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segunda-feira, 19 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26816: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (40): Quem não arrisca, não petisca

Guiné > Zona leste > Região de Bafatá  O Rio Geba... Estreito (do Xime para montante),  c. 1970, no tempo seco... O rio era navegável de Bissau até Bafatá!... Mas normalmente, as embarcações (civis, os " barcos- turras") iam até Bambadinca... As LDG ficavam pelo Xime, mas chegavam a Bambadinca, pelo menos até a 1968... Dois pontos vulneráveis do percurso eram a Ponta Varela (na margem esquerda do Rio, entre a Foz do Corubal/Ponta do Inglês e o Xime), e o Mato Cão (entre o Xime e Bambadinca, no troço serpenteante do Geba Estreito).

Guiné > Zona leste > Região de  Bafatá > Bambadinca >  Tasca do Zé Maria > Um dos nossos poucos luxos no mato... Os famosos lagostins do Rio Geba Estreito... Da direita para a esquerda, três camaradas da CCAÇ 12 (1969/71) : o Humberto Reis, o Tony Levezinho e o José António G. Rodrigues (já falecido).  A foto terá sido tirada por mim (LG).

Fotos do álbum do Humberto Reis, ex-fur mil op esp (CCAÇ 12, Bambadinca, 1969/71)

Fotos: © Humberto Reis (2006). Todos os direitos reservados. [Edição e legendagem: Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné]


Contos com mural ao fundo >  Quem não arrisca,  não petisca

por Luís Graça

No teu tempo de Guiné era raro comer-se peixe nas messes e ranchos da tropa. A não ser em conservas (cavala, atum, sardinha...). A indústria conserveira sempre se deu bem com as guerras. Depois da indústria de guerra, claro...

Peixe fresco ?!... Nem vê-lo. Peixe ?!...  Só se fosse alguma pescada congelada, chegada na véspera ou no próprio dia, vinda de Bissau, na avioneta, a DO-27.

 A maldita pescada marmota rançosa! ... A saber a fénico.

Sim, de vez em quando, recordavas tu, os "caixeiros" (como tu chamavas aos "intendentes", os homens da Intendência) lembravam-se dos desgraçados que passavam fome no mato, mandavam-lhes algumas caixas de "frescos" (ovos, legumes, fruta, congelados...). Nunca ou  raramente carne, a não ser frango de aviário. E muito menos peixe, com tanto mar e rio ali à volta de Bissau!...(E se havia peixe naqueles grandes rios ou braços de mar, do Cacheu ao Cacine, do rio Corubal ao rio Grande de Buba, sem esquecer o ubérrimo estuário do Geba, o rio Mansoa, e até o rio Undunduma, cujo destacamento era vital para a defesa da estrada Xime-Bambadinca!).

 Porca miséria!

Nunca ninguém se revoltava. Isso é que era surpreendente. Era mais fácil haver um levantamento de rancho num quartel da metrópole do que algures no mato, na Guiné. 

O soldado português aceitava estóica e resignadamente, não a "fome" (o que podia ser mal interpretado pela hierarquia militar, como um ato de indisciplina ou insubordinação e, para mais,  em tempo de guerra,  passível até de ser um crime de lesa-pátria) mas a pobreza franciscana das ementas dos vagomestres, tão coitados e pobres como nós.

− Fome, camarada ?!

− Sim, vais-me dizer que não!?

Nunca passaste fome, não senhor. Fome propriamente dita, não, graças a Deus. No rancho, havia sempre pão e vinho sobre a mesa... E mais a sopa e algum conduto, como na casa pobrezinha mas honrada dos teus pais.  

Nunca passaste fome, não, senhor,  desde que  houvesse pão e vinho e latas de conserva, salpicão  ou chouriços enviados de casa pelo correio,o SPM, o Serviço Postal Militar. Vinho ? De preferência,  cerveja... Mesmo que gastasses o "patacão" todo do mês em  "bazucas", a garrafa de cerveja de 0,6l.

Na mesma avioneta vinha o correio, que era tão ou mais sagrado que "o pão nosso de cada dia". Claro, que não faltassem a farinha e o fermento para o padeiro fazer o milagre da multiplicação do "casqueiro"...

-- Não sei o que seria de nós sem casqueiro nem correio!

O pão e as notícias, molhadas e  quentes, da longínqua terra natal (estamos a falar de 4 mil km de distância, cinco dias de viagem de barco, 3 horas e tal de avião), ajudavam a suportar melhor o pesadelo daqueles dias e noites sem fim.

− Pesadelo ?!...

− Podes crer!... Prisão, desterro, sem culpa formada. 

 Culpa ?!... Só se fosse por seres filho de pais portugueses...

Ao fim daqueles meses todos em que se reforçaram os laços de camaradagem,  havia já um certo espírito de corpo que te impedia de seres do "contra"...

− Do contra ?! 

− Pior: dissolvente!... Mais do que subversivo...

O pide de Bafatá adorava o termo. Subversivo era o turra, dissolvente era  a tropa que o não combatia e aniquilava, que acampava no mato, que não acreditava na vitória...  Deixava depois  no ar a insinuação de que o Spínola e a sua "entourage"  (o pide era filho de "imigras" e fluente em francês ) estavam a criar um clima "dissolvente" no seio das Forças Armadas e da população da província, suscetível de criar brechas na muralha da coesão do "todo nacional". Sobretudo com essa mania da "psico"...

 Qual psico, qual carapuça! ... Então um tipo,  investido de autoridade, um cipaio, um chefe de posto, um administrador de circunscrição, um agente da Polícia Internacional e Defesa do Estado, como eu, já não podia dar um tabefe num preto, "turra",  sem que o gajo ou um primo dele  não fosse logo a correr a Bissau fazer queixinhas ao Caco Baldé ?!...

Pois claro, "para uma Guiné melhor"!... Que para pior já bastava assim!... 

Encontraste-o ocasionalmente no café do Teófilo... Duas vezes ou três vezes,  se tanto...Não parecia ter sentido de humor... E, se o tivesse, nunca poderia ter sido pide...De qualquer modo, confessas, não lhe deste grande troco, e detestavas ver alguns dos teus amigos a "acamaradar" com ele...  Intrigava-te vê-lo ali, no café de um homem que se dizia ter sido desterrado no final dos 20 por atentar contra a segurança do Estado...

A primeira vez que o viste, tinha levado porrada num rusga noturna, lá no bairro da Rocha, em Bafatá...Mas ficaste sem saber por que é que um gajo (que ele disse que era "turra" ou "suspeito") lhe dera uma valente dentada no nariz ou numa orelha...

Mas voltando ao "casqueiro nosso de cada dia"..

− Os gajos do PAIGC − ironizava o "ranger" − podiam combater de barriga vazia (ou com um punhado de arroz cozido no bucho)... Mas não o Zé Soldado, o  "tuga", que antes de sair para o mato,  aí às três ou quatro da madrugada, já levava no bucho meio "casqueiro",  a sair, quente,  do forno,  com  marmelada,  e uma meia de leite (em pó) ou uma caneca de café de chicória.

E lançavas tu mais lenha para a fogueira:

− ...Marmelada que fazia uma sede do caraças!... Claro que, ao fim da manhã, já tinha despejado os dois cantis de água que levava à cintura... E num deles já tinha mijado... Era o cantil SOS...Mais valia, numa aflição, o próprio mijo com desinfetante do que a água preta da bolanha (sabe-se lá até se não estaria envenenada!)... 

