Nova Iorque > março de 2020 > Vilma e João Crisóstomo, "trancados em casa", por causa da pandemia de COVID-19, decidiarm abancar no quintal e fazer um piquenique: "Sardinhas de Peniche; “coronita” mexicana (, a sério mesmo: é uma "corona”, cerveja mexicana, em garrafa mais pequena e daí o nome “coronita”); pão português (para comer a sardinha como deve ser à portuguesa), enfim, para fazer esquecer o famigerado coronavírus…
Fotos (e legenda): © João Crisóstomo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do nosso camarada e amigo João Crisóstomo, luso-americano, natural de Torres Vedras, conhecido ativista de causas que muito dizem aos portugueses: Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes... Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, foi alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; é casado, desde 2013, com a nossa amiga eslovena, Vilma Kracun]
Date: quinta, 26/03/2020 à(s) 23:01
Subject: Em quarentena em Nova Iorque, batalhando o coronavirus com "Coronita" mexicana e sardinhas de Peniche...
Fotos (e legenda): © João Crisóstomo (2020). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem complementar: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]
1. Mensagem do nosso camarada e amigo João Crisóstomo, luso-americano, natural de Torres Vedras, conhecido ativista de causas que muito dizem aos portugueses: Foz Côa, Timor Leste, Aristides Sousa Mendes... Régulo da Tabanca da Diáspora Lusófona, foi alf mil, CCAÇ 1439 (Enxalé, Porto Gole e Missirá, 1965/67): vive desde 1975 em Nova Iorque; é casado, desde 2013, com a nossa amiga eslovena, Vilma Kracun]
Date: quinta, 26/03/2020 à(s) 23:01
Subject: Em quarentena em Nova Iorque, batalhando o coronavirus com "Coronita" mexicana e sardinhas de Peniche...
Caro Luís Graça,
Gostei de poder falar ao telefone. Obrigado. Mesmo meio aquarentenado, como estás também, não sei como consegues tempo para tanta coisa…
Há duas semanas que nós quase não saímos de casa: contra a opinião do Senhor Trump que dizia, que graças à sua sábia decisão de ter parado os voos de e para a China, os 15 casos de coronavirus na altura nos USA cedo seriam reduzidos a zero e tudo voltaria ao normal...
Logo que os especialistas de saúde começaram a dizer que as pessoas com mais de sessenta anos ( e nós já vamos nos setentas bem entrados) deviam evitar sair de casa, nós pegamos no carro e fomos ao armazém. Pelo sim e pelo não abastecemo-nos para duas ou três semanas. E passados dias, com as notícias a ficarem mais alarmantes, voltamos ao mesmo armazém para reabastecimentos mais prolongados , mas desta vez já havia fila e alguns materiais a desaparecerem como era foi o caso de sabão para as mãos que depois conseguimos encontrar noutro lugar.
Nota do editor:
Último poste da série > 28 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20690: Tabanca da Diáspora Lusófona (7): A história de mil anos de Portugal explicada numa hora à comunidade eslovena em Nova Iorque (João Crisóstomo) - IV (e última) Parte
Logo que os especialistas de saúde começaram a dizer que as pessoas com mais de sessenta anos ( e nós já vamos nos setentas bem entrados) deviam evitar sair de casa, nós pegamos no carro e fomos ao armazém. Pelo sim e pelo não abastecemo-nos para duas ou três semanas. E passados dias, com as notícias a ficarem mais alarmantes, voltamos ao mesmo armazém para reabastecimentos mais prolongados , mas desta vez já havia fila e alguns materiais a desaparecerem como era foi o caso de sabão para as mãos que depois conseguimos encontrar noutro lugar.
E desde então o triste pandemónio e tragédia que viamos com apreensão noutros lugares mundo fora chegou aqui. Ontem as autoridades internacionais de saúde avisavam que o que sucedeu na China, Itália e Espanha pode vir a acontecer brevemente a Nova Iorque . Infelizmente os números desde então (que as notícias agora não variam dia a dia mas de hora a hora) parecem confirmar esse prognósitico.
Como toda a gente, que de boa vontade ou sem ela é obrigada a obedecer a instruções cada vez mais restringentes, passamos o tempo dentro de casa… E como não sou muito de facebook e coisas assim, tenho aproveitado o tempo para falar/ chamar os nossos amigos— os que ainda respondem ao telefone; quando este falha vai então uma mensagem por E mail.
Até consegui apanhar e falar com a São, esposa do nosso saudoso Eduardo. Desta maneira já avisei ---a quem consegui chegar ---que o nosso encontro da "Tabanca da Diáspora luso-americana" tentativamente programado para 31 de Maio em Newark foi adiado, ainda sem outra data, possivelmente para fins de Outubro.
Até consegui apanhar e falar com a São, esposa do nosso saudoso Eduardo. Desta maneira já avisei ---a quem consegui chegar ---que o nosso encontro da "Tabanca da Diáspora luso-americana" tentativamente programado para 31 de Maio em Newark foi adiado, ainda sem outra data, possivelmente para fins de Outubro.
