar a situação em missiva enviada a Luís Cabral [Bissau; 1923 – Torres Vedras, 2011].

Eis o conteúdo da carta enviada de Samine (Senegal) por Lourenço Gomes, em 3 de Março de 1965 [conforme original reproduzido abaixo].

"Caro camarada Luís Cabral. Saudações combativas.

Esta carta é para lhe explicar as dificuldades que passo aqui na fronteira [Norte].

Se eu fosse uma pessoa que sofresse do coração, decerto já teria morrido; não só pelas dificuldades que se me apresentam, mas sim, e mais ainda, por presenciar todo o sofrimento que o nosso Povo passa nos Hospitais do Senegal, sem ter meios com que os possa valer, pois desde Dezembro do ano passado [1964] até à presente data, não tenho em mão a minha situação financeira, pois sempre o dinheiro para ocorrer às despesas, chega tarde e incompleto.

Bem sei que temos de lutar com dificuldades e admiro mesmo como a Direcção do nosso Partido, tem-nas conseguido superar até aqui. Reconheço isso tudo, mas o que me entristece é receber, em vez de palavras de encorajamento, recriminações desanimadoras.

O camarada Aristides [Pereira; Cabo Verde; 1923 – Coimbra; 2011], numa das últimas cartas que me escreveu, dizia-me que para um responsável não pode haver impossíveis. Devem levar em consideração que na fronteira Sul há um responsável em Koundara, um em Gaoual e ainda outro em Boké, ao passo que para esta fronteira toda sou eu o único responsável.

Os encargos são muitos, os trabalhos e canseiras sempre maiores cada dia que passa e os impossíveis têm de surgir, pois mesmo o carro não poderá trabalhar sem gasolina e esse só se consegue com dinheiro ou tendo as contas sempre em dia.

Na carta que escrevi ao camarada Aristides, pedia-lhe que me arranjasse um outro responsável, para qual o impossível não exista, para me substituir, porque confesso com toda a franqueza, que já estou cansado. Informei-lhe sobre as dívidas que temos a liquidar, principalmente na Farmácia, mas nem sequer obtive resposta sobre o assunto.

Estou sujeito a ser preso dum momento para o outro, pois o proprietário da Farmácia, constantemente me manda cobrar.

A minha situação é semelhante a de um náufrago, que já cansado de nadar e com as forças esgotadas se deixa morrer. Assim também, não será de admirar e até será muito possível o ter de qualquer dia abandonar o meu lugar, sem esperar ordens superiores, não significando isso falta de respeito ou disciplina, mas sim, só saturação e canseira até ao esgotamento.

Recebi pelo camarada Bicho, todos os recados de que lhe incumbiu, mas peço veja bem que sem possibilidades, talvez não poderei satisfazer os seus desejos, muito embora contra a minha vontade. O dinheiro que por ele recebi tive de o despender no pagamento de dívidas muito urgentes, não sabendo agora, como poderei mandar dez pessoas para Dakar, se não tenho sequer em meu poder dinheiro suficiente para adquirir gasolina para mandar o carro. Até à presente data, não recebi a importância completa correspondente ao mês de Fevereiro passado.

Bem sei que a si não lhe cabem culpas do que se passa, mas julgo do meu dever dar-lhe conhecimento, como membro que é da Direcção do Partido.

Amanhã mesmo, tenho de seguir para a fronteira de Kolda, possivelmente até perto de Cuntima, porque fui chamado com urgência de Salquenhé, para cumprir uma missão indispensável, em virtude do camarada Yaia Koté estar a estragar o trabalho do Partido naquela fronteira.

Desde sábado que mandei um portador com carta para o Osvaldo [Vieira; Bissau; 1938 - Koundara; 1974], mas até à presente data não regressou. Não sei se me poderei deslocar a Dakar em virtude da missão que vou cumprir, mas o camarada Bicho fica aqui a aguardar o portador e seguirá logo que o mesmo regresse de Morés".

Um abraço do camarada muito amigo.
Lourenço Gomes.

De acordo com o acima exposto (e independentemente do subtítulo dado a esta narrativa), será que estamos perante mais um exemplo de como pode ser explicado o provérbio «casa [ou organização] onde não há pão [recursos], todos ralham [ou se queixam] e ninguém tem razão»? Ou seja, onde falta o dinheiro e, por esse facto a vida se degrada por ausência das condições básicas que permitam um mínimo de dignidade às pessoas, então ninguém se entende porque, provavelmente, são todos culpados dessa situação. Foi isso o que aconteceu naquele contexto…?