O "ranger" era um dos teus companheiros de mesa. Acabaras de o conhecer, num dos almoços-convívios da Tabanca da Linha. Associava-se, assim, à conversa que tu e a malta à tua volta haviam  entabulado sobre o sempre presente e momentoso problema dos comes e bebes da tropa no TO da Guiné.

Não gostaste da maneira, um bocado desabrida e sobretudo despropositada,  como se referia à "tropa-macaca" que estaria mal preparada para "vencer e convencer" naquele difícil teatro de operações... Mas tinhas que lhe dar razão: aquela guerra deveria ter sido feita pela "elite da tropa,  rangers, comandos e parafusos" ( sic).

Este encontro deve ter ocorrido por volta de 2014, ainda o saudoso "régulo" Jorge Rosales era vivo... Confessou-te, o "ranger", que tinha sido um dos primeiros do curso de operações especiais em Lamego. Mas de nada lhe valera a alta classificação que tirara: acabou por ir  "parar com os cornos" (sic) à "maldita Guiné das bolanhas, dos mosquitos, do Cabral e da Maria Turra"...

Devia usar a mesma linguagem desbragada de há 40 e tal anos atrás. Tu e ele não se conheceram lá,   ele era "mais antigo, o que na tropa era um posto". Do tempo do Schulz.  Mas ambos, tu e ele,  tinham passado pelo Leste. 

O "ranger" era de uma companhia açoriana ou madeirense (não fixaste esse pormenor),  com alguns graduados continentais, como ele. E também eram pau para toda a obra, aqueles desgraçados dos ilhéus. Madeirenses e  açorianos sempre foram maltratados pelos senhores da guerra, que eram continentais...

O "petisco", nessa quinta feira, ao almoço, nesse já longínquo ano de 2014,  era magnífico, um regalo para os olhos, o palato e até o olfato: um divinal arroz de marisco, com generosa presença de lavagante... E tudo, vinho e sobremesa incluídos, pela módica quantia de 15 euros... Estava-se ainda em tempo de crise, mas ela, como sempre,  não era para todos. Como acontece, afinal,  em todas as crises.  

Ainda te lembravas do  nome do restaurante (e casa de chá!), "Oitavos", ali na estrada do Guincho, com uma vista privilegiada sobre o Atlântico. Na altura, só abria para grupos e em ocasiões especiais. O "régulo" Rosales, antigo salesiano, "menino da Linha", tinha um bom capital de relações sociais... E lá descobria estes "retiros fora de portas"... Aliás, como ele amava a vida e prezava a camaradagem, o Rosales!

À boa maneira portuguesa, tu, o "ranger" e os demais convivas, à volta da mesa, continuaram a comer e a falar de comida. Na tropa, na Guiné. E da fome e da sede, mais do que da guerra propriamente dita. 

Infelizmente não havia no grupo nenhum antigo vagomestre que pudesse falar, com melhor conhecimento de causa, dos problemas de abastecimento e de alimentação durante a guerra. 

Mas vieram ao de cima algumas recordações, "umas boas, outras más", desse tempo e dos lugares de que tu e ele  ainda se lembravam.  

  Eh, pá, o peixe que havia era da bolanha!  − gritou alguém do outro lado da mesa. − A gente chamava-lhe o peixe nharro. E até nem era mau.

Lembravas-te, sim, de algum peixe que os teus soldados apanhavam (muitas vezes com granadas deso, ofensivas) e que eram parecidos com o bardo, de pele escamuda, verde-escura, e que achavas repulsivos, habituado à sardinha, ao chicharro, ao robalo do mar do Cerro, a sul das Berlengas.  

E, no início, confessas,  nem sabias distinguir bem onde começava e acabava uma bolanhas  (também nunca tinhas visto  um campo de arroz na tua terra, só searas de trigo!), tal o emaranhado de rios, rias, riachos, braços de mar, tarrafos, mangais, palmeirais,  trilhos, picadas...

Achavas que conhecias bem o rio Geba, Estreito, o Xaianga, entre o Xime e e Bafatá, em especial na zona de Bambadinca, onde havia um porto fluvial. Mas não conhecias. Patrulhaste as duas margens lodosas, e de contornos indefinidos. Montaste segurança à navegação fluvial e emboscadas aos "turras" na margem direita, perto do Mato Cão. Às horas mais desencontradas...que as marés eram quem regulava  o trânsito fluvial.

No tempo das chuvas, o Geba e os seus afluentes eram uma massa pastosa, barrenta,  outrora infestada de crocodilos (garantiam-te os teus soldados fulas, os mais velhos, o que em África queria dizer  mais sábios e respeitados).

Quando "cambavas" o rio, eles não se viam, os "alfaiates". Mas tu tinhas muito respeitinho  por  aquelas águas onde quem lá caísse, nunca mais voltava à superfície, jurava o barqueiro da canoa comprida  que levava dez homens armados, uma secção, de cada vez para a bolanha de Finete. Mas ai deles  se fossem apanhados pelo macaréu... 

O macaréu fazia-se anunciar ao longe,   pelo ruído, o tropel de uma manada de cavalos, e sobretudo pela forma, a de uma onda com o aspecto de rolo compressor... Era como um pequeno tsunami. 

Já no caso do "barco-turra",  que tinha "as quotas em dia pagas no cais do Pijiguiti ao Partido", sempre achaste  estranho que o "patrão" mandasse apitar três vezes no regresso a Bissau, em noite clara de luar e em plena maré cheia... Claro que era um sinal de código.  Mas às vezes o "barco- turra" lá calhava ser atacado, por engano ou não, na Ponta Varela ou no Mato Cão...  Dizia a voz do povo que, afinal,  "não tinha as quotas em dia"... Ou então era o comandante de bigrupo,  emboscado numa das margens, que estava bêbado....

Não eras, tens de reconhecer, um grande aventureiro, nunca darias á  Pátria um bom explorador  como o Serpa Pinto ou o Roberto Ivens. Muito menos um bom soldado como o Mouzinho de Albuquerque. E seguramente não querias ser um herói... Menos ainda um herói morto. Aquela guerra, a Guiné, a Casa Gouveia, o BNU, não, não valiam o teu cadáver.

− Devias ter passado por Penude... Uma escola de virtudes!... 

− Penude ?!...

− Centro de Operações Especiais, nos arredores de Lamego!...Mas aquilo era só para gajos de barba rija!...

Aparte as provocações do "ranger", também pensavas que sim, nem tu nem ninguém da "tropa-macaca" vinha bem preparado para aquele terreno, aquele clima, aquela guerra... E muito menos para passar fome e sede.

E foste buscar o exemplo de Nhabijões onde estiveste destacado quinze dias. Paradigmático. A população, sem ser abertamente hostil à nossa tropa, tinha  "parentes no mato".  E recebia-os em casa, como tu receberias o teu pai, a tua mãe, os teus irmãos, os teus tios e primos, se estivesses no lugar deles... Mesmo correndo riscos... 

