quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Guiné 63/74 - P7749: Blogpoesia (111): Enquanto vir a palavra Guiné num braço tatuada... (Jorge Cabral)

1. Mensagem do nosso mui querido Alfero Cabral [, foto à esquerda, retirada da sua conta no Facebook], contista mais do que cronista, mas também poeta nas horas mortas, e sobretudo o mais paisano dos militares que já conheci, e claro um sempre desejado (muito mais do que o imberbe Dom Sebastião...) colaborador do nosso blogue... 

Tem, como bom mas discreto camarada que se preza ser, o tal grãozinho de loucura na asa, que o faz manter-se aqui, à tona da água, peixinho do Rio Geba em mar de tubarões... Marginal ? Nada disso, és um senhor marginal-secante, o que intersecta vários sistemas de acção, e isso só pode ser visto ... como enriquecedor... Anarca ?  Direi antes, andarilho, caminhante, libertário...


Desculpa, Jorge, se o teu Natal de contrabando não foi detectado pelos supervigilantes serviços alfandegários cá da Tabanca Grande... Aqui fica, também, para memória futura, o inventário da mercadoria que foi consumida - ou declarada imprópria para consumo animal e humano ? - nesse lá longínquo Natal de 1970, em Missirá, que ninguém sabe - nem se importa de saber - onde fica ou ficava, talvez fique mesmo num obscuro bairro da periferia de Lisboa. (LG)


Amigos,
Depois de ter enviado antes do Natal uns versinhos que não lograram
publicação, aí vão estes, com a Amizade do

Jorge Cabral
_____________

Quadras a brincar,
Outras a sério…


Enquanto vir a palavra Guiné num braço tatuada
E estremecer na noite com um foguete,
Sentir que aquele que foi, ainda é Camarada,
E sonhar, calculem, com uma casa em Finete,

Estarei aqui, e mesmo em desacordo com o rumo
Das guerras de Alecrim e Manjerona,
Sem nenhum fogo, mas muito fumo,
Entre senhores. Ah! Tanta Prima Donna!

Anónimo fui e não ganhei a Guerra,
Também não a perdi. Eu estive apenas lá
E recordo o vermelho da terra
E, às vezes, um pôr-do-sol, em Missirá.

Do Houaiss, não possuo um só volume
E no entanto sei o que é "Catota",
Com engenho e arte ainda faço lume,
Afastem pois as bajudas deste Cota.

Amigos! Desculpem lá qualquer coisinha,
Em fim de comissão, continuo Marginal,
O Anarca que se esquece da vidinha.
Abraços, muitos! Claro… Alfero Cabral 



___________

Nota de L.G.:

Último poste da série > 7 de Fevereiro de 2011 > Guiné 63/74 - P7740: Blogpoesia (110): No dia em que fiz 65 anos (José Teixeira)

8 comentários:

Anónimo disse...

Jorge,

Apenas e só, obrigado pela visão e pelos textos.

Um abraço
BS

José Manuel Corceiro disse...

Caro Jorge Cabral

ESPECTACULAR!!!!

Um poder de atenção, síntese e análise, que até assustam…

Um abraço

José Corceiro

Anónimo disse...

Amigo Jorge:

VELHOS SÂO OS POETAS que não escrevem.

Gostei de te lêr, mais uma vez.

CMS
MANSAMBO

manuelmaia disse...

Caro Jorge Cabral,


Francamente,gostei imenso.
Tem a chancela na ourela do alfero Cabral.
obrigado
manuelmaia

Torcato Mendonca disse...

Meu Caro Jorge Cabral

Continuo a gostar, seja a prosa nas suas diversas tonalidades ou,agora,a poesia.

Um abração do T

antonio graça de abreu disse...

Contigo, Jorge Cabral, e mais uns tantos camarigos de excelente extracção, este é o blogue que eu sinto e de que gosto.

Abraço, forte,

António Graça de Abreu

Joaquim Mexia Alves disse...

Palavras para quê?

É o Jorge Cabral!

Grande, grande abraço

Anónimo disse...

Olá caríssimo Prof. Luis Graça!
o Cota é mesmo fantástico! E único! E tem piada! Aliás, tudo o que escreve, mais ou menos sério - quero dizer, com mais pitadinha de brincadeira ou não - é sempre genial... Contudo, um pequenino reparo. Depois de ter lido o poema vezes sem conta e adorá-lo cada vez mais, acho que "a palavra Guiné no braço TATUADA" estaria mais correcto (ao invés de tatuado, uma vez que não é o braço e sim a palavra). Ainda assim, está simplesmente formidável!!!
Como não sou "bajuda" posso mandar beijinhos e abraços a todos os amigos do grande "Alfero Cabral". Quem o tem como amigo, tem quase tudo na vida. Até breve!!! Petrouska