1. Em mensagem do dia 7 de Março de 2013, o nosso camarada Tony Borié (ex-1.º Cabo Operador Cripto do Cmd Agru 16, Mansoa, 1964/66), enviou-nos mais este pensamento voador...
Ora cá estamos de novo com outro tema de guerra, tristeza,
angústia, e mais um sem número de coisas que os amigos antigos
combatentes e não só, ao lerem, se tiverem pachorra para lerem,
vão ficar com o coração a transbordar de saudades, e também
alguma mágoa destas jovens, que desprotegidas, viram no seu
alistamento nas forças militares do seu país, um meio de
sobrevivência.
De novo o Cifra vai começar com aquele blá, blá, blá, que
já conhecem, e pedindo antecipadamente desculpas às digníssimas
leitoras, que sempre têm a amabilidade de abriram a página do
Luís Graça & Camaradas da Guiné, ao Luís Graça, Carlos Vinhal e
demais editores, que são de uma paciência que “brada aos céus”,
mas a linguagem é correcta, é uma cópia da verdade dos factos,
só alguns dos antigos combatentes e não só, é que pensam logo
coisas que não são, portanto, para os que vivem no mundo onde se
fala inglês, vão por certo dizer:
- That story more poignant, the Cipher brings us today!
No mundo onde se fala francês, dizem:
- Cette histoire plus poignante, le Cipher nous apporte
aujourd’hui!
Onde se fala germânico, friamente dizem:
- Diese Geschichte umso ergreifender, bringt das Cipher uns
noch heute!
No mundo que se fala espanhol, entre dois ou três “zzz”,
dizem:
- La historia más conmovedora, la Cifra nos lleva hoy!
Os chineses, põem os pauzinhos de parte, se estiverem a
comer, e depois dizem:
Perceberam? Não? Deixem lá, pois o Cifra também não
percebeu!
E nós portugueses dizemos, numa expectativa quase frustrada:
- Que história mais comovedora o Cifra traz hoje!
Portanto cá vai.
Era uma família rural que vivia num país frio
e do que lhe dava a natureza, os tempos não eram de paz,
andavam em guerra, os homens eram raros, e os que havia foram
combater, muitos morreram.
Elas desde pequenas, habituadas a
viver em constante sobressalto, e como os tempos não eram de
paz, toda a sua família morreu, ou em combate, ou única e
simplesmente ao frio, à fome ou com aquelas enfermidades que
sempre vêm a seguir à guerra.
Elas, as duas irmãs órfãs, que restaram desta família, não
vendo outro meio de sobrevivência, resolveram alistar-se nas
forças militares do seu país, iam para o que desse e viesse,
como é costume dizer-se, pois pelo menos, não só iriam ter quem
lhes desse de comer, dormir e alguma roupa para vestir, mas
acima de tudo, iriam ser como nós já fomos, COMBATENTES. Logo
nos primeiros tempos de treino, verificaram que se sentiam bem,
mesmo muito bem, a mais velha adorava-a, principalmente quando
a colocava, direita, entre as suas pernas, como podem admirar na
foto, e a mais nova encostava-se a ela, estamos a falar da
Mauser K98, agarrava-lhe no cano, depois com a mão percorria
toda a distância que ia até à curva, onde estava o gatilho, aí
introduzia o seu dedo indicador, mas nunca apertava, pois podia
haver o perigo de um disparo, e no final encostava-a ao peito,
com alguma ternura, como podem ver na foto, e fazia-o com tal
confiança, como abraçasse a coisa mais importante
do mundo, às vezes até dizia que ela, a sua querida Mauser K98,
era a razão da sua sobrevivência.
Essa irmã mais nova era uma previlegiada, pois tinha muita
pontaria, e os seus superiores vendo essas virtudes logo lhe
deram treino e colocaram um telescópio na sua querida Mauser
K98, iria ser no futuro uma “sniper”, como podem admirar também
na foto, onde ela colocava o olho, mas só no momento de acção,
pois às vezes as cápsulas das balas, na altura em que a sua
querida Mauser K98 disparava, vinham-lhe pró olho direito, pois
o esquerdo estava fechado fazendo pontaria, e ela, podia dar
tudo do seu corpo, em favor do seu país, mas no olho, é que não
queria levar, com as cápsulas das balas, não, isso não, podia
levar em tudo menos no olho, pois a visão era o que ela
considerava mais importante, e queria manter para o resto da sua
vida.
O Cifra, em homenagem a esta família de combate, vai chamar-lhe
“Família Mauser K98”, e virá de novo com mais informações a
seu respeito, pois nós antigos combatentes, devido ao nosso
passado de combate, temos tendência a gostar que nos falem de
“armas e bombas”.
Às vezes dizem que uma boa foto equivale a mil palavras, e
neste caso é verdade.
____________
Nota do editor:
Vd. último poste da série de 7 DE MARÇO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11206: Humor de caserna (31): Estou a fazer voar o meu pensamento (António Borié) (4): A família Mauser K98
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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2 comentários:
Com todo o devido respeito.Pelos formatos da Coronha e do Ferrolho da Culatra,não me parece uma Mau_
ser,mas sim uma Mosin-Nagant,refor_
çado pelos Uniformes das Camaradas.
Carlos Nabeiro.
Nikita ...oh..nikita
Mauser ? Mosin-Nagant ?
O que vejo é una "muchacha mui guapa" do exército vermelho na 2.a guerra mundial...
Que desperdício..era muito melhor abraçar-me a "moi" do que à porra da espingarda.
C.Martins
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