Foi construído um grande reordenamento com 300 moranças,  cercada de arame farpado. Um dos maiores, senão o maior da Guiné. Com  escola, posto sanitário, lavadouros, fontanário, mercado, mesquita ... No Vietname, chamavam-lhe, em 1962,  "aldeias estratégicas"... Falharam. Na Spinolândia, foram um sucesso!... E um desaire para o PAIGC, tens de concordar.

Todavia, era  completamente impossível, técnica, humana e militarmente falando, controlar aqueles milhares de almas,  vigiar as saídas e as entradas da população que ia trabalhar na bolanhas, ou caçar ou pescar ou apanhar  lenha. 

Os idiotas do batalhão, lá nos mapas deles, puseram um pionés de cabeça  cor de rosa, querendo dizer que era "população (pop) sob duplo controlo"... O Zé Soldado não entendia patavina  daquela conversa do "mandjor":

− Quer-se então dizer que de dia a pop é nossa, e à noite é deles ?!...

O "tuga" podia ser básico mas não era estúpido:

− Olhavas para um balanta, e depois ?! Eram todos turras!...

− ... E tresandavam a vinho de palma ainda a fermentar no garrafão!... Só o cheiro dava logo volta às tripas de um gajo!− sentenciava o "ranger",  categórico.

− Não sejas tão primário,  para não dizer racista... Havia balantas entre as nossas tropas e alguns, coitados, pagaram bem caro, com a vida, a sua colaboração com os "tugas"!

− Pois é, apostaram no cavalo errado, a guerra é uma lotaria...

− Estás a ser cruel!...

− Além disso, andavas fardado e armado, como eu, éramos todos iguais, tropa do exército português... Quem vê fardas, não vê corações...

− ... exército colonial-fascista, ainda por cima!

− Fica sabendo que nunca ouvi isso da boca daquela gente... Só da sacana da "Maria Turra"!...De qualquer modo, nunca conheci esse tal reordenamento de Nhabijões 
− esclareceu o "ranger" (que, segundo te disse, tinha sido promotor imobiliário no Algarve, depois da tropa).

Tu, no escasso tempo em lá estiveste, em Nhabijões, nunca conseguiste ganhar a confiança daqueles balantas e alguns mandingas para poder observá-los, acompanhá-los no seu quotidiano, aprender alguns termos da sua língua...

−  Quais tempos livres ?! Estavas vinte e quatro  horas de serviço, sete dias por semana!.. Não havia folgas no destacamento...

E depois aquilo era um depósito de básicos,  "cacimbados", malucos, convalescentes,  "desenfiados", aleijados ou de gajos com porradas que ninguém queria ter nos seus pelotões. 

Era a escória  do batalhão que te mandavam de reforço ao teu grupo de combate,  já de si desfalcadíssimo. O alferes ia dormir em cama fofa em Bambadinca, tu aguentava os cavalos.  

 O que farias com aquela maltosa toda, que mal sabia manejar uma arma, em caso de ataque ?!

Era uma força  simbólica que estava ali a guardar a bandeira nacional! ... Guardar ?!...

O major, que temia  a ira do Spínola (e Nhabijões era uma das suas "meninas bonitas"), resumia a questão da soberania nacional à bandeira verde-rubra das quinas a flutuar por cima da cabeça dura dos balantas... E daqueles pobres diabos,  que defendiam o "fortim'" (como outrora defenderiam o "quadrado"...), à entrada do reordenamento, e que só pensavam no panelão que lhes traziam  nesse dia, para o almoço:

− Será esparguete com cavala... ou cavala com esparguete ?

 − De resto, podíamos ser todos apanhados a mão, essa é que é essa!... 

Dormiam nos postos de sentinela ou então desatavam aos berros às tantas da noite porque tinham visto turras no arame farpado... 

Não havia luz elétrica... E o vento fazia  tilintar as garrafas de cerveja atadas em cachos no arame farpado... Ou às vezes eram os animais selvagens ou até os próprios cães da população que pregavam cagaços ao pessoal... Por razões de segurança também não havia campos de minas nos reordenamentos. Por isso era fácil os "gajos" entrarem por ali adentro, sorrateiros, armados...

 − Os "gajos"...?!

 − Sim, quem havia de ser ?!... Os "turras"!

 Obviamente que isso nunca aconteceria,  um ataque direto ao destacamento  que, de resto, mais parecia um daqueles fortes dos filmes do faroeste,  feitos com troncos de árvores que as buldózeres haviam arrancado nas terraplanagens... Enfim, o PAIGC não estava interessado  em que a população sofresse retaliações por parte das NT nem muito menos alienar o  indispensável apoio dos "seus balantas"...

− Nunca se atreveram, no meu tempo, a atacar ou flagelar o destacamento (que, de resto, era um alvo fácil)... Nem no dia de Natal nem no Ano Novo (estávamos de prevenção)...

Sim, é verdade, mas no dia 13 de janeiro de 1971, puseram-te duas valentes minas anticarro à saída do destacamento,  sabendo, pelas rotinas da malta,  que às 11h00, religiosamente,  iria lá passar o Unimog (o "burrinho") para  buscar a comida do almoço a Bambadinca!...

Dois presentes envenenados, um morto, uma porrada de feridos graves, duas viaturas destruídas, o piquete destroçado...

− Um ano e tal depois, o meu antigo  grupo de combate limpou o sebo ao Mário Mendes, um dos gajos que pôs as minas.

− Também era o nosso lema, "Cá se fazem, cá se pagam!" − arrematou o "ranger".

... A Guiné, vistas de cima, de avião, parecia um paraíso... Quando foste uma vez a Bissau, de avioneta,  ficaste deslumbrado, com todos aqueles braços de mar, rios, rias, canais, lalas, bolanhas, água, ouriques, florestas cerradas... Mas, não,  aquela não era a tua terra. Nem o verde dos teus pinhais, nem a areia branca das tuas praias.... E havia demasiadas armas espalhadas ao redor. E, seguramente, nenhuma delas estava em boas mãos.

Hoje tens pena de não podido circular livremente por Nhabijões e  e outras tabancas balantas em redor (como Mero, Santa Helena, Fá Balanta...) até à grande e bela bolanha de Samba Silate,  um símbolo trágico daquela guerra... Toda aquela população, que escapara ao cerco da tropa, acabará por fugir para o mato, nos anos de chumbo de 1963, diziam-te os teus soldados...

Do rio Geba, só te lembras de comer lagostins... Nunca te tinha passado pelo "estreito", o lagostim do rio, embora na tua terra houvesse bom marisco (lagosta, lavagante, santola, sapateira, navalheira,..., mesmo que a lagosta já fosse a 7$50, diretamente do pescador, no cais acostável de Paimogo ou do Porto das Barcas, e o tamboril se deitasse fora, por não ter valor comercial!)...

Era, em Bambadinca, na tasca do Zé Maria, um branco, comerciante, que cultivava algum mistério. O "alfero Cabral" gostava dele e dava-lhe corda. Passava sempre por lá para beber o último copo, e ganhar balanço  até Fá Mandinga...

Dizia-se que o Zé Maria "estava feito com os turras!"... Era a habitual suspeita dos militares em relação aos poucos comerciantes brancos que restavam no mato, e que precisavam, para sobreviver, tanto dos favores da tropa como do PAIGC.  

