1. Para os inúmeros apreciadores da poesia da nossa amiga Felismina Costa*, aqui deixamos mais trabalho chegado ao Blogue em mensagem do dia 11 de Julho de 2012:
QUEM SOMOS?
Somos robots?
Não!
Somos o choro, o riso, a voz
Que enche a casa, a escada, a rua
os transportes, as fábricas,
os escritórios, os campos!
Somos a voz que critica.
A força que edifica.
Somos o corpo curvado
Sobre a pá e o arado
pedindo à terra resposta.
Somos, o atento motorista.
O homem que vai ao leme.
O médico.
O malabarista.
O poeta enlouquecido.
O escritor de romances.
Alfaiates, cartomantes.
Peças soltas, indefinidas!
Somos juízes, dentistas…
Julgamos quem desconhecemos
porque assim o entendemos …
Somos tempo de chegada!
Somos tempo de partida!
Somos múltiplos personagens
num só corpo e numa só voz.
Conservamos, destruímos,
Refazemos, construímos.
Somos o eu, que se identifica sob um nome,
ser andante e petulante
que nada sabe da vida!
Somos seres que se constroem
Sobre manuais que herdamos
Todos os dias da vida!
Somos memórias, ideias
coisas bonitas e feias….
Somos PAZ e somos Guerra!
Somos a ciência viva
que procura sem descanso
a razão por que nasceu…
Que faço aqui? Digo eu!
E tu procuras a resposta
que insipidamente chega.
Que não satisfaz, não chega!
Quero mais!
Quero que tu me convenças.
Que desmistifiques minhas crenças.
Que esclareças minhas dúvidas.
Quero saber porque vim,
porque vivo e estou aqui
À tua espera… e porquê?
Felismina Mealha
Agualva, 19 de Abril de 2012
____________
Notas de CV:
(*) Vd. poste de 15 de Abril de 2012 > Guiné 63/74 - P9749: Blogpoesia (186): Registo (Felismina Costa)
Vd. último poste da série de 1 de Julho de 2012 > Guiné 63/74 - P10099: Blogpoesia (191): De Lisboa a Luanda, ou o puro azul do desejo (Luís Graça)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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13 comentários:
Parabéns! Parabéns! Parabéns!
Um Ab do
António J. P. Costa
Este poema é inexcedível. Exacto e verdadeiro, total nas linhas vivas com que esculpe o homem. Na sua existência. É magma aceso a brotar dum vulcão de poesia...UMa enorme e grata surpresa. Os meus parabéns.
Joaquim Luis Mendes Gomes
Somos tudo isso, sim, Felismina.
És isso tudo, tu, em ti porque o sabes, e nos outros porque os amas.
Mas pedes demais, acho eu.
Pedes o fim das dúvidas; queres a materialização das crenças, saber porque aqui vieste, e porque
vives assim.
E quem te daria tais respostas, Felismina, se todos esses que és em ti, também as buscam, e em cada
passo em frente que dão, apenas descobrem que se lhes alonga o caminho?
Caminha, apenas, como no poema de Machado.
Obrigado pelo teu poema, forma já, em si, de manter a tua e a minha busca…o nosso colectivo
Caminhar.
Olá Felismina.
Espero que continues bem, com saúde e inspiração. Que os que te são mais próximos comunguem da tua felicidade
Obrigado por mais este poema!
Um Xi coração, meu e da Lourdes.
Bem hajas!...
Álvaro Vasconcelos
Saudei a (re)aparição da nossa blogpoetisa, afastada há meses do nosso blogue, e ela respondeu-me nestes termos:
Viva Luís!
Regressei, com a mesma alegria de sempre e vontade de participar.
Estive muito ocupada. Positivamente!
Penso que cresci mais um cm ou dois. Foi uma busca de um maior entendimento da poesia.
Continuo a Amiga de sempre e muito grata pela visibilidade que o Blogue tem dado às minhas palavras.
Um beijo Amigo. muito Obrigada, pelas boas-vindas.
Embora não tenha que justificar a sua ausência (temporária), a nossa madrinha de guerra e poetisa Felismina Costa, mandou ao querido Carlos Vinhal, editor de serviço permanente, a seguinte mensagem (pessoal), em 11 do corrente, que já circulou internamente pela Tabanca Grande, e de que se publica aqui um excerto:
(...) Boa-noite Carlos, como está?
