1. Mensagem do nosso camarada Vasco Pires (ex-Alf Mil Art.ª, CMDT do 23.º Pel Art, Gadamael, 1970/72), com data de 17 de Junho de 2013:
Caríssimos Luís / Carlos,
Ontem fiz um comentário, no P11711 sobre "piras", e usei o termo "ALFERO DI CANHÃO".
Resolvi discorrer sobre o tema, mesmo correndo o risco de parecer arrogante ou pretensioso, o que de modo algum é minha intenção, e sim, simplesmente relatar a experiência de jovens soldados.
Primeiramente, Alfero di Canhão, não é a mesma patente que Alferes Miliciano de Artilharia.
Alferes de Artilharia era um soldado que recebia formação de guerra clássica, em Vendas Novas, e era "lançado" algures em África.
"Alfero di Canhão" era um Alferes de Artilharia, que chegado a Bissau, era jogado no primeiro buraco disponível e começava a tornar-se tal no primeiro ataque ao quartel, mas era um processo lento.
Logo o jovem soldado sentia que era ele que fazia mais barulho, atirava mais longe e ficava fora das valas quando todos lá estavam. Não fazia isso porque era mais corajoso, mas porque era o lugar onde se sentia mais seguro. Podia acontecer o "raio" cair no lugar "errado", não é C. Martins? Mas ele sentia assim?
Também sentia que era tratado de modo diferente dos outros Oficiais, pela população local, bem como por seus superiores da outra tropa, afinal era ele que acalmava as hostes (mesmo só fazendo barulho) na hora da verdade!
Havia também momentos de grande tensão, quando a tropa no mato pedia fogo para bem próximo, imaginem que eles estavam com o IN a curta distância, debaixo de fogo, e por vezes com referências precárias.
Assim, Caríssimos Editores, quando ele se tornava realmente um "ALFERO DI CANHÃO", voltava para casa.
forte abraço
Vasco Pires
Fotos ©: Vasco Pires (2013). Todos os direitos reservados
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Nota do editor
Último poste da série de 15 DE JUNHO DE 2013 > Guiné 63/74 - P11709: Memória dos lugares (235): Cobumba e a trágica realidade das minas (António Eduardo Ferreira)
Blogue coletivo, criado por Luís Graça. Objetivo: ajudar os antigos combatentes a reconstituir o "puzzle" da memória da guerra colonial/guerra do ultramar (e da Guiné, em particular). Iniciado em 2004, é a maior rede social na Net, em português, centrada na experiência pessoal de uma guerra. Como camaradas que são, tratam-se por tu, e gostam de dizer: "O Mundo é Pequeno e a nossa Tabanca... é Grande". Coeditores: C. Vinhal, E. Magalhães Ribeiro, V. Briote, J. Araújo.
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4 comentários:
Caro Carlos,
Lamento meu erro; onde se lê: "...Mas ele sentia assim?" Deve ler-se: "... Mas ele sentia assim."
forte abraço
VP
Meu caro camarada "Alfero di canhão" V.Pires
Esta é para os infantes..
Sabem o que é "angústia de artilheiro"?
Era quando os infantes pediam apoio e até saber o resultado da primeira "ameixa" enviada..nesse intervalo até os "pintelhos do cú" tremiam.
Em Abril de 74 o camarada artilheiro de Jemberem pediu apoio para o arame deles..no primeiro tiro,eu próprio introduzi os elementos de tiro e fiz fogo...com uma margem de segurança de 300 jardas..demorou a saber o resultado cerca de 30 segundos...acreditem foi o tempo mais angustiante da minha vida..os restantes tiros foram feitos à vontade com o camarada artilheiro de jemberem a corrigir..quando disse para parar até me senti frustrado.
Não é para me gabar mas no pós 25A, falando com os ex-IN.. estes diziam "schhii..canhões de gadamael manga di pirigo..ronco mesmo".
Um alfa bravo
C.Martins
Caro camarada Vasco Pires
Interessante esta visão do "alfero di canhão". Bem 'metida'!
Mas as fotos são também muito interessantes do ponto de vista etnográfico.
Abraço
Hélder S.
Cordiais saudações.
É isso, Caro Valério.
Muitas vezes, a realidade, depende do posicionamento do observador.
forte abraço
Vasco Pires
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