Nunca conseguiste ( nem sequer procurasse ) ganhar a confiança dele, mesmo sendo cliente da tasca, mistura de loja e bar com ar decadente, junto ao porto fluvial de Bambadinca. Claro que o tipo fazia-se pagar bem pelo petisco, 50 pesos o quilo o lagostim cozido (com muito piripiri), fora a cerveja. Nunca soubeste quem era a cozinheira ou o cozinheiro.  E muito menos quantos pesos pagava ele ao mariscador...

A população do mato  "cambava" o rio Geba, quase nas barbas da tropa,   e ia ao Zé Maria abastecer-se : tabaco, redes mosquiteiras, panos, petróleo, fósforos, sal, cachaça... 

Também vendia vacas, ao que parece... À tropa. 

Mais acima,  a meia encosta, perto do morro onde ficava o quartel e posto administrativo de Bambadinca (a escola, a capela, o depósito de água, a missão católica, etc.) havia a loja do Rendeiro que era, soubeste mais tarde, cinquenta anos depois, "informador da Pide". 

Tinha a cabeça a prémio, por traição ao PAIGC. Fizera-se passar, no início da guerra, em setembro de 1963, por simpatizante do partido de Amílcar Cabral... E escrevera uma carta ao "senhor engenheiro" a jurar fidelidade e lealdade... Afinal, era casado com uma guineense. E a sua terra era a dos seus filhos... Escolhas difíceis, quando se é apanhado por uma guerra.

 Quiseram-no levar a Conacri para o "beija-mão"... Acabou por fintá-los, em Dacar... E dar preciosas informações à tropa, no regresso, m Bissau... Nunca lhe perdoaram o embuste de se fazer passar por simpatizante do Partido, só para salvar a pele... Teve que trocar Porto Gole por Bambadinca, por razões de segurança... Tê-lo-iam fuzilado, sem apelo nem agravo, se o voltassem a agarrar...

Era casado com uma mandinga, a Auá,  e tinha um rancho de filhos.

Em suma, ambos jogavam com um pau de dois bicos, tanto o Zé Maria como o Rendeiro. Havia ainda um terceiro branco, ou cabo-verdiano, que pertencia à Casa Gouveia... Ia à missa, e irá escutar e anotar, mais tarde, as famigeradas homilías do capelão Puim... 

Aqueles homens estavam entalados, não tinham grande margem de manobra e sabiam que nunca teriam futuro com o fim da guerra...

Em todas as guerras, os comerciantes procuram tirar o melhor partido da situação-limite que é a guerra... Afinal, a tropa precisa de comer...

Não te lembras de ter comido peixe na casa do Rendeiro. A galinha ou o caldo de chabéu era, invariavelmnete, o melhor petisco  que ele podia oferecer a alguns dos seus convidados, os "milicianos" de Bambadinca...

Não sabes se alguma vez convidou o comando do Batalhão  de Bambadinca, o tenente-coronel e os dois majores, além dos capitães... É muito pouco ou nada provável. Sentia-se mais à vontade com "os senhores alferes e furriéis" da companhia africana, que a si próprios se intitulavam "nharros de 1ª classe" (sendo os seus soldados,  guineenses, de 2ª classe)... E era a companhia  que podia defender Bambadinca em caso de ataque. E salvar a sua casa e a sua família. Isto, se não andasse na "porrada", no mato.  

No intervalo, entre as frequentes saídas para o mato, os soldados viviam nas tabancas em redor, com as suas famílias, a de cima e a de baixo, a G3 e as cartucheiras e as granadas de mão sempre à mão de semear... Os graduados dormiam (às vezes) no quartel, sobranceiro á  grande bolanha de Bambadinca (em mandinga, a "cova do lagarto").

O Rendeiro tinha uma ampla morança, com telhado de chapa de zinco, logradouro e estaleiro de materiais, mesmo junto ao arame farpado. Não estava  livre de ser surpreendido à noite pelos "turras", em caso de ataque.  A mãe dos seus filhos (e também a belíssima cozinheira do caldo de chabéu) nunca te fora apresentada.  Nem a ti nem a ninguém.

Era um homem nervoso, seco de carnes, magro de cara e corpo, marcado pela malária, e "cafrealizado", que se enterrara naquelas terra palúdicas  muito jovem, com 17 anos, fugindo da miséria da sua terra, ali para as bandas da ria de Aveiro... Tinha uma camioneta a cair aos bocados que era alugada  de vez em quando à tropa  para fazer colunas logísticas a Mansambo, Xitole, Saltinho, Galomaro... Ele e os demais comerciantes da região viviam também destes "biscates" da tropa... Sempre entrava em casa mais algum patacão.

Dizem que terá tido "manga de problemas" a seguir ao 25 de Abril, e que inclusive teria estado  na iminência de ser linchado... Terá sido a tropa que o salvou... 

− Quem não arrisca, não petisca... − comentou o "ranger",  já no final da  conversa.

Como querendo dizer: a vida não é de quem a perde, é de quem  arrisca,  ou sabe arriscar, pondo-a em jogo... Como na lerpa. E "quem não arrisca, menino, não petisca"... 

Como o pobre armador da tua terra, que foi nove vezes à Mauritânia pescar goraz... Fez uma fortuna... Levava batatas para os sarauís da Frente Polisário. Havia um acordo tácito. Em troca, deixavam-no pescar mesmo junto à costa... Na 10ª viagem, quis encher o barco até ao teto, era "uma pescaria só para os camaradas da companha", "iam ficar todos ricos, com o melhor goraz do mundo". E depois, arrumava as botas e vendia o barco...

Arriscou, pela 10ª vez... Uma "roquetada" atingiu a casa das máquinas, houve uma morto (o motorista) e vários feridos... Teve de cortar as redes e zarpar com a máxima velocidade... Conseguiu chegar a Peniche, depois de socorrido no Algarve. Nunca mais foi pescador nem armador,  muito menos homem. Um dia contou-te a sua história, trágica... Estava bêbedo que nem um cacho... Uma ruina humana.

E tu lembravas-te, também,  de outros armadores, da tua terra, ribeirinha, fronteira ao Mar do Cerro, e que noutros mares, os do Norte de África,  trocaram o peixe pela droga... E desgraçaram-se. A eles, aos seus filhos, à sua comunidade. 

E lembravas-te, ainda, do sacana do  "Vermelhinha", que na Guiné esfolava os "incautos", no dia de "São Patacão", com  a lenga-lenga do "ganha esta, perda esta, ganha esta"...  E a malta ficava com os olhos em bico e sem... "patacão". Também esteve à beira de levar um enxerto de porrada, quando alguém descobriu que ele fazia batota com as cartas...

− Quem não arrisca, não petisca... − voltou  a dizer-te o "ranger", no último aceno de despedida, já à saída, à porta do restaurante.

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Nota do editor:

Úlltimo poste da série > 17 de abril de 2025 > Guiné 61/74 - P26696: Contos com mural ao fundo (Luís Graça) (39): a Páscoa de antigamente

Guiné 61/74 - P26815: Recordações de um furriel miliciano amanuense (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo) - Parte I: Em Lisboa, à espera do embarque, aproveitando a farra para esquecer


1.  O Carlos Filipe Gonçalves, Kalu Nhô Roque (como consta na sua página no facebook) nasceu em 1950, no Mindelo, ilha de São Vicente, Cabo Verde. 