Eis o original da carta enviada por Lourenço Gomes, desconhecendo-se a origem [ou a autoria] dos sublinhados [, possivelmente do destinatáriio, que mantivemos, não deixam de ser interessantes...].







Recorda-se, a este propósito, que três meses depois do envio desta carta por parte de Lourenço Gomes, o navio cubano Uvero desembarcava em Conacri, em 11 de Maio de 1965, a primeira (grande) ajuda de Cuba ao PAIGC, constituída por cento e trinta e sete caixas de medicamentos, entre outros apoios.


4. OS PEDIDOS DE APOIO EM MEDICAMENTOS CONTINUARAM…


Durante os treze anos da guerra colonial ou de libertação, os dirigentes do PAIGC nunca deixaram de fazer apelo a apoios internacionais, nomeadamente em equipamento militar e medicamentos.
Eis um exemplo do pedido de apoio de medicamentos elaborado dois anos depois da chegada da primeira ajuda remetida por Cuba [tradução do francês da nossa responsabilidade].
TELEGRAMAS ENVIADOS EM 11 DE ABRIL PARA:





COM O SEGUINTE CONTEÚDO… IGUAL PARA TODOS

Face situação muito grave motivo falta total medicamentos pondo em perigo vida diversos combatentes feridos e elementos população vítimas bombardeamentos lançamos apelo solicitando envio urgente todas quantidades possíveis medicamentos especialmente faixas - álcool - mercurocromo - curativos - algodão - antibióticos - antipalúdicos - antidiarreico - soro - leite (stop) Confiante vossa solidariedade aguardamos confirmação para endereço PAIGC BP 298 Conacri (stop) Fraternais agradecimentos.
Amílcar Cabral
Secretário-Geral PAIGC
Guiné dita portuguesa
Caixa Postal 298 Conacri, 11 Abril 1967





Citação: (1967), Sem Título, CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_34964 (2018-10-26), com a devida vénia.
Fonte: CasaComum, Fundação Mário Soares. Pasta: 07073.131.125. Assunto: Solicita o envio com urgência da maior quantidade de medicamentos. Situação grave por motivos de falta de medicamentos que põe em perigo de vida os combatentes feridos e elementos da população. Remetente: Amílcar Cabral, Secretário-Geral do PAIGC. Destinatário: Comité de Solidariedade Afro-asiático. Data: Terça, 11 de Abril de 1967. Observações: Doc. incluído no dossier intitulado Telegramas. Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Correspondência.



Citação: (1963-1973), "Enfermeira Nené Mendonça num hospital de campanha", CasaComum.org, Disponível HTTP: http://hdl.handle.net/11002/fms_dc_43675 (2018-10-26), com a devida vénia.
Fonte: CasaComum, Fundação Mário Soares. Pasta: 05222.000.157. Título: Enfermeira Nené Mendonça num hospital de campanha. Assunto: Nené Mendonça, enfermeira do PAIGC num hospital de campanha [Hospital Carlos Sequeira], interior da Guiné. Data: 1963-1973. Fundo: DAC – Documentos Amílcar Cabral. Tipo Documental: Fotografias.

Na imagem supra pode ver-se algumas caixas [de medicamentos?]. Na que aparece em primeiro plano está gravada a sua origem – Alemanha.

Oito anos depois da elaboração da carta de Lourenço Gomes agora divulgada, eis uma imagem da farmácia do hospital do PAIGC de Ziguinchor, seleccionada, com a devida vénia, da colecção do médico holandês Roel Coutinho.


ASC Leiden - Coutinho Collection - 22 20 - Ziguinchor Pharmacy head, Senegal - 1973. [Responsável da farmácia do hospital do PAIGC em Ziguinchor, enfermeiro Ramiro].

Termino, agradecendo a atenção dispensada.
Com um forte abraço de amizade e votos de muita saúde.
Jorge Araújo.
29OUT2018.

