segunda-feira, 28 de junho de 2010

Guiné 63/74 - P6650: V Convívio da Tabanca Grande (10): A palavra a quem esteve presente (1): Manuel Maia

1. Mensagem de Manuel Maia* (ex-Fur Mil da 2.ª CCAÇ/BCAÇ 4610, Bissum Naga, Cafal Balanta e Cafine, 1972/74), com data de 27 de Junho de 2010:

Caro Carlos,
Pela primeira vez tive o grato prazer de estar reunido neste convívio da Tabanca Grande.
Foi uma satisfação enorme poder abraçar uma série de camaradas que conhecia apenas da net, pelos seus escritos mais ou menos contundentes, melhores ou menos conseguidos do ponto de vista qualitativo, mas todos, sempre, prenhes do idealismo que nos une e do sentido de solidariedade que tem sido apanágio visível desde a hora em que sigo, mais ou menos de perto, o blogue do Luís Graça, afinal a razão mestra para este relembrar de África num regresso saudável ao passado, e força motriz e aglutinadora de vontades.

Não vou comentar o repasto, porque não foi o objectivo do Encontro, mas sim a alegria, o são convívio que todos encetaram, suportado nas entradas e no copo desanuviador de uma ou outra situação de menor à vontade.

Correu tudo muito bem, creio, surgindo apenas da minha parte um pequeno reparo, como que uma pedra no sapato, que não poderia deixar de referir agora, horas de sono cumpridas...

Com muita pena minha, mau grado algumas discretas buscas que fiz a intervalar as entradas e a passagem à sala de jantar para fruir do almoço aprazado, e logo após o levantar das mesas para se dar sequência aos bons momentos musicais com vozes femininas de alta qualidade, bem como algumas masculinas, mormente no fado de Coimbra onde alguém que só ouvi, me fez pensar que afinal o Zeca estava vivo, realçando ainda o Mexia, fadista de raça, sempre muito bem acolitados pela excelência dos violas...

Pois nesses intervalos, dizia, qual mítico Holmes, ou não menos afamado Hercule Poirot (para não vos remeter ao nosso inspector Varatojo...) procurei uma pequena pista que fosse, um mínimo detalhe por mais insignificante que fosse o modo em que pudesse estar travestido, e... nada...

Convenhamos que senti um misto de frustração e de quase desânimo, mas como sou persistente, não dei a busca por encerrada e estou certo que mais convívio, menos ajuntamento, um dia vai ser dia, e vou poder dar graças aos deuses, e à nata dos investigadores que foram a minha fonte inspiradora nos métodos de busca que utilizo, por finalmente atingir uma espécie de orgasmo cerebral na sequência da detecção de uma veneranda figura do espectro bélico português, que roída pelo remorso, mas, apesar de tudo, apostando na máxima que diz: mais vale tarde do que nunca, se disponha a descer do pedestal em que se auto colocou, para, descendo à terra, apresentar o seu pedido de desculpas e finalmente sarar assim a ferida que sangra nos vivos mas sobretudo mancha a honra dos mortos, quando irreflectidamente, (como alguns gostam de dizer...) enxovalhou os muitos milhares de homens portugueses com H grande que nos tarrafos, nas matas e bolanhas da guiné, deram o seu esforço e o melhor tempo das suas vidas, em prol dum país ingrato que os ignora e lesa de forma despudorada, vergonhosa e cobarde, e ajudaram o dito a atingir um estatuto comprovadamente injusto porque lhe falta o sentido da honra que sempre norteou os militares e as suas instituições...

Um dia pode ser dia...

Mas vamos às sextilhas...

P`ra apreciar a vida e bons pitéus,
Na "terra prometida", estão guinéus,
Em festa de amizade e alegria...
Soberba foi a escolha, a mostrar siso,
Fonte termal, jardim do paraíso,
Monte Real, o berço do Mexia...

Sem tiros de Kalash, R.P.G.
Napalm, Breda, Uzi, F.B.P.
Sem perdedores nem gente que aqui ganhe.
Abraços lassos são arrás de paz
Que todo e cada um cá mostra e traz,
Qu`estoiro só do tinto e do champagne...

Centena e meia aqui atabancados,
A reviver por si, casos passados,
Saudade é um atributo lusitano...
Mau grado aquele enorme sofrimento,
voltar, p`ra nós ,estou certo, é sentimento,
Comum ao periquito e grã decano...

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Notas de CV:

(*) Vd. poste com data de 24 de Abril de 2010 > Guiné 63/74 - P6242: O 6º aniversário do nosso blogue (28): O meu bem haja com o vozeirão maior que se possa conceber (Manuel Maia)

Vd. último poste da série de 28 de Junho de 2010 > Guiné 63/74 - P6649: V Convívio da Tabanca Grande (8): Monte Real, sábado, 26 de Junho: Slideshow (Luís Graça)

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Manuel Maia

As minhas palmas pelas tuas sextilhas e as minhas desculpas por não te ter sabido dar melhores informações sobre como chegarmos a certas fontes de pesquisas, mas eu também gostava de saber mais.

Abraço
Jorge Picado