Foi fur mil amanuense, QG/CTIG, Bissau, 1973/74... 

Radialista, jornalista, historiógtrafo da música da sua terra, e escritor, vive na Praia, a capital de Cabo Verde. 

É membro da nossa Tabanca Grande desde 14 de maio de 2019, sentando-se à sombra do nosso poilão, no lugar nº 790. Tem cerca de 2 dezenas de referências no nosso blogue.(*)

É uma figura conhecida do meio musical, jornalístico e da rádio. Ver aqui a sua entrada na Wikipédia. É também amigo do nosso camarada Manuel Amante da Rosa, e seu contemporâneo no QG/CTIG.

Já aqui publicámos cinco postes com a sua versão dos acontecimentos do 25 de Abril de 1974, em Bissau (*). São excertos de um livro de memórias que ele tem em preparação. e cujo título (definitivo) ainda não divulgou. E que quer continuar a partilhar connosco. 

Vamos agora abrir uma nova série,  de modo a abarcar o início da sua comissão, em 1973. Ele fez a recruta e a especialidade na metrópole. E foi mobilizado daqui para o CTIG, ainda no tempo do gen Spínola. Comecemos com alguns excertos da "introdução" e com o  relato da sua mobilização. A fonte é a página do Facebook da Tabanca Grande.


Indrodução

Obrigado pelo apoio (muitos Gostos e poucos Comentários) que até hoje já recebi dos amigos e leitores, por esta iniciativa de um livro sobre “Recordações da Guiné 1973-75” de um cabo-verdiano, que esteve em Bissau, era militar, mas, não era um operacional no mato.

Hoje, apresento alguns 
extratos da «Introdução» do livro que um dia poderá vir a ser editado: 

Muitas das narrativas, tanto dos que na que época, eram do lado de lá (PAIGC) como daqueles que eram do lado de cá (tropa colonial) apresentam sempre (nos depoimentos) uma visão nua e crua dos acontecimentos vividos: ataques, emboscadas, bombardeamentos, etc. no longínquo «mato» (…) 

As narrativas no depois da guerra sempre dissimulam/ minimizam /justificam o horror que por se viveu. Ambos os lados glorificam os feitos, sempre descritos numa perspectiva pessoal ou ideológica.” 

Eu, decidi apresentar um outro lado da moeda, ou seja, através do livro o leitor vai conhecer os quarteis e a vida militar, a cidade de Bissau, como ali se vivia e descobrir uma sociedade «crioula» que por lá existiu! Sobretudo o leitor irá viver o ambiente e acontecimentos marcantes que ocorreram, no último ano de uma cidade cercada pela guerra.” 

Portanto, o livro é sobre o dia a dia na cidade de Bissau, entre 1973-74…, atenção, fiquei por lá até Agosto de 1975! Logo, também conto, com foi o “After War” o depois da Guerra.

No ano de 1973, Bissau era uma «Cidade em Festa» enquanto os horrores da guerra aconteciam diariamente e se ouviam claramente lá longe os bombardeamentos no mato! Num desses dias, por exemplo, estou num baile com o conjunto musical “Voz de Cabo Verde” no salão do clube UDIB…. Surreal…? Mas é verdade, aconteceu em Março de 1973… 

As festarolas, os convívios regados de cerveja, camarão e ostras no seio do pessoal civil, amenizam e fazem esquecer os horrores… lá longe, e muitas vezes aqui perto…. Conto, pois, no livro, flagrantes da vida social; mostro a vida nocturna no Bairro Cupelon, frequentado diariamente pelos soldados… lá onde eu fazia o serviço de piquete, uma vez por mês; descrevo o serviço de guarda à noite que fazíamos nas traseiras da sede da Pide… e imagino (muito depois da Guerra) o que se passava lá dentro, através de um depoimento de um elemento do célebre conjunto «Cobiana Jazz» que ali esteve preso. 

Também, há um olhar sobre as noites no Chez-Toi, uma casa nocturna frequentada pelos mais graduados. A tudo isto, junta-se a descrição de como vivemos a tal guerrilha urbana não reconhecida, que no início de 1974 teve acções espectaculares em plena cidade de Bissau: bombas no Café Ronda, no autocarro da Força Aérea, no Quartel-General… etc. Naquela época, vivíamos a «paronóia» de a Guerra estar prestes a chegar a Bissau!….

Como se vê, há um outro lado da Guerra na Guiné…. que não é conhecido dos cabo-verdianos, nem de muitos metropolitanos…. Apenas conhecido dos militares que pouco falam disso, porque é um passado para se esquecer…. E, há a vida nos quarteis, onde a malta tem animais de estimação: crocodilos, macacos, cabras de mato, etc. Há a rádio omnipresente e o programa diário PIFAS que diverte a malta… enfim… há tanta coisa!

Passados 51 anos, já ninguém se lembra dos civis (centenas) que trabalhavam para tropa, nas repartições, ou faziam toda a espécie de serviços... e havia os militares nativos (milhares)… Eram, todos portugueses da Guiné…, que… de um dia para outro, deixaram de o ser! Depois de Setembro de 1974…. Passaram a ser apenas: guineenses…, mas, carregam a marca da colaboração…. Então, a segunda parte do livro é sobre o que se passou depois da partida da tropa…


Recordações de um furriel miliciano amanuense  (Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG, Bissau, 1973/74) (Carlos Filipe Gonçalves, Mindelo)

Parte I: Em Lisboa, à espera do embarque, aproveitando a farra para esquecer


Recebi a nota de mobilização para a Guiné no início de Dezembro de 1972, dois meses depois de eu ter sido colocado no Quartel-General em Lisboa, lá pelos os lados de S. Sebastião da Pedreira; partida prevista para Janeiro do ano seguinte.

Ao receber a notícia da minha mobilização para a Guiné, desmoronou tudo na minha cabecinha, mas rapidamente me recompus. Era melhor ir já para o Ultramar, do que ficar largos meses aqui no continente, pois, havia casos de milicianos, que só foram mobilizados quase dois anos depois da incorporação, resultado, fizeram cerca de quatro anos de tropa!

Por isso, estava optimista, iria terminar a tropa mais depressa! Aconteceu então o inesperado: estive por duas vezes, quase com o pé no avião, pois à última hora, avisavam, a partida foi adiada. Da primeira vez, avisaram do cancelamento com antecedência, mas depois, foi na véspera! Informaram, então, que a viagem para Bissau, seria de barco, fiquei à espera…

Eu andava stressado com esse vai, não vai! Nesta espera, noite sim, noite sim, vagueava por aí, na farra. Desde o início de Janeiro de 1973 que eu levava uma vida de pândega com os meus amigos, antigos colegas do liceu, agora estudantes universitários, outros, funcionários ou regressados da tropa no ultramar.

Então, diziam-me: “Aproveita a vida pá! Aquilo na Guiné está mau!” Ou então: “Goza a vida agora, porque que a Guerra está feia!” Eu entendia implicitamente: posso ou não voltar! E adivinhava no sorriso cínico de alguns: o que queriam era ajudar-me a gastar a massa que tinha recebido para comprar o fardamento e preparar a viagem. Uma pequena fortuna para um jovem naquela época.