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Nota do editor:

Último poste da série > 23 de iutubro de 2018  Guiné 61/74 - P19129: (D)o outro lado do combate (37): A logística nas evacuações dos feridos do PAIGC na Frente Norte: As intervenções cirúrgicas na base do Sará: fotos do médico holandês Roel Coutinho (Jorge Araújo)

Guiné 61/74 - P19223: (De) caras (122): Fotocines que nós conhecemos no CTIG, em Piche e Cameconde (Hélder Sousa / José Diniz de Souza Faro)

 Hélder Sousa (ex-Fur Mil de Transmissões TSF,
Piche e Bissau, 1970/72)
1. Mensagem do Hélder Sousa, nosso colaborador permanente, com data de 14 do corrente, em resposta ao pedido da Marisa Marinho (*) e (**)

Conheci um fotocine, aquando da minha "aventura africana" na Guiné. Guardo dele as melhores recordações.

Era do Porto, amigo de um outro Furriel de Artilharia também do Porto (familiar da Yvette Centeno) e conhecemo-nos em Piche onde foi fazer passagem de filmes (mas já não me lembro o quê).

Quando vim de férias pela segunda vez (Março/Abril de 1972) e onde entretanto casei, estive numa espécie de "lua de mel" em Viana do Castelo e depois fui até ao Porto.

Nessa ocasião contactei o fotocine em causa (tinha o contacto dele, de então, e ele já tinha acabado a comissão, salvo erro) e foi de uma manifestação de amizade e solidariedade insuperáveis. Foi ter connosco (eu e a minha mulher), fez de cicerone pelos lugares interessantes do Porto, fomos à noite a um Bar que era moderno na altura, perto da Estação da Trindade, o "Corcel", salvo erro, onde se beberam uns whiskies que eram novidade,  "Passport Scotch". Para a manhã seguinte "proibiu-me" de chamar um táxi para nos levar ao aeroporto e lá estava ele, cedinho, à porta do Hotel na Av. dos Aliados para nos levar a tomar o avião para Lisboa (baptismo de voo oferecido à minha mulher).

Poucos dias depois foi o meu regresso à "terra quente", ficou a recordação e nunca mais houve contactos.

Por causa da Marisa coloquei-me a fazer buscas e neste momento já recordei o nome e até já me deram o contacto de telemóvel e o de e-mail. Envie-lhe hoje um mail a relembrar o episódio que acima relato e aproveitei também para falar do objectivo em causa.

Não lhe telefonei ainda pois espero que primeiro "digira" o que lhe enviei. Amanhã ou depois, se não houver reacção ao mail, telefono-lhe. Não sei qual poderá ser a sua (dele) postura. Pode ficar incomodado por ir buscar recordações. Pode ficar incomodado por um "artista" lhe aparecer agora a "querer coisas" ao fim de tanto tempo sem contacto. Pode não querer perturbações na sua vida pessoal e profissional, ele que é o proprietário de uma empresa gráfica....

E pode entusiasmar-se e querer colaborar.
Veremos
Hélder Sousa



José Diniz Carneiro de Souza e Faro,
ex-fur mil art, 7.º Pel Art (Cameconde,
Piche, Pelundo e Binar, 1968/70)

2. Comentário de José Diniz Carneiro de Sousa e Faro ao poste P19157 (*):

Cara Marisa,

Estive em Cameconde / Cacine de Abril de 1968 a Junho de 1969.

Neste período foi colocado na CART 1692 por castigo o Fur Mil Fotocine Esteves Pinto, um jovem revolucionário, natural de Porto que trazia colada na parte interior do seu caixote de roupa a  foto do Comandante 'Che' [Guevara].

A companhia era comandada pelo Cap Veiga da Fonseca, tendo como 2º Comandante o então Alferes António J. Pereira da Costa, agora Coronel, e membro da nossa Tabanca Grande.

Passados anos,  fiquei a saber que é jornalista e mora na zona da Foz/Matosinhos. Não consegui encontrá-lo ainda.

Um Abraço,
J.D.S.Faro
68/70

3. Mensagens de Marisa Marino:

(i) 2/11/2018

Olá, Luis e demais camaradas da Guiné que responderam ao meu pedido. (*) e (**)

Obrigada pela ajuda neste projecto, é-nos valiosa.

Se possível, gostava de lhe pedir ainda as seguintes alterações ao texto no blog: o telemóvel para contactos relativos aos Fotocines é o 969321386, que é o telemóvel de produção, e permanecerá activo para lá da minha curta participação no projecto. 