Depois desta longa ausência, (que ninguém deve ter notado), aqui estou novamente a voltar ao vosso convívio.
Queria justificar esta ausência: tenho estado muito ocupada com uns cursos e outras participações em tertúlias poéticas que me tem ocupado o tempo, sem me deixar disponibilidade para mais.
Contudo, tenho-me sentido uma ingrata, mas não sou, amigo, pode crêr!
Na Biografia que fiz para apresentação e entrada numa confraria de poetas Lusófonos, mencionei a minha Bibliografia, que se resume, e tão só, aos trabalhos que que o Sr. me editou no Blogue "luisgracaecamaradasdaguine", pelo qual tenho um grande carinho, e fiz questão que constasse isso mesmo na apresentação que fiz.
Peço desculpa por esta ausência, sem justificação, mas continuo a ser a mesma e o blogue e todos que o constituem, especialmente o Carlos, são realmente uma instituição, por quem tenho (e sempre terei) um grande carinho.
Falo de todos como meus amigos, porque os considero como tal. (...)
Felismina
... e o perfume voltou ao Blogue. Bonito, muito bonito mesmo, além de penetrante e sensibilizante.
Parabéns Felismina.
Volte sempre.
Passe bem, mesmo muito bem.
Um abraço
Rui Silva
Gostei muito, querida Felismina! Poetisa já é, sem quaisquer sombra de dúvidas, só falta publicar um livro! Mas, no meu entender, poderia ser psicóloga ou socióloga...porque sabe avaliar com grande rigor o comportamento humano e o mundo que a rodeia. Parabéns! Um grande beijinho.
Maria Teresa Franco Parreira
Amiga Felismina Costa, há virtudes que não se praticam senão em certas circunstâncias.
Queremos ser como somos, agora com a vantagem de ler-mos o seu sentido poema.
A leitura, meus camarigos!.. sabem bem o que é a leitura? é de todas as artes a que menos custa, e a que mais rende.
Há livros que são mestres da vida, e as suas lições o complemento do nosso conhecimento, em que aprendemos o que deve ser.
Dizem que o livro nem sempre diz a verdade!
Também na seara há joio, e nem por isso a deixam de ceifar com alegria.
Com simpatia um beijinho
Arménio Estorninho
É só para dizer que o terceiro comentário, que aqui se reproduz, é meu e que por lapso não identifiquei, então.
"Somos tudo isso, sim, Felismina.
És isso tudo, tu, em ti porque o sabes, e nos outros porque os amas.
Mas pedes demais, acho eu.
Pedes o fim das dúvidas; queres a materialização das crenças, saber porque aqui vieste, e porque
vives assim.
E quem te daria tais respostas, Felismina, se todos esses que és em ti, também as buscam, e em cada
passo em frente que dão, apenas descobrem que se lhes alonga o caminho?
Caminha, apenas, como no poema de Machado.
Obrigado pelo teu poema, forma já, em si, de manter a tua e a minha busca…o nosso colectivo
Caminhar."
José Brás
Felismina
Tem o poder de nos comover e nos encandear com as palavras.
Elas saiem como quem respira, como quem bebe água fresca numa fonte, com a sede de muitas gerações que se revezam ao longo dos anos.
Revive-se nelas a sua alegria e sua forma de estar na vida como espirito livre, que espalha bem estar ao seu redor.
Grato pelo o que nos tem dado.
Um abraço
Eu sentia que havia uma luz pequenina nesse coração que espalhava raios de luz e esperança.
Através deste maravilhoso poema descobri a sua essência.
Alguém que busca, que se interroga, mas sobretudo que se dá e... dar-se é muito mais difícil que dar.
Um beijinho cheio de afecto
Zé teixeira
Amigos!
Procurei as palavras mais sinceras para vos agradecer, mas não encontrei nenhumas à altura, da gratidão que vos devo.
Profundamente grata e sensibilizada, digo-vos a penas...Obrigada!
Um xi-coração para toda a Grande Família "luisgracaecamaradasdaguine"
Da
Felismina
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