Desde que chegara a Lisboa (vindo de Leiria onde fiz a especialidade) que me adaptei logo e comecei a mexer com um certo à vontade na cidade. Descobri malta amiga da minha ilha de S. Vicente, que morava ou sempre estava em Campo de Ourique; o ponto de encontro era no Café Gigante [e "salão de jogos"], na Rua Ferreira Borges, onde ia sempre depois do jantar no quartel. (…) Por volta das 23 horas, era a partida para a noite lisboeta.

Dependíamos do carro do John, um amigo e vizinho meu em S. Vicente, agora ex-militar, recém-chegado de Angola. John não contava nada do que por lá tinha visto ou acontecera. Por duas vezes toquei no assunto, mas ele desviou a conversa, desisti, pois, vi que ele não queria melindres, a Pide andava sempre atenta.

Muitos anos mais tarde, é que vim a saber que John tinha caído numa emboscada e foi ferido! Evacuado para Luanda, passou largos meses em tratamento, passou a sofrer de stress e problemas psicológicos. Agora sim, compreendo porque ele evitava falar da guerra no Ultramar. Com o dinheirinho amealhado durante aqueles dois anos de «comissão», John tinha comprado um popó, no qual fazíamos o périplo pela noite. (...)

 Outro amigo, era o Manecas, um antigo colega do liceu no Mindelo, recém-chegado de Moçambique onde fez a tropa. Como o John, Manecas, também não gostava de falar do tempo que passou na guerra, mas encarava agora o futuro, com optimismo. (...)

Ao saber da minha mobilização propôs-me a venda da farda «camuflado» já desbotada, a preço módico. Para me convencer disse: “Assim, não serás tomado por um «maçarico». Esta farda vai te dar sorte, como a mim!” (…)

E assim, fui vivendo aqueles dias de «férias» concedidas para se preparar a viagem e despedir da família. Os meus colegas portugueses aproveitavam esse período de longa folga para irem à terra, despedir da família e da namorada. Certamente, como eu, também estariam em noitadas e petiscadas com os amigos… era esta uma forma de se encarar o destino e de se preparar psicologicamente para o pior.


(Revisão / fixação de texto: LG)

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Notas do editor:

(*) Vd. último poste da série > 3 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26760: No 25 de Abril eu estava em... (40): Bissau, em comissão de serviço na Chefia dos Serviços de Intendência, QG/CTIG (Carlos Filipe Gonçalves, ex-fur mil amanuense, natural do Mindelo, vive hoje na Praia, Cabo Verde) - Parte V

domingo, 18 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26814: Em bom português nos entendemos (27): "Caputo" e "chicoronho", aplicados aos habitantes brancos do sul de Angola, antes da independência (António Rosinha / Luía Graça)



Angola > Moçâmedes (hoje Namibe) > s/d > Página do Facebook Moçâmedes a nossa amada cidade - Liceu Almirante Americo Tomas - Angola | 27 de setembro de 2015 ·

(...) Alunos e professores no Liceu em Moçamedes — com Maria Almeida, Prof.Amélia V Pereira, Nela Mendes, Marieta Correia, Prof Neto, Nela Oliveira, Maria Paula Mendes, Margarida Veiga, Luisa Nascimento, Padre Menezes e Laura Victória Pereira. (Foto e legenda: reproduzidas com a devida vénia...)



Angola > Moçâmedes (hoje Namibe) > Página do Facebook  Moçâmedes a nossa amada cidade - Liceu Almirante Americo Tomas - Angola | 10 de novembro de 2015 ·

(...) De Angola até África do Sul. Fuga de muitos portugueses, em 1975, pelo deserto da costa dos Esqueletos, as dificuldades. (...) (Foto e legenda: reproduzidas com a devida vénia...)


 

1. Escreveu o António Rosinha em comentário ao poste P16812 (*):

(..) "A geração que fez a luta está em vias de extinção. Quer queira, quer não, vai acabar, mas o país não vai acabar. A estas novas gerações que lhes interessa o colonialismo, interessam-lhes é como vão sobreviver amanhã" (Júlio de Almeida) (...)"

(...) Quem nasceu no sul de Angola, que fosse branco, em 1940, pensava que em 1960  era facílimo fazer daquelas terras um paraíso, se o "colon", naquele caso o "caputo" ou "chicoronho", se voltasse para a sua terra e os deixasse a eles mandar naquilo.

Isto era a conversa de alguns, não muitos, embora naquelas regiões de Namibe (Moçâmedes) e Lubango (Sá da Bandeira) houvesse muita descendência de "chicronhos".


2. O que dizer "chicoronho" e "caputo", com referència aos habitantes (brancos) do sul de Angola, na época do colonialismo ? (**)

21. O que o Gemini IA / Google respondeu à minha pergunta:

O termo "chicoronho", aplicado aos habitantes brancos do sul de Angola na época do colonialismo, é uma corruptela da palavra umbundo "tchi-kolono".

Em umbundo, "tchi" é um artigo definido (semelhante a "o", "a", "os", "as" em português) e "kolono" significa "colono". Portanto, "tchi-kolono" significa "o colono".

Com o tempo e o uso informal, especialmente pela população local, esta expressão terá sofrido alterações fonéticas, resultando em "chicoronho".

Assim, "chicoronho" era uma forma como os habitantes locais, falantes de umbundo, se referiam aos colonos brancos na região do sul de Angola. É importante notar que, dependendo do contexto e da entonação, este termo podia ter uma conotação neutra, informal ou até mesmo ligeiramente depreciativa, marcando a distinção entre os colonizadores e a população nativa.

22. E sobre "caputo":

Em Angola, a palavra "caputo" era utilizada de forma depreciativa para se referir à autoridade administrativa portuguesa, ao chefe de posto ou a indivíduos brancos com poder ou autoridade, especialmente nas zonas rurais.

A origem mais provável do termo "caputo" deriva do quimbundo e de outras línguas bantu locais, a partir da junção de:

  • "Kapita": adaptação bantu da palavra portuguesa "capitão" ou "cabeça", significando guia ou líder.
  • "Putu": abreviação de "Portugal".

Assim, "caputo" pode ser interpretado como algo como "o chefe de Portugal" ou "a cabeça de Portugal", referindo-se à figura da autoridade colonial. O seu uso tinha frequentemente uma conotação de distância, estranheza ou mesmo antagonismo entre a população local e a administração colonial.

O comentário do António Rosinha ilustra bem o sentimento de alguns angolanos nativos em relação aos colonos brancos ("colon", "caputo" ou "chicronho") no sul de Angola por volta de 1960. A frase expressa a crença de que a região se tornaria um "paraíso" se os colonos regressassem às suas terras e permitissem que os próprios angolanos governassem.

O texto também confirma que nas regiões do Namibe (Moçâmedes) e Lubango (Sá da Bandeira) existia uma significativa população de descendentes de "chicronhos", ou seja, de colonos brancos.

Este excerto oferece uma perspetiva sobre as tensões e as diferentes visões sobre o futuro de Angola no período que antecedeu a Guerra Colonial. Reflete o desejo de autodeterminação por parte de alguns angolanos e a perceção de que a presença colonial era um obstáculo ao desenvolvimento do país.