Pode facultar o meu mail: marisamarinho@gmail.com

O meu nome profissional é Marisa Marinho. Eu faço Pesquisa e Desenvolvimento para um Documentário da Realizadora Sabrina Marques, e a Produtora é a Real Ficção, do Rui Simões. (***)

Obrigada mais uma vez,

Sinceros cumprimentos,

Marisa

(ii) 14/11/2018

Boa noite Hélder/Luis,

muito obrigada pelos vossos esforços, por acreditarem no que ando para aqui a 'vasculhar'. Apesar de o filme não ser meu, todo o caminho que eu abro, todas as pessoas com quem falo, e todo o processo de descoberta, é para mim a experiência mais gratificante do mundo, podem ter a certeza.

A guerra e as paralelas à guerra - todas essas paralelas, que desobedientes, se cruzam, são essas linhas que quero mesmo conhecer.

Estou em crer que não vamos precisar de táxi, Hélder.
Mas a sua espera comove-me.
Obrigada.
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Notas do editor:

(*) 1 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19157: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (57): Contactos de fotocines precisam-se para documentário sobre o seu papel na guerra colonial (Hélder Sousa/ Marisa Marinho)

(**) Vd. poste de 14 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19194: Em busca de... (291): Fotocines que tenham feito a guerra do ultramar,,, Contactos, precisam-se, de António Heleno (Lisboa) e Vicente Batalha (Pernes, Santarém) (Marisa Marinho, telem 969 321 386)

(***) Último poste da série > 20 de outubro de 2018 > Guiné 61/74 - P19120: (De)Caras (124): O ex-padre italiano LIno Bicari foi meu professor em Bafatá, depois da independência, e casou com uma prima minha, Francisca Ulé Baldé, filha do antigo régulo de Sancorlã, Sambel Koio Baldé, fuzilado pelo PAIGC (Cherno Baldé, Bissau)

Guiné 61/74 - P19222: Parabéns a você (1529): José Saúde, ex-Fur Mil Op Esp do BART 6523 (Guiné, 1973/74)

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Nota do editor

Último poste da série de 19 de Novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19206: Parabéns a você (1528): Mário Migueis da Silva, ex-Fur Mil Rec Inf (Guiné, 1970/72)

quinta-feira, 22 de novembro de 2018

Guiné 61/74 - P19221: Convívios (882): Almoço anual da CCAÇ 557, levado a efeito no passado dia 10 de Novembro, em Sarilhos Grandes (José Colaço, ex-Soldado TRMS)



1. Mensagem do nosso camarada José Colaço, ex-Soldado TRMS da CCAÇ 557 (Cachil, Bissau e Bafatá, 1963/65), com data de 11 de Novembro de 2018:

Caríssimo Luís e editores
No dia 10 de Novembro de 2018, a Companhia de Caçadores 557 levou a efeito o seu trigésimo almoço de convívio, em Sarilhos Grandes, organizado pelo camarada João Casimiro Coelho, tendo no mesmo dia a junta de freguesia de Sarilhos Grandes inaugurado um monumento a todos os seus naturais que combateram pela Pátria, onde o nosso camarigo poeta popular Francisco dos Santos foi convidado a depor a coroa de flores no monumento, do qual anexo fotos.
A primeira, à placa, que foquei mais ao perto para se poder ler melhor.
Na seguinte o nosso poeta popular mais um elemento da GNR a transportarem a coroa de flores. Depois, de costas, o nosso Xico a depor a coroa de flores no monumento; e na última o monumento com a coroa de flores.

E de volta aos comes e bebes no restaurante Casa das Lamejinhas, que é uma cópia dos anos anteriores, com os abraços e beijinhos naquelas que fazem parte da família.
Anexo algumas fotos, a começar, à espera que o restaurante abrisse com a "carrinha-bar" e as entradas oferecidas pelo Coelho; a seguinte na sala com todos os convivas; o bolo de aniversário e por último a foto de família com os que restam ou não, mas devido às dificuldades e o peso dos anos é o que por hora se consegue reunir.

Para fechar o programa anexo o poema com que o nosso poeta nos presenteou este ano de 2018

Um abraço.








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Nota do editor

Último poste da série de 20 de novembro de 2018 > Guiné 61/74 - P19211: Convívios (881): Festa do Magusto da Tabanca de Matosinhos (José Teixeira)