Além da televisão e alguns jornais "on line" que subscrevo, o nosso blogue tem sido valioso para "ajudar a passar o tempo". Sigo:
(i) os muitos e bons trabalhos do Beja Santos ;
(ii) o conselho do régulo Jorge Araújo para não perder a validade da "bicha de pirilau":
(iii) o José Belo e as suas vodkas curativas;
(iv) o drama do Constantino Ferreira, apanhado num cruzeiro no cabo do fim do mundo a querer voltar ao nosso torrão natal;
(v) as " favas suadas" e o "butelo com casulas" … da Alice Carneiro (, sua "malvada" que me deixaste com água naboca !)… ; enfim…
(i) os muitos e bons trabalhos do Beja Santos ;
(ii) o conselho do régulo Jorge Araújo para não perder a validade da "bicha de pirilau":
(iii) o José Belo e as suas vodkas curativas;
(iv) o drama do Constantino Ferreira, apanhado num cruzeiro no cabo do fim do mundo a querer voltar ao nosso torrão natal;
(v) as " favas suadas" e o "butelo com casulas" … da Alice Carneiro (, sua "malvada" que me deixaste com água naboca !)… ; enfim…
Mas por mais que queiramos não é fácil deixar de sentir este forçado isolamento.
E da mesma maneira que a necessidade faz o ladrão, este coronavírus veio tornar realidade o que há muito tempo desejava acontecesse , mas que via nunca suceder: a Vilma finalmente resolveu fazer um esforço maior para aprender português….mal podes imaginar o quanto sido engraçado… mas o pior é que, " para que ela não esmoreça" eu me senti agora mais obrigado a aprender mais um pouco de esloveno. E para quem quem não conhece esloveno… nem pensem em começar. Mas que língua mais complicada!… mesmo para um indivíduo que teve sorte em ter alguns anos de latim como alicerce , depois reforçados com estadias em Franca, Inglaterra e Alemanha (e por força de inesperadas situações de trabalho e exigências profissionais também alguma "experiência" de espanhol e italiano... isto é problema mesmo sério… Calem-se do grego e do alemão as dificuldades das declinações; e do latim e do francês as sensibilidades e insinuações.. E se alguém não me quer acreditar… desafio a provarem-me errado nas minhas impressões…
Hoje numa das minhas chamadas telefónicas fui convidado por um amigo a ir passear para a praia de "Jones Beach", ( a uma hora e meia daqui ):. Que não havia problema nenhum pois são muitos quilómetros de praia, agora totalmente deserta. E a Vilma logo se apressou a apoiar a idéia! … Fiquei sem jeito! Puxa vida, disse eu para mim mesmo, com a memória duma queda ainda bem fresca , mesmo com um braço ainda meio amarrado, vejam a que ponto chegamos, só porque uma possibilidade e a ideia de sair desta"prisão" de repente apareceu .
De jeito nenhum, foi a minha resposta imediata. Ando eu com um frasco de álcol sempre na mão a desinfetar e pulverizar á minha frente, à esquerda e à direita..., sempre a desviar-me de alguém, conhecido ou não que aparece no caminho como se de um diabo se tratasse … e agora estão-me a falar em ir passear na praia… e de repente pareceu-me a salvação:
- Vilma, está um dia cheio de sol, sem vento... porque não fazemos antes um "almoço picnic" no quintal?
E se bem pensado... logo feito: preparei o "fogareiro" a brasas ( carvão natural, comprado numa loja portuguesa ), busquei as sardinhas do congelador; pão português e até o resto dum frasco de tremoços… e a Vilma logo se lançou, mesmo com o braço meio ligado ainda, a preparar a sua salada… e não se pensou mais em sair de casa, "não vá o diabo ser tendeiro"…
Para te fazer crescer a água na boca como me sucedeu com as " favas suadas" aqui te envio umas fotos para mostrares à tua Alice e outros se assim bem entenderes …
- Vilma, está um dia cheio de sol, sem vento... porque não fazemos antes um "almoço picnic" no quintal?
E se bem pensado... logo feito: preparei o "fogareiro" a brasas ( carvão natural, comprado numa loja portuguesa ), busquei as sardinhas do congelador; pão português e até o resto dum frasco de tremoços… e a Vilma logo se lançou, mesmo com o braço meio ligado ainda, a preparar a sua salada… e não se pensou mais em sair de casa, "não vá o diabo ser tendeiro"…
Para te fazer crescer a água na boca como me sucedeu com as " favas suadas" aqui te envio umas fotos para mostrares à tua Alice e outros se assim bem entenderes …
A Vilma envia um beijinho à Alice (, dá lhe um outro meu!) e manda outro para ti.
Um abraço grande para ti, teus colaboradores mais próximos e todos os nossos camaradas.
João e Vilma
Legendas: Sardinhas de Peniche; "coronita" mexicana (. a sério mesmo: é uma "corona", cerveja mexicana, em garrafa mais pequena e daí o nome "coronita"); pão português, para comer a sardinha como deve ser à portuguesa… e para fazer esquecer o famigerado coronavirus…
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Nota do editor:
Último poste da série > 28 de fevereiro de 2020 > Guiné 61/74 - P20690: Tabanca da Diáspora Lusófona (7): A história de mil anos de Portugal explicada numa hora à comunidade eslovena em Nova Iorque (João Crisóstomo) - IV (e última) Parte