(Revisão / fixação de texto: LG)

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Notas do editor:

(*) Vd. poste de 17 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26812: Agenda cultural (883): "Livros a Oeste, Festival do Leitor", 13ª edição: "Chegados Aqui Para onde Vamos ? " - Conversa com os escritores Miguel Szymanski, Júlio de Almeida (o antigo comandante do MPLA, "Juju") e Luís Reis Torgal... Sábado, 17 de maio, 17:00,

Guiné 61/74 - P26813: Parabéns a você (2378): Joaquim Fernandes Alves, ex-Fur Mil Art da CART 1659 (Gadamael, 1967/68)

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Nota do editor

Último post da série de 17 de Maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26809: Parabéns a você (2377): António Pinto, ex-Alf Mil Inf do BCAÇ 506 (Nova Lamego, Geba, Madina do Boé, Beli e Bolama, 1963/65)

sábado, 17 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26812: Agenda cultural (884): "Livros a Oeste, Festival do Leitor", 13ª edição: "Chegados Aqui Para Onde Vamos?" - Conversa com os escritores Miguel Szymanski, Júlio de Almeida (o antigo comandante do MPLA, "Juju") e Luís Reis Torgal... Sábado, 17 de maio, às 17:00

 


Última dia, com a última das habituais conversas do programa, 13ª edição de "Livros a Oeste, Festival do Leitor, a decorrer na Lourinhã (13 a 17 de Maio de 2025). Intervenientes :

  • Miguel Szymanski (romancista, mas também jornalista e comentador da RTP para assuntos internacionais), 
  • Júlio de Almeida (angolano, com um passado ligado ao exército, mas também ao Executivo de Angola, autor de dois romances publicados entre nós, à semelhança de vários outros do seu filho, o bem conhecido Ondjaki), que nos traz as suas memórias;
  • Luís Reis Torgal, figura de destaque da Academia portuguesa, com um vasto e rico percurso no âmbito da História, do pensamento e do ensino.

Moderação: o programador cultural João Morales

Os convidados, desta última conversa,  viajam com livro "novo na bagagem. Em jeito de balanço final, a convera designa-se "Chegados Aqui Para onde Vamos ?" (Lourinhã, Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira, 17:00, sábado).

O festival encerra com Estilhaços, "espetáculo de Spoken Word", com Adolfo Luxúria Canibal (Lourinhã, Centro Cultural Dr. Afonso Rodrigues Pereira, 21:30, sábado.

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Guiné 61/74 - P26811: Os nossos seres, saberes e lazeres (681): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (205): Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 4 (Mário Beja Santos)

1. Mensagem do nosso camarada Mário Beja Santos (ex-Alf Mil Inf, CMDT do Pel Caç Nat 52, Missirá e Bambadinca, 1968/70), com data de 7 de Março 2025:

Queridos amigos,
Já que se permanece num dos mais belos museus de toda a Alemanha, convém apresentá-lo. O museu goza do nome do seu fundador, Johann Friedrich Städel (1728-1816), ao tempo um opulente banqueiro da cidade de Frankfurt. Apresentou a sua fortuna para estabelecer a mais antiga fundação museológica da Alemanha, o Instituto de Arte Städel, dando a possibilidade ao público de conhecer a sua coleção de pinturas, desenhos, estampas e pequenas esculturas. O foco principal da sua coleção pictórica compreende cerca de 500 obras do barroco germânico e holandês. A ideia da fundação museológica contextualiza-se no espírito do Iluminismo e do Humanismo. Este novo instituto de arte também foi posto ao serviço da educação estética, passou a promover jovens artistas, e ao longo do tempo a coleção foi aumentando com compras e doações. O edifício que alberga o museu é do século XIX, foi severamente atingido pelos bombardeamentos, mas toda a sua coleção não sofreu danos, a tempo e horas foi posta a recato. O que hoje se mostra neste apontamento é uma súmula de obras de grandes mestres da primeira metade do século XX e uma visita à exposição "Amesterdão no tempo de Rembrandt", com impecável apresentação.

Um abraço do
Mário



Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (205):
Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 4


Mário Beja Santos

Continuo a minha visita no Museu Städel, confesso que tomei previamente a decisão de me orientar para as salas que acolhem os movimentos artísticos predominantemente dos séculos XIX e XX. No apontamento anterior referi os movimentos do século XIX, vou agora embrenhar-me no século XX, lá para meio desta incursão acabei por entrar na exposição “Amesterdão do tempo de Rembrandt”, dela também aqui se fará uma pequena referência. Nunca entendi como as correntes estéticas alemãs aparecem nos múltiplos livros da História de Arte do século XX, a um nível de meras referências, no entanto houve um conjunto de movimentos genuinamente alemães que estiveram no topo das revoluções artísticas, e não foi só o expressionismo. Como é evidente, não pretendo aqui mencionar esses diferentes movimentos, destaco algumas dessas obras que vivamente me impressionam, aparecem em salas onde também se realçam outros génios da pintura, como é o caso de Picasso. Vamos então continuar o percurso.

Porta de Brandemburgo, Ernst Ludwig Kirchner, 1929. Kirchner é um dos artistas que está em franca reabilitação, foi autor de várias experiências, esta porta de Brandemburgo é muito naïf, essa ingenuidade perpassa não só nos volumes e formas como na alteração das cores, exige simultaneamente uma leitura mais atenta e uma emoção estética a apontar para o gracioso que é dado aos conteúdos, este local mítico de Berlim é um sonho do artista.
Retrato de Fernande Olivier, Pablo Picasso, 1909. Retrato marcado pelo cubismo, dentre em breve o génio aderirá a tons azuis e rosas, modificará as formas, vai emergir no estudo das condições sociais, e depois partirá para a distorção completa das figuras, já atraído pelo abstracionismo.
Vaso Verde, Fernand Léger, 1926. Artista muito peculiar, obteve a conjugação de uma pintura um tanto hiper-realista, formas futuristas e um tratamento de organização pictórica com apelos a mecanismos; não será o caso neste quadro, uma natureza morta, sem qualquer conteúdo político, onde prevalece é uma composição quase em mosaicos e peças geométricas.
A Família do Artista, Otto Dix, 1927. Só é novo o que foi esquecido, a alteração de formas, estes olhos amendoados, um riso afetuoso mas intrigante do pai não pode fazer esquecer as distorções na pintura de El Greco ou de Bosch, com base em mensagens do que o que se passa no corpo e na mente do artista tem impacto na organização cénica, e o que parece torcido ou distorcido acaba por ser um outro modo de visualizar o real.
Kallmünz - Montanhas em Verde Claro, Wassily Kandinsky, 1903. Já vimos, no decurso desta visita ao Städel um Van Gogh que se diria improvável, ainda distantíssimo do expressionismo, o que dizer deste Kandinsky na sua primeira fase, também tão distante das gramáticas que o irão impor como uma das figuras cimeiras do abstracionismo.
Brinquedos do Walter, por August Macke, 1912. Outra peça ingénua, outro primeiro ciclo artístico, Macke, figura de proa do movimento Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul) com inspiração expressionista, corrente original que teve a sua sede em Munique.

Faço agora uma pausa, mudei de andar e vou visitar uma exposição correspondente a um período áureo de Amesterdão, ao tempo de Rembrandt.

