1. Perguntei há dias ao António Duarte quando é que ele abria o livro da Guiné e da CCAÇ 12, já que eu estava desejoso de ouvir estórias da minha ex-companhia e dos meus queridos nharros...
Recorde-se que ele foi furriel miliciano da CART 3493, a unidade de quadrícula de Mansambo, antes de se oferecer para a CCAÇ 12, dois anos depois da minha rendiação individual bem como dos demais quadros e especialistas metropolitanos, pais-funadores da CCAÇ 12 (Contuboel, Junho/Julho de 1969 / Bambadinca, Julho de 1960/Março de 1971) (1).
2. Resposta do António Duarte:
Luís
Tenho que ganhar balanço. O tema da tropa não tem sido de digestão fácil.(E regressei em 21 de Janeiro de 1974 - 33 anos já lá vão). Não fosse o teu/nosso blogue e nem sequer voltaria ao tema, já que como tive oportunidade de dizer anteriormente, não me agradava falar destas aventuras, que claramente preferia não ter vivido.
Prometo no entanto cumprir a minha obrigação, pois um atirador nunca vira a cara ao IN. (Foi isso que aprendi em Vendas Novas na EPA - Escola Prática de Artilharia).
Curiosamente, no dia 25 deste mês fez 34 anos que a CCAÇ 12 teve 7 feridos, (ligeiros felizmente, mas com evacuação para Bissau) na operação Bate Duro, que decorreu nas zonas de Ponta Varela/Poiondom, e Ponta do Inglês/Ponta João da Silva. Participaram nesta operação, para além da CCAÇ 12, a CART 3494 e os GEMIL 309 e 310 (Suponho de Taibatá e Dembataco).
Os feridos eram todos do 3º Grupo de Combate e pertenciam às equipas da Bazuca. Segundo informação obtida posteriormente, o IN teria tido 5 mortos, sendo 2 da acção da CCAÇ 12 e os restantes da resposta dos GEMIL 308 e 309.
Curiosamente no dia 3 [de Fevereiro de 1973] tínhamos tido outra emboscada na Ponta Varela, em conjunto com a CART 3494. O IN teria tido 3 mortos e 1 ferido, tendo a CCAÇ 12, um ligeiro, salvo erro do 4º Grupo de Combate.
Nessa época a CCAÇ 12 ainda estava no hotel, em Bambadinca, sede do BART 3873 e a CART 3494 no Xime.
Um abraço e reafirmação da vontade de dar mais notícias.
António Duarte
___________
Nota de L.G.:
(1) Vd. posts anteriores do António Duarte:
18 Fevereiro 2006 > Guiné 63/74 - DLXI: Um periquito da CCAÇ 12 (António Duarte / Sousa de Castro)
20 de Fevereiro de 2006 > Guiné 63/74 - DLXVIII: Notícias da CART 3493 (Mansambo, 1972) e da CCAÇ 12 (Bambadinca e Xime, 1973/74) (António Duarte)
(...) "Estive na CCAÇ 12 desde Janeiro de 1973, primeiro em Bambadinca e a partir de Abril no Xime, após as rotações das companhias, geradas pela transferência para Cobumba da Cart 3493 (minha unidade inicial). Regressei à metrópole em Janeiro de 1974 (...)
"Quanto ao ano de 1973 na CCAÇ 12 a acção foi mais animada. Instalados em Bambadinca, naquilo que se classificava de hotel, fazia-se operações sobretudo na zona do Xime. Assim em 3 de Fevereiro tive a primeira emboscada na Ponta Varela em que participaram três grupos de combate da CCAÇ 12 em conjunto com 2 pelotões da CART 3494 (à época aquartelada no Xime). As NT não registaram feridos mas segundo se apurou em informações recolhidas no Enxalé, o PAIGC teria tido baixas" (...).
11 de Maio de 2006 > Guiné 63/74 - DCCXLV: Ex-graduados da CCAÇ 12 também foram fuzilados (António Duarte)
17 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P966: O Mexia Alves que eu conheci em Bambadinca (António Duarte, CCAÇ 12, 1973)
24 de Julho de 2006 > Guiné 63/74 - P984: Ainda a tragédia de Quirafo: o 'morto' que afinal estava vivo (António Duarte)
21 de Novembro de 2006 > Guiné 63/74 - P1302: Blogoterapia (1): Palmas para o Amílcar Mendes, o Beja Santos e o Victor Tavares (António Duarte, CART 3493 e CCAÇ 12)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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1 comentário:
Duarte
Eu, João Silva, era um dos que ia nessa operação, penso que fui dos últimos a chegar à 12, vindo de Cabuca. Já deixei por aqui outras mensagem para ti, aliás sigo o teu rasto, aqui, mas pelo vistos até agora ainda não apanhas-te nenhuma. Mas isto é como as emboscadas que montamos na mata do Xime, tenho que esperar, mas tal como nessa altura, não tenho paciência. Tu também não tinhas.
João Silva, ex-Furriel Atirador de Infantaria.
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