Cartaz da exposição “A Amesterdão de Rembrandt”, no Museu Städel, exposição patente até março de 2025
Interior da Bolsa de Amesterdão, Job Adriaensz. Berckheyde, ca. 1670
A grande praça e o edifício da nova câmara em construção, Johannes Lingelbach, 1656

O objetivo da exposição “A Amesterdão de Rembrandt” é mostrar como uma cidade tem múltiplas faces, já que a Amesterdão era uma metrópole pujante e a inveja da Europa. A sua economia era florescente, a população crescia rapidamente, e desenvolviam-se as artes e as ciências. O poder burguês da cidade, as enormes fortunas aparecem glorificadas num esplêndido grupo de retratos, obras de pintores da época, com destaque para Rembrandt.
Em Amesterdão, mais do que em qualquer outra cidade, os retratos de grupo eram o espelho do orgulho do poderoso grupo da elite de cidadãos, particularmente os membros das novas instituições sociais. Contudo, a prosperidade da cidade teve custos elevados porque lançou raízes nas políticas de comércio colonial e uma severa ordem social. Esta exposição mostra os lados altos e baixos deste período em imagens e histórias de uma sociedade plural onde se mostra a riqueza e a pobreza, a fortuna e a ruína, o poder e a sua destituição.

Volto agora ao século XIX e depois a uma pintura muito mais antiga.

O Apaixonado pelas Rosas, Carl Spitzweg, ca. 1847-1850. Outro nome original da pintura alemã, uma ingenuidade sofisticada, uma atmosfera romântica, Spitzweg está permanentemente a surpreender-nos, força-nos a pôr muita emoção no olhar, e veja-se esta composição, a forma como ele enche de luz a tela, só falta ao espetador ir cheirar a rosa.
Ramo florido de uma macieira, Henri Fantin-Latour, 1875. Quando, há uns bons anos, o Museu Gulbenkian organizou exposições sobre a natureza morta na pintura, Fantin-Latour foi um dos nomes convocados, acresce que Gulbenkian adquirira pintura deste requintado artista francês, este assombro de ramo florido quase a saltar de uma tela enegrecida é uma verdadeira obra-prima. A viagem continua, vamos recuar a finais do século XV na companhia de Albrecht Dürer.

(continua)

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Nota do editor

Último post da série de 10 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26788: Os nossos seres, saberes e lazeres (680): Itinerâncias avulsas… Mas saudades sem conto (204): Algures, na Renânia-Palatinado, em Idstein, perto de Frankfurt – 3 (Mário Beja Santos)

Guiné 61/74 - P26810: Convívios (1028): Rescaldo do 53.º Convívio do pessoal da CCAÇ 414, levado a efeito no passado dia 27 de Abril de 2025, em Fafe (Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro)



1. Mensagem do nosso camarada Manuel Barros Castro, ex-Fur Mil Enfermeiro da CCAÇ 414, Catió (1963/64) e Cabo Verde (1964/65), com data de 16 de Maio de 2025:

Bom dia Camarada
Embora com algum atraso, agradeço o seguinte post no nosso glorioso blog:

No passado dia 27 de Abril, na cidade de Fafe, aconteceu o 53.º Convívio da Companhia de Caçadores 414.
Compareceram 19 ex-combatentes e vários familiares, num total de 43 pessoas. Nestes, a viúva do saudoso comandante, à data Capitão Manuel Dias Freixo.

Foi com grande entusiasmo e fortes abraços que se iniciou o convívio na acolhedora e bonita cidade de Fafe. Antes, porém, e já todos nos respectivos lugares, de pé, procedeu-se à chamada dos camaradas que já partiram, com um sonoro “PRESENTE”.
Seguiu-se um óptimo repasto, entremeado de cómicas lembranças e fortes gargalhadas.
A despedida, após as respectivas fotografias, foi feita com um até ao ano de 2026.

Cumprimentos e um abraço para todos os tabanqueiros.
Manuel Barros Castro

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Nota do editor

Último post da série de 10 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26786: Convívios (1027): Pessoal de Bambadinca de 1968/71 (BCAÇ 2852, CCÇ 12 e outras subunidades): 29º convívio anual: Ponte de Lima, Restaurante Açude, sábado, 24 de maio, (Fernando Oliveira, que vive em Azeitão, e foi Fur Miil Pel Rec Info Op, CCS/BCAÇ 2852, 1968/70)

Guiné 61/74 - P26809: Parabéns a você (2377): António Pinto, ex-Alf Mil Inf do BCAÇ 506 (Nova Lamego, Geba, Madina do Boé, Beli e Bolama, 1963/65)

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Nota do editor

Último post da série de 16 de Maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26804: Parabéns a você (2376): Vasco da Gama, ex-Cap Mil, CMDT da CCAV 8351 (Aldeia Formosa e Cumbijã, 1972/74)

sexta-feira, 16 de maio de 2025

Guiné 61/74 - P26808: (In)citações (270): O Núcleo de Arcozelo, do Concelho de Vila Nova de Gaia, dos ex-Combatentes da Guiné (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

1. Mensagem do nosso camarada Aníbal José Soares da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre da CCAV 2483 / BCAV 2867 (Nova Sintra e Tite, 1969/70), com data de 12 de Maio de 2025:

Caro Carlos Vinhal
Para eventual publicação, caso o assunto possa ser incluído no contexto do Blogue Luís Graça & Camaradas da Guiné.
Junto envio um texto e seus anexos, bem como algumas fotografias. Numa delas está a Inês Allen a informar os detalhes da odisseia, que foi a construção em Empada do Campo de Futebol com o nome do seu pai, o saudoso Xico Allen e a perspetivar a sua inauguração em Abril de 2024.

Um grande abraço
Aníbal Silva


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Nota do editor

Último post da série de 2 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26754: (In)citações (269): Quem se lembra destes preços? (Aníbal José da Silva, ex-Fur Mil Vagomestre)

Guiné 61/74 - P26807: S(C)em Comentários (66): Eletrificação - As primeiras redes de energia elétrica na Guiné nas décadas de 1930 a 1950 (ManfredStoppok)

1. Comentário de Manfred Stoppok no Poste Guiné 61/74 - P23654: O nosso blogue como fonte de informação e conhecimento (97): os geradores militares: contributos para a história da eletricidade no território (Manfred Stoppok / José Nunes / Eduardo Estrela / Fernando Gouveia / António J. Pereira da Costa / Carlos Silva / Cherno Baldé / José Colaço / Magalhães Ribeiro / Valdemar Queiroz / Manuel Gonçalves / Luís Graça) de 29 de Setembro de 2022:

Bom dia,
Demorou, mas há algum conteúdo publicado agora. Ainda não sobre o período da guerra, mas sobre a eletrificação nas décadas 1930 a 1950.

Publiquei um pequeno artigo no jornal "O Democrata": https://www.odemocratagb.com/?p=49738

ou aqui como PDF: https://doi.org/10.15495/EPub_UBT_00008250

Agradeço mais uma vez pela assistência.
terça-feira, 13 de maio de 2025 às 08:41:00 WEST


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Nota do editor

Último post da série de 16 de maio de 2025 > Guiné 61/74 - P26805: S(C)em Comentários (65): A "ejaculação precoce" dos jovens biafadas de Quínara que precipitaram a guerra (em Tite, 23 de janeiro de 1963), e que passaram a perna ao Amílcar Cabral e ao seu partido de grumetes (Cherno Baldé)